quarta-feira, 30 de maio de 2012

Look de TODO Dia

Meu ex marido costumava dizer que o meu maior problema era "usar uma couraça de 'fodona'(sic!) o tempo todo e não deixar as pessoas perceberem o que eu estava sentindo de verdade".

Claro que nunca admiti, mas ele estava coberto de razão.

Não vou nem entrar no mérito dos motivos que me levaram a adotar essa Armadura como Look de TODO Dia, apenas pontuar que ninguém é assim por prazer, nem mesmo os masoquistas.





Não sei se esta Armadura vai ser a minha salvação ou a minha desgraça. Tudo que sei é que tem dias em que ela estimula ainda mais a já frequente falta de noção das pessoas, que simplesmente despejam sobre mim toneladas de coisas com altíssimo potencial nocivo sem o menor cuidado, sem ao menos cogitar que em algum momento aquilo tudo pudesse me magoar.

E eu, por minha vez, acabo contribuindo para esse processo. De uma maneira quase insana, recebo tudo com sorriso no rosto e cara blasé, quase convenço a mim mesma de que sou forte naquele tanto, mas a verdade é que não sou, e se não fosse a qualidade ISO 9999 da Armadura aí acima, eu já teria sucumbido há muito tempo.

Seja como for, uma coisa é fato: A Armadura pode proteger de tudo, pode disfarçar tudo, menos a dor.

E como DÓI!


(para ler ouvindo)



"... dissestes que se tua voz tivesse força igual à imensa dor que sentes, teu grito acordaria não só a tua casa, mas a vizinhança inteira..."

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Quando tudo vale a pena


Fiz este post agora há pouco lá no Facebook, 
mas ele é tão especial que merece ser compartilhado por aqui também. 
Eis:

""

Chego para pegar Zelão no curso de Teatro, e ele entra no carro bufando, vermelho de raiva:

O que aconteceu, filho?
_ Estou com raiva, mãe! Muita raiva!

Mas por que, o que houve?
_ Uns caras do ensino médio que tavam lá na cantina falando umas idiotices...

Como assim? Quem eram os caras? O que eles estavam falando? Mexeram com você? (mãe histérica mode on)
_ Não, mãe, relaxa... não era nada comigo. Eu só tava lá sentado lendo meu livro, e um cara começou a zuar com outro cara chamando ele de viadinho, bichinha, jogou salgadinho nele, fazendo bullyng, humilhando. Daí juntaram uns outros caras e todo mundo ficou zuando o outro, falando que bichinha tem mais é que se f****, que um dia ainda iam cobrir ele de porrada pra ele virar macho, essas coisas.

Nossa, filho, que horror...
_ É, mãe... eu fico com muita raiva porque eu ODEIO gente homofóbica, racista, gordofóbica, preconceituosa. Eu odeio essas coisas, eu odeio gente que faz bullying porque acha que é melhor do que os outros. Eu odeio isso tudo! Ninguém é melhor do que ninguém, todo mundo só é diferente!

(...)

Daí eu chego a ficar com os olhos marejados de tanta emoção e tanto orgulho. Porque, sabem? Eu vivo ouvindo críticas sobre a maneira como eu crio meu filho, mas é nessas horas que eu vejo que, apesar dos meus erros, eu tenho feito um bom trabalho, eu estou no caminho certo.

Zelão pode ser o que ele quiser na vida, porque o principal ele já é: Um grande cara. De um jeitinho ainda muito inocente, ele entende que nenhuma diferença torna ninguém melhor ou pior do que ninguém, e que o Respeito vem sempre acima de tudo.

E ele é assim porque eu sempre tive a preocupação de ensinar isso pra ele. Mais do que uma preocupação, eu sempre tive isso como um objetivo, porque eu realmente acredito que grandes mudanças na sociedade precisam ser iniciadas através dos pequenos, e que um grande ser humano precisa ter, antes de qualquer diploma ou bem material, grandeza de alma.

É como diz o velho ditado: A gente colhe o que planta. O mundo só será um lugar melhor, mais tolerante e melhor pra se viver, se as pessoas começarem a se preocupar menos com o modo de viver dos outros e mais com o que elas estão plantando.

Meu filho é essa fonte inesgotável de amor, generosidade, respeito, tolerância.

Aprendo muito com ele, o tempo todo...
E transbordo de tanto orgulho! =D

""

E é nessas horas que a gente vê que tudo, absolutamente TUDO, 
vale mesmo a pena!


<3<3<3

domingo, 13 de maio de 2012

Somewhere...

Em algum lugar não tão distante, existe um Universo Paralelo onde todas as pessoas são Perfeitas.

É o lugar para onde são enviadas todas as MÃES quando a vida real se torna pequena para elas.

É o quartel-general das mães, que apesar da distância física continuam cuidando de cada um dos seus filhos incessantemente, devotadamente, amorosamente, daquela maneira que só as mães sabem cuidar.

Eu queria muito ir pra esse lugar e beijar/abraçar/apertar muito minha mãezinha linda e dizer pra ela - por mais que eu saiba que ela sabe - que a vida nunca mais vai ter a mesma graça e nunca mais vai fazer sentido sem ela por aqui, especialmente em dias como hoje, quando a saudade aperta de um jeito quase insuportável.
 

TE AMO, MÃE!



(Porque por mais que eu também seja mãe, serei sempre muito mais sua filha do que mãe do Lucas. Que saudadeeeeee...)

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Sorria! Você está sendo [filmada] Acompanhada!

Estava eu hoje toda alegre estressada e retumbante mal-ajambrada na reunião de pais do colégio da cria, vestida como uma mendiga em dias de inverno (leia-se com agasalho que não combina com a calça, que não combina com o tênis, que não combina com nada) e de cara lavada sem nem ao menos um gloss pra aliviar a aparência de lavadeira (definitivamente foi um dia difícil, e encarar reunião de pais à noite não foi exatamente o que sonhei pra mim), quando de repente uma elegante mulher que tomava café ali no hall das salas de aula me aborda:

"De onde eu te conheço?"

Engoli o pedaço de bolo meio no susto, tomei outro gole de café e saí logo na defensiva, meio tensa e meio brincando:

"Aimeudeus, que medo!!!"
(nunca se sabe, né? esse negócio de "te conheço de onde" já é tenso, e quando alguém te diz isso justamente no dia em que você está mais bagaceira, tem total cara de ser mau sinal!)

Mas a simpática e sorridente moça continuou, demonstrando pouco se importar com minha aparência de mendiga:

"Você não é a Dona Farta, do Blog?"

Por uma fração de segundos me esqueci completamente do meu estado deplorável, estufei o peito toda orgulhosa e confirmei: "Sou eu mesma! Quer um autógrafo?" (mentira, a segunda parte eu não falei, só pensei tontamente, porque sempre me sinto "a celebridade" quando alguém me reconhece pelo blog ou por alguma rede social. Sou besta (x)sim ou (x)com certeza? hehehe)

Anyway...

Este tipo de situação já aconteceu comigo algumas vezes, e eu sempre acho o máximo, fico toda boba, especialmente porque em todas as vezes as pessoas disseram acompanhar meu blog e gostar do que eu escrevo, como aconteceu hoje.

Não que eu me sinta importante, ou celebridade, ou qualquer coisa do gênero, não! Eu estava, obviamente, fazendo piada sobre isso. Mas fico toda orgulhosa porque é nessas horas que eu vejo que existem pessoas que efetivamente lêem o que eu escrevo, que param alguns minutos de seus preciosos tempos para lerem meus devaneios, e eventualmente até se identificam com eles. Ter este feedback é muito legal!

Tenho este blog há mais de 5 anos sem nenhuma outra pretensão que não seja exclusivamente ter um cantinho para guardar meus escritos, mas obviamente ser lida dá todo um outro sentido ao exercício de escrever.

Além do mais, considerando que aqui eu exponho pontos de vista e opiniões nem sempre comuns / convencionais sobre a vida de um modo geral, considerando o teor "polêmico" de alguns textos, considerando essa minha personalidade meios descontrolada e visceral demais, que transparece muito em tudo que escrevo, encontrar pessoas que de alguma maneira compartilham e se identificam com o turbilhão Dona Farta é um alento delicioso!

No fim das contas todo mundo é mesmo uma Ilha, mas ilhas podem se agrupar naturalmente em arquipélagos segundo semelhanças inimagináveis, improváveis, impossíveis.

Não é só o óbvio que nos une. O óbvio às vezes, aliás, nos DESUNE. E encontrar o contraponto disso é um exercício bem interessante. E abre todo um universo de possibilidades.

Às vezes fico tentando imaginar quem são as pessoas que passam por aqui de vez em quando, e que param para ler os meus escritos, mesmo sem saber exatamente quem sou eu. Hoje, numa demonstração de como o mundo é mesmo minúsculo, encontrei uma dessas pessoas no colégio do meu filho. Gosto da ideia de que situações parecidas podem acontecer novamente a qualquer momento, em qualquer lugar.

Aliás, gosto mesmo é da ideia de que situações parecidas podem acontecer - e efetivamente acontecem - a qualquer momento NA VIDA, lato sensu. É das conexões menos óbvias, mais imprevistas e mais improváveis que podem acabar surgindo os arquipélagos mais interessantes, aqueles que renderão muuuuuuuita matéria pra Discovery Channel e National Geographic nenhum botar defeito!
 

(Ok, mais uma vez viajei nas metáforas nonsenses, e hoje tô pirando com esse negóZdi arquipélago que sei nem de onde surgiu, mas, ahhhh... vocês entenderam, que eu sei! É isso!)