sábado, 23 de fevereiro de 2008

JUNO

Já que não tenho mais tempo como antigamente pra fazer uma "maratona pré-Oscar" e assistir todos os filmes indicados às principais categorias, esse ano fiz diferente: Apareceu um tempinho raro num final de tarde, e eu conseguiria ver apenas 1 filme, então tive que escolher...
Sem um critério muito lógico, acabei optando por assistir Juno, talvez por ser um filme menor, menos comercial, uma comédia diferente, e talvez porque aparentemente seja aquele com menores chances de levar a estatueta (segundo dizem os especialistas)...

Mesmo não tendo visto os concorrentes, e correndo o risco de ser precipitadamente injusta, vou torcer para que Juno leve pelo menos um dos prêmios para os quais foi indicado - melhor filme, melhor roteiro, melhor diretor e melhor atriz... Talvez as melhores chances estejam na categoria "Roteiro", o que seria justíssimo, aliás.

Juno (Ellen Page, do também ótimo "MeninaMá.Com") é uma adolescente de 16 anos que foge aos padrões dos colégios secundaristas americanos. Ela é descolada de uma maneira muito pecuilar, cheia de personalidade, muito inteligente e perspicaz, e às vezes encantadoramente rebelde. Depois de uma experiência sexual "estranha" com seu amigo esquisitão Bleeker (Michael Cera), ela se descobre grávida, e obviamente meio "perdida" sobre o que fazer a respeito.

Como Juno é muito realista, ter o bebê e ficar com ele é uma hipótese imediatamente descartada. Ela sabe que não tem maturidade pra ser mãe, sabe que ainda tem muito a aprender, e sabe que não pode sacrificar a vida de uma criança por conta de sua inconsequência juvenil. O aborto seria uma hipótese, mas Juno não tem coragem pra levar adiante a idéia já que, segundo uma amiga engajada, "os bebês têm até mesmo unhas", vejam só!

Resta então aquela hipótese que parece ser a mais sensata - encontrar os pais perfeitos para o bebê, já que Juno decide entregá-lo para adoção. Depois de consultar diversos anúncios no jornal de pais que desejam adotar, ela finalmente encontra Vanessa (Jennifer Garner) e Mark (Jason Bateman), um jovem casal rico aparentemente adequado para ficar com o bebê.

Contando com a compreensão do pai e da madrasta, Juno leva a gravidez adiante, ao passo em que vai estabelecendo uma relação de amizade com Mark, o pai adotivo do bebê. O amadurecimento vai chegando no mesmo ritmo do crescimento de sua barriga, e vivenciando a gravidez de uma forma incomum, Juno vai aprendendo grandes lições de vida e descobrindo muito sobre as relações humanas - familiares, de amizade e de amor.

É uma história que me divertiu e me emocionou, muito! Talvez por ser tão verossímel, talvez por tratar de um assunto tão delicado como a gravidez na adolescência por um ângulo descomplicado, talvez por mostrar que com boa vontade os problemas mais complexos podem ter as soluções mais apropriadas, desde que as pessoas deixem de lado a necessidade que costumam ter de supervalorizar seus problemas ao invés de serem práticos e buscar a melhor saída.

Sabe, às vezes é muito mais fácil nos fazermos de vítima de uma situação do que enfrentá-la. E Juno, lá do "alto" de seus 16 anos, é tão corajosa e consciente de suas limitações que acaba dando uma grande lição de vida, de que nem sempre as coisas saem como se deseja, mas há sempre uma possibilidade de recolocar o trem nos trilhos para que ele siga seu curso regular.

É um filme excelente, embalado por uma trilha sonora incrível, cativante, envolvente. Como já falei no início, o roteiro é perfeito, dinâmico, inteligente, foge com muita classe de qualquer tipo de clichê (apesar do tema "comum" de gravidez na adolescência), e consegue ser surpreendente até o último minuto, até a última cena (que, aliás, me fez chorar de tão profundamente linda)...

Ellen Page, indicada ao Oscar na categoria "Melhor Atriz", dá um show... Li em algum lugar que ela tem na verdade 21 anos, mas tem sem dúvida carinha de 16, e talento de uns 90 anos, sei lá... É como se fosse uma super veterana, ela desfila pelo filme numa interpretação fabulosa, e só não ouso dizer que ela "tem" que levar esse Oscar porque sei que o páreo é duríssimo e, embora eu não tenha visto as concorrentes, tenho certeza que as chances aqui são mínimas para a jovem Ellen... Mas é um talento promissor, sem sombra de dúvida, e tomara que essa indicação ao maior prêmio do cinema sirva pelo menos para dar mais visibilidade e outros papéis bem bacanas pra essa atriz que já deixou em Juno um registro incontestável de sua competência.

O elenco coadjuvante também é muito bom. O nome mais famoso do filme - Jennifer Garner - está contida num papel meio sofrido meio esperançoso... Acho Jenifer linda, mas em Juno, não sei, ela está talvez magra demais, meio envelhecida, menos bonita, na verdade... Mas competente dentro do que se propõe a fazer, assim como todos os demais atores "desconhecidos".

É isso. Um filme muito bom, despretencioso, delicioso de assistir, que eu recomendo e pelo qual vou torcer amanhã, na grande festa do Oscar!

Não deixe de ver!

2 comentários:

Arthur disse...

Prima,
Eu quase vi Juno na sexta! Só não fui ao cinema porque minha mãe estava chegando à noite e tinha que vir para casa.
Já peguei a opinião de um casal de amigos que viu e eles adoraram!
Com certeza esse está na lista dos meus próximos filmes que tenho que ver logo! rs
Eu tb vi pouco do que está sendo cotato para o oscar, então resta espearar os premiados e tentar assistir os mais aclamados depois...
Bjs e bom começo de semana!

Arthur disse...

Prima, assisti Juno hoje! MUITO BOM! Adorei, adorei!
A trilha sonora é fantástica e o filme muito cativante! As cenas engraçadas deixam o filme leve.
Amei!
Valeu pela indicação!
Bjs