domingo, 22 de fevereiro de 2009

O Curioso Caso de Benjamin Button (Oscar 2009)

Benjamin Button (Brad Pitt) nasceu em New Orleans no mesmo dia em que o Mundo comemorava o fim da 1ª Grande Guerra.
Foi um parto bem difícil, e sua mãe não resistiu. Ao olhar para o pequeno bebê que acabara de tirar a vida de sua mulher, o pai de Benjamin entra em choque ao constatar que trata-se de uma criança portadora de uma doença grave - e rara - já que possui todas as características de um velho à beira da morte.

Desnorteado e considerando-se incapaz de criar (e amar) tal criatura, e num ato de desespero, o Sr. Thomas Button (Jason Flemyng) abandona o filho recém-nascido na porta de um asilo, onde Benjamin é acolhido, cuidado e adotado pela enfermeira Quennie (Taraji P. Henson), que vê naquele acontecimento muito mais que um acaso, mas um verdadeiro milagre de Deus.

Benjamin é criado num ambiente que não lhe poderia ser mais adequado, pelo menos naquele momento. Vai "crescendo" mas continua apresentando traços fortíssimos de velhice extrema, e aos poucos está absolutamente integrado à rotina dos outros velhinhos que vivem no lugar. Acaba aprendendo ainda muito jovem a lidar com a perda, já que as mortes são uma ocorrência comum no asilo, mas ao contrário de seus colegas Benjamin parece cada dia mais renovado, revigorado, cada dia ele parece estar mais forte.

Ainda criança ele conhece a espevitada Daisy (Cate Blanchett na fase jovem/adulta), uma garotinha que passa finais de semana com a avó - interna do asilo - e embora tenham a mesma idade, Benjamin mais parece avô da menina por conta de sua aparência física. A identificação emocional, no entanto, é indiscutível, e a dupla burla uma regra aqui e outra ali de modo a conseguir viver aventuras que marcariam para sempre suas vidas.

Benjamin "cresce", alcança a maioridade e decide explorar o Mundo. Ainda com a aparência de um "tiozinho", mas já bem mais remoçado, consegue trabalho num navio rebocador, e impressiona a todos com sua disposição cada dia maior. Viaja pelo mundo, conhece lugares, pessoas, mulheres. Alista-se no Exército e participa na 2ª Guerra Mundial, e é sempre um sobrevivente, já que está cada dia mais e mais remoçado e revigorado, além de ser protegido de qualquer tipo de desgraça por algum tipo de força superior.

Reencontra Daisy e depois de muita reviravolta eles finalmente conseguem viver o amor que sempre nutriram desde a infância, e a partir daí a história torna-se incontável, porque algumas surpresas não podem ser reveladas - precisam ser "saboreadas" por quem assistir o filme até o final, final, aliás, que é extraordinariamente emocionante, assim como foi o nascimento de Benjamin.

Algo que tem me deixado muito confusa sobre este filme é que quase todo mundo que o viu me disse apenas ter "gostado", sem muita empolgação. Eu não consigo me conformar com isso, porque pra mim O Curioso Caso de Benjamin Button foi um filme de arrepiar, daqueles que eu vou ver outras vezes e sobre o qual vou sempre conversar quando o assunto for cinema.

Um filme que realmente me tocou, me fez rir, me fez chorar, me emocionou profundamente e me deixou boquiaberta diante da tela por mais de 2 horas (2h30, na verdade).

Trata-se de uma fábula sobre a vida, sobre velhice x juventude, sobre vida x morte, sobre amor x desamor. Trata-se de uma fábula contada lindamente por um roteiro excepcional - adaptado de um conto americano do escritor Scott Fitzgerald, que consegue dar ritmo a um filme de longa duração sem que a gente tenha aquela vontadezinha de adiantar algumas partes.

O Curioso Caso de Benjamin Button é tecnicamente brilhante - não são à toa suas 13 indicações ao Oscar - com destaque para maquiagem, efeitos especiais, fotografia e direção de arte. Certamente arrebatará muitas estatuetas nestas categorias mais técnicas.

É mais uma parceria do Diretor David Fincher (de Seven - Os Sete Pecados Capital e Clube da Luta, dentre outros) e o superastro Brad Pitt. Neste filme ambos encontram-se num momento de maior maturidade profissional e eu diria até mesmo de maior entrega, e o resultado não poderia ser melhor.

Mas antes de falar de Brad, falemos de Cate.

Cate Blanchet - que acabou ficando fora do páreo do Oscar porque a briga para o posto de melhor atriz deste ano está mesmo bastante acirrada - está mais linda do que nunca. Interpreta uma Daisy que vai da adolescência até a 3ª Idade sem perder 1 pingo de sua elegância invejável, dá até raiva. Está aqui numa atuação muito intensa, muito comovente, muito especial.

Brad Pitt, por outro lado, cala definitivamente a boca daqueles que (ainda!) insistem em colocar em dúvida sua competência enquanto ator como se sua beleza fosse seu único passaporte para o sucesso. Há uma química entre Brad e Cate no filme que é algo de deixar o queixo caído. É impressionante como ambos se doaram para viver esta história tão intensa, e no caso de Brad a indicação para o Oscar é sem dúvida merecida, e eu ousaria dizer inclusive que ele DEVE levar a estatueta.

Claro que Brad Pitt é absolutamente perfeito, fabuloso, lindo, estonteante. Provavelmente o homem mais lindo da história de Hollywood, pelo menos da história mais recente, digamos assim. Sua beleza é de doer os olhos, é de babar, é de ficar inconformado...

Como pode haver no mundo um ser humano com tamanha perfeição? Eu sou, sim, fã de Brad Pitt, mas o sou principalmente porque ele se propõe desafios e mostra a que veio. Esses dias, por exemplo, assisti "Queime Depois de Ler", filme onde o galã faz o papel de um personal trainner caricato, canastrão, brega e metido a sedutor barato. Um papel que inclusive pouco explora sua beleza, e talvez justamente por isso um papel onde ele está encantador.

Em Benjamin Button, além da competência da equipe técnica que foi responsável por transformações admiráveis na aparência física de Brad (que passava por sessões diárias de cerca de 5 horas de maquiagem para caracterização de Button), há uma parcela muito grande de mérito próprio de sua interpretação altamente inspirada. Merecedora do Oscar, merecedora dos aplausos de parte da crítica que vem recebendo e, sobretudo, merecedora da audiência de todos que puderem vê-lo.

A mais a mais, ainda que o filme não fosse assim tão bom, já valeria o ingresso só pela oportunidade de ver Brad Pitt em várias caracterizações, rejuvenescendo cada vez mais. Se vê-lo "ao natural" já é de tirar o fôlego, ver suas transformações ao longo do filme - cada vez mais jovem e mais lindo... É de matar!

Outra participação relativamente pequena mas que me emocionou muito na história (por incrível que pareça), foi da magrelona, brancona e sem graçona Tilda Swinton, que vive com Benjamin uma linda história de amizade e amor, e que no final do filme ressurge com uma das cenas que mais me tocaram bem lá no fundo do coração. Uma grande lição do poder do amor, especialmente amor próprio.

Apesar de eu estar muito dividida entre Benjamin Button e Slumdog Millionaire, eu daria o Oscar de melhor filme para Benjamin Button de consciência tranquila, por ser indubitavelmente um filme fantástico! (ao pé da letra, aliás)

IMPERDÍVEL! (assim mesmo, em caps lock)


INDICAÇÕES AO OSCAR 2009:

Melhor Filme;
Melhor Diretor - David Fincher;
Melhor Ator - Brad Pitt;
Melhor Atriz Coadjuvante - Taraji P. Henson;
Melhor Roteiro Adaptado;
Melhor Direção de Arte;
Melhor Fotografia;
Melhor Mixagem de Som;
Melhor Trilha Sonora Original - Alexandre Desplat;
Melhor Figurino;
Melhor Edição;
Melhores Efeitos Especiais;
Melhor Maquiagem.

Um comentário:

Anônimo disse...

Assistir ao filme Benjamim Button, dizendo, apenas, que gostou, realmente faltou sensibilidade, percepção. Em verdade, esse filme está entre os melhores que assisti até hoje. Inclusive, seleciono e guardo os melhores filmes que os considero melhores em todos os tempos, isso sempre com a intenção de assistir outra vez. EXCEPCIONAL. Parabéns aos protagonistas do filme, assim como todos aqueles que contribuiram, concorreram para a realização dessa obra de arte.