domingo, 22 de fevereiro de 2009

O Lutador (Oscar 2009)

Randy "Ram" Robinson (Mickey Hourke) atingiu o auge do sucesso ao vencer uma "duríssima" luta com o então astro Ayatollah, há 20 anos. Tornou-se uma referência no ramo da luta livre, e desfrutou intensamente tudo que a fama e o sucesso lhe trouxeram.

20 anos depois do auge, Randy nada mais é que um homem decadente, enfrentando provavelmente o pior momento de sua carreira e de sua vida pessoal. Totalmente dependente de drogas anabolizantes e já bastante envelhecido para sua "profissão", ele não tem mais nada do dinheiro que ganhou nos velhos tempos, e luta para sobreviver trabalhando em um supermercado durante a semana e fazendo apresentações de luta nos finais de semana, juntamente com outros lutadores igualmente velhos e decadentes.

E então o pior acontece: Randy sofre um ataque cardíaco após uma de suas apresentações, e os médicos lhe recomendam que se afaste do "esporte". Ele então precisa buscar alternativas para sobreviver - como aumentar a quantidade de horas que trabalha no supermercado, e lidar com a amargura de ter que ficar distante daquela atividade à qual dedicou sua vida.

É neste momento que Randy se vê mais solitário do que nunca. A filha, negligenciada por ele a vida inteira não é nada aberta a uma reaproximação, e até mesmo sua melhor e única amiga Cassy (Marisa Tomei), uma prostituta decadente, parece não ter condições de atender suas novas necessidades de homem sozinho, doente, sem dinheiro.

Randy busca a redenção junto àquelas únicas pessoas importantes na sua vida, mas não é exatamente bom neste tipo de coisa, e acaba constatando depois de algum sofrimento e auto-flagelo que sua vida só tem um sentido, um único sentido, para o qual ele volta mais de corpo e alma do que nunca.

E é isso. Este é o filme, nada mais do que isso.

Quantas e quantas vezes já vimos histórias parecidas retratadas no cinema? Muitas! Quantos e quantos clichês pouco criativos eu escrevi na breve sinopse acima? Trocentos (e, acredite, são tantos que provavelmente esqueci de alguns).

Não há nada em "O Lutador" que lhe torne interessante o bastante para que esta falta de originalidade seja superada, tornando-o um filme bom, merecedor de toda a atenção que recebeu da mídia desmerecidamente, na minha opinião.

Um filme fraco, mal feito, clichê, previsível. E a tão elogiada atuação de Mickey Hourke, na verdade, nada mais é do que uma intepretação mediana, convincente mas de mérito duvidoso até porque a história da personagem se confunde demais com a história do ator.

Considero, aliás, injusta a indicação de Hourke ao Oscar de melhor ator. Eu não tinha visto o filme quando ele ganhou o Globo de Ouro e até achei que isso pudesse ler "legal", mas agora estou indignada com a injustiça, porque premiar um ator decadente que busca o ressurgimento das cinzas através de uma representação de algo que se aproxima muito de sua própria hístória pessoal é, no mínimo, oportunismo desleal, desleal inclusive com seus concorrentes na categoria, todos de longe muito mais merecedores do que ele.

Tudo bem que a "culpa" por isso tudo não é de Mickey Hourke, pelo menos não exclusivamente. Há uma indústria que manipula situações como essa, situações inclusive que acabam por tirar a credibilidade de determinadas premiações por ser capaz de transformar algo evidentemente ruim em algo digno de holofotes.

Mickey Hourke é uma pessoa que colheu durante muitos anos as tempestades das brisas que plantou. Não sou ninguém para julgá-lo e nem pretendo fazê-lo, apenas acho que ele nunca foi um bom ator quando se propunha a isso, e não é agora que merece ter visibilidade além da conta, ofuscando outros colegas muito mais talentosos e responsáveis.

Vi uma entrevista com ele na Oprah outro dia e ele inclusive parece uma pessoa afetada mentalmente por tudo o que viveu. Digno de pena, mas não de prêmios. Digno de piedade, mas não de recompensas.

Acho muito fácil um perdedor usar o recurso da emoção fácil para fazer-se de coitadinho e receber sua segunda chance na vida. O filme O Lutador usa esse recurso o tempo todo. E é muito fácil fazer isso: viver uma vida de equívocos conscientes pra depois, quando chegar o fim da linha, buscar um sentimentalismo apelativo para reverter a situação e parecer mais vítima do que algoz.

Situações como essas podem render bons filmes? Sem dúvida! Mas nem isso O Lutador conseguiu, tornando-se um filminho totalmente dispensável, uma verdadeira perda de tempo.

E, como se não bastasse o absurdo de Mickey Hourke concorrer ao prêmio maior do cinema como melhor ator, há ainda a indicação de Marisa Tomei na categoria de Atriz Coadjuvante, como a stripper decadente que se apaixona pelo protagonista (mais um clichê óbvio, só pra não perder o costume). Sim, Marisa Tomei é uma boa atriz e está muito melhor que Hourke no filme, mas a milhas e milhas de distância de ser digna da indicação, outro grande equívoco.

Sua interpretação é tão trivial que você pode imaginar qualquer outra atriz fazendo exatamente o memso papel e passanado exatamente as mesmas emoções, sem qualquer esforço. Nada de incrível, nada digno de nota.

E o Lutador resume-se a isso. Na minha modesta opinião, não vale nem mesmo como entretenimento descompromissado. É um filme toscão (como diria meu cunhado), no pior sentido da palavra "tosco", e eu recomendo que você utilize seu tempo vendo coisas muito melhores. Opções não faltam!



INDICAÇÕES AO OSCAR 2009:


Melhor Ator - Mickey Hourke;
Melhor Atriz Coadjuvante - Marisa Tomei.

3 comentários:

Anônimo disse...

O problema que vc vai assistir o filme como se fosse uma crítica de cinema e não se deixa envolver, não se deixa levar pela história, fica analizando atuações, cenário, etc e acaba perdendo a magia que é o cinema.
Eu vi o filme e gostei.

Anônimo disse...

Discordo a respeito que qualquer ator faria esse filme, o Mickey Rourke fez algumas cenas dignas de dublês, e ele dispensou na maioria das vezes. Entendo de cinema, e ele mereceu sim a indiação e ter faturado o BFTA e o Globo de Ouro. Agora a Marisa só pegou o bonde andando do Rourke...e é Mickey Rourke com "R" e não "H".

Anônimo disse...

Acredito que a pessoa que postou essa "crítica" ao filme, ainda não esteja preparada para isso. Entendo sua vontade de comentar filmes, e ao analisar uma obra de arte nos colocamos sobre ela, em forma de tentativa de entendimento. Mas, lamento informar que nem sempre nossa opnião pessoal importa.Mas, perdi meu tempo escrevendo isso, e pensando no seu caso. Porque gostaria de recomendar que você passasse a buscar outras formas de entendimento. Pode ser mais interessante. Sucesso.