sábado, 7 de fevereiro de 2009

Minha Amada Imortal

"...Meu anjo, meu tudo, meu próprio ser... Por que esta profunda tristeza quando é a necessidade quem fala? Pode consistir nosso amor em outra coisa que em sacrifícios, em exigências de tudo e nada? Esqueceu de que você não é inteiramente minha e de que eu não sou inteiramente seu? Oh, Deus! Contempla a maravilhosa natureza e tranqüiliza seu ânimo na certeza do inevitável. O amor exige tudo e com pleno direito: eu para com você e você para comigo. No entanto, duvida tão facilmente que eu tenho que viver para mim e para você. Se estivéssemos completamente unidos, nem você nem eu estaríamos nos sentindo tão desolados..."

"... Alegre-se, você é o meu mais fiel e único tesouro, meu tudo como eu para você. No mais, que aconteça o que tenha que acontecer e deva acontecer; os deuses saberão o que fazer..."

"... Ah! onde estou, também ali está você comigo. Tudo farei para que possamos viver um ao lado do outro. Que vida!!! Assim, sem você... perseguido pela bondade de algumas pessoas, que não quero receber porque não as mereço... me dói a humildade do homem diante do homem..."

"... Choro ao pensar que provavelmente não receberá minha primeira carta antes de sábado. Tanto como você me ama, muito mais a amo!..."

"... Bom dia! Todavia, na cama se multiplicam meus pensamentos em você, minha amada imortal; tão alegres como tristes, esperando ver se o destino quer ouvir-nos. Viver sozinho me é possível, ou inteiramente com você, ou completamente sem você. Quero ir bem longe até que possa voar para os seus braços e sentir-me num lugar que seja só nosso, podendo enviar minha alma ao reino dos espíritos envolta em você..."

"... Você concordará comigo, tanto mais conhecendo minha fidelidade, e que nunca nenhuma outra possuirá meu coração; nunca, nunca... Oh, Deus! Por que viver separados, quando se ama assim? Minha vida, o mesmo aqui que em Viena: sentindo-me só, angustiado. Você, amor, me tem feito ao mesmo tempo o ser mais feliz e o mais infeliz..."

"... Fique tranqüila. Contemplando com confiança nossa vida alcançaremos nosso objetivo de vivermos juntos. Fique tranqüila, queira-me. Hoje e sempre, quanta ansiedade e quantas lágrimas pensando em você... em você... em você, minha vida... meu tudo! Adeus... queira-me sempre! Não duvide jamais do fiel coração de seu enamorado Ludwig. Eternamente seu, eternamente minha, eternamente nossos."

LUDWIG VAN BEETHOVEN (1770-1827)


Os trechos acima são fragmentos que eu destaquei da famosa carta encontrada após a morte de Beethoven, que revelou para o mundo a existência de uma Amada Imortal da qual ninguém nunca soube.

Beethoven foi um grande compositor, era um homem de temperamento bastante difícil e teve sua carreira dramaticamente afetada pela surdez, problema que agravou ainda mais sua dificuldade de se relacionar tranquilamente com quem quer que fosse.

Tanto que parecia impossível que alguém como ele fosse capaz de escrever palavras como estas a uma mulher real. Mas foi, e, puxa... Quanta poesia, quanto amor e quanta emoção há nestas palavras!

A história de vida de Ludwig Van Beethoven é espetacular. Há tantas nuances e tantos infortúnios e tanta dificuldade e tanta adversidade que parece impossível que tudo tenha acontecido naturalmente. Parece mais um roteiro de cinema pronto. E dos bons!

Claro que eu, dentro de toda a minha ignorância cultural lastimável, gosto muito de música clássica, desde adolescente, aliás. Claro que eu, dentro de toda a minha ignorância cultural lastimável, gostaria de conhecer mais profundamente a história de personalidades como Beethoven, mas conheço apenas alguns pequenos trechos da história real do Compositor, li alguma coisa anos atrás, e continuo carregando religiosamente no meu carro aquele CDzinho que tem a quinta sinfornia quase completa, que eu ouço em horas extremas - de caos ou de céu.

Mas porque estou falando tudo isso agora? Bem... porque há alguns dias zapeando na TV passei rapidamente pelo canal History Channel e voltei logo em seguida, atraída pelo título do que estava passando:


MINHA AMADA IMORTAL - o filme.

Estava no comecinho e - que bom! Não perdi quase nada.

Assisti esse filme pela primeira vez em 1994, quando foi lançado, na época ainda em VHS. Lembro que fiquei tão extasiada que assisti duas vezes seguidas, e passei pelo menos 1 mês falando a respeito com qualquer um que chegasse perto de mim.

Tudo bem, não é exatamente uma cinebiografia assim tãããão fiel aos fatos reais da vida de Beethoven, mas podemos dizer que pelo menos 90% da história é sim verídica, e os 10% romanceados foram tão bem amarrados que é quase impossível distinguir o real do fictício. Ponto para Bernard Rose, que além de dirigir o longa assina também o roteiro.

Gary Odman simplesmente transforma-se em Beethoven. Tudo bem que nem temos imagens reais de Beethoven pra comparar, eu sei, mas mesmo assim é impressionante. Comecei a gosta do ator, aliás, depois de ver Minha Amada Imortal, e vi muitos outros filmes pra ter certeza de que ele conseguiria desencarnar Beethoven de seu corpo, porque não há outra explicação para sua atuação estupenda no filme. De arrepiar.

O filme começa com a morte de Beethoven. É quando seu fiel amigo Schindler (Jeroen Krabbé), mexendo em suas coisas, encontra a Carta à Amada Imortal. Atordoado por não ter tomado conhecimento de tal mulher apesar de ter passado praticamente a vida inteira secretariando e assessorando Beethoven, Schindler inicia uma investigação com o intuito de realizar o último desejo do Maestro: Encontrar a Amada Imortal, para quem Beethoven deixou todos os seus bens.

É a partir daí que somos levados de volta, através de flash-backs, a momentos marcantes da vida de Ludwig, e os acontecimentos vão sendo cuidadosamente costurados até a revelação do grande segredo.

O filme é belíssimo. A história é belíssima e, mesmo sabendo que até hoje há controvérsias sobre alguns fatos reais, isso nem importa muito. Importa muito mais conhecer um pouco da história de um grande ícone da música clássica, através de um filme muito caprichado, digno de Beethoven.

Embora seja quase todo "carregado" por Gary Oldman - já que sua atuação tão intensa acaba ofuscando qualquer outra, há de se destacar a presença da estonteante Isabela Rosselini, como Anna Marie Erdody - amiga e confidente de Beethoven.

Foi um prêmio encontrar este filme assim, por acaso, num canal de televisão qualquer em plena tarde de domingo. Realmente eu nunca mais o tinha visto, e nem tenho muito o hábito de rever filmes muitas vezes, mas assisti-lo depois de 15 anos teve um outro sabor, e eu não podia deixar de vir aqui recomendar pra vocês!

Procure na locadora mais próxima. MINHA AMADA IMORTAL. Um filme belíssimo, raro, caprichado, emocionante...

IMPERDÍVEL!


Para ler ouvindo

3 comentários:

Maciel Queiroz disse...

Eu tbm sou muito fã de música clássica e fiquei muito curioso a respeito desse filme.

Vou procurar dar uma conferida mas acredito que deve ser show, nos dois sentidos da palavra...hehehe

Beijos Flavinha!

Anônimo disse...

Olá!

Acabei de assistir o filme Minha Amada Imortal,
Sempre fui muito fã de Beethoven, todas as ilustrações tensas de faces pesadas feitas do maestro realmente são emocionantes. Suas composições, que expressam seus sentimentos mais profundos nos proporciona sentir o que ele sentiu.

Há outro filme, que talvez não seja tao impressionante como tal, e coloca mais ficção em cima, mas é interessante pela interpretação do protagonista de outro angulo, que se chama "O segredo de Beethoven".

E continuando no ambito da musica classica mas voltando o tempo temos Mozart, que podemos contemplar uma biografia no filme "Amadeus", que com crteza também é imperdível.

gil.luiz1@gmail.com

Anônimo disse...

Você, conhecendo parte da história real dele,crê que a paixão pela cunhada seja, de fato, realidade?

E quanto ao comportamento estranho dele, forma de maltratar as pessoas que amava?