terça-feira, 15 de maio de 2007

Hotel Ruanda

Alguns acontecimentos da História da Humanidade nos envergonham por sermos humanos, e enquanto "seres pensantes", capazes de cometer tais atrocidades...
Tenho que confessar, dentro de toda a minha ignorância, que eu sequer sabia de mais essa barbárie ocorrida na África... Nem eu nem grande parte da população mundial... E fiquei tão chocada com o que vi, que andei pesquisando em tudo que é site de história de Ruanda para me certificar de que o filme não era mesmo uma ficção, e de que tudo aquilo aconteceu de verdade... Ainda estou horrorizada...
Não dá nem pra falar que Hotel Ruanda é um ótimo filme... quisera fatos como este jamais tivessem acontecido, para que não inspirassem obras deste tipo... Mas, sim, é um ótimo filme, do ponto de vista artístico... Sim, Don Cheadle faz um trabalho memorável, e mereceu todo o louvor obtido com esta atuação, inclusive a indicação ao Oscar de Melhor ator daquele ano.
O filme mostra o estopim de uma guerra cruel sem qualquer precedente, entre as duas principais etnias de Ruanda - os Hutus e os Tutsies. Historicamente, essa "classificação" étnica foi feita pelos brancos (santa ironia!), e divide os Ruandenses segundo critérios físicos, tais como o tamanho do nariz, o tom de negro da pele, e outros absurdos do gênero...
No momento em que esta guerra explode, Paul Rusesabagina (Don Cheadle), um Hutu de sucesso, é o gerente responsável pelo luxuoso Hotel Mille Collines. Mas Paul não é radical, e embora seja Hutu, é casado com uma mulher Tutsie e seus filhos são, portanto, mestiços. Paul acredita no trabalho árduo como único caminho para uma vida melhor, e por isso procura não tomar partido de posições políticas extremistas, sendo uma pessoa que circula com certa tranquilidade entre Hutus e Tutsies. Mas a guerra muda tudo isso... A princípio, Paul quer apenas proteger sua família, mas o sentimento que vai tomando conta deste verdadeiro herói africano é a antítese do filme, o que nos faz ter orgulho de ser humanos.
Sem alternativa para proteger sua família, seus vizinhos, e os incontáveis refugiados que aparecem à porta do Mille Collines a todo momento, Paul toma uma atitude extrema, e abre as portas do Hotel para todos esses refugiados, pois ali estariam supostamente protegidos, pelo menos por um tempo.
Paralelamente a isso, o filme mostra como o Mundo não estava nem aí para aquele massacre de civis inocentes... A ONU não só não fornece reforço como é ordenada a retirar suas tropas, pois para o Primeiro Mundo, Ruanda é apenas um pobre país africano que não tem peso político nenhum, não valendo que países ricos mandassem suas tropas para apaziguar o conflito...
É uma vergonha, e tudo isso aconteceu há pouco mais de 10 anos, em 1994, quando quase um milhão de civis foram barbaramente mortos...
Não tenho mais o que dizer... fiquei verdadeiramente chocada, e profundamente emocionada com a história desse homem que, assim como o Schindler da famosa Lista do Holocausto, também foi um herói de verdade, que infelizmente não pode salvar as almas do milhão de civis mortos, mas que fez sua parte, humanamente, sem nenhum interesse...
Um filme marcante, forte, triste, mas muito importante de ser visto!

Um comentário:

Jose Luis disse...

Este é um dos que estão na minha lista de "atrasados".
Preciso ver.

***

Mudei todo o lay-out do Sampa Fotos, dê uma olhada lá e diga-me o que achou.

http://sampafotos.blogspot.com