terça-feira, 1 de abril de 2008

Um Lugar para Recomeçar * * * *

Confesso que torci o nariz quando pensei no que poderia virar a fusão, num mesmo filme, de nomes consagrados como Robert Redford e Morgan Freeman com a eterna aspirante a atriz Jenifer Lopez. Achei que de alguma forma a canastrice da estonteante (como ela é linda!) J.Lo pudesse contaminar o enorme talento dos "tiozinhos" Redford e Freeman, mas Um Lugar Para Recomeçar me provou justamente o contrário. Grata surpresa!

Esse comovente e delicado filme do cineasta sueco Lasse Halström passa-se no estado de Wyoming, nos EUA, onde Einar (o estupendo e eternamente lindo Robert Redford) e Mitch (o também brilhante Morgan Freeman), amigos de longa data, dividem a administração de um Rancho. Na verdade, a administração do lugar já não é mais tão dividida como em outros tempos, pois Einar dedica-se também a cuidar do amigo que teve parte de suas pernas amputadas após ser atacado por um lendário urso local. Ainda assim, levam sua rotina pautados na previsibilidade e na mesmice de todo dia, e parecem felizes apesar das cicatrizes que marcam suas vidas - cicatrizes físicas no caso de Mitch, e cicatrizes emocionais no caso de Einar, principalmente pela precoce perda de seu único filho.

A calma e a tranquilidade da vida desses dois senhores é subitamente abalada com a imprevista chegada de Jean (Jenifer Lopez), nora de Einar que não tinha nenhum contato com ele desde o funeral de Griffin, e que traz consigo sua adorável filha Griff (Becca Gardner), uma garotinha de 11 anos que sequer sabia da existência do avô (nem o avô sabia da existência dela). Jean está na verdade fugindo do seu violento namorado, e como não tinha mais nenhum lugar pra onde ir, decidiu enfrentar o passado e encarar o sogro, que sempre a culpou pelo acidente automobilístico que matou Griffin.

Profundamente amargurado, Einar não recebe bem a "novidade", e não é nada receptivo à nora e à neta que chegam como que para causar-lhe ainda mais sofrimento, desenterrando lembranças do passado e mexendo em feridas não cicatrizadas. Mas, ao mesmo tempo em que a presença das duas no Rancho é uma lembrança viva de um passado irrecuperável, é também um sopro de vitalidade para esse velho durão, e apesar da resistência de Einar em lidar diretamente com essa família - a única que lhe resta, seu coração acaba sendo aquecido pela neta, que ele aos poucos vai enxergando como um pedacinho de seu filho ainda na Terra.

Ajudado pelos sábios conselhos do velho amigo Mitch - com quem trava alguns diálogos divertidíssimos - e cativado pelo amor sincero da pequena Griff, Einar acaba descobrindo que o único caminho possível é o perdão, e que somente através do perdão alcançará a paz de espírito que precisa para seguir com dignidade o resto de seus dias.

Ao abordar questões tão pesadas como perdas, amarguras e ressentimentos, Um Lugar para Recomeçar poderia facilmente cair na tentação do dramalhão fácil, mas não é o que acontece, já que o filme preza pela sensibilidade, tornando-se profundamente comovente de maneira sutil, sem grandes apelos melodramáticos. Não é exatamente um tema original, pelo contrário, há muita semelhança com outro filme bem parecido lançado anos antes - Uma Lição de Vida, mas aqui o enfoque é essencialmente humano, demonstrando com delicadeza as fraquezas e os conflitos pessoais de suas personagens sem caricaturizá-las, tornando-as tão reais quanto possível e, por isso mesmo, fazendo com que o espectador se apaixone por aquelas pessoas com a mesma intensidade que torce para que encontrem a felicidade.

Desnecessário falar que a dupla protagonista vivida por Robert Redford e Morgan Freeman dá um show. São realmente uns monstros do cinema, grandes atores e grandes figuras, e certamente muito responsáveis pelo resultado final extremamente agradável. J.Lo tem um papel pequeno, coadjuvante, mas dá conta do recado justamente por não querer aparecer mais do que os demais personagens, empregando o tom apropriado a uma mulher também cheia de conflitos. E, para finalizar, há a presença da fofa garotinha Becca Gardner, que surpreende por ser tão jovem e capaz de representar algo tão profundo, sem titubear. A fotografia é caprichada, a direção de arte minunciosa, a trilha sonora delicada, e o resultado é óbvio:

Um filme emocionante. Não deixe de assistir!

Um comentário:

Anônimo disse...

ontem assisti esse filme na globo. éum filme belissimo! robert redford além de continuar sendo um galã é um otimo ator. morgan freeman nem se fala, sempre impecavél. a menina becca gardner emociona com sua interpretação. é um filme maravilhoso que me emocionou muito!