Só pra variar um pouco, meus planos para o domingo envolviam não tirar o pijama e não fazer absolutamente nada pelo maior tempo possível, o que nem é uma novidade, já que eu ando nesta vibe faz um bom tempo, mas... abafa.
Lá pelas tantas o telefone toca, e com toda a vontade que me é peculiar quando o assunto é "telefone", atendo:
_ Alô?
_ Oi, filha! Até que enfim você atendeu! Já é a minha 5a. tentativa! (ok, confesso: o telefone tocou 4 vezes antes de eu finalmente decidir que talvez fosse prudente atender.).
_ Oi, pai! Tudo bem?
_ Tudo, tudo sim... (meu pai, sempre tão eloquente no telefone)
_ Mas, e aí, o que o senhor conta de novo? Tá fazendo o que de bom no domingão?
_ Ah, então, eu tava aqui pensando em arrumar uma companhia pra ir almoçar...
_ Hummm...
_ Você não quer ir almoçar comigo não?
_ Hummm... oi? É que eu nem tava muito a fim de sair...
_ Ah, mas você vai ter que comer uma hora, não vai?
(neste momento a consciência pesa e o medo de ser uma filha horrível por negar o convite do próprio pai me acertam em cheio, e eu decido largar a preguiça)
_ É, o senhor está certo. Vamos sim, vamos almoçar. Onde o senhor quer ir?
_ Ah, eu tô pensando no restaurante X, pode ser?
_ Claro, pode sim, sem problemas... Que horas o senhor quer que eu passe aí pra te pegar?
_ Não precisa passar aqui não... pode deixar que EU passo aí pra te pegar, a gente vai no meu carro.
(este é o momento em que eu me arrependo amargamente de não ter ficado com a preguiça, e quase infarto)
_ Ah, pai, relaxa... deixa que eu passo aí pra pegar o senhor, é melhor.
_ Melhor por quê? Dá na mesma, a distância é a mesma... além do mais, eu gosto de dirigir de domingo, é um dia mais sossegado, não tem aquele monte de gente apressada dirigindo que nem doido no meio da rua.
_ Bom... o senhor é que sabe (quase chorando)... Eu preferia ir no meu carro, mas se o senhor insiste...
_ Então tá bom. Eu passo aí daqui uns 40 minutos.
Antes de mais nada, permitam-me um parênteses:
Outro dia eu estava dirigindo aqui na região, apressada como sempre, e um Palio começou a se arrastar na minha frente como se fosse uma carroça. Dei uma buzinadinha camarada, depois pisquei o farol pra ver se a lesma abria passagem, e nada. Aquilo foi me irritando, porque, né? Como pode ter gente tão ruim de roda? Fiquei realmente muito nervosa, a ponto de abrir a janela e mandar um "dá licença, tio!" bem irritada, e soltar até um palavrãozinho meio contido porque tava mesmo foda de aguentar. 2 horas depois, quando finalmente consegui ultrapassar o carro em questão, o que eu constato? Que era meu pai. Mi papá. My father. O próprio.
Fecha parênteses.
Quer dizer... meu pai é o tipo de motorista que consegue me tirar do sério, sabe? É o tipo de motorista que me faz descer do salto e soltar um palavrão no trânsito, porque ele dirige mal. Mas não é um mal tipo "ah, ele não é assim um piloto", não! Ele dirige muito mal de verdade. Muito mal. Sério.
É daqueles motoristas que quase nunca usa a terceira marcha do carro, e a quarta marcha então, ele nunca ouviu falar!
Mas até aí, se fosse só dirigir devagar o problema dele, beleza, eu juro que ficava de boa... O problema é que a noção de linha reta dele também é altamente controversa, então além de ser um motorista que dirige absurdamente devagar, ele também é daquele que ocupa bem o meio da pista, inviabilizando qualquer chance de ultrapassagem...
Quer dizer...
Não dá, né, gente? E eu nem estou falando mal do meu pai, nem nada disso, antes que me interpretem mal! É eu pai, meu velho, eu o amo, e coisa e tal. Mas nem todo o amor do mundo é capaz de me fazer achar que ele dirige bem. Nem todo amor do mundo é capaz de me fazer QUERER andar de carona com ele. Além do mais, eu nem tenho um coração forte o suficiente.
E como eu sou sortuda, ele tinha que fazer questão de me levar pra almoçar no carro dele, ELE dirigindo. Porque eu mereço!
O restaurante onde fomos almoçar fica a, sei lá, 8 km de onde eu moro, no máximo. Levamos 35 minutos pra chegar lá, pra vocês terem uma idéia. No meio do caminho, alguns carros começaram a ultrapassar pela direita, porque desistiram de piscar o farol, buzinar e xingar. Que vergonha!
E meu pai nem toma conhecimento dos xingamentos, coitado, porque ele fica ali, debruçado no volante, mantendo aqueles 25km/H e chegando mais pra cá ou mais pra lá da pista conforme lhe dá na telha, sem a mínima preocupação com quem vem atrás (ou dos lados, ou na frente). Espelhos retrovisores? Ele nem sabe pra que servem. E tome fechada! E tome buzinada! E tome xingamento!
Que vergonha! E, pior do que a vergonha, Que MEDOOOO!
Eu nem falo nada porque, né? Não adianta. Sou filha dele há quase 33 anos, e sempre foi assim... A habilidade motorística do meu pai é quase lenda na família, e a maioria dos nossos amigos também sabe o tamanho do drama... a gente faz piada disso o tempo todo e até ele sabe que não é o piloto preferido da galera... E eu sofro, viu, gente... como sofro!
Ainda tentei convencê-lo a me deixar trazer o carro na volta, mas não teve conversa. E tome mais emoções fortes! Porque, afinal, deve fazer bem pra digestão. (ou não. vou ali vomitar porque meu estômago está embrulhado até agora. affff)
Só queria compartilhar este acontecimento com vocês, porque viver emoções tão fortes e guardá-las só pra mim seria egoísmo demais.
Pela atenção, obrigada!
Lá pelas tantas o telefone toca, e com toda a vontade que me é peculiar quando o assunto é "telefone", atendo:
_ Alô?
_ Oi, filha! Até que enfim você atendeu! Já é a minha 5a. tentativa! (ok, confesso: o telefone tocou 4 vezes antes de eu finalmente decidir que talvez fosse prudente atender.).
_ Oi, pai! Tudo bem?
_ Tudo, tudo sim... (meu pai, sempre tão eloquente no telefone)
_ Mas, e aí, o que o senhor conta de novo? Tá fazendo o que de bom no domingão?
_ Ah, então, eu tava aqui pensando em arrumar uma companhia pra ir almoçar...
_ Hummm...
_ Você não quer ir almoçar comigo não?
_ Hummm... oi? É que eu nem tava muito a fim de sair...
_ Ah, mas você vai ter que comer uma hora, não vai?
(neste momento a consciência pesa e o medo de ser uma filha horrível por negar o convite do próprio pai me acertam em cheio, e eu decido largar a preguiça)
_ É, o senhor está certo. Vamos sim, vamos almoçar. Onde o senhor quer ir?
_ Ah, eu tô pensando no restaurante X, pode ser?
_ Claro, pode sim, sem problemas... Que horas o senhor quer que eu passe aí pra te pegar?
_ Não precisa passar aqui não... pode deixar que EU passo aí pra te pegar, a gente vai no meu carro.
(este é o momento em que eu me arrependo amargamente de não ter ficado com a preguiça, e quase infarto)
_ Ah, pai, relaxa... deixa que eu passo aí pra pegar o senhor, é melhor.
_ Melhor por quê? Dá na mesma, a distância é a mesma... além do mais, eu gosto de dirigir de domingo, é um dia mais sossegado, não tem aquele monte de gente apressada dirigindo que nem doido no meio da rua.
_ Bom... o senhor é que sabe (quase chorando)... Eu preferia ir no meu carro, mas se o senhor insiste...
_ Então tá bom. Eu passo aí daqui uns 40 minutos.
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Antes de mais nada, permitam-me um parênteses:
Outro dia eu estava dirigindo aqui na região, apressada como sempre, e um Palio começou a se arrastar na minha frente como se fosse uma carroça. Dei uma buzinadinha camarada, depois pisquei o farol pra ver se a lesma abria passagem, e nada. Aquilo foi me irritando, porque, né? Como pode ter gente tão ruim de roda? Fiquei realmente muito nervosa, a ponto de abrir a janela e mandar um "dá licença, tio!" bem irritada, e soltar até um palavrãozinho meio contido porque tava mesmo foda de aguentar. 2 horas depois, quando finalmente consegui ultrapassar o carro em questão, o que eu constato? Que era meu pai. Mi papá. My father. O próprio.
Fecha parênteses.
Quer dizer... meu pai é o tipo de motorista que consegue me tirar do sério, sabe? É o tipo de motorista que me faz descer do salto e soltar um palavrão no trânsito, porque ele dirige mal. Mas não é um mal tipo "ah, ele não é assim um piloto", não! Ele dirige muito mal de verdade. Muito mal. Sério.
É daqueles motoristas que quase nunca usa a terceira marcha do carro, e a quarta marcha então, ele nunca ouviu falar!
Mas até aí, se fosse só dirigir devagar o problema dele, beleza, eu juro que ficava de boa... O problema é que a noção de linha reta dele também é altamente controversa, então além de ser um motorista que dirige absurdamente devagar, ele também é daquele que ocupa bem o meio da pista, inviabilizando qualquer chance de ultrapassagem...
Quer dizer...
Não dá, né, gente? E eu nem estou falando mal do meu pai, nem nada disso, antes que me interpretem mal! É eu pai, meu velho, eu o amo, e coisa e tal. Mas nem todo o amor do mundo é capaz de me fazer achar que ele dirige bem. Nem todo amor do mundo é capaz de me fazer QUERER andar de carona com ele. Além do mais, eu nem tenho um coração forte o suficiente.
E como eu sou sortuda, ele tinha que fazer questão de me levar pra almoçar no carro dele, ELE dirigindo. Porque eu mereço!
O restaurante onde fomos almoçar fica a, sei lá, 8 km de onde eu moro, no máximo. Levamos 35 minutos pra chegar lá, pra vocês terem uma idéia. No meio do caminho, alguns carros começaram a ultrapassar pela direita, porque desistiram de piscar o farol, buzinar e xingar. Que vergonha!
E meu pai nem toma conhecimento dos xingamentos, coitado, porque ele fica ali, debruçado no volante, mantendo aqueles 25km/H e chegando mais pra cá ou mais pra lá da pista conforme lhe dá na telha, sem a mínima preocupação com quem vem atrás (ou dos lados, ou na frente). Espelhos retrovisores? Ele nem sabe pra que servem. E tome fechada! E tome buzinada! E tome xingamento!
Que vergonha! E, pior do que a vergonha, Que MEDOOOO!
Eu nem falo nada porque, né? Não adianta. Sou filha dele há quase 33 anos, e sempre foi assim... A habilidade motorística do meu pai é quase lenda na família, e a maioria dos nossos amigos também sabe o tamanho do drama... a gente faz piada disso o tempo todo e até ele sabe que não é o piloto preferido da galera... E eu sofro, viu, gente... como sofro!
Ainda tentei convencê-lo a me deixar trazer o carro na volta, mas não teve conversa. E tome mais emoções fortes! Porque, afinal, deve fazer bem pra digestão. (ou não. vou ali vomitar porque meu estômago está embrulhado até agora. affff)
Só queria compartilhar este acontecimento com vocês, porque viver emoções tão fortes e guardá-las só pra mim seria egoísmo demais.
Pela atenção, obrigada!
(e, ó, só pra constar, meu pai é uma ótima pessoa, viu? mas que é ruim de roda, ah... isso é!)
4 comentários:
Q coisa!
Seu pai podia deixar vc levar o carro mas não adianta quando a pessoa é teimosa não adianta.
E tem mais num domingão com vontade de ficar de pijama o telefone toca ninguém merece certo? Mas enfim é assim mesmo e li seu comentario no blog da Van vc está c meu email vou te enviar novamente lindinhaelico@hotmail.com.
Beijo e saudades
Como uma pessoa faz tantos comentários negativos de um PAI!!! nossa!!! Vc n tem coração???
Q tipo de filja é vc???
tô pasma!!!
Hahahaha! Figuraça! Eu ficaria muito estressada atrás de um "bração" assim (c/ td respeito!) ehehe... Mas sei como é, e sei q vc não tá sendo uma "má filha". Aliás, por que vc não inscreve a história de 'barbeiro' do seu pai nakela promoção da Mapfre? ;P Gostei do seu texto!!
Tantas filhas que não tem um pai ( e tudo que mais queriam era ter) que as acorde e qua chame para almoçar... Será preciso ficar sem o seu para saber o quanto ele vale?
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