terça-feira, 1 de abril de 2008

Orgulho e Preconceito * * * *

"Orgulho e Preconceito" já foi adaptado muitas vezes - para o cinema, para a TV, para o teatro, o que por si só já é prova do sucesso deste clássico da literatura mundial escrito por Jane Austen. E talvez esse enorme sucesso deva-se a uma constatação muito simples: Orgulho e Preconceito é, antes de mais nada, um "romanção" no melhor sentido da palavra... Um romance muito bem escrito, que foi também, neste caso, primorosamente adaptado para as telonas.

No final do século 18, a maior preocupação das moças da sociedade inglesa era arrumar um marido. Elas viviam em função disso, e a cada festa renovavam-se as esperanças das solteiras em arrumar finalmente um bom casamento. Imaginem então qual não era a situação da Sra. Bennet (Brenda Blethyn), mãe de 5 filhas - Jane (Rosamund Pike), a mais bela; Lizzie (Keira Knightley), a mais culta; Lydia (Jena Malone), a "saidinha"; Kitty (Carey Mulligan), a inocente; e Mary (Talulah Riley), a mais avessa à idéia de casamento - todas ainda solteiras, e praticamente todas já em idade de casar...

Mãe e filhas levam a busca por um bom casamento bastante a sério, mas a Sra. Bennet não possui muito senso de elegância e é capaz dos comportamentos mais absurdos quando há um pretendente à vista. As moças, por sua vez, encaram o comportamento da mãe com bom humor na maioria das vezes, mas sempre que a situação fica vergonhosa demais, encontram o equilíbrio necessário no colo do passivo pai Sr. Bennet (Donald Sutherland).

E então surge na vida dessas mulheres o "famoso" Sr. Bingley (Simon Woods), que compra uma propriedade na vizinhança e ali se instala, deixando as solteiras eufóricas por ser o ideal do bom partido: bonito, rico e solteiro. Junto com o Sr. Bingley, entretanto, instalam-se também seu antipático amigo Sr. Darcy (Matthew Macfadyen) e sua esnobe irmã, pessoas que aparentemente exercem enorme influência sobre as escolhas do rapaz.

Num dos muitos grandes bailes sociais realizados com objetivos casadoiros, Jane logo se encanta pelo Sr. Bingley, encantamento recíproco, aliás. Da mesma forma, Lizzie logo se irrita com o nariz empinado do Sr. Darcy, e ambos trocam farpas afiadíssimas já no primeiro encontro, implicância mútua que, obviamente, como nos melhores romances, mais tarde viraria interesse mútuo.

A partir desse cenário, a trama é construída de maneira totalmente previsível, mas não menos cativante. O amor a princípio óbvio de Jane e Sr. Bingley sofre interferências externas que quebram ambos os corações, da mesma forma que a antipatia mútua entre Lizzie e Sr. Darcy logo vira uma paixão avassaladora. Recheado de diálogos inteligentes e afiados, ora apelando para a ironia, ora apelando para o amor poético, o filme vai nos levando para um final totalmente esperado, mas que mesmo assim consegue fazer suspirar.

Keira Knightley, a protagonista, recebeu sua primeira indicação ao Oscar pelo papel, o que considero particularmente um exagero. É verdade que ela está bem, principalmente por ser uma personagem que não tem a seu favor nem o trunfo de ser a mais bela da história nem o trunfo de ser a coitadinha, e mesmo assim cativa profundamente o expectador logo no começo pelo seu comportamento sempre cheio de princípios e pelos seus sorrisos luminosos, mas daí a ser indicada ao Oscar foi um pouco demais.

Aliás, Orgulho e Preconceito não é um filme de destaque para um único ator/atriz, pelo contrário: o elenco "coadjuvante" é incrível, especialmente o casal Sr. e Sra. Bennet, ambos fabulosos. A cena final, por exemplo, é um deleite, um presente do veterano Donald Sutherland para o espectador, e fecha com chave de ouro essa genuína história de amor.

Assim, Orgulho e Preconceito é um ótimo filme... um "romanção", como eu disse no começo, mas dos bons mesmo, arrebatador, conduzido de maneira caprichada, com uma fotografia estonteante, trilha sonora idem, culminando no tão desejado final das melhores histórias de amor, o "Felizes Para Sempre".

Não perca!

Nenhum comentário: