quinta-feira, 30 de abril de 2009

A Máquina que Inviabiliza a eficiência do Serviço.

Responda rápido: Quantas pessoas você conheceu / conhece que dedicam grande parte de suas vidas a estudar para passar em um concurso público?

Muita gente, né? Muita gente que é atraída pelas maravilhas do serviço público - estabilidade, boas remunerações, licenças prêmio, bônus por tempo de serviço, etc, e em tempos de crise econômica e recessão no mercado de trabalho, certamente esta é a única luz no fim do túnel de muitos desempregados.

Tem gente aliás que presta concurso para qualquer cargo, a pessoa quer uma carreira pública de qualquer jeito, não importa fazendo o que. E assim existem médicos prestando concurso para ser Fiscal da Receita, existem engenheiros prestando concurso para ser Técnico Judiciário, e muitas outras combinações surpreendentes, que me causam muito espanto.

Se uma pessoa faz faculdade de engenharia ela não deseja ser engenheira? Vai querer ser Agente da Polícia Federal por que, meu Deus? A menos que ela tenha realmente um talento nato pra coisa (o que não justificaria sua escolha equivocada da formação superior), fica bem claro que as pessoas estão focadas apenas no que a carreira pública vai representar financeiramente, mas esquecem-se que junto virá algum trabalho que possivelmente seja chato, cansativo, burocrático, e que talvez ela não leve o menor jeito para realizar.

Até aí, tudo ok. Acho ótimo que as pessoas queiram trabalhar e melhor ainda que se dediquem a um objetivo com tanto afinco. Acho ótimo que as pessoas tenham a chance de ingressar numa carreira que promete estabilidade e eventualmente evolução profissional. Mas também acharia ótimo que as pessoas continuassem se dedicando da mesma forma às suas carreiras depois que efetivamente ingressam nela.

Vamos a um alerta inicial: Não pretendo generalizar, embora vá parecer que sim. Tenho certeza absoluta de que existem muitas pessoas extremamente dedicadas a suas carreiras públicas e inclusive reconheço que é por isso que alguma coisa ainda funciona no nosso país, mas infelizmente refiro-me neste post à outra parte, às pessoas que compoem na minha opinião, senão a maioria, certamente uma representação considerável do funcionalismo público.

E falo sem medo de cometer injustiças porque lido com estas pessoas todos os dias há mais de 10 anos - considerando apenas o exercício da advocacia.

É um assunto delicado de se abordar porque eu inclusive tenho muitos amigos que são funcionários públicos, e mais ainda parentes. Há uma parcela da minha família, aliás, que tem uma certa obsessão por carreiras públicas, quase todo mundo trabalha para a máquina do Estado (e quem ainda não trabalha está em busca de). E quase ninguém se conforma que eu - formada em Direito, Advogada, não esteja estudando ferrenhamente para ser Juiza! Seria o caminho óbvio. Seria o caminho seguro a seguir.

Acontece que eu nunca fiz Direito para ser Juiza. Fiz Direito para ser Advogada, e modéstea à parte sou muito boa no que faço. À exceção os ossos do ofício que o tornam menos charmoso do que eu gostaria, a verdade é que eu amo a minha profissão, e não vejo absolutamente nenhum atrativo em ser Juiza. Sou boa Advogada, talvez não fosse uma boa Juiza.

E é este o raciocínio que todas as pessoas deviam fazer, mas cegas pelo foco errado na estabilidade e demais "benefícios", não fazem.

E não fazendo, ingressam em carreiras públicas que lhes frustram as expectativas profissionais, ingressam em carreiras que lhes lotam de trabalho burocrático e chato, para o qual não tem nem nunca tiveram vocação.

E a insatisfação provocada por estas frustrações transformam estas pessoas em profissionais medíocres, que ao longo do tempo vão dando cada vez mais o pior de si ao serviço público.

E esse trabalho ruim oferecido pelos servidores faz com que toda a máquina pública funcione de maneira extremamente ruim, inviabilizando totalmente qualquer chance de sucesso, em qualquer área.

Eu falo com mais propriedade da Justiça, porque é com ela que eu lido cotidianamente. Mas não é diferente com a saúde e com todos os outros serviços.

A coisa mais fácil de se encontrar em hospitais públicos, por exemplo, são médicos que não gostam de lidar com gente pobre, com gente simples, com gente ignorante das classes menos favorecidas. E também não gostam de trabalhar em hospitais que não tem recursos, que muitas vezes não tem sequer uma cadeira decente para se sentar, muito menos uma maca para acomodar um doente mais grave.

Eu acredito mesmo que deva ser bem difícil lidar com esta realidade, já precisei por diversos motivos - sendo o mais recente quando sofri o acidente em 2007 - lidar com a realidade de um hospital público, e não posso imaginar que uma pessoa estude tantos anos desejando aquele ambiente como futuro profissional. Não. Tenho quase certeza que os estudantes de medicina sonham em salvar vidas em condições muito mais adequadas.

Não é segredo para ninguém que os hospitais são desprovidos de recursos mínimos e que a população é absolutamente carente. E aí o médico, que se formou e já pode exercer sua profissão em qualquer lugar, opta por prestar concurso público. No momento em que faz esta opção, ele está ESCOLHENDO trabalhar naquelas condições e com aquele público, ele está ESCOLHENDO lidar com todos os problemas que já citei e tantos outros, ele está ESCOLHENDO seu futuro profissional. Ainda que movido por alguma ideologia ou convicção pessoal, ele está ESCOLHENDO aquele caminho.

E quando chega lá, quando finalmente passa no concurso e vai trabalhar no Hospital Público da periferia, o que ele faz? Ele trata mal as pessoas, ele não tem paciência com a limitação da população em entender coisas que parecem tão óbvias, ele falta ao plantão - porque sabe que não vai "ser mandado embora", ele comete grosserias que seriam inaceitáveis porque sabe que qualquer um que reclame é só mais uma voz não ouvida. É como se dissesse: "é o que tem pra hoje, se não quiser, vai embora!", como se ele estivesse ali fazendo um favor pras pessoas, e não trabalhando. Como se ele estivesse ali por obrigação, e não por opção. E a verdade é que não só foi uma opção como ele está sendo remunerado por isso. E devia fazer o mínimo, incluindo-se aí o mínimo do respeito ao próximo.

Sem generalizar, como já disse, mas é isso que vi na maior parte das vezes que tive algum contato com esse universo da saúde pública. Eu tenho certeza que para as pessoas simples que estão ali esperando atendimento, muito pior do que não ter uma poltrona confortável para aguardar sentado é ser destratado por alguém que se julga melhor só porque possui um jaleco branco.

Se eu tivesse oportunidade, eu diria pra esses médicos: "Se você não gosta dessa realidade, porque não vai procurar emprego num hospital particular, para lidar com gente de classe social mais elevada e para ter mais recursos?", e faria esta pergunta por fazer, porque a resposta é muito óbvia: Ingressar numa empresa privada requer muito mais empenho do que passar em uma prova escrita. Trabahar numa empresa privada significa a necessidade de demonstrar resultados, de cumprir metas, de seguir regras, sob pena de ser demitido. Num Hospital Privado, um médico que destrata um paciente pode ser punido, se deste incidente houver uma reclamação formal do ofendido. Não há estabilidade, e é por isso que qualquer funcionário precisa lutar dia após dia pela manutenção do seu emprego, porque não há nenhuma regra que lhe garanta o acobertamento disfarçado de estabilidade. E trabalhar assim dá trabalho. Então os preguiçosos correm para o Serviço Público porque lá é só atender de qualquer jeito e pronto, o salário estará na conta no final do mês.

Parece radical, e eu gostaria muito de estar errada. E vou sempre esperar pela prova de que toda essa minha leitura dos fatos está errada.

Na Justiça, que é a minha praia, não é diferente. São Juizes que escolheram estudar direito já de olho numa carreira que sequer conheciam, e que só depois, quando chegam lá, descobrem que odeiam profundamente; são servidores que odeiam lidar com aquelas pilhas intermináveis de processos encardidos (já ouvi isso da boca de muitos), mas que estão fazendo a mesma coisa há 15, 20 anos, tudo pela estabilidade; E a partir daí toda sorte de aberrações são vistas por qualquer um que se aventure em um Fórum num dia comum.

Depois de tantos anos de exercício da advocacia, posso dizer que já travei incontáveis brigas com servidores e juizes. Já ouvi cobras e lagartos e já cheguei muito perto do desacato por não conseguir me controlar diante de absurdos inimagináveis. E sou muito frustrada por ter freado meus ímpetos em todas estas oportunidades, atendendo os apelos da minha razão, aquela que sabe que algumas brigas são perdidas e que, pelo bem da minha sobrevivência profissional, talvez fosse melhor não levá-las adiante.

Não é fácil, sabe? Muitas vezes atravesso a madrugada dando o melhor de mim a um trabalho, e depois vejo tudo ir por água abaixo porque o Juiz está cansado e prefere decidir a questão com base no que ele acha para não ter o trabalho de analisar os autos. Acham que isso não acontece? E como acontece! Eu diria até que esta é a regra.

Mas sabe, quem leva a fama de enrolador é sempre mesmo o Advogado, né? Deve ser isso que os Excelentíssimos pensam. É o Advogado que vai lidar com a insatisfação do cliente, é o Advogado que vai ter que explicar para o cliente que aquele direito que ele tinha líquido e certo expresso literalmente no artigo da lei, foi negligenciado porque o Juiz decidiu que dessa vez ia ser diferente.

É o Advogado que tem que administrar a demora na solução dos processos junto ao cliente, é o advogado que tem que repetir, a cada ligação semanal do cliente, que "seu processo ainda está com o Juiz", para que o cliente desligue o telefone P da vida e saia remungando: "Esse advogado só me enrola!"

Certa vez cheguei a uma determinada Vara de um Fórum aqui em São Paulo para consultar um processo, umas 09h15, mais ou menos (o Fórum abre às 09h00). Encostei no balcão vazio, e notei que havia uma aglomeração dos funcionários numa mesa lá no fundo, um zumzumzum como se alguma coisa anormal estivesse acontecendo.

Aguardei 15 minutos, contados no relógio, como sempre faço. Ninguém sequer notou a minha presença, apesar de eu ter feito um ou outro barulho proposital para denunciar que estava ali. Estavam todos muito empolgados com alguma coisa que eu ainda não tinha entendido o que era (e não havia ninguém nas outras mesas, ninguém trabalhando).

Esgotada minha paciência, chamei alguém. E alguém veio, de cara feia por ter a "diversão" interrompida. Pedi o processo, ele foi procurar. Aos poucos a rodinha foi se dispersando, e então eu pude ver que uma funcionária tinha levado para o trabalho uma gaiola com 2 ratinhos, e os colegas estavam todos ali, deslumbrados com as habilidades dos roedores. Que coisa meiga, não?

Cena absolutamente completamente bizarra, absurda, inaceitável, especialmente considerando que a desculpa eterna da Justiça para não andar é o excesso de processos e a falta de funcionários. E se os poucos funcionários não trabalham quando deveriam fazê-lo, bom, então realmente não há a menor chance de luz no fim do túnel. Para deixar a história ainda mais surreal, 10 minutos depois de procurar meu processo naquela zona que é cada uma das Varas da Justiça, o funcionário voltou com a frase que todo Advogado ouve de vez em quando:

_ Doutora, não encontrei o processo, a senhora pode voltar outro dia?
_ Oi?
_ O processo, Doutora, não estamos encontrando, deve estar em alguma das mesas, mas precisamos procurar.
_ Ok. Então procure, por favor.
_ Ah, mas a senhora não quer voltar outro dia, assim podemos procurar com mais calma?
_ Não, meu bem, por favor procure agora, que eu já estou aqui há 30 minutos e vou esperar.
_ Doutora, mas a senhora tem que entender que nós não podemos parar a atividade de toda (com bastante ênfase no toda) a Serventia para procurar o seu processo! Nós temos prazos a cumprir, tá todo mundo atolado, não existe só o processo da senhora aqui, sabia? Um pouco de compreensão por parte da senhora seria de bom grado, afinal, não é fácil pra nós!
_ Eu compreendo, e sinto muito, muito mesmo. Ainda assim, gostaria de ver meu processo, por favor.

O fulano saiu pisando duro. Passaram-se mais 10 minutos sem que o processo aparecesse (acreditem, isso é super comum), outro funcionário veio me pedir mais uma vez para voltar outro dia, pois precisariam procurar em mutirão, e para não criar uma cena histéria eu simplesmente virei as costas e fui embora. E naquele dia, à tarde, tive que dar mais uma desculpa para o cliente, que ligava querendo saber porque não tinha notícias do seu processo há tanto tempo.

E são só exemplos, viu, minha gente? Só exemplos...

Por que será que as pessoas optam por um futuro frustrado? Por que será que escolhem carreiras nas quais nunca vão se satisfazer? Por que será que se sentem acima do bem e do mal por serem titulares de um cargo público? Por que será que descontam suas frustrações na população, que não tem nenhuma culpa pelas suas escolhas?

A maioria das respostas nos leva para a obviedade do dinheiro/estabilidade. O que me leva a outra reflexão:

Por que as pessoas são tão medíocres? Não que eu não goste de dinheiro, muito pelo contrário, mas se eu posso ganhá-lo fazendo algo que me dá prazer - por mais difícil que seja (e sempre é), por que eu escolheria ganhá-lo as custas de um sacrifício tão grande como a frustração profissional? Se já é difícil trabalhar todos os dias naquilo que se gosta, não posso imaginar como deve ser difícil trabalhar todos os dias com algo que se odeie.

Será que essas pessoas são realmente tão limitadas, que não conseguiriam alcançar sucesso no mercado privado de trabalho, através da competição saudável numa empresa que impõe regras e metas e pressão, e por isso precisam contentar-se com uma carreira pública acinzentada?

Que coisa triste! Já seria suficientemente triste se provocasse consequências apenas sobre a vida de quem fez estas escolhas, mas o duro é que não é.

As escolhas e comportamentos equivocados destas pessoas contribuem para a manutenção desta máquina velha e enferrujada que inviabiliza totalmente qualquer chance de eficiência no serviço público.

Deprimente.
P.S.: Peço desculpas se alguém se ofender com as coisas que eu disse aqui, não foi esta a intenção. Sou a primeira a reconhecer a extrema importância do servidor público, e tenho certeza que aqueles que prestam um bom serviço, dedicando-se e oferecendo à população o melhor de si, entenderão que os meus protestos estão direcionados apenas para aqueles que não fazem a sua parte e acabam tirando a credibilidade de toda a classe.
Sou advogada e também sofro preconceitos - pago pelos maus, e sei que pode ser revoltante, mas também sei que é fácil reconhecer o fundamento em qualquer queixa desta natureza, até porque fatos são fatos, e estão aí pra quem quiser conferir. Espero que compreendam!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Operação Desenrabujamento JÁ!

Quando eu acho que PELO MENOS o clima vai colaborar para a melhora do meu humor, nem isso acontece... nem isso. Cadê o frio prometido para o final de semana, cadê? Saco!

Fiquei esperando o frio que não veio, a bonança que não chegou, a luz no fim do túnel que (ainda) não apareceu... E lá se foi mais um final de semana de rabujice e resmungação, desânimo e irritação, melancolia, melancolia, melancolia.

Eu sei, eu sei, eu sei... ninguém mais tá aguentando essa conversa, nem eu mesma, acreditem! Mas é a tal fase, e eu tenho total convicção de que ela vai passar... o único problema é que, até passar, me restam poucas opções.

Entendem agora o porquê de eu estar postando tão raramente por aqui? Ninguém merece ficar lendo resmungação alheia, né? Vou (tentar) poupá-los um pouco, e estou realmente empenhada em me inspirar para assuntos mais agradáveis, até porque rabujice em excesso causa, entre outras coisas, rugas (como meu próprio filho me alertou esses dias), e eu já tenho problemas demais, posso deixar para enfrentar os sinais do tempo mais pra frente.

Operação desenrabujamento já!

E eu comecei com atitudes bastante simples que surpreendentemente já surtiram um pequeno efeito, vejam só!

Passei na Livraria Saraiva hoje e me dei 2 presentes:

Um "livro de mulherzinha", bem naquela linha "Becky Bloom", "Melancia", etc. Adoro romances leves, bem humorados e despretensiosos de vez em quando! Nos últimos tempos li muita coisa densa, complexa, confusa, li inclusive algumas coisas bem ruins que me deixaram com aquela péssima sensação de perda total de tempo, então eu precisava de uma coisinha assim mais light pra dar uma aliviada na cuca e me divertir um pouco, sem culpa.

O livro chama-se "A Próxima Grande Sensação", e conta a história de uma moça gordinha que decide participar de um reality show de emagrecimento porque acredita que esta é a grande motivação de que sempre precisou para levar as dietas adiante e conseguir emagrecer. Não sei se é bom, mas parece bem divertido. Li umas 40 páginas já e me identifiquei super com trocentas situações, e taí uma coisa que consola a gente de vez em quando, né? Saber que alguns probleminhas não são exclusividade nossa. Depois que eu terminar de ler, eu venho contar aqui. (sei que não se deve julgar um livro pela capa, mas... AMEI essa capa!)

Comprei também o Box da 1ª Temporada "super hiper completíssima" de Charlie e Lola, o desenho animado mais fofo de todos os tempos, que eu AMO de paixão!

Taí uma coisa capaz de amolecer meu coração fácil fácil... Eu viro criança assistindo o desenho, e não ouse dizer pra mim que o Charlie e a Lola não existem de verdade porque eis uma coisa que eu não aceito! Não tem como não se apaixonar pela Lola e não tem como não querer pra si um irmão tãããão legal como a Charlie!

Uma colega uma vez me disse que achava o desenho muito bobo, porque "não tem nada a ver com as crianças de hoje em dia, que são muito mais espertas". Quase briguei com a colega por causa dessa afirmação preconceituosa.

Charlie e Lola não são "bobinhos", são apenas crianças como TODA criança deveria ser. Brincam, são imaginativos, são criativos, têm amigos imaginários e se deixam levar pela mente fértil que só uma criança é capaz de ter. E, apesar de irmãos de idades diferentes e sexos diferentes, são antes de mais nada o melhor amigo um do outro. Os valores que são abordados e ensinados neste desenho são tão bacanas que é uma pena que muita criança nunca tenha se permitido assistir um capítulo inteiro, porque são tão acostumadas ao excesso de cores e recursos tecnológicos de outros desenhos mais "modernos" (mesmo que não exista nenhum conteúdo), que simplesmente não conseguem ver muita graça nas linhas simples e no texto inocente das histórinhas. Uma pena mesmo!

Enfim... o fato é que meu filho sempre curtiu Charlie e Lola, aí eu comecei a prestar atenção justamente por me afeiçoar aos personagens, e agora quem não perde um capítulo sou eu! hehe... Vou me acabar de assistir os episódios com os DVD´s! E taí uma coisa que com certeza vai melhorar o meu astral, o meu humor.

Como eu não resisto a um vídeo, segue um trechinho de um espisódio de Charlie e Lola, apenas para que aqueles que não fazem a mínima idéia do que eu tô falando possam conferir e tirar suas próprias conclusões.





** Se você gostou, tem um canal inteiro com muitos outros episódios do desenho no Youtube, geralmente cada episódio está dividido em 3 partes. Permita-se, porque quando nada na vida parece ter jeito, talvez o jeito seja voltar a ser criança! **

sexta-feira, 24 de abril de 2009

19 Graus

Acabo de ouvir no telejornal que a temperatura em Sampa hoje é de 19 Graus, com sensação térmica menor por conta do vento frio.

Taí uma coisa capaz de melhorar meu humor. Talvez seja esse o caminho.

Se no final de semana a temperatura baixar mais uns 3 ou 4 Graus, e eu tiver realmente vontade de tirar os cachecóis do armário, bem... aí eu estarei muito perto da verdadeira FELICIDADE.

Que venha o frio, e que os ventos gélidos tragam de volta um pouco do meu bom humor!
*****
(porque o mundo pode até acabar, mas sem aquele calor infernal dos últimos tempos pelo menos eu sei que vou morrer com dignidade)

*****

(Amo São Paulo quando é simplesmente isso... São Paulo. Aqui devia ser frio, devia ser aquele lugar onde os nordestinos usam casacos todos os dias por causa das baixas temperaturas e da garoa fina, devia ser um lugar de gente elegante que veste casacos, botas e cachecóis, mas ultimamente tava mais parecendo uma filial mal acabada do Rio de Janeiro, cheia de pessoas seminuas suando em bicas sem nem uma brisa do mar pra refrescar)

terça-feira, 21 de abril de 2009

Twittando

Agora Dona Farta também gorjeia.

Resisti o quanto pude, principalmente porque sou uma anta cibernética que tem sempre muita dificuldade com novidades, mas... cedi aos encantos do passarinho e finalmente estou no Twitter, tentando entender os mecanismos, apanhando um pouquinho mas, principalmente, desafiando minha prolixidade ao ter que elaborar posts que façam sentido com apenas 140 caracteres.

Não vou enganar vocês não... taí um trem difícil! Mas estou tentando, e tem sido um exercício interessante, divertido, atrapalhado, complicado e... divertido de novo! E por isso está valendo à pena!


(e como se não bastasse, tem essa baleinha-símbolo que, carregada pelos passarinhos, parece a mais perfeita tradução de mim mesma... irresistível!)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Uma velha regrinha

"O seu direito começa onde termina o do outro... E vai até onde começa o do próximo..."

Será que alguém ainda se lembra dessa velha regrinha?

Não, né? Certeza que não! Impressionante como o mundo de hoje é povoado de pessoas cada vez mais mal educadas... Impressionante!

No mundo do Eu,Eu,Eu + Meu Umbigo + Eu,Eu,Eu, regras simples e óbvias, princípios mínimos e básicos de educação para a convivência pacífica em sociedade são jogados ao vento, pisoteados em praça pública, e às vezes eu sinto uma resignação tão grande das pessoas diante deste cenário que, confesso, tenho medo daquilo que pode estar por vir.

Sabadão de feriado prolongado, eu não fui viajar, não tinha nenhum grande plano, então como sempre faço (junto com uma boa parcela da classe trabalhadora) pretendia dormir até mais tarde, curtir uma preguicinha matinal, aproveitar o clima mais ameno enrolada no edredon, assistir à Final da Super Liga de Vôley na cama, coisas assim.

Não deu. Coisa de 09h30 / 10h00 fui abruptamente acordada por uma gritaria vinda do meu prédio. Meio confusa, achei que fosse uma briga. Tentei distinguir melhor as vozes e não entendi nada, abri a janela e dei uma espiada, tudo vazio, mas as vozes ficaram mais nítidas:


"_Em nome de Deus, em nome do Senhor! [aleluia!] Que todo o mal saia da vida deste irmão [aleluia!] Em nome do Senhor! Que o Inimigo não possa vencer [aleluia!] porque o nosso Deus é força! Saia! Saaaaaaaaaia! Todo o mal, saiaaaaaaa!..." (vozes histéricas ao fundo gritam, grunhem, bradam, e dizem incessantemente, todas juntas, mas sem nenhuma sincronia: Aleluia! Aleluia, irmão! Aleluia!)."


Vejam bem. Antes de qualquer recriminação ao que eu possa escrever aqui, saibam que não estou traduzindo estes trechos do que ouvi de maneira pejorativa. Não mesmo, jamais!

Só que preciso dizer que estas pessoas não estavam simplesmente orando, rezando, conversando. Estas pessoas estavam gritando... histéricamente, descontroladamente, e quanto mais as pessoas gritavam, mais o condutor da coisa toda - o pastor, suponho, ou algo que o valha - berrava, para que sua voz de "saiaaaaaaaaa, demônio!" se sobrepusesse às demais.

Vou repetir tudo aquilo que falo todas as vezes que abordo assuntos religiosos aqui: Respeito a fé das pessoas mais do que qualquer coisa, respeito muito mesmo, e nenhuma das minhas colocações deste post pretendem ser ofensivas ou discriminatórias a quem quer que seja, e eu inclusive entendo que as emoções provocadas pelos cultos religiosos possam levar as pessoas a expressar seus sentimentos de maneiras diversas - inclusive bradando com maior veemência essas interjeições religiosas.

Só que é duro imaginar que por força dos sentimentos religiosos de meia dúzia de pessoas, um prédio inteiro tenha que participar involutariamente de um culto em pleno sábado de manhã. Aí que está o problema, na minha humilde opinião.

Eu não podia reclamar porque teoricamente já passava do "horário do silêncio", já era quase 10 horas da manhã, então teoricamente o barulho já estava liberado. Mas aí eu pergunto: Isso significa que a pessoa pode convocar um culto no seu apartamento, considerando essas possíveis exaltações, sabendo que mora em um prédio onde pessoas que trabalham podem estar querendo descansar um pouco mais na manhã de sábado? Poder, ela pode... mas será que, considerando a regrinha básica que eu citei acima, isso deveria mesmo acontecer?

Não existem lugares adequados para se celebrar cultos religiosos? Não existem os templos, as igrejas? E se este culto "residencial" fosse mesmo necessário, precisava ser num sábado de manhã?

É claro que nada é proibido, o vizinho em questão estava no direito dele, praticando a religião dele, e ninguém tem nada a ver com a vida dele. Mas... e onde começam os direitos dos outros? Esta parte da regrinha sobre direitos foi observada?

Receio que não. E digo isso porque - sem querer ofender ou generalizar - a maioria dos evangélicos se comporta assim, como se a prática de sua religião fosse a justificativa para qualquer atitude, até aquelas que podem não ser assim tão "educadas".

O culto no apartamento do vizinho durou cerca de 40 minutos. Mesmo sem um pingo de vontade, eu acompanhei cada detalhe, o som entrava pelo meu apartamento sem que eu tivesse como fugir dele. E a única coisa que eu queria era um pouco de silêncio. Não deu.

No mesmo dia, na verdade na madrugada de sábado para domingo, eu estava acordada - notívaga que sou - esperando o começo do GP da China de Fórmula 1. De repente começo a escutar outra gritaria, dessa vez um pouco mais longe, mas com o silêncio comum da madrugada, mesmo longe o som era bem nítido e invadia mais uma vez cada cômodo do meu apartamento.

Desliguei o som da TV para entender o que ocorria do lado de fora, e depois de prestar atenção por 2 minutos constatei que era mais uma reunião evangélica exaltada, dessa vez na madrugada.

Não era aqui no prédio, mas certamente em alguma das muitas igrejas evangélicas existentes nos arredores. Reuniam-se em vigília e, ignorando completamente todas as pessoas da vizinhança (bairro absolutamente residencial) que pudessem estar querendo dormir, cantavam em alto e bom som, com o líder bradando mensagens evangelizadores no microfone.

Inacreditável. Inacreditável. Inacreditável.

4 horas da madrugada e alguns evangélicos reunidos em vigília acham que podem acordar toda a vizinhança sob o argumento de que estão pregando a "palavra de Deus"???

Entendem agora o que eu quero dizer?

Falo de pessoas evangélicas com conhecimento de causa, pois como já contei aqui outras vezes eu mesma sou considerada uma "ovelha desgarrada", já que frequentei a Igreja Batista durante toda a infância e começo da adolescência.

Conheço pessoas evangélicas o suficiente para saber do que estou falando, e eis uma verdade: Eles se julgam (se não todos, a grande maioria), autorizados a fazer qualquer coisa, desde que seja "em nome de Deus".

Podem incomodar as pessoas em manhãs de sábado, podem tocar à sua porta nas manhãs de domingo e interromper o seu café da manhã em família, podem realizar cultos durante a madrugada e fazer suas pregações com o som amplificado, podem ficar horas falando sobre religião com você mesmo quando você diz que não quer discutir o assunto, tudo porque se julgam autorizados por Deus a fazer qualquer coisa em nome da sua Igreja.

Eu tenho uma colega que por acaso também é vizinha e é evangélica, e como a conheço desde menina, ela se lembra de mim como uma "irmã" que pertencia ao rebanho de Deus. Desde que soube que eu sou uma "desviada", dedica grande parte da sua vida a tentar me recolocar no caminho do bem (sic!).

Já tentou me levar para a igreja de todas as formas possíveis, eu sempre me esquivava dos convites tentando não ser grosseira, mas a coisa só funcionou mesmo no dia em que eu disse com todas as letras que não adianta convidar, que eu nunca teria tempo, nem nunca poderia, nem nunca ia querer ir à igreja, que não adianta ninguém insistir, porque se eu tiver que ir um dia, vou pela minha vontade, e não pela vontade de alguém que acha que tem que me arrastar para o caminho que julga certo!

Tive que ser dura para que ela entendesse que eu não estava curtindo aquela insistência, aquela perseguição. E mesmo assim ela não entendeu exatamente o que eu quis dizer. Parou de me convidar, mas toda vez que me encontra diz que está rezando para que os espíritos ruins saiam de perto de mim e deixem a minha vida seguir o caminho da paz, o que me leva a concluir que ela imagina que eu esteja possuída ou algo assim.

Tudo porque acha que tem o direito de me incomodar todas as vezes que nos encontramos para falar de sua religião, sem nem cogitar a hipótese de que eu posso não querer, eu posso não gostar, eu posso inclusive praticar outra religião!

Mas taí uma coisa que evangélico não entende: Que as pessoas podem ter outra religião e estarem felizes assim. Eles acreditam que são os donos supremos do caminho para os céus, e que qualquer outra religião que não a deles pode te levar para qualquer lugar, menos para o céu. Julgam-se tão superiores que acham que qualquer pessoa que pratique outros cultos e adore outros deuses (ou até o mesmo Deus deles) não está no caminho certo, e é uma pessoa que precisa ser evangelizada.

Essa prepotência me irrita profundamente. Porque abre caminho para a falta de respeito à liberdade do próximo, ao direito de escolha do próximo, ao espaço do próximo.

E isso, minha gente, é no mínimo uma grande falta de educação! Não é nada nobre perturbar o descanso alheio com cultos residenciais quando se sabe que haverá gritaria e exaltação. O mínimo de bom senso levaria essas pessoas a realizar o tal culto no interior da igreja, ou em outro horário, mas eles acreditam que "sempre é oportunidade de evangelizar", então doa a quem doer, incomode a quem incomodar, saem gritando os seus "aleluias" por aí sem o menor respeito a quem possui outra opinião.

Não é nada nobre perturbar o sono de um bairro inteiro em plena madrugada gritando mensagens bíblicas no microfone, com uma igreja inteira entoando alguma canção religiosa, provocando uma barulheira tremenda capaz de acordar até o morador do último andar de um prédio a 2 quarteirões. Mas na cabeça deles cada "alma" acordada pode ser "tocada" pelo Divino, então eles continuam, porque o "escudo" que os protege é a religião, e em nome dela tudo é permitido.

Ninguém parou pra pensar que entre os incomodados pode estar um budista que está meditando, um católico que acordará muito cedo para participar da missa, um umbandista que sofreu grande desgaste numa celebração e precisa descansar, ou simplesmente um ateu que não acredita em nada disso e simplesmente não quer ser importunado com esses assuntos.

Ningúem respeitou o direito de próximo, ninguém sequer cogitou haver algum direito em favor do próximo, e isso, caros leitores, é muito primitivo, é muito triste, é muito degradante.

Nada do que foi escrito aqui é contra ou a favor da religião X, Y ou Z. É apenas um manifesto de alguém que já não aguenta mais viver num mundo onde as pessoas perderam o mínimo de noção de respeito ao próximo, é apenas um manifesto de alguém que está de saco cheio de tanta manipulação religiosa, é apenas um manifesto de alguém que adoraria viver num mundo de mais respeito e menos arrogância.

Cada um é cada um. E tem o direito de viver do seu jeito, desde que lembre-se de onde começam os direitos dos próximos.

Não é super simples?

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Pensamentos Acelerados

Recebi um email que de certa forma me divertiu no meio desse mar melancólico. Dizia mais ou menos assim:

"Nossa, Dona Farta, seu Blog não é mais o mesmo! Um baixo astral, dá até medo! Antigamente a gente entrava lá e tinha sempre uma hitória engraçada pra nos divertir, mas agora, só falta tocar a marcha fúnebre ao fundo... Melhoras!"

A parte que me fez rir, só pra constar, foi a citação da marcha fúnebre, porque eu até "visualizei" na hora... e foi sim engraçado. Sempre achei que era esse o objetivo da tal marcha, aliás, que invariavelmente me provoca vontade de rir até no momento mais sombrio... só serve mesmo pra desenho animado, tipo quando o cavalo pé-de-pano do pica-pau morre, ou algo do tipo... e olha lá! (e o compositor, que eu nem sei quem é, acaba de se revirar no túmulo... desculpaê!)

Mas então... quase nada mudou de ontem pra hoje, inclusive estou aqui novamente, duas e tantas da madrugada, tentando escrever alguma coisa que faça sentido... e diante da dificuldade de organizar uma mente acelerada e entupida de pensamentos desordenados, a única coisa que consegui lembrar com um pouco mais de clareza foi da idéia que eu tive hoje à tarde.

Quer dizer, não foi exatamente uma idéia, porque a idéia propriamente dita teria que nascer de uma cabeça muito mais brilhante e equilibrada que a minha entupida de coisas desconexas... mas foi uma conjectura, digamos assim...

Porque eu sou uma pessoa que pensa muito, né? Mas um muito "muito mesmo", sabe, tipo, muuuuuuuuuuuito, com muitos "us". Ok, eu sei que essa é uma afirmação ridícula e pretensiosa, mas é a pura verdade, eu penso demais, o tempo todo, todo o tempo, e geralmente penso em muitas coisas ao mesmo tempo, daí depois não consigo organizar quase nada porque, né? Impossível.

Eu realmente devia organizar alguma coisa nessa minha vida caótica e bem podia começar por organizar meus pensamentos, mas nem isso tenho dado conta, né fácil não...

E se tem um momento do dia (ou da noite) em que eu penso ainda mais do que o "normal", esse momento é quando estou dirigindo... Porque a gente fica lá, dirgindo, dirigindo, e dirigindo, sem poder fazer nenhuma outra coisa - o que é um abusrdo e uma perda de tempo descomunal, na minha opinião - e ainda bem que pelo menos pensar a gente pode, porque o "seu guarda" nem tem como fiscalizar isso, né?

Quem me conhece bem sabe que essa minha mania de não conseguir não fazer nada já me motivou a criar técnicas espetaculares para fazer outras coisas enquanto dirijo, então hoje em dia eu faço tricô no carro, leio no carro, mando torpedos sms no carro, marco consultas médicas, desmarco compromissos, dentre várias outras coisinhas menos importantes. Pegar carona comigo significa carregar no colo agulhas de tricô, novelos de lã, o jornal do dia, revistas e o livro do momento, porque o único tempo que eu tenho no meu dia para fazer tricô, ler jornal, revista e/ou um livro é justamente quando estou dirigindo. Fora do carro tenho sempre tantas outras coisas pra fazer que nada disso é possível. Vocês já conhecem a ladainha.

Tá. Mas lógico que não faço essas coisas todas literalmente "enquanto dirijo", né? Ainda não tenho superpoderes não! Eu faço quando paro no farol vermelho, quando pego engarrafamento, enfim, faço nos intervalos entre um movimento e outro, tenho uma técnica que vocês não imaginam, e quem conhece o trânsito de São Paulo sabe bem que, seguindo esta minha técnica, dá pra matar o frio de metade do mundo só com casacos de lã produzidos nas horas de engarrafamento. Bendito tricô! Todo mundo devia saber fazer tricô!


O meu maior problema, no entanto, é o ócio das horas de movimento do carro. Tipo, quando a gente dirige sem pegar trânsito, sem pegar farol vermelho, sem enfrentar pontos de parada, ou seja, sem poder fazer tricô ou mandar mensagens ou ler ou qualquer outra coisa que envolva tirar as mãos do voltante e os olhos da pista. Tipo quando eu dirijo como diriji hoje à tarde, por exemplo.

Eu tinha que ir a vários Fóruns.

Um na baixa da égua. Outro nos cafundó do brejo. Outro na casa do chapéu. E outro onde o Judas perdeu as botas. Um consideravelmente longe do outro, e o lado positivo (existe um?) é que nenhum deles ficava exatamente em áreas urbanas normalmente entupidas, então a maior parte do trajeto era feita em vias de trânsito rápido e estradas, ou seja, sem um sinalzinho vermelho que fosse pra eu fazer 2 carreiras do meu tricô. Nada de semáforos, nada de engarrafamento, nada de paradinhas compassadas, apenas movimento, movimento e mais movimento.

O que fazer em horas e mais horas ao volante, dirigindo de um canto para o outro, sem poder largar o maledetto do volante e sem poder tirar os olhos do entediante caminho?

Sim, eu ouço a Band News e a CBN por tempo suficiente para saber de cor todas as notícias até a outra galáxia e inclusive para saber que a maioria delas são repetidas a cada hora na programação cotidiana, de modo que chega uma hora que o rádio fica lá falando e eu nem estou mais tomando conhecimento do que se passa.

Aí eu coloco um CD, mas só ouvir música é muito pouco para um cérebro acelerado como o meu, então eu fico lá pensando, né... pensando freneticamente, em tudo, no mundo todo, nas coisas todas, tudo ao mesmo tempo, converso, falo, gesticulo, uso entonações diferentes de voz, testo empostações, e é nessas horas que brotam da minha mente roteiros inteiros de filmes que eu adoraria assistir, histórias inteiras de livros que eu adoraria ler, artigos inteiros de publicações que eu gostaria de acompanhar, os sermões mais perfeitos de todos os tempos que eu adoraria passar em certas pessoas, e mais um monte de coisas que formam textos, textos e mais textos bons, excelentes, ruins, não importa... poderiam pelo menos virar qualquer coisa, na pior das hipóteses um bom e decente post para esse blog fúnebre (sic!), como qualificou a moça do email citado no início, mas acabam não virando nada, sabem porquê?

Porque os pensamentos desaparecem na mesma velocidade que chegam, e se eu estou ali, dirigindo, não consigo fazer nada para aprisioná-los de qualquer modo que seja. Pense numa agonia!

Eu poderia parar o carro e anotar enlouquecidamente todas as coisas num caderninho, mas vamos combinar que eu ainda tenho um tiquinho de lucidez que me empurra para o cumprimento das minhas obrigações, e se as obrigações em questão significam chegar ao Fórum X a tempo de resolver as coisas, eu não posso parar no meio do caminho pra anotar pensamentos, né?

Não consigo entender porque as melhores idéias me vêm sempre nesses momentos inoportunos!

Às vezes fico rolando na cama, insone, pensando aceleradamente como sempre, mas nessas horas os pensamentos são tão idiotas que eu praticamente os ignoro, tentando abrir caminho para aqueles bons de verdade, mas eles só reaparecem no dia seguinte, em algum lugar no caminho, para que eu não possa, mais uma vez, aprisioná-los.

Parece um jogo de gato e rato.

Hoje eu criei coisas incríveis, fiquei orgulhosa de mim mesma, dentre muitas coisas bacanas "escrevi mentalmente" o manifesto perfeito, o texto ia fluindo e eu ia repetindo: "Eu preciso me lembrar disso mais tarde, eu preciso me lembrar disso mais tarde, eu preciso colocar isso no papel, eu preciso digitar isso", mas cadê alguma coisa que preste pra eu dividir com vocês agora? Foi-se tudo, as coisas todas, as histórias todas e os argumentos tão bem construídos, perderam-se em algum lugar onde não consigo mais buscar, e me sobra apenas a frustração de estar agora, de madrugada, diante de um teclado, com silêncio e escuridão ao meu redor, no ambiente mais propício do mundo e os pensamentos bons estarem a uma distância segura o bastante para que eu não consiga resgatar nem um fiozinho que seja.

Sobra esse monte de baboseiras, e eu vou digitando pela necessidade de sacudir palavras e transformá-las em qualquer coisa legível, por menos sentido que façam.

Deviam inventar um mecanismo de melhor aproveitamente do tempo enquando se está dirigindo. Qualquer coisa, um teclado acoplado ao volante, um gravador de pensamentos, qualquer coisa que diminua esta sensação de horas e mais horas perdidas ao volante.

O tempo é precioso demais pra mim. Odeio perdê-lo, desperdiçá-lo, usá-lo mal.

Quero ter um epitáfio legal quando morrer. Adoro epitáfios. Mas nem consigo produzir nada que preste de verdade, só mesmo a parte chata das minhas obrigações profissionais, e isso me faz pensar que se eu morresse amanhã, por exemplo, meu epitáfio mais honesto seria assim:

"Vim, dirigi, fui a muitos fóruns, fiz um pouco de tricô e morri."

...

...

...


Pode rir agora.


Eu também ri dessa situação toda tão patética... E que Deus conserve em mim, antes de qualquer outra coisa, a capacidade de rir das minhas prórpias mazelas... Até porque, já dizia minha mãezinha, é melhor rir do que chorar... ainda que seja um riso melancólico.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A Melancolia às vezes toma conta de mim...

"... Eu ando triste, tristinha... mais sem graça que a top model magrela na passarela..."

E sabe o que é pior na melancolia? É essa falta do que dizer...

E me perguntam: "Por quê?", e eu respondo: "Não sei..."

E me dizem: "Mas tem que haver algum motivo...", e eu respondo: "Ah, é isso tudo, a coisa toda, você sabe... (nem eu sei na verdade)"

E insistem: "Mas você não pode se deixar abater assim!", e eu apenas suspiro um "Ah... vai passar... um hora passa..."

E fica nisso, sabe? Umas conversas de doido, tanto dos outros comigo como de mim comigo mesma... E nada disso leva a lugar absolutamente nenhum, eis o maior desespero!

Mas aí vai cansando... um dia após o outro, melancolia, melancolia, melancolia... tudo cinza, tudo sem graça, tudo chato, tudo desinteressante...

Tudo tão reticente... reticências, reticências, reticências... e mais reticências...

E lá no fundo, lá naquele fundão onde às vezes nem a gente mesmo consegue chegar (ou não quer chegar porque é onde estão guardadas as coisas mais sombrias), está a resposta do porquê, está a origem de tudo e a resposta pra tudo, tudo aquilo que sempre soubemos mas que preferimos proteger num canto inacessível que não exige ação imediata, porque se entregar à melancolia talvez seja mais fácil...

Quer dizer... fácil, fácil, fáááááácil não é... mas é até onde cheguei, pelo menos até agora...

Tudo sem graça demais... principalmente eu mesma, muito mais sem graça que a top model magrela na passarela, muito mais insuportável a mim mesma do que a qualquer outra pessoa - tento poupá-las de mim quando percebo-me assim, como se a solidão na minha própria companhia desagradável fosse uma tortura necessária para a rendenção...

E quando as coisas chegam nesse ponto, olha.. ou vai ou racha, sabe?

No final acaba sempre indo, até hoje pelo menos nunca rachou, mas taí a vida cheia de surpresas o tempo todo pra nos mostrar que para algumas circunstâncias simplesmente não há regras... e nada é eterno, nem mesmo enquanto dura.

Fico aqui, aguardando meio descrente a chegada do momento em que serei tomada pela vontade de mandar flores ao delegado, de bater na porta do vizinho e desejar "bom dia", de beijar o português da padaria, etc, etc, etc...

Obrigada, Zeca Baleiro, por me dar algumas palavras prontas neste momento! Apesar da melancolia, eu te mandaria uma telegrama, viu? (mas, só para constar, a mim um telegrama apenas já não basta... não mais!)

terça-feira, 14 de abril de 2009

In to the Wild


"É um mistério para mim
Nós temos uma ambição que concordamos.
Você pensa que você tem que ter
mais do que precisa.
Até você ter isso tudo,
Você não estará livre ainda."

(...)

"Existem esses que pensam que
mais é menos, menos é mais
Mas se menos é mais, como você pode continuar potuando?
Significa que a cada ponto que você marca, sua pontuação cai.
Meio que parece estar começando do topo
Você não pode fazer isso..."

Society - Eddie Vedder
trilha do filme "In to the Wild"
(perdoem a tradução "livre" e meio acidentada desta
ignorância na língua inglesa que vos fala)

A gente pode assistir o filme certo na hora errada, o filme errado na hora certa, o filme certo na hora certa ou o filme errado na hora errada e... honestamente? Ainda não sei qual é o caso... talvez com o tempo tudo fique mais claro...

O fato é que estou meio atordoada ainda, este filme realmente mexeu comigo, lá no fundo, um fundo tão fundo que é novidade até pra mim, e eu não sei lidar direito com essa profusão de pensamentos, sensações, alucinações.

E também não vou saber fazer uma resenha isenta e justa, não agora, mas queria muito escrever alguma coisa - qualquer coisa - e dividir com outras pessoas isso tudo.

Baseado em fatos reais, o filme retrata a corajosa busca de Chris McCandless por si mesmo, seus questionamentos sobre a sociedade hipócrita à qual todos somos aprisionados desde o momento em que nascemos e sua ousada tentativa de se libertar de uma vida fake refugiando-se na natureza, na sua própria companhia, o caminho escolhido para o verdadeiro auto conhecimento.

Eu não sei onde eu estava esse tempo todo que ainda não tinha visto o filme... Por alguma razão passou batido na época do seu lançamento (ano passado, eu acho), e chegou a mim agora totalmente por acaso, de maneira bem despretensiosa, eu não tinha lido nada a respeito nem conhecia a história (ok, pode perguntar, "em que mundo eu vivo?"), e parece que sou a única pessoa no mundo que "estava por fora".

Como expliquei no começo, não estou pronta para fazer uma resenha completa, posso apenas dizer que é um trabalho incrível de Sean Penn como co-roteirista e diretor, uma atuação brilhante de Emile Hirsh, imagens exuberantes, tudo coroado pela perfeita trilha sonora de Eddie Vedder.

Dois momentos que me marcaram muito:

1. A cena em que o pai oferece a Chris como presente pela formatura um carro novo, e ele diz que não precisa de um carro novo, que o carro velho e caindo aos pedaços dele o leva para onde ele precisa ir (veja e entenderá a força deste momento de revolta contra o mundo de aparências, logo no começo do filme).

2. A constatação, num momento crucial, de que a felicidade só é real quando pode ser compartilhada.

Veja o trailler, e permita-se fazer também esta viagem. Sim, o filme é uma viagem. Prepare-se para sentir emoções desconhecidas, chorar compulsivamente e ficar fora de órbita por um tempo.





Assinado: Dona Farta Supertramp

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Criança, a Alma do Negócio.

Assisti neste final de semana um documentário excelente transmitido pelo jovem e interessantíssimo Canal Ideal (TVA digital, canal 70).

"Criança, a Alma do Negócio" abre e explora o debate em torno da questão da publicidade direcionada ao público infantil e as consequências que estas imposições da mídia acarretam à infância de hoje.

É um trabalho muito valioso e deveria ser transmitido na TV aberta em horário nobre, porque nos mostra através de todos os pontos de vista envolvidos na questão - inclusive e especialmente o das próprias crianças - como esta publicidade que estimula o consumismo pelo consumismo é extremamente nociva e rouba todos os dias uma etapa importante da vida das nossas crianças.

Crianças que são incapazes de identificar os nomes de frutas e legumes numa feira livre, mas que conhecem de longe produtos industrializados e marcas do momento apenas por um logotipo. Crianças que escolhem comprar a brincar, que escolhem ir ao shopping a ir à praia, que escolhem TER a SER.

Quem são essas crianças? São os NOSSOS filhos, sobrinhos, netos, afilhados, primos, irmãos. São as nossas crianças, cada vez mais escravizadas pela televisão e por tudo o que este veículo lhes impõe, crianças que formam valores distorcidos porque aprendem desde cedo que "vale mais quem tem mais".

Fiquei muito chocada porque num determinado momento tudo aquilo que os profissionais diziam em seus depoimentos me parecia óbvio demais, mas ao mesmo tempo constatei que, apesar de óbvio, são circunstâncias para as quais acabamos fechando os olhos no nosso cotidiano, seja porque a correria nos impede de lidar com as crianças de uma maneira diferente, ou seja porque nós mesmos, enquanto pais, tios, padrinhos, etc, de certa forma "aceitamos" essa cultura do "quem tem mais pode mais", e acabamos transmitindo esse estilo de vida às novas gerações.

Tudo muito triste, porque uma infância perdida é algo que não se recupera jamais.

Fiquei pensando e lembrando da minha própria infância. Nem faz tanto tempo assim, 2 ou 3 décadas, e era tudo tão absolutamente diferente... Eu não consigo me lembrar, por exemplo, de comerciais de produtos infantis. Acho que até existia um ou outro, mas provavelmente eram tão raros que não afetaram diretamente os meus desejos enquanto criança, muito menos a qualidade da minha infância.

Se eu queria um brinquedo, queria para brincar com ele, e não apenas para tê-lo porque "todas as outras crianças tinham". Se eu ganhava um brinquedo (muito raramente), brincava com ele até ele se acabar, as bonecas ficavam encardidas, as bolas rasgavam, até os tênis furavam, porque a gente consumia para usar, e não simplesmente para consumir.

Era mesmo tudo muito diferente...

Hoje em dia as crianças acumulam caixas e mais caixas de brinquedos com os quais brincaram meia dúzia de vezes, se muito. Acabaram de ganhar um brinquedo e já querem outro, conjugam o verbo "comprar" muito mais do que o verbo "brincar", crescem antes da hora e podem carregar para o resto da vida as frustrações por tudo aquilo que não tiveram, principalmente aquilo que não se compra: a magia e o prazer de ser criança no mais amplo sentido da palavra.

Sem dúvida este é um debate fundamental nos dias de hoje, e deve servir pelo menos como um alerta de que devemos prestar mais atenção na maneira como estamos lidando com os desejos consumistas das nossas crianças. O SIM é muito mais tentador do que o NÃO. É muito mais fácil ser o adulto legal que dá tudo o que a criança pede do que ser o adulto chato que explica que não podemos ter tudo o que queremos e que isso não nos torna melhor nem pior do que ninguém, porque aquilo que somos de verdade não possui ligação nenhuma com aquilo que temos.

É um desafio e tanto, sem dúvida. Mas vale à pena refletir e tentar introduzir mudanças significativas na maneira como nossos filhos lidam com o consumo. O resultado, a longo prazo, será muito mais valioso do que qualquer compra que se possa fazer.

Eis abaixo o trailler do documentário "Criança, a Alma do Negócio", de Estela Renner e Marcos Nisti. Não deixe de ver!






E, com um pouco mais de tempo, veja também o documentário na íntegra, disponível no youtube, em 6 partes:



Bora salvar a infância das nossas crianças?

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Chegou 2 de Abril

Ok, vida. Já acabou. Dia da Mentira agora só no ano que vem...
Pode voltar a falar sério comigo, chega de pegadinhas, e vamos à luta...
Hã, o quê?
Não era mentira?
Nada de pegadinha de 1º de Abril?
Você estava mesmo falando sério o tempo todo???
.
Aiaiaiaiai... aí ferrou!