terça-feira, 1 de abril de 2008

Conduta de Risco * * * * *

Michael Clayton (o estonteante George Clooney) é mais um dos muitos advogados de uma grande firma de advocacia americana. Entretanto, diferentemente de seus colegas que lidam com questões essencialmente jurídicas (e políticas), Michael possui "um talento natural" para administrar conflitos, e justamente por isso cuida de um departamento interno da firma responsável pela imagem do próprio pessoal interno, sendo um dos "homens de confiança" dos acionistas majoritários do escritório.

Apesar da aparente segurança profissional, o fato é que Michael não é satisfeito com a profissão, já que gostaria de ter a chance de desenvolver trabalhos que lhe dessem alguma notoriedade capaz de levá-lo ao topo, e essa insatisfação reflete-se também na vida pessoal dele, bastante bagunçada, já que não se relaciona bem com os irmãos e nem mesmo com o único filho fruto de um relacionamento fracassado, além de estar em situação de penúria financeira por conta de um negócio mal sucedido e de seu vício - jogos de azar.

Tudo corre dentro da rotina esperada, até que Michael é acionado pela direção da firma para "abafar" um princípio de escândalo provocado pela conduta inadequada de um de seus mais brilhantes advogados, Arthur Edens (Tom Wilkinson), que teve um surto psicológico durante uma audiência de um dos mais importantes processos da firma - uma ação coletiva proposta contra a poderosa corporação U/North, que fabrica suprimentos agrícolas que seriam letais à saúde dos que os utilizam. O problema é que o tal "surto psicótico" de Arthur parece não ter sido simplesmente um surto, e Arthur parece definitivamente decidido a levar a cabo sua idéia de desmascarar a U/North, tocado que ficou por conta do acesso que teve às histórias das vítimas de seus produtos.

O trabalho de Michal não é nada fácil já que Arthur, além de bastante decidido, está efetivamente desequilibrado emocionalmente, e a pressão para que reverta imediatamente os estragos causados pelo colega vêm não só de dentro da firma como da própria cliente U/North, através da dedicada RP Karen Crowder (Tilda Swinton), que vai demonstrando-se aos poucos muito mais do que dedicada, na verdade obcecada pela lisura do nome da empresa que representa, característica que ela tenta manter a qualquer preço, literalmente.

Conduta de Risco é um filme que mostra um lado negativo da advocacia e do mundo empresarial em geral, o que não é novidade. Mostra como grandes corporações são capazes de qualquer ação, mesmo que prejudique incontáveis cidadãos, desde que seus lucros sejam protegidos, da mesma forma que mostra como a advocacia pode ter um lado negro ao defender a qualquer custo tais interesses. É tão curioso, aliás, que Arthur, o tal advogado psicótico, em certo momento do filme declara: "Somos todos faxineiros, estamos aqui para limpar a sujeira dos outros". E é bem por aí mesmo, o filme mostra isso de maneira escancarada, a grande corporação infringindo todas as leis em nome de seus negócios e o grande escritório de advocacia invocando todas as leis e interpretando-as parcialmente, manipulando a Justiça para esconder a sujeira de seu cliente.

Não é exatamente um tema original. Muitos filmes já seguiram essa linha investigativa do mundo dos negócios jurídicos, como Erin Brocovitch, A Firma, O Júri, O Informante, e tantos outros. Mas Conduta de Risco veio para "ensinar" a matéria, e é tão bem feito e tão consistente que além de entretenimento inteligente para o espectador disposto a entender sua complexa trama, é também um divisor de águas para o gênero de suspense jurídico. Eu sou, claro, suspeita pra falar, mas adoro o gênero, adoro o tema e adorei o filme.

O único senão fica por conta do Oscar concedido a Tilda Swinton como melhor atriz coadjuvante. Sem dúvida a insosa Tilda está bem no papel, mas daí a ganhar o Oscar achei um pouco demais. Não sei se é ela ou a personagem, mas o fato é que não gostei do conjunto da obra no final das contas, nada que comprometesse o filme, pelo contrário, mas também nada que fosse digno de receber o Oscar. No entanto, como não vi nenhum dos filmes das concorrentes desse ano na categoria, vou deduzir que dentre as opções disponíveis essa era a melhorzinha, única justificativa para o prêmio.

Por outro lado, temos George Clooney... ahhhhh... Clooney... suspiros, suspiros e mais suspiros... Como pode um homem ser tão abusrdamente estonteantemente lindo, sexy, charmoso, sedutor e... excelente ator??? é muita humilhação para os demais, não é? Eu sempre evito exaltar demais as belezas e atributos masculinos dos filmes que vejo para não parecer parcial e apenas mais uma fãzinha que adora qualquer coisa do ator X. Mas dessa vez não posso me conter, não devo me conter... Clooney recebeu sua segunda indicação ao Oscar pelo papel, indicação mais do que merecida. É impressionante como ele melhora com o tempo, é impressionante como sua atuação vai ficando poderosa, ponderada, minunciosa, apurada... É impressionante como ele vai se demonstrando um grande ator que veio para ficar, e mais impressionante ainda, vou ter que repetir, é ver como ele fica lindo lindo e mais lindo a cada trabalho... Que venham muitos outros grandes papéis de Clooney para que nós, reles mortais, possamos admirar sua beleza atordoante e seu talento incontestável.

Só para finalizar, Conduta de Risco é um excelente filme. Imperdível!

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