sexta-feira, 16 de março de 2012

Só para os fortes

Vamos supor que dinheiro não fosse problema, e você fosse comprar, sei lá, um carro (*). Qual carro você compraria?

Aposto que assim, de cara, muita gente responderia Ferraris, ou Jaguares, ou BMW´s, ou qualquer outro carrão daqueles que parecem inatingíveis e que a gente só chega perto através das miniaturas do Hot Wheels ou do lado de lá da cordinha no Salão do Automóvel.

Todo mundo sonha (ou já sonhou) com um carrão super potente, imponente, bonito, performático, que diz a que veio no primeiro ronco do motor, que faz inveja a qualquer um e povoa o imaginário de todos os outros.

Mas acontece que esta não é uma compra simples. Adquirir um destes carrões implica bancá-lo. E não estou me referindo a valores monetários.

Porque é assim: Um carrão destes, objetificado, não passa desapercebido por aí. Onde quer que vá, haverá sempre alguém para cobiçá-lo. Onde quer que vá, será sempre visado, potencializando os riscos, por exemplo, de ser roubado. Um carrão deste porte requer cuidados específicos, manutenção adequada, combustível de primeira linha, enfim... um carrão destes DÁ TRABALHO. E fazendo esta rápida análise, chega a parecer um mau negócio.

Por outro lado, se você se propuser a bancar todas estas peculiaridades do carrão, se você se propuser a fazer um esforço para se moldar a um carro diferente dos convencionais aos quais você está acostumado, se você se propuser a seguir seus instintos e sair do lugar comum, e aprender a lidar com algo aparentemente novo  (mas que no fundo é apenas um carro, com alguma ousadia), vai ganhar a grande recompensa reservada a pouquíssimos corajosos que bancam a escolha, e sentir o verdadeiro prazer que só um carrão pode proporcionar.

Não que os carros de menor porte não façam as mesmas coisas, eles fazem! Dependendo do ponto de vista, fazem a mesma coisa até melhor e por um preço menor. Dependendo do ponto de vista, são mais vantajosos, seguros e estáveis. E podem parecer um bom negócio. E talvez efetivamente o sejam.

E é por isso mesmo que é tudo uma questão de gosto e de escolha

Há quem escolha o prazer de guiar uma super máquina e desfrutar de conforto e prazer cotidianos, em troca de alguma insegurança inicial e necessidade de adaptação à novidade;

E há quem escolha a segurança de guiar um carro comum e desfrutar de conforto e prazer cotidianos, em troca de nenhum esforço, porque é ao que já se está acostumado. Mais fácil, né?

E é aí que o assunto vira questão também de coragem

Quando as pessoas escolhem o utilitário comum porque isso as satisfaz, está tudo ótimo. Mas o que a gente acaba vendo muito é gente que escolhe o utilitário comum porque não teve CORAGEM de bancar o carrão, porque não teve CORAGEM de bancar os riscos envolvidos, e vai passar o resto do tempo sufocando aquele desejo que podia ter sido saciado - a grana estava toda ali, na mão - simplesmente porque não deu conta de BANCAR uma escolha mais ousada.

Eu não consigo entender. Ou melhor, entender eu entendo, acabei de teorizar a coisa toda aí acima, mas eu não consigo, sei lá, respeitar esse tipo de escolha covarde.

Eu não consigo respeitar gente que QUER um carrão, que SONHA com um carrão, que DESEJA um carrão, que dirige todos os dias seu carrinho comum IMAGINANDO como seria bom dirigir todos os dias um carrão e então, quando consegue a grana pra comprá-lo e ele está ali à sua frente, reluzindo, declina justamente por ele ser... um carrão! Coisa de gente fraca, que sequer consegue bancar os próprios desejos.

Mas, afinal, a vida é mesmo assim, e algumas conquistas serão eternamente reservadas SÓ PARA OS FORTES!

(*) Eu e minhas analogias automobilísticas bobas, perdoem-me por isso! Mas é que reli hoje o texto Tadinha da Ferrari e me ocorreu que automóveis servem pra ilustrar muitas coisas nesse terreno aí...

(**) A Ferrari do outro texto / o Carrão deste de hoje não é megalomaníaca nem se acha melhor do que ninguém, muito pelo contrário. Ela apenas tem noção da sua condição, e está bem cansada de pessoas que demonstram desejos infinitos por ela sem contudo terem coragem de bancá-la, tentando mantê-la sempre em algum lugar entre a realidade e o imaginário, sem pegar nem largar. Tivesse nascido Fusca, sua vida certamente seria menos frustrante

segunda-feira, 12 de março de 2012

Preciso [respirar] Suspirar

Be my friend
Hold me, wrap me up
Unfold me
I am small
I'm needy
Warm me up
And breathe me
(trecho de "breathe me", da SIA, que tenho ouvido em looping ultimamente)

Mas no fundo, no fundo, eu nem preciso de tudo isso aí. Não sempre.

Acho que às vezes eu supervalorizo minhas necessidades, e tô ficando um pouco cansada de fazer isso porque, afinal de contas, certos caprichos não levam ninguém a lugar nenhum.

A bem da verdade é que na maioria das vezes tudo que eu preciso é SUSPIRAR.

Preciso de coisas, pessoas, situações, momentos, lembranças, músicas, gestos, palavras, doces, carinhos, qualquer coisa que me faça suspirar. Sou uma pessoa infinitamente melhor para o Mundo e pra mim mesma quando tenho motivos pra suspirar.

Não importa a efemeridade do que provocou o suspiro, não importa se ele vai se dissolver no segundo seguinte tal qual bolinha de sabão, não importa se na sequência ele se transformará em lágrima, não importa nada disso. Eu apenas preciso que os motivos para SUSPIRAR continuem acontecendo de alguma maneira na minha vida, e acho que então tudo ficará bem, de um jeito ou de outro.


(Eu sou absurdamente simples. Não entendo por que as pessoas me complicam tanto!)

(ok, esta última frase não é uma verdade absoluta, mas vamos fazer de conta? **ai ai**)

domingo, 4 de março de 2012

É...

Quando a decepção já não te deprime,
Quando a falta de consideração já não te magoa,
Quando a pisada na bola já não te deixa emputecida,

Você percebe que o "pra sempre" SEMPRE acaba. MESMO!

"Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo..."
(Caê)


(tudo bem, devo confessar que prefiro quando o tempo-tempo-tempo-tempo age no sentido de aproximar corações e criar laços fortes, mas às vezes ele TEM QUE agir no sentido contrário... e tem seu valor por isso também!)