sexta-feira, 13 de maio de 2011

E os desatinos...

Que semana foi essa?

Na noite do último domingo eu já sabia que vinha chumbo grosso na sequência, meu sexto sentido é um fanfarrão e até quando tento ignorá-lo ele insiste em ficar pulando e piscando na minha frente até que eu tome conhecimento do que ele quer me dizer.

Tenho buscado estratégias diferentes pra lidar com as chateações cotidianas, uma tentativa quase desesperada de mudar as habituais tempestades em copo d'água que eu provoco não raramente por motivos tolos, mas não deu muito certo. Deu bem errado, na verdade. Porque o que divide o controle do descontrole é uma linha tão tênue que a gente quase nunca percebe quando a atravessa. E eis o meu sexto sentido zombando de mim e dizendo mais uma vez: "Tá vendo? Eu avisei!"

Semana que começou também bombando de trabalho. Sabe quando todos os clientes resolvem ter todos os problemas e fazer todas as solicitações ao mesmo tempo? Então... De certa forma foi bom, aquela velha história de mergulhar no trabalho pra tentar poupar a cabeça das questões insolúveis e dramáticas da vida, mas tudo tem seu preço, e neste exato momento (noite de sexta-feira 13), meu corpo sabe exatamente o preço que pagou. Exaustão Total.

Foram em média 15 horas de trabalho por dia, e encerro meu expediente agora acumulando mais de 70 horas trabalhadas na semana, quase integralmente "na rua" (o que significa também muitas horas no trânsito delicioso de São Paulo), em diligências nos Fóruns, reuniões com clientes, viagens, audiências, etc. Isso sem contar os afazeres domésticos que ocupam todas as outras poucas horas que "sobram". Eu sei, essa é a rotina de 10 entre 10 "mulheres modernas" que tem jornada tripla (ou quádrupla, ou quíntupla), mas permitam-me esse breve desabafo antes de prosseguir. Vida dura que reinventa todos os dias o conceito de dureza.

Mas o fato é que nessas muitas idas e vindas, entre um congestionamento e outro, nem todo o stress profissional do mundo foi capaz de me poupar daquelas reflexões filosóficas aka piegas que a gente tende a fazer quando as coisas não vão bem.

E uma das questões que pulou na minha mente e está aqui me incomodando até agora é:

"Se a gente sabe que vai errar de qualquer jeito (porque muitas vezes o erro é inevitável), qual a opção menos pior: errar pela ação ou pela omissão? pelo excesso ou pela falta?"

A resposta que vem automaticamente é o velho clichê: "Prefiro errar pela ação do que pela omissão, é melhor se arrepender do que a gente fez do que se arrepender do que a gente não fez", e muitas outras variações que querem dizer basicamente a mesma coisa.

É uma afirmação "de efeito" que a gente aprende a fazer na vida o tempo todo, muito também pra justificar nossos desatinos, e que não deixa de ter um grande fundo de verdade, mas...

Será que é mesmo melhor errar sempre pela ação, pelo excesso? Tenho minhas dúvidas...

Será que às vezes não é melhor ficar quieto / passivo / calado e deixar o tsunami passar, evitando maiores estragos, ao invés de tentar mudar o rumo da onda e acabar servindo de combustível pra que ela seja ainda mais devastadora?

A gente se acostuma a justificar as coisas dizendo "ah, eu tentei, pelo menos eu tentei", mas muitas outras vezes tudo que a gente consegue pensar de verdade lá no fundo é: "por que diabos não fiquei quieta e deixei as coisas seguirem seu rumo até chegar a calmaria?"

Não sei... sou do tipo que não consegue fazer essa reflexão ANTES e saio por aí agindo / fazendo / falando, tudo na ânsia e colocar as coisas em ordem, sempre confiante de que vou acertar, mas essa semana tive uma lição muito grande de que às vezes não vale à pena, e se jogar no meio de uma onda gigante em formação vai provocar apenas uma alteração na minha própria racionalidade e... voilá! Eis os pés metidos pelas mãos... Eis o tsunami potencializado, o caos inconsertável, irreparável, imperdoável.

Se a gente não pode voltar no tempo pra recuperar oportunidades perdidas, também não pode voltar pra desdizer ou desfazer aquilo que já foi sacramentado. E isso dói tanto quanto (ou talvez muito mais) do que o arrependimento por "não ter feito nada".

Resta a esperança do perdão, a tentativa de consertar (mesmo sabendo que é inconsertável), o arrependimento e, o principal: A admissão do erro. Como costumo dizer,


"admitir um erro prova, na pior das hipóteses, que hoje você está mais inteligente do que ontem."


Não é fácil admitir um erro (especialmente para alguém como eu, obcecada pelo acerto e tão fiel às minhas convicções), mas é o primeiro passo para que a máxima da frase acima se torne uma verdade. Que assim seja! Esse tem sido meu mantra.


Como diz a música (fofíssima) da novela Cordel Encantado:

"E os desatinos... também tivemos que vivê-los bem juntinhos e os caminhos nos trouxeram para esse lugar... Aqui vamos ficar... amar, viver, lutar... até tudo acabar..."



(porque maior do que qualquer desatino é a vontade que move qualquer ação ou omissão: salvar o que realmente importa, o que é fundamental e não se pode perder jamais!)

domingo, 8 de maio de 2011

S2



Esta foto foi tirada no dia 17/11/2000 na Maternidade Pró Matre Paulista, totalmente à revelia da Dona Fátima, que nunca gostou de fotografia e brigaria horrores comigo hoje se me visse publicando "no computador" uma de suas raras fotos pra todo mundo ver.

Foi o dia em que EU me tornei mãe pra valer.

Meu filho nasceu pouco depois das 17h30 daquela sexta-feira ensolarada, e minha mãezinha estava lá pra me dar a confiança que eu precisava e pra me dizer do jeito dela - implicitamente entre um resmungo e outro - Dona Fátima era brava!, que tudo ia ficar bem, e que eu iria sim dar conta do recado.

Esta foto é o meu melhor retrato, mesmo eu não estando nela. Tudo que eu sou, tudo o que eu faço, tudo o que me tornei e tudo o que pretendo me tornar é por causa desses dois. Eles são o melhor de mim.

Me esforço pra fazer um bom trabalho como mãe do Lucas, e não tenho motivos pra reclamar da minha sorte até hoje... ele é o melhor filho que alguém podia querer ter. Sou suspeita pra falar, mas o que posso dizer se é a mais pura verdade?

No entanto ainda assim, vivendo a plenitude da maternidade em cada um dos dias da minha vida ao lado da minha cria linda, ainda assim eu serei sempre, SEMPRE, muito mais Filha da Dona Fátima do que Mãe do Zelão.

FELIZ DIA DAS MÃES!


Essa data será sempre muito mais sua do que minha, Mãezinha! Que saudade!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Orgulho Multicolorido

Depois de acompanhar ao vivo pela internet a decisão histórica proferida pelo STF no começo da noite desse inesquecível 05 de Maio, fiquei aceleradíssima...

Um misto de sensação de alma lavada (tá, é só o começo, mas é "O Começo"), de orgulho por existirem juristas capazes de decisão tão sensível e corajosa, de alegria por saber que tantos amigos e amigas poderão se beneficiar e fazer valer seus direitos, e por ver finalmente o Judiciário, que anda tão desacreditado por mim (e pelas torcidas do Corinthians, do Flamengo, etc) atuando daquela maneira que eu sempre achei que deveria atuar: com isenção de moralismos, com coerência, com sobriedade, socorrendo democraticamente TODOS os cidadãos, independentemente de suas diferenças.

Foram lindos os discursos, e as fundamentações dos votos me deixaram arrepiada. Eu não queria estar em nenhum outro lugar que não na frente do notebook assistindo a transmissão online da sessão do STF de onde saíram frases como:

"Estamos construindo uma sociedade mais decente, porque uma sociedade decente não humilha seus integrantes" (citação da Ministra Ellen Gracie)

"Esse julgamento não é o ponto culminante, mas sim o ponto de partida para novas conquistas" (Ministro Celso de Mello)

"Reconheço que o direito à busca da felicidade representa derivação do princípio da dignidade da vida humana" (Ministro Celso de Mello)

"Não há qualquer fundamento legítimo que sustente o não reconhecimento do direito à união homoafetiva" (Ministro Celso de Mello)

"Não pode ser considerado um julgamento em favor de apenas alguns. Ganha toda a sociedade" (Ministro Celso de Mello)

"Atos que beneficiem apenas heterossexuais estão em franca incompatibilidade com a Constituição Federal" (Ministro Marco Aurélio)

"Homossexuais tem os mesmos deveres civis. Tem que ter os mesmos direitos civis também" (Ministro Luiz Fux)

"É preciso que certas obviedades sejam ditas e reafirmadas" (Ministro Celso de Mello)


Essas e muitas outras frases de efeito, por si só, resumem bem a ópera toda. O STF DESENHOU o que já consta na nossa Constituição Federal desde 1988, e eu espero sinceramente que todas essas afirmações e reflexões surtam, ainda que a longo prazo, o efeito que devem e precisam surtir na sociedade como um todo...

Foi lindo!

E eu fiquei emocionadíssima, porque se tem uma coisa na qual sempre acreditei e pela qual sempre tentei lutar foi isso: Incorporação dos homossexuais à sociedade comum, tirando-os da vida marginal em que muitos vivem totalmente contra a vontade, mas por necessidade diante da negligência do Estado em proteger seus direitos.

Eis que no meio da minha empolgação sou questionada pelo meu filho, que quer saber por que, de uma hora pra outra, fiquei tão "feliz".

Expliquei o assunto da maneira mais didática que consegui, e não precisei ir muito longe para que ele me interrompesse:

"Ah, entendi, mamãe... quer dizer então que agora um homem que casa com um homem e uma mulher que casa com uma mulher vão ser iguais os homens que casam com mulheres?"

Expliquei que não é exatamente casamento e sim união estával, mas que na prática, SIM, é mais ou menos isso, e então ele me interrompe mais uma vez:


"Ah, que bom, né, mamãe? Quem sabe agora as pessoas que tem homofobia param logo com essa besteira!".



ORGULHO MÁXIMO TOMOU CONTA DO MEU SER...

Abracei meu filho e disse que tenho muito orgulho por ele, na simplicidade dos seus 10 anos, entender uma coisa tão óbvia que tanta gente grande não entende, e chorei pela milésima vez no dia.

Sou sonhadora, sou idealista, tento manter-me fiel aos meus princípios e enquanto houver algo que eu possa fazer pra mudar o Mundo, FAREI.

Acredito que as únicas chances de salvarmos um Mundo tão doente residem no trabalho de formiguinha que todos podemos (e devemos) fazer no universo de nossas casas. Vejo crianças da idade do meu filho já extremamente preconceituosas e intolerantes, e chego bem perto da desesperança total. Mas ouvir uma frase como essa que o meu filho disse funciona como um turbo para que eu renove minhas esperanças e siga lutando por aquilo que acredito.

Voltando ao STF, não devemos perder de vista que 10 senhorzinhos e senhorinhas (com todo o respeito aos Ministros) que tinham tudo para serem conservadores, tomaram uma decisão profundamente sensível e justa. Apesar de suas crenças pessoais (e tenho certeza que cada um dos Ministros tem sua própria fé, seus próprios conceitos de moral, etc), colocaram o RESPEITO às diferenças e o tratamento igualitário a TODOS os cidadãos como questão preponderante para configuração de uma sociedade mais justa, e isso é uma grande e importante lição!

Dia 05 de Maio de 2011 ficará gravado como o dia em que os casais homossexuais tiveram assegurados seus direitos decorrentes das uniões homoafetivas que vivem ou pretendam viver.

E ficará gravado também como o dia em que os "velhinhos do STF", assim como uma criança de 10 anos (meu filho, que orgulho!), expressaram de maneira incontestável, cada um do seu jeito - com palavras rebuscadas, citando Platão, ou com expressões simples e coloquiais como no caso do meu filho - que:

nada na vida é mais importante do que o
AMOR AO PRÓXIMO.


E só há amor se houver respeito.
Só há amor se houver tolerância.
Não devemos esquecer disso. JAMAIS!

É nesse mundo que eu quero viver, e é por ele que vou lutar, sempre!

PELO PODER DO ARCO-ÍRIS!!!


terça-feira, 3 de maio de 2011

Complete a Frase: "Mulher no volante..."

... Perigo constante???

Garanto que não! Não todas as mulheres, pelo menos...

É sobre isso, e sobre várias outras coisinhas relacionadas a mulheres X carro X trânsito X homens que eu, Paula Bastos e Livia Figueiredo falamos no podcast que foi pro ar no portal Grandes Mulheres hoje...


"Depois homem não sabe por que tá trocando óleo sozinho"

"Todo mundo sabe que o carro é a extensão do p****"

"Eu não sei encaixar o macaco"


Essas várias outras pérolas você encontra clicando aqui. Para escutar online ou fazer download...

Vai perder??? =D