terça-feira, 1 de abril de 2008

Fuso Horário do Amor * * *

Comédia Romântica é um gênero adorado por quase todos, principalmente mulheres. O que tem feito o gênero cair em desgraça é a recente sucessão de erros lançada nos cinemas com uma carinha bonita de chamariz e nada de conteúdo a sustentar a trama, resultando em uma dúzia (ou muito mais) de filmes iguais, previsíveis, chatos e recheados de clichês. Talvez por isso "Fuso Horário do Amor" (Decaláge Horaire) tenha sido pra mim uma grata surpresa.

Rose (Juliette Binoche) é uma espalhafatosa cabelereira-manicure-esteticista que, embora já tenha atingido a marca dos 30 anos há algum tempo, ainda não alcançou o mínimo de equilíbrio em sua vida pessoal. Aparentemente decidida a mudar sua própria história de vida, ela decide embarcar numa viagem para o México, onde pretende recomeçar sua vida e alcançar a tão sonhada paz de espírito (e, quem sabe, encontrar sua alma gêmea).

Félix (Jean Reno) é um quarentão que também parece perdido na vida, e apesar de ter alcançado algum sucesso profissional como chef de cozinha, não tem a mesma competência para administrar os conflitos de sua vida pessoal, sendo totalmente refém de seus sentimentos reprimidos.

Ela está no Aeroporto Internacional de Paris aguardando seu vôo para o México. Ele está no meso local aguardando seu vôo para a Alemanha, onde será realizado o funeral de sua quase ex-sogra, e ambos cruzam-se quase que acidentalmente no meio do caos que se torna o Aeroporto diante de uma greve geral que cancela temporariamente todos os vôos.

Atraem-se mutuamente, de uma maneira pouco romântica e bastante divertida, e por conta do ócio durante a espera da regularização dos vôos, acabam travando um diálogo preliminar que os aproximará e os afastará, não sem antes provocar reflexão, auto-conhecimento e novas descobertas a respeito deles mesmos - e do amor - por parte de ambos.

Por este resuminho aí acima, pode parecer que Fuso Horário do Amor é mais uma comédia romântica previsível, mas garanto que não é. Tudo bem, há a exploração de um ou outro clichê típico do gênero, mas nada que comprometa a obra como um todo.

Na verdade, o grande diferencial deste filme é que seus protagonistas não são apenas uns rostinhos bonitinhos adoráveis, pelo contrário: são pessoas mais velhas que o normal em filmes do gênero, e as personagens são bem construídas, sem apelar para o estereótipo do quarentão amargurado ou da trintona desesperada por um relacionamento.

É um filme sensível, delicado, respeitoso e, porque não dizer, otimista. E, lógico, muito divertido. Nada extraordinário, mas também nada desprezível. Para o gênero, eu diria que é um filme "na média", agradável de se ver, leve, com atuações deliciosas da dupla bastante competente Juliete Binoche - Jean Reno, e o cenário mais perfeito possível para qualquer romance - A Cidade Luz.

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