quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Demorou mas... (quase) ACABOU! Adiós, 2009!!!

2009 me deu a sensação de que o tempo PÁRA. De que alguma coisa aconteceu no universo e diminuiu a rotação da Terra, e o tempo mudou o compasso.

Não acaba mais nunca esse raio desse 2009, é? Chegaaaa!!! Já deu!!!

Hoje, por exemplo. Dia 31 de Dezembro, todo mundo naquela correria pra festa de Reveillon, eu já fiz um quadrilhão de coisas e ainda são 5 horas da tarde. Quer dizer... 2009 realmente não quer ir embora.

Mas vai, ahhh, vai! Dentro de algumas horas vai. Só não vai se o mundo acabar, e neste caso a segunda opção seria mesmo o que de melhor poderia acontecer.

As razões de tanta revolta com 2009? Bem... não vem ao caso... até porque eu sou adepta da prática de deletar coisas ruins, e se consegui deleter muitas delas, não vou usar essa vibe retrospectiva para relembrar aquilo que deu tanto trabalho pra esquecer, né?

O fato é que eu continuo a mesma (tá, não exatamente, mas nem vou descrever o que caiu em 2009 porque, né? desnecessário..), a vida continua a mesma, os problemas continuam os mesmos (variando nas formas e cores, mas sempre os mesmos), e o dinheiro continua faltando.

Mas apesar de tudo, apesar de todas as lágrimas, e crises, e surtos, e perdas, e mágoas, eu ainda continuo me divertindo muito mais do que qualquer outra coisa. E a vida continua valendo à pena, ah, se continua!

Não fiz uma lista de coisas que pretendo fazer em 2010, porque essas listas só servem pra me provar que sou incapaz de cumprir metas. E também porque não tenho grandes aspirações.

Quero apenas continuar tendo meu espaço, ser ouvida por quem eu quero que me ouça, ser querida por quem eu quero bem, estar o máximo de tempo possível com as pessoas que me fazem feliz e acima de tudo manter a minha capacidade de rir das minhas próprias desgraças. Porque é isso que me mantém viva, e forte o bastante pra seguir buscando todo o resto.

Tentem vocês também... pode ser uma experiência transcedental, eu garanto!

Permitam-se experimentar a felicidade das pequenas coisas, das piadas cotidianas, dos momentos não planejados.

Libertem-se de preconceitos e livrem-se dos estereótipos que possam te afastar de pessoas incríveis.


Procure enxergar além do óbvio, você pode descobrir um universo inimaginável do seu lado se olhar com atenção.

Ria, SEMPRE, E MUITO. Sorrir faz bem pra saúde física, e mais ainda pra saúde mental.

Seja louco. Porque normalidade não tem graça, e a loucura permite possibilidades que as barreiras da normalidade jamais permitiriam.

Seja livre.

E VIVA INTENSAMENTE.

Um dia de cada vez.


FELIZ ANO NOVO !!!

domingo, 20 de dezembro de 2009

Porque existem presentes e PRESENTES

Me recuso a começar mais um post com o clichê "...puxa, o tempo passou tão depressa e já estamos na penúltima semana do ano!".

Por isso vou apenas dizer que, sim, praticamente já é Natal, e as coisas típicas dessa época já estão acontecendo há dias... ruas lotadas, pessoas comprando coisas compulsivamente, reportagens e mais reportagens sobre presentes e cardápios para a Ceia, festinhas de final de ano nas firrrrmas, encontros nostálgicos com velhos amigos, etc, etc, etc...

Eu demorei um pouco pra entrar no clima, confesso. Quanto mais os anos vão passando, menos a gente curte, essa é a verdade, e só não esquecemos completamente da data porque o comércio tá aí nos lembrando do bom velhinho o tempo todo.

(...)

Ontem participei da "Corrida de Natal Corpore", uma prova festiva deliciosa, onde pude experimentar a sensação de "correr" (enganar, na verdade) acompanhada o tempo todo, já que os "Tigoto's" resolveram seguir o meu ritmo e experimentar a sensação de chegar em (quase) último lugar uma vez na vida. Foi uma farra. Das boas. Farra saudável, dessa vez. Porque eu também sou dessas. Pelo menos de vez em quando!

No final da noite rolou uma reuniãozinha da geração saúde no apê da mana atleta, com direito a "Amigo Secreto Ladrão", comidinhas e bebidinhas não alcoólicas. E pra quem acha que não, saibam que sou perfeitamente capaz de me divertir horrores bebendo goles de mais goles de coca-cola light. Juro. (até porque depois eu chego em casa e faço minha própria farra etílica comigo mesma, mas é melhor pular esse assunto porque já tem uma galera querendo me mandar pra Rehab. E por enquanto eu faço coro com a Amy: No, No, No!)

Sobre o "Amigo Secreto Ladrão", só o que posso dizer é que é um negócio que faz a gente ter a exata noção do quão velhos estamos. Porque assim, eu sou do tempo em que Amigo Secreto era aquela brincadeira de sortear alguém e dar um presente. Mas ao que tudo indica os tempos mudaram, e a moçada lá da vibe saúde explicou, explicou, explicou, desenhou até, mas mesmo assim eu não entendi patavina das regras. Brinquei, de qualquer maneira. E super me diverti. Porque, vocês sabem, eu sempre me divirto. Até quando a piada sou eu mesma.

(...)

Antes de vir embora, minha irmã-atleta Silvia e meu queridíssimo cunhado Laudo me deram um presente de Natal; presente não, PRESENTE, na verdade. Assim, em caixa alta.

Porque, como diz o título do post, existem presentes e PRESENTES. E quando a gente recebe um PRESENTE, entende o verdadeiro significado do gesto, entende até mesmo o significado do Natal.

O PRESENTE? Uma "marmita cultural", digamos assim. Sei lá, foi esse o nome que encontrei pra tentar explicar, mas acho que é muito, muito mais do que isso. Vejam vocês mesmos:



Quando uma pessoa gasta seu precioso tempo pra FAZER um presente com as próprias mãos, quando uma pessoa escolhe 100 músicas de amor e grava num CD personalizado pra você, quando uma pessoa escolhe 1 filme muito especial e também o grava em DVD pra você, quando uma pessoa encontra trechos de poemas e outras frases de muito significado e as escreve pra você, e aí a pessoa compra uma marmitinha, coloca tudo dentro, junto com docinhos que lembram a infância pra adoçar a vida, fotos de momentos marcantes do ano que tá terminando, e até mesmo um "Santinho Antonio", bem... então você entende que essa pessoa - essas pessoas, no caso - realmente SE IMPORTAM com você, e que dentro daquela marmita, muito mais do que coisinhas, tem muito, muito amor!

Um presente comprado tem o seu valor. Mas é apenas um presente comprado, pronto, feito, e existem muitos iguais a ele. Um presente feito com tanta delicadeza e capricho, com um conteúdo tão especial e personalizado, independentemente do seu valor material, é O PRESENTE.

Me sinto absolutamente privilegiada por ter sido digna de um gesto assim. Foi, sem dúvida, um dos melhores presentes que já ganhei na vida. E me trouxe, ainda que tardiamente, toda a emoção do tal "espírito de Natal".

Obrigada, irmã! Obrigada, cunhado!
AMO VOCÊS. Muito. MUITO.


" Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas! "

Mário Quintana
Utopias / Esperlho Mágico

domingo, 6 de dezembro de 2009

É tudo uma questão de interpretação

3o. ano da Faculdade, dia de prova de Direito Civil. Eu já não era mais a mesma aluna exemplar de outros tempos, trabalhava 10, 12 horas por dia, e estudar não se encaixava na minha rotina.

Estava levando na Faculdade meio "nas coxas", contando com uma generosa dose de sorte e com a ajuda dos amigos solidários que me emprestavam resumos para eu pelo menos "dar uma lidinha" antes da prova.

Sorte que o Tico e o Teco sempre foram eficientes, então a inteligência manteve-se preservada, mas não há inteligência que resista a tanta negligência.

Eu odiava a professora. Tinha problemas pessoais com ela, uma longa história, mas basicamente éramos "concorrentes" e ela usava e abusava do seu poder de professora pra me atingir. Não que essa informação tenha alguma relevância na história que estou tentando contar, mas me deu um prazerzinho mórbido escrever aqui que sim, eu odiava aquela vaca magrela e nariguda.

Voltemos à prova. Professores cretinos adoravam fazer um terrorzinho extra, então não levavam as questões impressas, e para nos fazer sentir como crianças da 5a. série, ditavam a prova, fazendo-nos perder tempo precioso para o desenvolvimento das questões. Preciso nem dizer que a bruxa magrela e nariguda era desta laia, né?

Acontece que enquanto ditava as questões, ela andava pra lá e pra cá, e eventualmente algum trecho do que dizia parecia confuso. Os mais corajosos a interpelavam dizendo não terem entendido, mas os mais orgulhosos (eu) se recusavam a admitir que tinham perdido algo no ditado.

Copiei as questões e parti para o que interessava. Tinha assistido pouquíssimas aulas de Civil naquele bimestre, era época de eventos na Globo e eu vivia mais no Rio do que em SP, então estava bem perdida na matéria, sabia nem qual parte do Código Civil estávamos estudando, e justamente para aquela prova não tinha rolado nenhum super resumo salvador da pátria pra me dar uma mãozinha.

Tive que encarar... Eu, o Tico e o Teco. E a minha capacidade singular de ter uma resposta pra tudo, sempre, até para aquilo que não existe.

Acontece que eu copiei uma questão errada. Entendi uma palavra e era outra, e na lógica da minha cabeça desorientada parecia fazer todo o sentido uma questão que pedia para explicar e exemplificar casos de vícios noturnos e erupção, quando a questão, na realidade, referia-se a vícios ocultos e evicção.

Fiz a prova. De 4 questões, eu sabia com certeza apenas 1. As outras eu teria que desenvolver, e pra isso tinha uma técnica que quase sempre funcionava: Pegava uma expressão da questão sobre a qual eu sabia alguma coisa e discorria sobre ela, ainda que não estivesse exatamente respondendo a pergunta. Geralmente funcionava porque era uma forma de demonstrar alguma familiaridade com a matéria, e eu sempre imaginava meus professores (a maioria velhinhos de mais de 70 anos) lendo a milésima prova e tendo a capacidade de raciocínio já levemente afetada pelo cansaço.

Acreditem, cheguei a tirar nota 10 em provas assim. Eu não tinha nem chegado perto de responder a questão, mas tinha escrito sobre o assunto e o professor acabava considerando.

Era a minha estratégia para aquela noite, na prova de Direito Civil. E, vocês sabem, encher linguiça é comigo mesma, eis uma arte que sempre dominei, então até pra responder o que eu não sabia, geralmente precisava de folha complementar... abusada, né?

Assim também aconteceu com a questão sobre os "vícios noturnos e erupção". Redigi meia página explicando os efeitos dos vícios noturnos e como eles poderiam provocar a erupção de uma relação jurídica, dei exemplos, mais de um, e entreguei a prova feliz da vida, ela todinha respondida, certa de mais um notão. Eu era uma gênia!

E então chegou a próxima aula, e a magrela nariguda, como sempre fazia, trouxe as provas pré-corrigidas para concluir a correção em conjunto com a sala, e eu estava lá, "a cara da tranquilidade", enquanto outros colegas se borravam de medo por terem ido mal na prova, eu estava certa de que, mais uma vez, tinha sido ajudada pela sorte e pela minha prolixidade.

Aí chegou-se à questão dos vícios ocultos e evicção. E a professora olhou pra mim com um sorriso sarcástico no rosto, seus olhos brilhavam, e eu enfrentava seu olhar desaforado de peito estufado, porque, né? Tinha certeza que ela estava impressionada comigo.

(o que só prova que em certas situações na vida a gente devira realmente poder ficar invisível. Fica a dica, pra quem puder.)

Ela começou a explicar a questão, a fazer uma rápida revisão sobre os vícios ocultos e evicção, e a cada vez que pronunciava "ocultos" e "evicção", ela olhava pra mim desafiadoramente. Eu demorei a me tocar. Lá pela 5 olhada, mais ou menos, me liguei que tinha feito alguma merda. E não, não consegui ficar invisível.

"Dona Farta Aguilharrrrrrr", ela disse, puxando o "R" como se fosse carioca... "...Eu nem ia mencionar sua prova na presença dos colegas, mas decidi que ela merece ser usada como exemplo e lição, então não se ofenda, mas precisarei contar que você inventou uma nova teoria sobre o direito das coisas..."

E DEU-SE A TRAGÉDIA.

Obviamente ela relatou meu mico com riqueza de detalhes. Obviamente os outros 99 colegas de uma sala com 100 alunos ficaram espantados e riram até perder o fôlego. Obviamente eu fiquei roxa. E obviamente ninguém esqueceu disso até hoje. Sim. Eu sou uma piada pronta. Sempre fui.

Fiquei para exame (recuperação) em Direito Civil naquele ano. Por meio ponto. E tive que estudar muuuuuito porque eu só me permitiria ir à faculdade às vésperas do Natal para fazer uma prova se fosse pra tirar 10. Questão de honra.

Não tirei 10. A bruxa magrela e nariguda jamais me daria um 10. Mas tirei um 8,5 que foi mais que suficiente pra me liberar daquela disciplina. E nunca mais tive o desprazer de cruzar com a profesora maldita.

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O que eu queria mesmo dizer, contando este causo, é que aprendi uma lição bem importante naquele episódio. Que tudo na vida é uma questão de interpretação. E o exercício da interpretação começa na compreensão do que se quer interpretar.

Eu criei uma questão errada, que sequer existia. E, prepotente, mas sem certeza nenhuma, respondi, fundamentei e exemplifiquei algo que não existe.

Percebem a gravidade disso? Percebem como é grave não compreender um fato, ou descontextualizá-lo?

Percebem como somos levados a erro toda vez que não prestamos atenção nas coisas ou nas pessoas como elas são?

Uma piada fora do contexto, uma brincadeira levada a sério, simpatia confundida com flerte, flerte confundido com simpatia, conselho levado como crítica, crítica levada como inveja...

E assim faz-se a guerra, amizades se rompem, relacionamentos esfriam, corações se magoam, etc, etc, etc...

É tudo uma questão de interpretação. Mais que isso, uma questão de "ler" as pessoas como elas são. Porque ninguém é igual a ninguém. E partir deste princípio equivocado fatalmente vai te levar a desvirtuar tudo o que se seguir. E isso pode ter reflexos importantes na sua vida... Isso pode, inclusive, definir o seu futuro.

Algumas pessoas não são óbvias. Nem todo mundo quer dizer SIM, quando diz SIM. Nem todo mundo quer dizer NÃO, quando diz NÃO. Contextualize, sempre!

Vou concluir este post que já ficou meio piegas (eu sei, eu já fui melhor!) repetindo algumas coisas que twittei outro dia:

"Gente óbvia e literal é muito, muito chato.
Existe poesia nas entrelinhas, e somente os espíritos livres conseguem enxergá-la.

Gente que não entende piada.
Gente que não entende ironia.
Gente que não entende entrelinhas.
Gente que não entende duplo sentido.
Gente que vê duplo sentido onde não tem.
Gente que só entende se a gente desenhar...

Gente que pensa quadrado, que tem a imaginação limitada pelas fronteiras criadas pela hipocrisia, gente que bate no peito e se orgulha de ser "normal", mas que na verdade é apenas medíocre...

Pois eu sou muito mais os loucos de alma livre que permitem-se enxergar além do óbvio, e não se limitam às fronteiras inventadas pelo pensamento hipócrita."


Era isso que eu queria dizer... reflitam, analisem, permitam-se compreender e interpretar além do óbvio... Há todo um universo de possibilidades... Descubram-no!

sábado, 28 de novembro de 2009

Grandes Mulheres

Depois de uma longa e ansiosa espera, finalmente posso dar a notícia:

Está no ar o Grandes Mulheres


Não vou falar muita coisa pra não estragar a surpresa. Vou apenas dizer que AGORA SIM nós, Grandes Mulheres, temos um lugar na web que nos trata com o respeito que merecemos. E tenho certeza de que você vai perceber isso ao primeiro clique. Corre lá!

Estou muito, muito feliz por fazer parte de um projeto tão importante! É só uma coluninha semanal falando de generalidades, mas ainda assim tem um pedacinho meu por lá, e isso me enche de orgulho!

Quer ir direto para o primeiro texto da Coluna da Dona Farta? Então clique aqui, e descubra como é Difícil a arte de SER uma grande mulher.

Claro, continuarei no Blog falando minhas abobrinhas de sempre (procurando melhorar a frequência dos posts, como já prometi outras vezes), mas espero poder contar com a audiência de vocês lá na coluna também! Será, como sempre foi, uma honra e um imenso prazer!

*** Explicando como fui parar lá:
Com um certo "medinho" (medão, na verdade), aceitei o convite das Jornalistas Pâmela Nunes e Paula Bastos - idealizadoras do projeto - para ser colunista do portal "Grandes Mulheres". O conceito do site é genial e obviamente eu não perderia uma oportunidade como essa por nada no mundo, até porque vocês que me conhecem sabem como eu desejo a inclusão total das mulheres fartas no universo feminino "padrão", sem preconceitos!
Espero sinceramente dar conta do recado! Conto com vocês!

sábado, 14 de novembro de 2009

Uma certa 6a.Feira 13

Ontem foi sexta-feira 13, né? E vocês sabem, eu não acredito nessas coisas, nem nada, mas... que elas existem, existem.

Não que isso seja exatamente uma novidade, já relatei outras vezes a minha capacidade sobrenatural de atrair gente esquisita (maluca, doida, descontrolada, etc e tal). E a quantidade de pessoas esquisitas que cruzaram meu caminho ontem foi bem acima do normal. Um esquisitão em cada esquina. Até o moço do telemarketing que telefonou pra minha casa de manhã parecia estranho - nem gerúndio ele usava, vejam vocês!

Mas beleza, considerando que eu mesma não sou uma pessoa normal, aprendi a lidar com gente estranha faz tempo, e costumo tirar de letra... No fundo são todos meus pares...

Aí parei pra tomar um café lá pelas 4 da tarde, depois de um longo dia de jejum (culpa da correria, como sempre), e estava lá, curtindo a sensação agradável da cafeína penetrando meu sistema digestivo vazio há horas, quando me aparece uma senhora.

Uma senhorinha assim, acima de qualquer suspeita, devia ter, sei lá uns 50 anos. Bem apanhada, e tudo mais, chega do meu lado e toca meu ombro, como se quisesse perguntar alguma coisa.

Eu estava distraída "viajando nos meus pensamentos" (como diz meu filho), e quase pulei da cadeira quando a senhora me cutucou, mas em seguida respondi com o meu "irresistível" sorriso de "pois não?".

Imediatamente a tiazinha puxou a cadeira e sentou ao meu lado (?), abriu a bolsa, tirou um bolo de papel que dava pra notar - eram contas telefônicas, e começou a me falar que estava indignada, porque a Telefônica estava cobrando valores exorbitantes dela, que ela nunca tinha pago mais do que R$ 40,00 de conta, e que agora estava recebendo contas cada vez mais altas, e blablablablabla.

Oooooi? Tipássim, qué qui eu tenho a ver com isso, minha senhora???

Minha cara de ué não foi suficiente, e a tiazinha continuou falando pelos cotovelos, desenrolando aquele amontoado de contas e esfregando no meu nariz, como se eu tivesse algum poder de resolver seja lá o que fosse.

Falei uns dois ou três "hum hum" e "nooossa, que absurdo!", mas depois de 5 minutos eu já estava realmente incomodada com a inconveniência daquela senhora.

Fingi que precisava atender uma ligação no celular, mas a tia não se fez de rogada, e ficou pacientemente esperando eu terminar a ligação sem arredar pé da minha mesa.

Agora, gente, fala pra mim: Por que eu???????? Por quê????????

Eram meus únicos 15 minutos de folga em um dia totalmente punk, por que eu tinha que ouvir os problemas telefônicos de uma maluca que nunca vi na vida???

Eu sei, eu sei, eu poderia ter sido grosseira e expulsado a louca da mesa, mas, né? Uma senhorinha, eu nem consigo ser mal educada com pessoas mais velhas, e além do mais, coitada, né? Doidinha, desorientada, pior que eu! Tenho compaixão, gente... Tenho sim!

Só sei que a tiazinha continuou me alugando durante todos os minutos seguintes, e quando meu tempo de pausa terminou, pedi licença e disse que precisava ir, ao que ela segura meu braço e diz:

"_Olha, minha filha, você é tão simpática, tão atenciosa, tão gentil! E tão linda, bem vestida, bem maquiada... sabe que se você fosse um pouco mais magrinha, eu ia jurar que você era artista?"

...

Então tá, né...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A Ditadura da Moral e dos Bons Costumes

Permitam-me relatar assim, mal-resumidamente, 3 fatos reais relativamente recentes:


1. Casal X Casal, e uma suposta traição:

Era uma vez 2 casais vizinhos que tornaram-se amigos. Possuiam uma vida social intensa, faziam vários programas juntos, compartilhavam seus cotidianos e sabiam quase tudo uns da vida dos outros.
A harmonia, contudo, foi quebrada quando surgiu entre eles uma suspeita de infidelidade. Um dos maridos teria assediado a esposa do outro, ou uma das esposas teria assediado o marido da outra (e a ordem dos fatos aqui, acreditem, realmente não faz diferença).
Confrontados com tal suspeita, ambos os "traídos" exaltaram-se, obviamente, mas reagiram de maneiras diferentes, porque, afinal de contas, cada ser humano é diferente do outro.
O problema é que a moça supostamente "traída" reagiu de forma mais "descontrolada", por assim dizer, e não mediu as consequências desastrosas de seus atos.
Objetivando vingar-se da ex-amiga "traidora", lançou mão dos recursos de que dispunha e publicou na internet toda sorte de conteúdo íntimo e ofensivo relacionado ao outro casal, agora inimigos declarados. Sem qualquer autorização, publicou imagens, emails, vídeos, informações confidenciais e tornou público um assunto que até então pertencia exclusivamente à esfera privada dos envolvidos.
Fez-se o caos, obviamente. Muita gente teve acesso ao material publicado (em blogs, sites de relacionamentos, etc), e o casal precisou mudar até de cidade para tentar reorganizar a vida devastada pela exposição indevida de sua intimidade.
Procuraram as vias legais (Delegacia) para tentar parar a ação da suposta "traída", e como não tiveram sucesso nesta tentativa, precisaram requerer a remoção do conteúdo da internet através de uma Ação Judicial.
Acontece que os envolvidos neste caso não são celebridades, são apenas cidadãos comuns que vivem problemas reais como todo mundo, e como são apenas "pessoas comuns", não tem acesso a uma tutela jurisdicional que "pessoas célebres" tem.
Como assim? Bem... independentemente do fato gerador do problema - a suposta traição - uma conduta inadequada foi tomada pela supostamente "traída", mais que inadequada, na verdade, uma conduta criminosa, já que calúnia e difamação são crimes e a privacidade e a intimidade são invioláveis, assim como a imagem é protegida, tudo segundo os mandamentos da nossa Constituição Federal.
Parecia óbvio que, ao chegar à apreciação de um Magistrado, a questão seria rapidamente resolvida, através da determinação imediata de suspensão do conteúdo indevido da web e posterior discussão dos prejuízos envolvidos.
Pelo menos é isso que vemos todos os dias na imprensa, quando casos similares - de uso indevido de imagem, por exemplo - envolvendo celebridades, chegam aos Tribunais.
Na nossa histórinha aqui, entretanto, houve uma decisão no mínimo curiosa (vergonhosa, na verdade), que lamentavelmente mudou todo o rumo dos fatos, e acabou funcionando como "lenha na fogueira", ao invés de funcionar como "extintor de incêndio" e apagar definitivamente o rastro que destruía a vida dos envolvidos.
Por motivos óbvios - éticos, especialmente, não posso entrar em detalhes sobre o caso, mas posso transcrever um pequeno trecho da primeira decisão judicial proferida no caso, até porque, à época, o próprio magistrado negou a tramitação em segredo de justiça, de modo que, a prevalecer seu entendimento, toda a questão seria pública até hoje - mas não, já não é mais.
Vamos ao despacho do Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito, titular de uma das Varas Cíveis da Capital de SP:
“... as fotografias com pouca roupa, para ficar em poucas palavras, teriam sido introduzidas na internet pela própria requerente. Se resolveu dar publicidade à sua intimidade, então não pode reclamar da veiculação atual, que partiu dela mesma. Plantou, agora colhe. O mesmo vale para os dizeres, porque a ré, em tese, estaria a divulgar pela internet informações que a própria autora teria veiculado ali, por e-mails, em atividade de mulher casada para marido alheio...”
Percebam que a decisão não só negava a tutela buscada pela parte como ainda impunha-lhe um pesado julgamento moral, valendo-se da máxima: "Quem planta, colhe."

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2. Juliana Paes X Jose Simão:

Abordei o assunto num post específico na época (julho deste ano), e para quem não se lembra (a questão foi bastante discutida) trata-se do processo movido pela atriz Juliana Paes contra o humorista José Simão, que citou-a em sua coluna diária de uma maneira "ofensiva", segundo os critérios da própria ofendida Juliana.
Na ocasião a Justiça concedeu liminar em favor da atriz, e proibiu o colunista de sequer citar seu nome na coluna, sob pena de uma pesada multa pecuniária.
A maioria das pessoas posicionou-se em defesa de José Simão, valendo-se do argumento de "liberdade de expressão" e de que se a própria ofendida já havia mostrado seu corpo publicamente (na TV, em revistas, etc.), não faria sentido pleitear proteção judicial à sua "honra". Sem querer ser repetitiva, mas se você não leu o post por favor clique aqui e leia, assim não preciso repetir todos os absurdos apurados à época agora, e torno este post menos gigante!

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3. Geyze X Colegas X Uniban

O assunto do momento. De maneira surpreendente, ganhou a internet, em seguida a imprensa sensacionalista e hoje foi manchete de todos os grandes telejornais. Com razão.
Uma moça vai para a aula de minissaia. Os colegas fazem piadinhas, assediam, e ela, para "revidar" a agressão verbal, provoca ainda mais, andando de maneira "rebolativa", dando voltinhas, subindo ainda mais a saia, e sei lá mais o que ( as versões são muitas e, mais uma vez, nenhum dos fatos secundários tem importância).
De repente, a situação toma proporções inimagináveis, e um batalhão de estudantes revoltados encurrala a moça, acusando-a de ser imoral. O vídeo, que todo mundo já viu, deixa claro o palavreado utilizado para agredir a moça, não preciso repetir aqui todos os palavrões, mas vamos dizer que, pra ficar no consenso (aquilo que todos gritavam em uníssono), a chamavam de Puta. A moça saiu escoltada da Faculdade, e sem a intervenção dos policiais, sabe-se lá o que mais poderia ter acontecido.
Da internet o caso foi para os programas de TV, Geyse logo apareceu com o vestido da discórdia para "provar" que não era tão curto assim, enquanto os estudantes da Uniban - aqueles que a "xingavam" de puta, tentavam defender a moralidade da Instituição de Ensino, justificando o comportamento animalesco que tiveram com o fato de a moça usar roupas insinuantes.
Depois de 2 semanas a tal Instituição de Ensino finalmente se posicionou sobre o caso, de maneira apoteótica, inclusive, publicando anúncios pagos nos principais jornais de SP no último domingo, onde informava a decisão de expulsar do quadro discente a causadora da confusão - ninguém menos que: a vítima, a moça do vestido curto, aquela que foi xingada, Geyze.
Imediatamente pipocaram manifestações indignadas contra a decisão, muita gente revoltada com a justificativa utilizada pela direção da Faculdade para expulsar Geyze, e depois de muita pressão, demonstrando uma total falta de identidade ou firmeza em seus "princípios morais e éticos", no início desta noite a Uniban divulgou a revogação da decisão, ou seja, Geyze não está mais expulsa, e pode voltar a frequentar as aulas.
Nem vou entrar no mérito da questão porque todo mundo já o fez. E acho realmente desnecessário repetir aqui toda a ladainha de que um fato não justifica o outro, e de que nem mesmo se Geyze estivesse desfilando nua pelos corredores da faculdade, nem assim haveria justificativa para o comportamento dos seus colegas, muito menos para a postura desastrada da Uniban.

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Queria apenas colocar pra vocês esses 3 casos reais para chegar ao ponto mais grave em todos eles, o ponto que os torna assuntos similares e que representa, no meu ponto de vista, uma ameaça real cada dia mais próxima: A Ditadura da Moral e dos Bons Costumes.

Uma Ditadura disfarçada que se aproveita da fraqueza de convicções da grande maioria das pessoas aliada a argumentos retrógrados e eventualmente religiosos, para impor um modo de se viver altamente contestável, para impor um padrão de comportamento tido como único aceitável, quando devíamos estar na verdade nadando na direção contrária, na direção da liberdade de se ser o que se é, do jeito que se quer, sem que isso seja motivo de segregação.

Imposições moralistas me assustam. Me assustam porque sei que as pessoas são altamente suscetíveis a elas, porque apesar de vivermos num estado Laico, ainda são princípios religiosos que guiam a maioria do comportamento social comum, e é neles que os imbecis se apegam quando querem se julgar superiores aos outros, ou, ainda pior, quando querem manipular a opinião alheia.

Podem reparar: em qualquer discussão, quando terminam os argumentos reais para se defender uma posição, uma das partes fatalmente acaba sucumbindo aos argumentos moralistas e/ou religiosos. Já falei sobre isso aqui muitas outras vezes, e só para ficar nos exemplos óbvios, vamos citar a legalização do aborto, a questão dos fetos anencéfalos, as pesquisas com células-tronco, a criminalização da homofobia, etc...

É a partir deste conceito de moralidade distorcido que jovens universitários de classe média se julgam no direito de agredir às putas - utilizando-as como xingamento - da mesma maneira que se julgam no direito de agredir à moça que se veste de maneira diferente dos demais, como se o diferente fosse sempre inaceitável.

É a partir deste conceito de moralidade totalmente distorcido que tanta gente supostamente sensata criticou Juliana Paes, na época da briga judicial entre ela e José Simão. Não me esqueço do tanto de absurdos que li no sentido de que "se a Juliana até já saiu nua em revista, não pode se sentir ofendida por ser mencionada de maneira jocosa". Como se uma coisa - mais uma vez - justificasse a outra.

É a partir deste conceito de moralidade totalmente distorcido que o Juiz do caso 1 acima se sentiu no direito de atacar a "mulher que teve conduta inadequada para com marido alheio", negando-lhe uma prestação jurisdicional apesar da garantia expressa da lei em sentido contrário, simplesmente por julgá-la menos merecedora da lei do que "pessoas de bem", aí entendidas como aquelas que não investem contra maridos alheios.

Quanta besteira! É deste mesmo ponto de partida que vem outras conclusões muito mais imbecis, como aquelas que julgam homosexuais menos respeitáveis do que heterosexuais, como aquelas que julgam cristãos mais respeitáveis do que ateus, enfim... aqueles que julgam condenável tudo aquilo que é diferente.

Percebem como tudo leva para uma Ditadura Moralista de critérios altamente contestáveis?

Percebem como no fundo a ideia que move todos esses fatos acima narrados é a adequação ou não das pessoas envolvidas aos "padrões morais aceitáveis"?

E que padrões são esses? Quem os fixou? Todo mundo tem que pensar de maneira igual agora, é isso?

E se eu disser que não vejo problema nenhum no vestido de Geyze, e que eu mesma já usei outros até mais extravagantes na minha época de universitária? E se eu disser que não condeno a moça do caso 1 por ter flertado com o marido da outra, especialmente porque não sei dos detalhes pessoais que os levaram a tal envolvimento, e por isso me sinto incapaz de tomar partido? E se eu disser que acho que Juliana Paes poderia até ter feito filmes pornôs, e ainda assim continuaria tendo o legítimo direito de processar qualquer um que diga seu nome de maneira ofensiva, porque uma coisa não tem nada a ver com a outra?

Vocês me considerariam uma pessoa imoral?

Pois então, saibam desde já, eu sou IMORAL. E não faço questão nenhuma de me integrar nesse pelotão aí que brada como maioria, não faço questão nenhuma de ser vista como uma "mulher de bem", porque nada disso importa de verdade.

Princípios morais são absolutamente subjetivos, frutos do meio em que crescemos e onde vivemos, fruto da nossa história e dos nossos antepassados, e por isso mesmo cada um tem o seu, não há e não deve haver um padrão.

O que é moral pra mim, pode ser imoral pra você, e vice versa. Pessoas são diferentes. Tem princípios diferentes. E pra evoluir de verdade precisaríamos parar de lutar contra as diferenças e dedicar nossos esforços apenas em aceitá-las e respeitá-las.

Estamos dando passos largos numa direção totalmente contrária, e o mais triste é perceber que há toda uma "nova geração" alienada por essa ditadura moralista de fundo de quintal, uma geração que não se envergonha de mostrar a cara na mídia e defender o indefensável: a intolerância.

A Ditadura da Moral e dos Bons Costumes cega. É lobo em pele de cordeiro. E está aí, pronta pra te abduzir.

Cuidado!

domingo, 8 de novembro de 2009

Ayrton Senna Racing Day



Desde que virei uma atleta quase *cof* *cof* profissional e comecei a participar de tudo quanto é corrida de rua que aparece no circuito paulistano, deixei de fazer posts sobre as provas aqui no Blog porque achei que, bem... talvez nem todo mundo achasse o assunto assim tããão interessante...

Mas eu não parei, continuo no mesmo esqueminha "devagar-e-sempre", ainda sem muito condicionamento e sem conseguir obter grandes resultados, mas persistindo e vivendo experiências sempre muito valiosas.

Hoje participei pela primeira vez de uma prova bem diferente de todas as outras que já fiz, e o meu encantamento pela Ayrton Senna Racing Day justifica este post atlético depois de um longo período de silêncio.

Antes de mais nada, preciso frisar que qualquer evento que leve a "marca" Ayrton Senna já merece meu respeito, em qualquer circunstância. Porque se tem uma coisa que a gente tem certeza é da seriedade do Instituto Ayrton Senna e da dedicada direção da Viviane Senna.

A Maratona de Revezamento Ayrton Senna Racing Day não foge à regra. De cunho social, o evento tem a renda obtida com as inscrições dos atletas integralmente destinada à melhoria da qualidade da educação pública no país, beneficiando 11 milhões de crianças em todo o território nacional.

E, como se o cunho social por si só já não fosse motivo forte o bastante para motivar a participação na prova, trata-se de uma das corridas mais bem organizadas de todas que já participei. Impecável. Exemplar. Fiquei realmente impressionada, e louca para participar novamente no próximo ano! É ainda uma ótima oportunidade para conhecer detalhadamente o belíssimo Autódromo de Interlagos.

Como o próprio nome diz, trata-se de uma Maratona, ou seja, uma prova com percurso total de 42,2km, que pode ser disputada individualmente ou em revezamento por equipes de 2, 4 ou 8 corredores.

Sempre sob a liderança da minha mana-atleta Silvia e meu querido cunhado Laudo, organizamos as equipes segundo nível técnico de cada um e objetivos para a prova. Foram montadas 4 equipes só com a "nossa turma", 1 quarteto feminino, 1 quarteto masculino (todos "feras"), e 2 equipes de 8 corredores mistas, com a galera que, como eu, curte mais a festa e objetiva apenas participar de uma maneira bonita, dentro do próprio limite.

Às 7h da manhá já estávamos quase todos no Padock do Autódromo, organizando os comes e bebes na nossa tenda, e às 8h foi dada a largada da prova, após o que só paramos às 14h.

Eu fui a segunda corredora da equipe "suave" (a.k.a. lerdos), e completei a minha volta (5,3km) em menos de 50 minutos (ainda não temos o tempo oficial). Um desempenho pífio, se comparado ao de outros atletas "sérios", mas uma ótima marca pessoal, especialmente considerando minhas dificuldades nas últimas corridas de 5km.

A prova é bem puxada, especialmente porque o autódromo alterna muitos trechos de descida e subida, e para os pouco experientes como eu isso quebra muito o ritmo e torna tudo mais difícil. Ainda assim, é uma experiência deliciosa correr "à pé" pelo lugar que é palco de provas de tanta velocidade, e apesar do cansaço no último quilômetro, fiquei até com vontade de dar mais uma voltinha...

Um outro grande barato dessa prova é a confraternização que rola, porque enquanto um está na pista, os outros 7 estão na torcida, gritando, mandando vibrações positivas, fazendo aquele auê, e, na boa, essa é das melhores partes! Estou até sem voz de tanto que torci e gritei não só pela minha equipe, mas pelas outras equipes do nosso grupo.

E se o meu time "suaves" foi dos mais lerdos, que terminou a prova quase no tempo limite, também foi do nosso grupo que saíram as meninas mais velozes na categoria quarteto. A equipe "Ladies", formada por 4 corredores feras (inclusive minha mana Silvia) concluiu a Maratona em pouco mais de 4 horas, e ficou em 1o. lugar na classificação "Quarteto Feminino". Quer dizer, além da farra da corrida como um todo, ainda tivemos um gostinho especial de celebrar nossas meninas "de ouro" no topo do pódium.

"Tigotos Ladies", as FERAS. No ponto mais alto do Pódium... #orgulho!


Pura emoção!

Como sempre digo quando relato minhas corridas, até outro dia eu também era daquelas que achava um absurdo uma pessoa acordar às 5 horas da manhã num domingo pra ir correr a troco de "nada". Até outro dia eu também não me conformava como as pessoas pagavam pra correr e não ganhar nada. Mas hoje faço parte do grupo que diz o já clichê "correr vicia", e mesmo com todo o meu gingado típico de quem tem a "passada do elefantinho", ainda assim já sou do grupo das viciadas, adoro, e a prova de hoje, especificamente, vai ficar guardada pra sempre na memória como um dia muito especial!

O baile (quase) todo. Os mais velozes e os mais lerdos (especialmente Eu). Isso é democracia!


Que venha 2010! Se tudo der certo, estarei lá mais uma vez!

Bora?

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Ainda não sei exatamente quando, mas...

...Eu voltarei!

Vocês não fazem ideia da falta que eu estou sentindo de blogar... Da falta que estou sentindo de interagir com os queridos visitantes que sempre passam (ou pelo menos passavam) por aqui!

Ver meu blog tão abandonado há mais de um mês me deixa muito triste, principalmente porque não é falta de conteúdo - são textos e mais textos produzidos aqui, na minha caixola, ideias e mais ideias prontinhas pra serem colocadas em prática, mas... falta um pequeno detalhe, aqueeeele pequeno detalhe que anda cada dia mais raro na vida de todo mundo: tempo.

É bem verdade que o Twitter também tem uma considerável parcela de culpa neste processo, depois que a gente vicia naquilo lá não consegue mais largar, mas de um modo geral há bem menos tempo disponível no planeta, esta é a reclamação geral, e se todo mundo tá reclamando, bem... deve realmente haver algum problema!

Como eu disse outro dia, tenho a impressão que existem uns duendes endiabrados que ficam no controle do relógio da vida, e de vez em quando eles brincam de surtar pessoas, avançando as horas num ritmo muito mais acelerado que o normal, e aí a gente realmente surta, porque não consegue fazer nada e quando vê, o dia já acabou, a semana já foi, o mês já era, e, puxa, o Natal tá aí!

Mas como eu sou persistente e não desisto tão fácil, tenho certeza que logo esses maledetos duendes vão cansar da brincadeira e deixar o relógio da vida girar no ritmo certo, e então tudo voltará ao seu lugar, inclusive a Dona Farta à Fartolândia.

Vocês me esperam? Não desistam de mim, tá? Logo logo tem novidade boa, e vou adorar contar tudinho aqui!

Beijos Fartos!!!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A difícil arte de tentar manter-se jovem (ou minimamente digna)

Não vou enganar vocês não: Ser mulher é uma merda!

Ok, pode não ser uma merda assim tããão grande, é bem verdade que existem muitas vantagens, e particularmente acho que nem a idéia de fazer xixi em pé me faria querer ser homem numa outra encarnação, já que essa habilidade é compensada pela inteligência limitada e eu ainda prefiro poder exercitar a arte de pensar... (sem ofensas, meninos!)

O que eu quero dizer mesmo com a frase de abertura deste post é que ser mulher dá um trabalho desgraçado!

Não vou nem me aprofundar nas questões biológicas como cólica, menstruação, gravidez, menopausa, etc e tal porque esses são os desconfortos óbvios do "sexo frágil", único capaz de suportá-los, diga-se de passagem...

Mas daí que a gente é mulher, né? E **o tempo passa, o tempo voa, a poupança Bamerindus continua numa boa**, mas o nosso corpitcho... quaaaanta diferença!

Ah, o tempo... o implacável tempo!

E o que seria de todas nós sem as maravilhas da indústria cosmética? O que seria de todas nós sem essas poções mágicas disfarçadas de creme, sabonete, fluído, gel, e mais trocentos nomes que inventam todos os dias para fazer nosso cérebro acreditar em milagres?

É, porque a gente já não tem mais idade pra acreditar em Papai Noel, em Coelhinho da Páscoa, em Fada dos Dentes ou qualquer ser encantado do gênero, mas se tem uma coisa na qual acreditamos até o último dos nossos dias é em milagre, principalmente quando o milagre em questão significa a possibilidade de rejuvenescer, manter-se jovem ou pelo menos retardar o envelhecimento...

No fundo, enquanto seres superiores e inteligentes que somos, sabemos que isso tudo é uma grande bobagem, que milagres não existem e que o tempo vai derrubar tudo mesmo, mas de alguma forma fingir que acreditamos no creme X, no shampoo Y ou no gel W nos ajuda pelo menos a manter as esperanças de que as coisas não fiquem tããão ruins...

Daí a gente sijoga nos cosméticos. Sai comprando tudo que recomendam como se não houvesse amanhã, acredita até nas propagandas mais imbecis, gasta metade do salário com essas despesas que de repente se tornam "essenciais", dedica pelo menos 30% do espaço do quarto para estocar esses produtos e transforma o simples ritual durante e pós banho de todos os dias numa verdadeira maratona que consome inclusive uma boa parte do nosso tempo de sono, mas nada disso importa, porque o que a gente quer mesmo é ficar jovem e bonita (não necessariamente nessa ordem).

Só durante o banho são pelo menos 10 frascos abertos. Tem o sabonete esfoliante para partes ásperas, o sabonete hidratante para partes ressecadas, o sabonete normal para partes normais, o shampoo de limpeza profunda sem sal, o shampoo propriamente dito, o condicionador, a máscara de hidratação profunda para pontas duplas, o sabonete para combater a oleosidade na zona T, o gel de limpeza para rostos sensíveis e, claro, o sabonete íntimo (sem contar os sais e óleos de banho em ocasiões especiais).

E há toda uma sequência lógica para utilização desses produtos, de modo que tomar banho vira um momento de tensão, praticamente um teste de memória, já que qualquer deslize pode colocar a perder todo o tratamento milagroso que, vocês sabem, custou uma fortuna e vai fazer milagre!

Superada a etapa banho, não estamos ainda nem na metade da maratona, porque vem a sessão pós-banho, com mais uns 793183426 potes de cosméticos abertos, que devem ser usados de maneiras específicas e numa ordem coerente para surtirem os efeitos esperados.

E tome hidratante à base de manteiga de karité para as partes ásperas, hidratante à base de leite para as partes normais, fluído anticelulite para as partes celulitentas, gel redutor de gordura para as partes gordurosas, gel firmador para as partes moles, creme fortalecedor para as partes fracas, balm pós banho para uma sensação de frescor, creme anti-rugas para a área dos olhos, outro creme anti-rugas para as linhas de expressão, controlador da oleosidade para a zona T, creme firmador para o pescoço, hidratante antiidade para o rosto, isso sem contar as compressas para suavizar olheiras, máscaras para remoção de impurezas, e mais um monte de coisas que, de tantas que são, nem consigo lembrar agora.

Aí a gente finalmente pode deitar e dormir um sono da beleza que dura, sei lá, umas 3 horinhas, porque a gente gastou parte da madrugada na maratona que descrevi acima, e tem que acordar bem mais cedo para o ritual da manhã... É, minha gente, ritual da manhã!

Porque vocês acham que os produtos que servem para a noite servem também para o dia?

Nã-nã-ni-nã-não! Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. E quando o galo canta lá estamos nós novamente, envoltas nos 39853754 frascos de sabonetes durante o banho, mais 89378538394 potes de cremes pós-banho para uso diurno, sem contar o filtro solar e a maquiagem, fundamentais para que estejamos deslumbrantes durante o dia inteiro...

Cansaço? Olheiras? Bobagem! Para isso existem outras tantas maravilhas cosméticas! Palidez? Olhos caídos? Para isso existem maquigens espetaculares que cobrem até a pereba mais assustadora, sem contar os truques que fazem até defunto parecer vivo, imaginem uns míseros olhos caídos! Nada que uma sombra e um delineador aplicados do jeito certo não disfarcem!

É o lema da indústria cosmética, minha gente: Não há mal sem solução, nada que um tiquinho de dinheiro não compre, nada que a mais nova maravilha cosmética não resolva!

E assim vamos levando nossa vida de mulheres maduras em busca da fórmula da juventude, totalmente escravizadas por essa indústria da vaidade, transformando nosso cotidiano num meticuloso esquema de guerra, digno dos mais respeitados exércitos do mundo.

*
Só não podemos esquecer de tomar um remédinho pra memória todo dia...
Porque, claro, todo esse ritual requer memória ágil e eficiente, e não quero nem pensar no que pode acontecer se a gente se atrapalhar e usar o sabonete íntimo no rosto, o esfoliante para partes ásperas na zona T, o adstringente nas partes íntimas, etc, etc, etc...

E ainda tem gente que pensa que é fácil!

(não, não é, mas no fundo a gente adora ser assim!)

domingo, 20 de setembro de 2009

Saudade

Há 4 anos ela partiu...
para além do arco-íris...
Levando um pedaço de mim...
E deixando muita, muita saudade!


TE AMO PRA SEMPRE, MÃE!

PRA SEMPRE!!!



segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O Mundo é Portátil...

...E agora que a portabilidade chegou ao alcance desta Dinossaura que vos fala, talvez o Blog não fique mais tanto tempo abandonado...

Porque assunto, vocês sabem, não falta... falta só tempo, paciência, disposição, criatividade, dinheiro, etc e tal... Mas com o "mundo nas mãos" a coisa fica diferente, e vou tentar postar mais vezes, nem que seja roubando o Wi-Fi do vizinho...

Não desistam de mim! É possível que novidades bem legais apareçam em breve... quem viver, verá!!!

=*=*=*=*=*=*=*=*=*=*=

* Este é meu primeiro post feito integralmente pelo Smartphone, também conhecido como brinquedinho mais legal do Mundo... (presentinho "básico" do namorido)

** Parece que eu posso fazer muitas coisas por aqui, desde que eu aprenda a usar os recursos, né? Um pequeno detalhe... Nada que a leitura de um Manual de 6359472584137 páginas não resolva... :(

*** O único problema desses aparelhinhos ultramodernos é que eles estão cada vez menores, com teclas minúsculas, ao passo em que meus dedos estão cada vez maiores e mais desajeitados (a idade, né, vocês sabem )... Dito isso, peço desculpas por qualquer erro de digitação, até porque mal estou enxergando as letras, e conseguir colocar o post no ar de primeira já vai ser um grande feito!

=*=*=*=*=*=*=*=*=*=

Bom Dia, Bom Feriado e Boa Sorte!!!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

A História do Rodeio

Prontos para mais uma trapalhada da Dona Farta? Então senta que lá vem história!

Eu não tenho a menor ideia de como funciona o calendário do mundo dos Rodeios, só o que eu sei é que sempre nesta época do ano rola uma overdose do "movimento caipira" por conta da etapa mais famosa, a tão falada "Festa do Peão de Barretos".

Não é a minha praia, qualquer um que me conheça um tiquinho sabe disso, mas é também verdade que não posso renegar meu passado e tenho que admitir que houve um tempo em que eu era "mais aberta", digamos assim, ao mundo sertanejo. E neste tempo, há uma quantidade considerável de anos atrás, havia todo um glamour em torno do Rodeio de Barretos, e todo mundo que era cool de verdade tinha que participar pelo menos uma vez da festa.

Ah, os vinte e poucos anos! Bons e Bizarros tempos!

Eu tinha comprado meu primeiro carro havia pouco tempo, e estava ainda vivendo aquela fase de empolgação, de querer rodar o mundo guiando meu possante, de curtir minha liberdade, essas bobagens... E então um belo sábado acordei e ouvi alguma coisa na TV sobre a Festa do Peão de Barretos. Era o último final de semana do evento, e todos os telejornais faziam reportagens especiais a respeito, e aquele zumzumzum todo imediatamente me acendeu a luzinha da ideia: "É pra lá que eu vou!".

Liguei pra uma amiga e a convidei para ir comigo pra Barretos, como se convida alguém para ir ali na esquina, tomar um café. A amiga não se fez de rogada e aceitou na hora. Passei para pegá-la e no finalzinho da tarde caímos na estrada.

Não tínhamos a menor ideia de onde ficava Barretos. Não tínhamos noção do que encontraríamos por lá. Apenas nos jogamos na estrada e, perguntando aqui, perguntando ali, conseguimos descobrir mais ou menos qual seria o melhor caminho. Em um dos muitos postos de beira de estrada em que paramos pra pedir informações nos explicaram que teríamos que sair da estrada principal (acho que era Anhaguera, mas não tenho mais certeza), e pegar uma estradinha vicinal que nos levaria até a cidade de Barretos.

Já era noite, estávamos na estrada há pelo menos 3 horas e, contrariando toda a prudência recomendada pelas pessoas mais sensatas nos enfiamos na tal estradinha vicinal, uma via com sinalização péssima, iluminação inexistente, cercada pelo nada e que parecia levar a lugar nenhum. Tipo aquelas estradas de filmes de terror, de onde nunca se consegue sair...

Mas aos vinte e poucos anos a gente mal toma conhecimento do medo, e a empolgação de estar quase chegando à famosa Festa do Peão de Barretos superava qualquer outro sentimento. Vimos estrelas cadentes no caminho (e eu quase perdi a direção do carro de tanta emoção), vimos túneis que não existiam (eram apenas ilusão de ótica pela sombra das árvores na escuridão), vimos pessoas à margem da estrada - pessoas que não eram reais, e mais uma infinidade de coisas inexplicáveis, mas estávamos numa espécie de transe e nada disso nos dissuadiu de chegar à cidade.

Depois de muito tempo, nem me lembro mais quantas horas, de fato nós chegamos a Barretos. Fomos seguindo o "fluxo" até encontrar uma fila imensa de carros parados numa estrada de terra (de TERRA, guardem esta informação), e então nos informaram que aquela era a fila para chegar ao Parque do Peão. Foi meio frustrante, porque na nossa imaginação a chegada seria um pouco mais glamurosa, mas não tínhamos outra alternativa, então ficamos na fila de carros, que andava uns 2 ou 3 metros a cada 10 minutos.

Num determinado momento começou a rolar uma festinha à parte da galera da fila dos carros, o pessoal descia do carro pra comprar ou compartilhar bebida, paquerar, causar, essas coisas que a gente faz aos vinte e poucos anos. Eu e minha amiga encontramos um vendedor de chapéus e tratamos de nos paramentar, e então começamos a "pagar de gatinhas" a bordo do meu possante, vidros abertos, música quase alta, caras e bocas, aquela coisa... Não demorou para os cowboys chegarem, e assim fomos administrando a lenta fila até a chegada ao Parque do Peão, entre uma paquerada e outra, uma gracinha aqui, um fora ali, estávamos "nos achando"... De repente fazia muito sentido tudo o que diziam sobre o Rodeio de Barretos...

Já era bem tarde (por volta da meia-noite, eu acho) quando finalmente conseguimos estacionar no Parque. Largamos o carro lá no meio do estacionamento gigante e lotado e fomos explorar a festa. Na verdade a gente nem sabia o que exatamente se faz em uma festa de peão, mas mantivemos a pose blasè e fomos andando no meio das barracas, observando os outros, tentando entender o que tava rolando.

Decidimos que pagar o ingresso pra ver o Rodeio não era uma alternativa, já que não entendíamos patavina de bois, touros ou cavalos, e ao que parecia era na área livre da feira que as coisas aconteciam. Ficamos por ali, circulando, bebericando um negócinho aqui, outro ali, e quando a noite começou a ficar monótona nos jogamos em uma balada que parecia ser "o lugar". Por fora era apenas uma tenda montada no meio do Parque do Peão, mas por dentro era a reprodução fiel das mais badaladas casas noturnas da Capital, com a diferença que os Mauricinhos e Patricinhas de SP estavam ali travestidos de cowboys e cowgirls.

Em pouco tempo arrumamos companhia, e quando nos demos conta já estava amanhecendo, e a balada terminando. Saímos da tenda ainda escura acompanhadas dos nossos paquerinhas, e foi à luz de uma linda manhã de domingo que fomos confrontadas com a nossa realidade. Estávamos encardidas. Marrons. Parecíamos uma escultura de terra, algo assim. Era possível enxergar apenas nossos olhos e os chapéus, mas o resto era só poeira. Minha amiga olhou minha mão e fez um sinal discreto, e quando eu prestei atenção vi que até minhas unhas estavam tomadas pela terra, parecia que eu tinha cavado uma sepultura com as mãos. Um horror. E os rapazes também não conseguiram evitar uma certa cara de espanto ao nos enxergar melhor, à luz do dia.

Bem diz o ditado que à noite todos os gatos são pardos. Na noite anterior e na madrugada dentro da balada escura tudo parecia plenamente normal, e ficamos nos perguntando como ficamos daquela cor, em que momento desde a nossa chegada a Barretos a terra grudou no nosso corpo sem que tivéssemos percebido.

Os paqueras, obviamente, arrumaram uma desculpa e se mandaram, e eu e minha amiga decidimos que precisávamos encontrar algum lugar pra tomar um banho e trocar de roupa, já que pretendíamos ficar na festa também no domingo, pelo menos até o começo da noite.

Camelamos até o estacionamento gigante e demoramos um bom tempo pra encontrar meu carro, porque a situação já estava bem diferente da noite anterior, e também porque eu estava procurando um carro azul (eu tinha um corsinha azul lindo), quando na verdade devia estar procurando um carro marrom. Desacreditei quando reconheci meu carro pela placa e vi que também ele tinha mudado de cor, consumido pela poeira. Quase infartei quando abri as portas e constatei que o marrom não estava só do lado de fora, mas também - e principalmente - do lado de dentro. Poeira por todo lado, painel, bancos, volante, tapetes, tudo marrom, tudo terra, tudo imundo.

Chorei.

Então nos ocorreu que aquela poeira toda provavelmente veio da estrada de terra onde ficamos paradas por horas na noite anterior, e só o que nos consolou foi pensar que, bem... talvez todo mundo estivesse com o carro marrom, e talvez o marrom virasse realmente tendência da estação, algo como "moda Barretos", algo assim...

O fato é que não conhecíamos nadica de nada da cidade, não sabíamos nem pra que lado ficava o centro, onde poderíamos encontrar um lugar pra tomar banho e trocar de roupa, não sabíamos nada e tivemos que descobrir tudo perguntando aqui e acolá. Encontramos um posto de gasolina de beira de estrada que tinha banheiro imundo com chuveiro - aka bica meia-boca, mas foi lá mesmo que nos viramos e tentamos recuperar um tiquinho de dignidade. O moço do posto também tentou dar um jeito do carro imundo - sem muito sucesso, mas nós já limpinhas, de dentes escovados, banho tomado e roupa trocada ficamos novas em folha, e partimos para a exploração da cidade, tomar café da manhã, essas coisas.

Perto da hora do almoço retornamos ao Parque do Peão, porque segundo nos informaram era nesse horário que o movimento recomeçava. Estávamos cansadas, tínhamos virado a noite sem dormir, mas a empolgação de vivenciar Barretos intensamente era maior, além do que queríamos exibir nossos recém adquiridos celulares Nokia da BCB (vulgo tijolão), ostentando nosso "brinquedinho" orgulhosamente preso na cintura, de modo que lá estávamos nós debaixo de um Sol de 50 graus andando pra lá e pra cá, sendo laçadas por um cowboy engraçadinho aqui, sendo galanteadas por outro cowboy acolá, e depois de muito vai e vem entre barracas decidimos parar em um quiosque pra beber alguma coisa.

Inteligentíssimas que éramos, achamos apropriado tomar um porre de Amarula. Muito apropriado. Várias doses depois, estávamos consideravelmente bêbadas naquele Sol infernal, bêbadas de A-ma-ru-la! Decidimos tirar um cochilo no carro pra estar "inteira" à noite, e voltamos aos trancos e barrancos até o estacionamento lááá longe, entramos no carro, deitamos os bancos, ligamos o ar frio (não ar condicionado, ar frio, sabe, aquele da ventilação?), ar frio este que na verdade estava fervendo, já que o carro estava debaixo do Sol escaldante, mas mesmo assim conseguimos pegar no sono, porque bêbado, vocês sabem... dorme em qualquer canto, de qualquer jeito...

Horas depois, não sei bem quantas, acordamos torradas, suadas, com o corpo todo doendo, praticamente desidratadas pelo Sol e pelo ar quente do carro. Nosso humor já não era mais o mesmo, tenho que confessar, e a sensação incrível de estar em Barretos também desaparecia subitamente. Mesmo assim retornamos ao Parque do Peão para mais umas voltinhas e azaração (e hidratação, desta vez apenas com água). Já estava anoitecendo, e o senso de responsabilidade nos fez decidir ir embora, já que ambas trabalharíamos na segunda-feira de manhã. Sensação de alívio, preciso confessar.

O problema é que chegamos ao carro e quem disse que ele pegava? Eu girava a chave no contato e não havia sequer um sinalzinho do motor, nada, silêncio absoluto. A princípio estranhamos, mas alguns minutos depois lembramos das horas dormidas com o ar ligado, e nos ocorreu que, bem... talvez isso tivesse descarregado da bateria! Inteligentíssimas!

A alternativa era tentar dar o famoso tranco, mas minha amiga se irritou comigo muito rapidamente, porque eu realmente não sabia (e não sei até hoje) esse negócio de dar tranco em carro... Faço tudo do jeito errado e a pessoa que está empurrando fica sempre fula da vida com o esforço em vão. Depois de vários minutos de paspalhice nossa - 2 moças completamente fora de controle tentando colocar um carro em movimento - apareceram alguns caras e se ofereceram pra nos ajudar, não sem antes fazerem toda sorte de piadinhas envolvendo mulheres e volante. Ódio!!!

Só sei que com muito sacrifício conseguimos sair daquele lugar, com uma única certeza: Jamais retornar. A verdade é que foi meio traumático. Estávamos tão cansadas que nem conseguimos voltar direto pra São Paulo, precisamos fazer uma parada estratégica na casa da minha irmã que na época morava em Rio Claro (mais ou menos o meio do caminho entre Barretos e São Paulo), dormimos por lá e pegamos a estrada de volta pra Sampa na segunda-feira de manhã, e fomos ambas direto para o trabalho, onde, obviamente, não produzimos absolutamente nada.

Ficamos estragadas por dias. Meu carro nunca mais voltou a ser a belezura que era antes, mesmo depois de várias lavagens completas e lavagens do estofamento. Mas nada disso tinha importância diante da cara de espanto / admiração que as pessoas faziam quando contávamos que tínhamos ido para a Festa do Peão de Barretos. Naquela época, pelo menos, isso era status. E aos vinte e poucos anos, bem... a gente faz (quase) qualquer coisa pra impressionar.

Seguuuuuuura Peão!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

O Dia DELA

Hoje minha mãezinha completaria 53 anos... Estaria ainda muito jovem, cheia de planos e sonhos, cheia de energia como ela sempre foi...

Mas a vida é injusta e ela partiu antes mesmo de chegar aos 50 anos, e agora o dia 18 de agosto é apenas um dia triste, daqueles em que a saudade aperta e a ausência dói ainda mais...

Muita saudade, Mãe!
Te amo pra sempre!!!




terça-feira, 11 de agosto de 2009

Era uma vez...

...Duas pessoas que se conheceram e flertaram, e então se apaixonaram, e namoraram, e procriaram, e foram morar juntos, e depois de muitos anos finalmente se casaram, e então se separaram, e, separados, se reapaixonaram, e então voltaram a namorar...



Let's stay together...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O que eu também não entendo...

Sabe quando você deseja muito uma coisa, tanto que acaba idealizando-a inconscientemente, e transformando-a em algo que ela não é de verdade?

E aí depois de muito sacrifício e empenho você finalmente consegue esta coisa?

E então percebe que aquilo não é exatamente do jeito que você pensou, porque, afinal de contas, você idealizou algo que não existe?

A vida é muito sacana e vive dando essas rasteiras na gente. Ou talvez a culpa seja mesmo da mente humana, tão doentia...

Por que a gente quase nunca consegue sincronizar razão e emoção?

Por que a gente complica o que é simples o tempo todo, quando inteligente mesmo seria fazer o exercício inverso?

Que prazer sádico se esconde em nosso cérebro, que é capaz de nos levar a atitudes às vezes tão inteligentes, e em outras vezes tão estúpidas?

Aliás, de onde surge tanta estupidez assim, do nada? Uma estupidez capaz de fazer uma pessoa contradizer todos os seus princípios e agir como um ser irracional?

Como sair deste engodo? Como reencontrar o equilíbrio e começar de novo?

A única certeza que eu consigo ter no meio de tantas questões sem respostas é que ninguém nos conhece completamente. Muito menos nós mesmos.

Eu não me conheço. Não me reconheço. E me surpreendo o tempo todo... E quando eu acho que encontrei a resposta que precisava aparece uma nova questão que eu nem sabia que estava dentro de mim, e aí o complicado fica mais complicado, e a solução cada vez mais distante.

Talvez seja isso. Talvez o grande desafio da vida não seja compreender nada nem ninguém, senão a nós mesmos.

E como a autocompreensão é algo impossível, o segredo é aprender a administrar o caos. Ou sucumbir. Ou apenas deixar rolar, e ver no que vai dar. Até um terremoto mudar as rotativas.

É isso.

domingo, 19 de julho de 2009

O Escafandro e a Borboleta


Jean-Dominique Bauby (vivido brilhantemente por Mathieu Amalric) foi um bom vivant, apaixonado pela vida e pelas mulheres, acostumado a desfrutar das regalias proporcionadas por sua fama no meio fashion editorial, já que era editor da famosa revista Elle francesa.

Aos 43 anos foi vitimado por um derrame cerebral que o deixou em coma durante cerca de 20 dias, após o que acordou plenamente lúcido, mas descobriu-se completamente paralisado, acometido pela rara síndrome de locked in, conseguindo movimentar apenas o olho esquerdo.

Com o auxílio de uma empenhada equipe médica, especialmente as fisioterapeutas do hospital, Bauby reencontra uma maneira de comunicar-se com o mundo, utilizando uma improvável técnica de piscar os olhos para formar palavras. E foi assim que conseguiu escrever suas memórias, publicadas através do livro homônimo que inspirou este excelente filme.

Apesar do tema trágico que poderia transformar o filme num dramalhão recheado de clichês, somos brindados com uma ode à vida e à morte, uma poesia em movimento na tela do cinema (ou da TV), tanto por mérito da visão pessoal de Bauby narrada em seu livro como pela magistral direção de Julian Schnabel (brilhante diretor não só neste filme mas também no já antigo Antes do Anoitecer, um dos meus filmes preferidos de todos os tempos)

Fecham o "pacote" com chave de ouro uma fotografia estonteante que conseguiu me teletransportar para o belíssimo litoral francês, ao som de uma trilha sonora inesquecível.

Não deixe de assistir "O Escafandro e a Borboleta".

Realmente Imperdível!

"Sua imaginação é a única coisa completamente livre. Pode te levar pra onde você quiser"


Você é Moralista?

Acompanhem comigo a seguinte historinha:

Personagem 1)
Juliana Paes, uma mulher linda, famosa, influente no meio artístico, atriz consagrada de muitas novelas, já posou nua para revistas masculinas e já fez tantos outros ensaios sensuais, tendo, inclusive, integrado uma famosa lista internacional de mulheres mais sexys do mundo.

Personagem 2)
Juliana Silva (fictício), uma mulher linda, anônima, que exerce um trabalho burocrático numa repartição pública, nunca mostrou seu corpo em público e é inclusive famosa entre os colegas por seu comportamento discreto e pelas roupas que veste, sempre muito comportadas e nada sensuais.

Pois bem. Um belo dia um famoso colunista de humor resolveu usar a personagem 1 em sua coluna, e cedendo à obviedade de seus estonteantes atributos físicos, fez uma piada de duplo sentido dizendo que ela "não era casta", em alusão à condição da personagem indiana vivida pela moça na novela do momento.

Muitos riram da piada. Outros, como eu, acharam-na bastante sem graça, apesar do esforço do carismático humorista. Até aí, ok... acontece com os melhores, e nem todo mundo consegue fazer piada boa todo dia.

Acontece que a personagem 1, protagonista da piada em questão, por alguma razão que não nos cabe compreender sentiu-se ofendida com o que foi dito/escrito, e procurou a Justiça para obter a reparação à ofensa sofrida, assim como para evitar que outras piadas fossem feitas a seu respeito pelo tal piadista.

A Justiça, por sua vez, entendeu que procedia a reclamação da personagem 1, entendeu ser legítima a ofensa por ela alegada e penalizou o humorista com uma multa pecuniária, além de proibi-lo de citar a moça em outras piadas.

Em razão de ambos os envolvidos no incidente serem figuras públicas que estão constantemente na mídia, criou-se todo um burburinho em torno do caso, sendo que a grande maioria das pessoas posicionou-se contra a personagem 1 e contra a decisão da justiça, defendendo que a liberdade de expressão deve prevalecer sempre e que a proibição imposta ao humorista era uma vergonhosa demonstração de censura.

É uma questão polêmica, por assim dizer, e cada um tem o direito de formar sua opinião e tomar o partido que quiser.

O problema não é a posição que a maioria das pessoas tomou. O problema, meus queridos, é a fundamentação desta posição, são os critérios que as pessoas utilizaram para chegar a esta conclusão. Este é o ponto.

Um famoso blogueiro, celebridade virtual e também real, formador de opinião e idolatrado pelos fãs de seu programa de *cof cof* humor ingeligente, rapidamente abordou o assunto no seu Blog, defendendo ferrenhamente o humorista e dizendo-se indignado com a atitude da atriz e a decisão da justiça. Abre seu post com uma fotografia sensual da atriz, e é nela que baseia todo o seu raciocínio:

Ora, se a moça já mostrou a bunda para o país inteiro, não pode sentir-se ofendida com uma mera menção em uma piada, pelo contrário: devia se sentir honrada por ser citada pelo humorista, como se a citação inclusive a elevasse a um patamar de respeito que ela perdeu no dia em que posou pelada.

Vocês entendem onde estou querendo chegar? Que P* de argumento é esse? Como pode uma pessoa supostamente descolada e modernex, uma pessoa supostamente politizada e que briga tanto pela democracia e pela igualdade dizer uma coisa dessas? Em qual escola esse moço aprendeu o sentido de democracia? Qual foi o conceito de igualdade que ensinaram pra ele?

Obviamente estou usando o Marcelo Tas apenas como exemplo. Porque lamentavelmente é nessa mesma linha de pensamento que a maioria dos indignados se baseou (ou, pior, foi esta linha de raciocínio que a maioria das pessoas copiou). As pessoas acham que o fato de a personagem 1 já ter mostrado seu corpo no vídeo ou em fotos tira-lhe o direito de se sentir ofendida. Como se aquele ensaio fotográfico da Playboy fosse o passaporte para o eterno desrespeito.

E não, não é. Cada um tem uma opinião particular sobre mulheres que vendem a imagem nua do seu corpo, e eu tenho a minha. Cada um tem uma opinião sobre mulheres que vendem o seu próprio corpo, e eu também tenho a minha. Mas considerando que vivemos num pais democrático, essas opiniões são apenas opiniões. Que podem, sim, ser expressadas como bem entendermos, pela liberdade de expressão tão propalada, mas que em momento nenhum tiram a legitimidade de quem quer que seja se sentir ofendido e buscar a reparação por uma ofensa.

Foi isso que Juliana Paes fez. Se para mim parece bobo processar alguém que disse apenas que ela "não tem casta", pode não ter sido tão insignificante pra ela. E quem sou eu pra medir o tamanho da ofensa que ela sentiu? Como posso eu saber de que maneira isso A atingiu?

A ofensa é personalíssima, meus queridos. Só sabe a dimensão quem a sofre. Quem está de fora fica apenas no achismo, e isso muda todo o contexto do que aconteceu.

E aí vocês vão me perguntar: Onde entra a personagem 2, a Juliana anônima?

Pois bem... suponhamos então que a ofendida fosse a personagem 2. Suponhamos que lá na repartição onde ela trabalha, um colega saísse dizendo para todos os outros que ela não era casta. Suponhamos que ela decidisse processar o colega de trabalho por sentir-se profundamente ofendida com a piada. E suponhamos que a justiça decidisse de forma parecida como no caso famoso.

O que vocês achariam? Ficariam também contra a moça neste caso?

Aposto que diante de uma situação assim, isoladamente, a maioria das pessoas que agora condena a atitude da Juliana famosa defenderia o direito da Juliana anônima, porque entenderiam que esta sim, teria uma honra a zelar. O fato de a personagem 2 nunca ter mostrado o corpo em público e ser uma pessoa discreta a tornaria legítima possuidora do direito de reparaçao por uma ofensa, ao contrário da personagem 1.

Quanto moralismo, não acham? Moralismo, machismo, preconceito, tudo ao mesmo tempo. E era aqui que eu queria chegar.

A verdade, meus queridos, é que julgar é fácil. E seguir a onda também. Difícil é refletir e tentar manter-se coerente com aquilo em que se acredita.

Não tenho nada contra José Simão, muito pelo contrário, gosto bastante dele, principalmente porque ele é muito carismático e bem humorado, mesmo quando (não raramente) faz piadas ruins.

Também não tenho absolutamente nada contra Juliana Paes, muito menos contra o fato de ela já ter mostrado seu corpo por aí. Acho-a lindíssima, inclusive, e também muito carismática.

No episódio propriamente dito, tendo a achar que ela exagerou, a piada foi besta e aparentemente inofensiva, não justificaria uma medida tão extrema como o processo. Mas isso é apenas o meu achismo. Certamente ela tem razões próprias para ter agido como agiu. E se foi ofendida, pois bem, que a Justiça repare. É assim que deve ser. Para quem já posou pelada ou não. (Igualdade, lembram?)

Pra finalizar, também não tenho nada contra o Marcelo Tas, e trouxe o assunto pra cá porque realmente fiquei inconformada com o grau de machismo e preconceito que ele expressou no post sobre o caso. Dizer que o fato de Juliana Paes ter posado pra fotos sensuais a torna imune a qualquer ofensa de cunho sexual é das coisas mais grotescas que ouvi nos últimos tempos.

Seria o mesmo que dizer que qualquer cidadão pode livremente bater a carteira de um político, e que sua atitude estaria justificada uma vez que o político também rouba dinheiro público. Seria o mesmo que dizer que um erro justifica o outro, ou avalisa o outro, e não é por aí.

Quem com ferro fere, com ferro será ferido? Claro que não! Os tempos da Lei de Talião já se foram. Agora quem manda é a democracia. Sem moralismos, sem machismo, sem preconceitos.

É isso.

O Banheiro do Papa


Imagine uma cidadezinha pequena localizada no interior de um país de 3o. Mundo, onde não há riquezas, não há trabalho, não há progresso, onde nada acontece e a rotina das pessoas é absolutamente previsível, dia após dia.

E então o Papa, Sua Santidade em pessoa decide visitar justamente esta cidadezinha perdida no mapa, fato este que, obviamente, será um marco na história do lugar e virará notícia no mundo todo.

Considere também que o Papa arrasta multidões por onde passa, de modo que é mais do que esperado que a tal cidadezinha, tão absolutamente pacata, tenha sua rotina violentamente alterada em razão do evento religioso.

Eis o cenário de "O Banheiro do Papa".

Baseado em fatos reais - em 1988 o Papa João Paulo II visitou a cidade de Melo no Uruguai (localizada próximo à fronteira com o Brasil) - este adorável filme (produzido pelo brasileiro Fernando Meirelles) retrata o processo de renovação das esperanças que toda a população de Melo viveu com a expectativa da visita do Papa, e a consequente oportunidade de mudança de vida que vislumbraram por conta das centenas de milhares de pessoas que eram esperadas na cidade para acompanhar o evento religioso.

O foco do filme está na personagem de Beto (César Trancoso) e sua família (esposa e filha adolescente). Ao perceber que praticamente todas as pessoas da cidade já tinham encontrado um negócio para explorar - alguns fabricariam artigos religiosos e a maioria venderia comida, Beto tem a brilhante ideia de fazer um banheiro, já que "depois de comer tudo que haveria pra se comer, obviamente as pessoas precisariam usar o banheiro".

Acompanhamos então sua dura e atrapalhada batalha para a construção do Banheiro do Papa, e mergulhamos num universo de tanta esperança, criatividade e otimismo mesmo diante de uma vida miserável que em determinado momento dá até vergonha de sermos (eu sou, às vezes), tão derrotistas ao menor obstáculo.

É um filme tão singelo e ao mesmo tempo tão grandioso... faz chorar mas também diverte tanto... é leve e ao mesmo tempo tão profundo...

Imperdível!