sexta-feira, 30 de novembro de 2007

A História do Comercial que Ninguém Viu

Antes de contar mais uma história "curiosa" da vida de Dona Farta, vou fazer uma pequena menção à polêmica criada com o post anterior... Como eu esperava, encontrei várias amigas que se identificaram com a história e engrossaram o coro do "chega de futilidade e ditadura de magreza" comigo... Massssss, também como eu esperava, encontrei algumas pessoas que aproveitaram a ocasião para hostilizar...

Recebi alguns comentários "anônimos" ao citado post, e como tenho aqui o lance da moderação dos comentários, tive o prazer de vetar a publicação dos mesmos, não pelo conteúdo - que eu publicaria super na boa (até pra comprovar as minhas teorias), mas pelo simples fato de serem anônimos, ou seja, de pessoas que precisam se esconder para dizer aquilo "pensam"... Não quero dar ibope a essas histórias, mas basicamente os tais comentários anônimos diziam que tudo aquilo é mesmo papo de gordo conformado, que prefere reclamar dos outros do que ir malhar, blablabla... um deles chegou a dizer que as "amigas" que apoiaram o post são também todas gordas, e por isso adotaram tal postura... Até vocês, meninas, entraram no rolo, vejam que coisa!!! Um saco! De novo, um saco, um mundo de argumentos fúteis, e eu fiz o melhor que tinha pra fazer... dei um gostoso DEL! Só escrevi sobre isso rapidinho aqui porque queria "contar" pra vocês... mas chega, né??? Sem ibope pros Anônimos!!!

*** *** ***
Mas, vamos a mais uma história curiosa... de certa forma, tem a ver com toda essa temática recente...

Há cerca de 3 ou 4 anos atrás eu entrei num programa de "teste" de um determinado produto que estava para ser lançado - sim, sim, produto para emagrecer! Na época vi uma propaganda na Veja, liguei lá para um número, fiz um cadastro, fui chamada para algumas entrevistas e, bom, entrei no tal programa, junto com mais cento e poucas mulheres.

Era uma linha de shakes e barrinhas de cereais como tantas outras que já existem no mercado, mas essa linha seria lançada por uma empresa do ramo alimentício super conceituada e grande aqui no Brasil, e realmente eles fizeram um estudo super sério sobre a eficácia do "tratamento". Todo o programa foi muito bem organizado, remunerado e, o melhor, durante os 6 meses de "teste" tínhamos acompanhamento médico, nutricional e psicológico "na faixa", além de receber gratuitamente os produtos para consumo, e tal...

Foi bem bacana... Eu nunca tinha feito uma tentativa assim tão séria, envolvendo todas as vertentes da área de quem quer fazer dieta - endocrinologista, nutricionista, psicólogo, e tive acesso aos profissionais mais renomados e graduados de cada uma das áreas por conta do alto investimento que a empresa X fez no produto, e da credibilidade que queria passar com o histórico dos testes. Perdi, se não me engano, pouco mais de 9 quilos no decorrer do programa - 6 meses de "intensivo" + 3 meses de "manutenção". Foi um resultado excelente, e como tínhamos dinâmicas de grupo frequentes entre todas as participantes do teste, eu fui percebendo que realmente eu tinha me saído muito bem, tinha me destacado da maioria...

Bom, daí acabou-se o que era doce, eu rapidamente recuperei alguns quilinhos, como sempre, mas não tudo, continuei com um saldo positivo. Mais de 6 meses depois, um belo dia me liga o cara de Marketing da empresa X, me dizendo que eles estavam preparando a campanha publicitária de lançamento do produto e que queriam fazer uma campanha com uma pessoa "real", que fez o tratamento de verdade e obteve resultados de verdade, e que eles tinham me escolhido para tal trabalho, porque eu tinha o perfil, o resultado, blablabla... Me disse que eu não tinha obrigação nenhuma, mas que a empresa gostaria muito de contar comigo, não sei o que mais, até que disse a palavrinha mágica - cachê, e eu já pensei com mais carinho no assunto...

Disse pra ele que eu tinha recuperado alguns quilos, e ele disse que tudo bem, que a idéia da campanha era ser realista mesmo, e que eles queriam fazer um teste de foto e vídeo comigo pra mandar para a Produtora avaliar, e tal... Tudo naquele tempo "maluco" de quem trabalha nessa área, tudo "pra ontem"... Só sei que lá fui eu, naquele mesmo dia, com a cara lavada, para o tal local do teste, ali nos Jardins... Nessa época eu ainda tinha o escritório no Centro, e lembro que quando cheguei no local do teste quase morri de vergonha porque tinha torrado dentro do carro no trãnsito infernal, estava completamente "desmontada", e lá só tinha gente linda, maquiada, modelo, e só eu desarrumada, um peixão fora d´água....

Pra encurtar a história, quase morri de vergonha, mas fiz as tais fotos, e o teste de vídeo, que foi o "ó do borogodó"... Tive que decorar um texto lá na hora, e ficar repetindo um milhão de vezes pra uma câmera, pense!!! Que vergonha, que coisa esquisita, affffffffff... Saí de lá certa de que jamais me chamariam pra fazer um comercial, eu definitivamente não levava jeito pra coisa...

Semanas se passaram e eu já estava esquecendo do assunto quando numa quarta-feira me liga o Tom - o tal cara do Marketing, dizendo exatamente assim (lembro como se fosse hoje):

"Você vai gravar pra gente lá no Rio, no domingo, mas vai pra lá no sábado pra fazer cabelo, prova de roupa, etc... Como você deu uma engordadinha e o vídeo engorda mais, vamos te mandar pra um SPA amanhã pra você dar uma desinchada e o efeito ser melhor no vídeo. Que horas eu posso mandar o motorista te pegar em casa amanhã cedo? 6h00 tá bom???"

E eu, do outro lado do telefone com a boca aberta e pensando: Como assim? Pedi pra ele um tempinho porque precisava verificar questões de logística familiar, liguei pro Odylo, pra minha mãe, todo mundo me incentivou a ir, e eu dei o ok... O cachê era beeemmm bacana!

Passei dois dias e meio no SPA 7 Voltas, um lugar incrível pra onde gostaria de voltar um dia, mas ainda não tenho "bala na agulha" pra isso... Eu mais do que ninguém estava me cobrando, então malhei muito (como se 2 dias fossem resolver alguma coisa!), fiz a dieta líquida do SPA e algumas sessões de drenagem linfática e outras massagens emagrecedoras... Não cheguei a perder muito peso, mas dei uma boa desinchada, e isso ajudou bastante...

No sábado fui para o Rio... Chegando lá, era carro de produtor me esperando pra me levar pra não sei onde, pra ver uma roupa do estilista Fulano de Tal, depois pra outro lugar, uma loucura... parecia que eu era uma celebridade, cara... muito engraçado... Acho que o cliente era muito importante pra Produtora, então eu percebia que tava todo mundo tenso com esse comercial especificamente, talvez também por ser feito com gente comum, sei lá... De repente o mundo inteiro tinha o número do meu celular, que não parava de tocar, cada hora um assunto - cabelo, depilação, sobrancelha, roupa, sapato, lingerie... Piração total... Mas foi beeeeeeem legal... Conheci um pessoal muito bacana lá na Conspiração Filmes, me deixaram muito à vontade, deram um mega suporte, e eu fui gostando da "brincadeira"...

No final do sábado tinha um horário agendado com "O Cara"... Prestem atenção nesse trecho especificamente...

Até aquela ocasião, euzinha da Silva, uma pessoa que não se liga em assuntos de bafafá de moda e coisas do gênero, NUNQUINHA tinha ouvido falar em "Fernando Torquatto". Não fazia a menor idéia de quem era esse cidadão, mas percebi que era alguém "importante" porque toda hora aparecia alguma bicha louca falando: "Meninaaaaaaaaaaaaaaaaaaa... você vai maquiar e pentear com o Torquattooooooooo... Nossaaaaaaaaaaaa... Que Morallllllllll..."... E eu, tentando fazer cara de conteúdo, mas puxando pela memória pra ter certeza de que eu não sabia quem era o cara... Puta saia-justa, e o medo de pagar um micão???

Bom, daí fui lá pro tal encontro com o Torquatto... Um cara suuuuuuuppppperrrrrrrrr normal, à primeira vista... Chegou, de mochilinha nas costas, jeans, camiseta surrada, all-star, olhou meu cabelo que por sinal tava uma meleca por conta do cloro da piscina do SPA e da ausência de chapinha há mais de 2 dias, fuçou, revirou, olhou de todos os ângulos, chamou duas "assistentes", falou, falou, falou, virou as costas e foi embora, sem dirigir uma única palavra à minha pessoa...

Quando ele foi e a primeira moça começou a "trabalhar" no meu cabelo, eu não resisti e perguntei: "Vem cá, esse aí que é o Torquatto?"... A moça, claro, arregalou os olhos e disse: "Você não o conhecia???"... Fiz que não com a cabeça, abri a revista e fiquei lá, sem falar mais nada... percebi que estava cometendo uma "heresia" por não saber quem era o cara... Fizeram lá o meu cabelo como o Torquatto mandou, e foi uma coisa bem bacana, porque foi um mega trato, a cor ficou linda, o corte, o tratamento, tudo... Foi tipo "um dia de princesa", sabe??? Coisa de gente fina... Fiquei linda e maravilhosa, de cabelos, unhas, sobrancelha, tudo feitinho, tudo bonitinho, ainda conheci mais umas pessoas à noite e então fui levada para o Hotel pra "descansar", porque a gravação domingo começava às 7h00 da manhã!!! Fala sério!!! Lá no Rio!!! rsrs...

Bom, no domingo, o DIA D, o que a Dona Farta aqui faz??? Só perdi a hora, só isso... Acordei com o mensageiro do Hotel tocando a campainha desesperadamente, abri a porta assim, meio sonolenta, e o moço disse, meio esbaforido: "Tem um pessoal esperando pela senhora lá embaixo"... E eu: "Que horas são"?, e o moço: "Sete e quinze", e eu "PQP! Fala que já tô descendo!"... Affffffffff... que gafe horrorosa!!! Mal tomei um banho relâmpago e desci com a maior cara amassada, encontrei duas produtoras com cara de poucos amigos e olho no relógio na recepção do Hotel, quase morri de vergonha... Pedi desculpas, mas acho que não adiantou muito, porque elas bem ficaram de cara feia pra mim o dia todo... afffffffff

Fomos pra Tycon, que eu já conhecia, mas não como "protagonista"... hehehe... Chegando lá todo mundo pronto, só a madame estrela aqui atrasada... Corre pra vestir a roupa, ver se tá tudo certo, tira a roupa, vai pro camarim, e lá estava o "Deus" novamente, o tal do Torquatto... Um pouco mais simpático que no dia anterior, ele começou meio que a "conversar" comigo, enquanto me maquiava, mas eu percebi que ele ficou bem incomodado com o fato de eu não saber quem ele era... Claro que eu não disse pra ele que não sabia quem ele era, mas ele deve ter percebido porque eu nem tietei, nem estiquei o assunto, já fugindo mesmo da raia, sabe?

Bãããoooo... Cabelo e Maquiagem prontos... Resultado??? Uma "boxta", com o perdão da palavra... Assim... Eu não sei se era um tipo de maquiagem próprio pra TV, não sei se o cara ficou com raiva de mim e me sacaneou, ou se aquilo é considerado bonito mesmo e eu que tô por fora... o fato é que eu fiquei parecendo uma Drag Queen... Um cabelo meio anos 70, uma maquiagem meio "demais", não sei... quando levantei da cadeira e me vi quase tive um treco, e pensei: "Carácoles, vou aparecer na TV desse jeito??? PQP!!!"... Mas, aquele mundo de puxa-sacos berrando: "Ai, que linda! Ai que maravilha de trabalho, Torquatto!", e eu fiquei intimidada, e não consegui dizer que não tinha gostado... Decidi que não ia mais ficar me olhando no espelho e pronto... Vesti a roupa, que também odiei - era uma calça branca e uma blusa amarela (agora pensem vocês, que me conhecem, se já conceberam me ver de calça branca alguma vez na vida!!!)... Eu jamais usaria aquela roupa, porque além de não me favorecer nenhum pouco, ainda tinha umas cores totalmente inadequadas pra uma gorda aparecer na TV - que engorda!!! Parecida "operação boicote", sabe??? Mãããsssssssss... Era do tal estilista Fulaninho de Tal, e eu estava ganhando pra estar lá, então fiz o meu papel...

Nesse dia, conheci umas das pessoas mais bacanas do business TV/Cinema - Cláudio Torres, que era nada mais nada menos que o Diretor do Comercial!!! Fala sério, que moral, heim!!! Esse eu sabia muito bem quem era, por acaso eu tinha visto naqueles dias "Redentor", que ele dirigiu e eu amei, e nem acreditei quando me vi diante do cara, sendo Dirigida por ele!!! Muito legal mesmoooooooo... Ele, um fofo, um amorzão de pessoa, e a equipe toda no mesmo astral, no mesmo estilo...

Masssssss... vida de artista inexperiente é mó roubada... Carambaaaaa... pense num trem cansativo!!! Pense numa coisa chaaaaattttaaaaaaaaa de se fazer... Affffffffff... Tinha lá o texto que eu já tinha decorado... daí, vão-se quase 2 horas só pra marcar o áudio, depois mais tanto tempo só pra marcar luz, depois não sei mais o que, e você lá, em pé, no meio de um estúdio, sem poder tirar o pé do lugar por causa da luz ajustada praquela posição, que você tem que fazer parecer ser natural!!! Olha... pastei, viu!!! E ficava com vergonha toda vez que errava, que mexia errado, porque parecia que a culpa da demora era minha... o Cláudio ia me tranquilizando, brincando comigo, dizendo que quando gravam com celebridades é assim também, e tal... Mas confesso que em alguns momentos eu tinha vontade de sair correndo e chorarrrrrrrrr... Que encrenca eu fui me meter, nossa!!!

"Ação!", "Corta!"... Ouvi isso um milhão de vezes, às vezes rolava um "corta!" só para o "Torquatto" vir ajeitar o cabelo, retocar a maquiagem, uma coisa de doidooooooo... Daí se eu me mexia um pouquinho pra relaxar a perna, lá vinha outro tempão pra redescobrir o lugar exato onde eu tinha que por a ponta do dedão para a luz ficar perfeita... olha... Sacrifício... O comercial era em frente a um espelho, então eu ia falando o texto, a câmera ia abrindo (começava em close), daí quando dava pra descobrir que eu estava na frente do espelho, eu virava e falava lá a frase final... Pensem no trabalho que foi acertar a tal viradinha!!! Gente, só de lembrar eu fico cansada...

A gravação terminou umas 3 horas da tarde... Daí rolou um almoço lá na Tycon mesmo, todo mundo "confraternizando", me elogiando que eu tinha me saído bem pra uma inexperiente, e tal... Foi legal... como eu falei, conheci pessoas bacanas, gente culta, gente da área de cinema que eu AMO, então muito mais do que o cachê eu ganhei uma experiência de vida bem bacana...

Tudo vale a pena se a alma não é pequena, não é mesmo???

Ah!!! O comercial??? Então, nem rolou... rsrs... Fiquei sabendo depois, pelo Tom, que eles fizeram comigo e com uma modelo, e daí fizeram uma pesquisa de mercado com um público selecionado e exibiram os dois comerciais, e as pessoas votaram na tal pesquisa, e o da modelo ganhou... Eu mesma nunca vi o resultado final, não tenho a menor idéia de como ficou, mas nem fiz muita questão também de correr atrás disso, nem queria me ver com aquela roupa e aquele cabelo no vídeo...

Foi uma pena porque eu teria ainda uma outra grana pra receber se o comercial fosse veiculado, só por isso eu torcia pra que fosse pro ar, era uma grana de Direito de Imagem bem caprichada, mas não deu... O comercial da modelo passou por um tempinho... Quase chorei no dia que vi a primeira vez... a modelo de jeans, cabelo liso, maquiagem clean... falando aquele mesmo maldito texto... Tive quase certeza de que fui boicotada, porque se eu tivesse de jeans, cabelo liso e maquiagem clean talvez tivesse ficado mais segura e o resultado tivesse saído melhor, sei lá... mas não importa também... Já foi, e valeu!!! Além do cachê, me rendeu uma bela caixa recheada de DVD´s de filmes nacionais da Conspiração Filmes que enriqueceram minha DVDTeca, que eu ganhei do pessoal da produtora um tempo depois... Prêmio de Consolação!!! hahaha


Making Off


Na boa... não ficou meio Drag mesmo??? Que cabelo é esse??? E as bochechas cor-de-rosa??? Sei lá se isso fica bom no vídeo, mas até na foto ficou medonho!!! Look By Fernando Torquatto.

Ele, "O Cara" (que eu não fazia a menor idéia de quem era), e sua assistente esquisitinha... Hoje em dia ele faz até o júri da Dança do Faustão... se fosse hoje eu pelo menos ia saber quem é, né??? hahaha

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Gordura, Regime, Dieta, Drogas e outras cositas más

Hoje o papo é sério... E antes de mergulhar nas minhas palavras e iniciar mais uma história da minha vida, preciso fazer alguns esclarecimentos:

Relutei muito pra abordar esse tema aqui no Blog, porque sei que vai parecer "papo de gordo" que quer encontrar uma desculpa para justificar o excesso de peso. O assunto é polêmico. Muito mais do que polêmico, é um assunto extremamente sério e que envolve questões de saúde - física e psicológica. Eu, obviamente, não tenho "autoridade" para me aprofundar nesses aspectos... Por isso, quero deixar bem claro que estou escrevendo sobre minha opinião pessoal, baseada em muitas experiências vividas e em como as coisas funcionaram comigo.

ALGUNS PENSAMENTOS DAS PESSOAS SOBRE OS GORDOS:
* Todo gordo é gordo porque quer;
* Todo gordo é relaxado;
* Todo gordo come demais;
* Todo gordo é preguiçoso, sedentário;
* Se uma pessoa é gorda desde criança, a culpa é da mãe;
* Gordo só come porcaria, e aos montes;
* Na despensa de um gordo só existem comidas engordativas, como doces, chocolates e salgadinhos;
* Nenhum gordo é saudável;
* Nenhum gordo é bonito;
* Nenhum gordo é elegante;
* Nenhum gordo é feliz.

Obs.: Nem todo mundo expressa esses pensamentos, mas garanto que é assim que pensa a grande maioria das pessoas... algumas verbalizam, outras não, mas é assim que pensam.

SOBRE MIM

Sempre fui gorda, desde que me conheço por gente.

Eu gosto de comer bem, isso é fato, mas nem chego perto dos exageros que a maioria das pessoas pensa que um gordo comete. Também não sou preguiçosa, e embora não esteja praticando nenhuma atividade física regular atualmente, garanto que queimo muitas calorias na correria diária, me movimento, ando, subo e desço escadas, faço esforços físicos, e toda essa "movimentação" é até classificada por alguns como "ginástica doméstica".

INFÂNCIA

Já pensei muito como alguns, de que o fato de eu ser gorda seria culpa da minha mãe... Mas não é... Minha mãe criou 4 filhas, de maneira exatamente igual. Particularmente eu e minha segunda irmã, que tem apenas 1 ano de diferença de idade pra mim, crescemos juntas, e sempre fomos tratadas de maneira idêntica. Aliás, quando éramos crianças, as coisas eram bem difíceis, então todo alimento era fracionado em proporções equivalentes... Naquela época, se eu comesse uma bolacha, minhas irmãs também comiam uma; se eu tomasse um copo de tubaína, minhas irmãs também tomavam um; se eu chupasse uma bala, minhas irmãs também chupavam uma, era sempre assim, sempre uma divisão justa...

Nossa alimentação era muito simples - arroz e feijão todo dia, com uma mistura, que muitas vezes era apenas um refogado de chuchu, ou de abobrinha, ou de berinjela, ou um ovo frito, ou um pedaço de frango cozido, etc. Minha mãe era quem fazia o nosso prato, e o fazia exatamente igual, com a mesma quantidade para todas as filhas - coisa de mãe. Não havia, naquele tempo, fartura de porcarias nos armários, então nós comíamos nas horas certas - café da manhã, almoço e jantar, e não havia essa mania de hoje em dia de ficar beliscando outras coisas entre as refeições, isso era um luxo permitido a poucos afortunados.

Também não tínhamos acesso a "fast-foods", MC Donald´s nós fomos conhecer já na adolescência, pizza era coisa rara, e comer fora então, só uma vez por ano, e olha lá!

Minha rotina alimentar da infância chegaria muito perto da "dieta ideal" propagada hoje em dia, pois apesar de muito simples, realmente só comíamos nas horas certas, e alimentos saudáveis, comida caseira, sem nada de porcaria.

Mas mesmo assim eu fui uma criança gorda. Como já disse, sou gorda desde que me conheço por gente. Eu comia exatamente as mesmas coisas que as minhas irmãs, exatamente as mesmas quantidades, e só eu era gorda, minhas irmãs sempre foram bem magrinhas. Culpa da minha mãe??? Já ficou claro que não! Ela fez a parte dela, eu fiz a minha, mas nenhum ser humado é igual ao outro, e por alguma razão biológica meu organismo sempre absorveu mais gordura.

Apesar de tudo, tive uma infância feliz, porque naquela época não havia tanta pressão da sociedade pelo corpo ideal, muito menos sobre crianças. Também sempre fui muito saudável, nunca tive problemas de saúde, nunca tive colesterol ou triglicérides elevado, nunca tive problemas que são associados à obesidade, e acredito que isso acontece justamente pelo fato de a minha alimentação ter sido sempre muito regrada, equilibrada.

ADOLESCÊNCIA

Como nada na vida é perfeito, chegou a adolescência, época do despertar da vaidade, da vontade de ser aceita, desejada... Que eu me lembre, foi a época em que o fato de ser gorda começou a ter um peso maior sobre mim. Eu já não era mais tão feliz, porque sabia que era diferente, não tinha a mesma "elegância" das outras meninas, e isso fez com que eu me recolhesse num mundinho particular, me tornei uma menina tímida, quieta, sempre sozinha, sempre no meu canto.

Como eu era gorda, também era "mole"... Agilidade nunca foi meu forte, nunca tive "talento natural" para esportes, e eu me sentia um peixe completamente fora d´água. Em casa eu até brincava de qualquer coisa com as minhas irmãs, como pular corda, rodar bambolê, etc., mas na escola eu não conseguia nem mesmo brincar com os outros alunos na hora do recreio, estava sempre parada, encostada em algum canto, eu e meus pensamentos, eu e meu sofrimento. Dizia pra mim mesma que um dia isso iria mudar, que um dia eu seria magra como as outras meninas, e todos iriam gostar de mim.

Não posso dizer que minha adolescência foi "infeliz", mas foi de longe muito menos feliz do que a infância... maldita hora que perdemos a inocência e pureza de criança e viramos quase-adultos cheios de auto-crítica. Eu me odiava por ser gorda. Não queria nem saber qual era o motivo da gordura, não tinha idéia do que fazer para mudar isso, mas sabia que aquilo me perturbaria para o resto da vida, e passei a dedicar meus modestos esforços para mudar essa história... Tentava fazer ginástica em casa, não comia (escondida da minha mãe, claro), e cheguei até a passar mal algumas vezes por estar sem comer... Emagrecer??? Não, não emagreci... foram tentativas totalmente frustradas, que só contribuíam para me deixar com mais raiva de mim mesma.

TORNANDO-ME ADULTA

Aos 14 anos eu comecei a trabalhar. Tinha concluído a 8ª série e ia começar o Colegial. Arrumei um emprego diurno como auxiliar de escritório, e estudava à noite. Levava marmita para o trabalho, continuava não comendo besteiras porque, embora tivesse meu dinheirinho, era bem pouco, e eu pagava a mensalidade do Colégio, então não sobrava pra extravagâncias.

Mas comecei a interagir com outras pessoas, com adultos, e quando tinha coragem de falar que desejava emagrecer, sempre aparecia alguém cheio de dicas e dietas mirabolantes pra eu atingir meu objetivo. Claro que eu experimentei todas, fazia tudo o que diziam, tomava um copo de água morna todo dia de manhã, passava a semana inteira só tomando líquidos, só comendo melancia, lembro de uma dieta que consistia em passar 1 dia inteiro só tomando água, e vários outros absurdos, mas eu fazia, mesmo sentindo tonturas, mesmo passando mal, porque o que eu desejava mais do que tudo era ser magra e aceita pelos outros.

Lembro de uma vez em que comprei uma revista e tinha lá uma propaganda de umas cápsulas não sei do quê, que prometia resultados milagrosos em pouco tempo. Supostamente, seriam cápsulas naturais, e eu comprei crente de que seriam a solução dos meus problemas. Era fácil comprar essas coisas, mesmo sendo menor de idade... O resultado, claro, não veio, mas foi o start de um processo que se aprofundaria anos mais tarde, do consumo desenfreado de substâncias para emagrecer.

DROGAS

Quando eu fiz 18 anos continuava gorda e infeliz. Já estava na Faculdade, e comecei a trabalhar numa empresa grande. Eu tinha plano de saúde. E acesso a outro tipo de "informação".

Uma pessoa me indicou uma médica endocrinologista que "fazia milagres", onde quase todo mudno da empresa ia, até gente famosa! Ela atendia pelo nosso plano de saúde, e eu, mais do que depressa, marquei uma consulta.

Cheguei pra consulta cheia de expectativas, lembro-me de ficar observando as pessoas na sala de espera (sempre lotada), e pensando quantos quilos já teriam emagrecido com a tal doutora. Fui atendida. Uma pequena entrevista sobre meu histórico médico. Uma relação de exames de sangue. Fiz todos, mais do que depressa, e voltei ao consultório pra conseguir a tão sonhada receita.

Foi mais fácil do que se pode imaginar. Uma rápida olhada nos meus exames, todos normais, e lá estava eu saindo do consultório com um monte de receitas debaixo do braço, todas com aquela via azul dos remédios controlados. Femproporex em doses elevadíssimas, Anfepramona, Diazepam. Remédios manipulados, caros, tarja preta, mas a essa altura da minha vida o sonho da magreza não tinha preço, nem limites.

Da primeira vez, foi um tratamento de apenas 3 meses. Sim, em 3 meses, acreditem, eu eliminei 18 quilos! Um sonho! Eu estava, finalmente, magra... bem magra... Completamente drogada, mas magra! Claro que eu tomava os tais remédios escondida da minha família, que jamais aprovaria aquilo. Nessa época, eu já sabia que os tais remédios eram drogas pesadíssimas, tinha esclarecimento suficiente pra saber que nenhuma mãe em sã consciência deixaria uma filha tão jovem se entupir dessas drogas, por isso fazia tudo "por debaixo dos panos", e ninguém entendia como eu estava emagracendo tanto, e tão rápido.

Meu comportamento, obviamente, estava totalmente alterado. Eu que sempre fui uma moça calma, tranquila, quietinha, e do dia pra noite comecei a ter ataques de histeria, ficava nervosa à toa, brigava com todo mundo, a vida da minha família era um inferno quando eu estava por perto, sempre agitada, sempre de mau humor. Eu até percebia isso, mas inicialmente não associava aos remédios, achava apenas que era uma fase típica de uma jovem de 18 anos.

Depois dos tais 3 meses cheguei a ficar abaixo do meu "peso ideal". Comprava calças jeans nº 38, usava blusinhas justas, roupas mais modernas que enquanto gorda o bom senso nunca me permitiu usar. Mas a minha alegria de magra durou pouco, bem pouco... menos do que os 3 meses de tratamento... Como que num piscar de olhos, sem os remédios, lá estava eu novamente com as roupas de gorda, com todos os 18 quilos de volta, e mais alguns de "brinde"...

Minha reação? A óbvia: Voltei correndo para o consultório da tal doutora, pedi mais receitas, comprei mais remédios, e a história se repetiu... Novamente emagreci bastante em pouco tempo, mas com medo de parar com os remédios e engordar tudo de novo, não quis interromper o tratamento... Fui tomando as drogas, e me mantendo magra, por quase 1 ano inteiro... 1 ano inteiro de comportamento alterado, de noites mal dormidas, de mau humor, de agitação, de pesadelos, de paranóias... Às vezes eu não tomava os remédios nos finais de semana, porque ficava em casa e como tinha que fazer isso às escondidas, e minha mãe já estava desconfiada, eu não conseguia burlar a vigilância (eram muitas pílulas várias vezes por dia). Nesses finais de semana, minha vida se tornava um inferno, e a vida de quem estava por perto também... Eu tinha crises de abstinência, às vezes ataques compulsivos de comer sem parar, uma coisa louca, mas eu estava tão viciada nos remédios que nem percebia que isso não era normal...

Depois de quase 1 ano de tratamento contínuo, parei novamente com a medicação. Não foi nem por recomendação médica, porque a tal doutora ia prescrevendo as receitas mesmo quando eu já estava bem magra, as consultas eram relâmpago, 5 minutos no máximo, ela me pesava, perguntava se estava tudo bem, e prescrevia mais uma receita pra 30 dias, sem quase me olhar nos olhos. Mas foi uma época em que eu tive uns problemas de grana, e como os remédios eram muito caros, tive que abrir mão deles... Foi horrível... eu suava frio nas horas em que deveria tomar o remédio, como se meu organismo clamasse pelas drogas... Como não tinha o remédio pra tomar, e controlar meu apetite, eu comia, comia, comia, e rapidamente engordei de novo, tudo o que tinha emagrecido quase em dobro!

Foi uma época deprimente da minha vida... Minha auto-estima era praticamente nula, eu usava roupas de velhas, me sentia a pior pessoa do mundo, chorava às escondidas, tinha vontade de morrer... Eu sabia que as drogas não eram o melhor caminho. Sabia que se eu voltasse a tomar os remédios entraria novamente no ciclo vicioso de emagrecer rapidamente e ficar alterada, e que quando parasse sofrerira todo o terror de engordar...

Tentei ser persistente, coerente, e buscar outras alternativas pra conseguir emagrecer sem precisar me drogar... Tentei os remédios fitoterápicos, cápsulas de ervas, chás não-se-do-quê, dieta da Lua, do Sol, do Ar, tentei o Vigilantes do Peso, a dieta dos pontos, tentei de tudo que existe "no mercado" em termos de alternativas pra emagrecer... Gastei uma fortuna em fórmulas milagrosas, em aparelhos pra queima de gordura, em tudo que se pode imaginar... De nada adiantou... Quando muito, eu conseguia emagrecer 1, 2, quilos em 2, 3 meses, era tão desestimulante que logo eu desistia, e passava pra outro método.
Até que consegui me segurar por um bom tempo... Gorda e infeliz, mas livre das drogas, embora esse fosse um tema que estivesse sempre rondando a minha mente, porque eu sabia que era a solução rápida e eficiente. Mas aí chegou o último ano da faculdade, a expectativa da formatura, e eu acabei cedendo... Não podia estar tão feia no meu baile de formatura, depois de 5 anos de dedicação áruda! Voltei à doutora, peguei mais receitas, comprei mais drogas, dessa vez em concentração maior, porque eu tinha urgência em emagrecer, e novamente mergulhei no mundo sombrio da dependência química.

Estranhei quando o emagrecimento não veio na velocidade das vezes anteriores... Embora eu estivesse tomando quantidades até maiores das substâncias, emagreci apenas 2 quilos no primeiro mês, o que me deixou em pânico. Então, na consulta do mês seguinte, a doutora me disse que isso acontece porque quando o corpo se acostuma com os aceleradores de metabolismo, a gente vai criando tipo uma "resistência" às fórmulas, de modo que elas precisam ser "mais fortes" pra produzir o efeito esperado... Foi aumentando a dosagem do femproporex, foi aumentando a dosagem das outras substâncias, mas mesmo assim demorou quase 1 ano inteiro pra eu emagrecer cerca de 12 quilos.

Também foi a época do "fundo do poço" pra mim... As pessoas em geral não percebiam, eu me esforçava pra parecer "normal", mas eu dormia muito mal, demorava pra conseguir pegar no sono, dormia poucas horas por noite, tinha crises terríveis de insônia, ficava zanzando pela casa no meio da madrugada, tinha dores de cabeça fortíssimas e muita dor de estômago... Vivia com gosto de cabo de guarda-chuva na boca, comecei a pegar nojo de comida, não conseguia comer quase nada, e quando comia passava mal, ficava com azia, enjoada, sofria de má digestão.

Aquela aceitação que eu tanto almejava não veio, porque embora eu estivesse magra, era uma companhia insuportável... Brigava muito com a minha mãe, que pegava no meu pé porque sabia que algo estava errado, tinha fama de insuportável no trabalho, e tirando uma meia dúzia de amigos que conseguiram superar meus ataques e meu mau humor, muita gente se afastou de mim nessa época.

Fiquei vivendo nesse inferno por quase 2 anos continuamente... Drogas, drogas e mais drogas... fórmulas cada vez mais fortes que no mês anterior... E meu corpo já não respondia mais como das primeiras vezes... Estacionei... Consegui me manter, sem engordar, com a medicação que não interrompi, mas não emagreci mais, tomei os remédios por vários meses sem perder uma única grama. Eu queria parar com os remédios, sabia que aquilo estava destruindo meu organismo, mas o medo de engordar tudo novamente me impedida de tomar a decisão mais sensata.
Eu era dependente de drogas. Não me envergonho de dizer isso, porque sei que muita gente passa pelo mesmo problema, embora nem todo mundo admita. Mesmo hoje em dia, com um controle maior sobre esses barbitúricos no mercado, ainda assim é muito fácil conseguir encontar um endocrinologista que prescreva doses elevadas de drogas para emagrecer, e o que é pior, muitas vezes pra pessoas que sequer sofrem de obesidade! Mulheres que querem emagrecer 3, 4 quilos vão ao consultório e conseguem uma prescrição de aceleradores de metabolismos pesadíssimos, que são um caminho sem volta, que destroem o organismo, que fazem muito mal, e que levam à dependência física e psíquica.

É um tipo de dependência química até pior do que a de outros tipos de drogas, porque os remédios pra emagrecer, quando adquiridos com receita, são um tipo de droga "legal", daquelas que se consome sem infringir nenhuma lei, o que leva as pessoas à falsa idéia de que isso é uma atitude prudente. Mesmo sem receita, é muito fácil se adquirir moderadores de apetite e aceleradores de metabolismo no "mercado negro"... Eu mesma já encontrei muita oferta, hoje em dia com a internet basta um clique para você ter acesso à droga que quiser, na quantidade que quiser... Uma pena... tudo teria sido diferente se eu soubesse ou tivesse lucidez suficiente pra enxergar que essa é a pior opção... Eu era muito jovem, muito pressionada pelo padrão de beleza, e cedi à tentação do caminho mais fácil... As consequências são desastrosas...

REDENÇÃO

Um filho muda a vida de qualquer pessoa de maneira avassaladora... certa vez, minha mãe me disse: "Flavia, apesar da gravidez não planejada, eu tenho que reconhecer que você se tornou uma pessoa infinitamente melhor depois que teve seu filho". E é verdade...

Só consegui parar com as drogas pra emagrecer quando me descobri grávida. Foi uma gravidez não planejada, num momento difícil, delicado, mas o tal instinto materno de que tanto falam me ajudou a ter forças suficientes pra tomar essa decisão. Foi a primeira decisão que tomei quando tive a certeza da gravidez. Joguei fora todos os meus remédios, na privada, pra não correr o risco de uma recaída. Já bastava eu estar estragada por essas porcarias de remédios. Não queria passar isso também para o meu filho.

Sofri muito com a parada brusca... foi uma loucura, as alterações hormonais da gravidez associadas às crises de abstinência dos remédios, tudo num momento muito tumultuado da minha vida... Precisei ser forte, muito forte, e a força veio do meu filho... Consegui, fiquei limpa, e tive uma gravidez saudável, apesar dos primeiros meses difíceis.

Engordei 24 quilos durante a gravidez... É uma marca altíssima, levei muitos puxões de orelha do médico, mas eu sabia que muitos daqueles quilos, senão quase todos, eram fruto não da gravidez, mas da interrupção dos remédios pra emagrecer. Consegui lidar bem com isso... A gravidez me ajudou a recuperar a lucidez, a recolocar as coisas na ordem certa, e pensar primeiro em saúde, e a buscar uma vida mais saudável.

Desde que meu filho nasceu, jamais perdi o peso adquirido na gestação. Às vezes, com um pouco mais de sacrifício, consigo perder 3, 4 quilos, mas acabo recuperando... Já procurei médicos, já fiz exames, e meu metabolismo é preguiçoso. Fui tentada algumas vezes a retomar o caminho dos remédios pra emagrecer, pois sou mãe mas ainda tenho vaidade, mas graças a Deus consegui resistir... Hoje eu sou mãe, há uma criança que depende de mim, dos meus cuidados, e não posso me dar ao luxo de ter ataques de comportamento por conta do consumo de drogas pra emagrecer! Além do que, sei muito bem que é um caminho quase sem volta, sei muito bem que é uma solução falsa, e que já causou estragos demais em mim.

Um médico me disse que essa "lerdeza" do meu metabolismo tem sim associação ao consumo das substâncias que ingeri durante tantos anos. Hoje, se eu fizer uma dieta rigorosa, mesmo assim será difícil perder peso... meu corpo é resistente... Talvez se eu tivesse feito um tratamento mais equilibrado anos atrás, antes de ingerir as drogas pela primeira vez, o resultado fosse diferente, mas hoje os estragos já estão feitos, e eu tenho que viver com eles.

Faço um exercício diário de auto-aceitação. Não sou infeliz com meu corpo, mas também não sou hipócrita de dizer que não gostaria de ter umas gordurinhas a menos. Eu queria, sim, ser um pouco menos farta. Eu queria, sim, estar um pouco mais próxima do padrão de beleza que nos impõem goela abaixo todos os dias. Eu queria, sim, poder ir à praia e colocar um biquíni sem morrer de vergonha... E me esforço pra isso... Mas não é fácil... Porque eu sou assim, sempre fui assim, uma pessoa farta, uma "picanhuda", como diz minha amiga Fernanda. Nas vezes em que estive muito magra, eu não era eu, sabe? Minha mãe dizia isso... Dizia que eu estava magra, e não parecia mais comigo... Meu marido também diz isso... Mas, o pior mesmo é que sempre que consegui ficar magra, foi às custas de alguma química, de alguma droga, de alguma porcaria aritificial, e o meu natural é esse que todo mundo conheçe.... Eu sou assim!

O que torna mais difícil essa auto-aceitação que eu tanto busco é justamente o pensamento dos outros sobre os gordos, como relatei no início desse post. É difícil, porque tem sempre alguém pra criticar, pra recriminar, e mesmo que a gente faça o maior esforço do mundo pra "se gostar", mesmo assim é difícil ter sempre pela frente alguém dizendo essas barbaridades sobre quem sofre de excesso de peso.

No restaurante, por exemplo. Se houver um grupo de pessoas comendo juntas, várias magras e uma gorda, todo mundo vai reparar no que o gordo está comendo. Sempre haverá alguém pra dizer (ou pensar): "Ah, por isso que Fulano é gordo! Olha como ele come!" O detalhe é que muitas vezes há um magro do lado comendo exatamente a mesma quantidade, não raro até mais, e do magro ninguém fala, o magro ninguém critica... Isso é irritante!

Tem sempre alguém pra dizer: "Olha lá o gordo preguiçoso subindo pela escada rolante no shopping!" Mas ninguém diz que tem um monte de magros que também não gosta de fazer o esforço físico de subir as escadas convencionais.

Tem sempre alguém pra dizer: "Olha lá o gordo sedentário sentado no sofá com um balde de pipoca e o controle remoto na mão!" Mas ninguém diz que muitos magros também se comportam exatamente do mesmo jeito!

No cinema, se um gordo está sentado com aquele balde gigante de refrigerante e o pacote enorme de pipoca pra assistir ao filme, todo mundo repara e pensa: "Nossa, que exagero!" Mas ninguém repara que vários magros estão igualmente se fartando nas mesmas quantidades.
Depois de ler o meu relato, talvez alguns de vocês estejam pensando: Mas, caramba, por que é que ela não vai pra Academia? Por que não vai malhar, caminhar, correr, se exercitar??? Atividade física é, sim, comprovadamente uma alternativa de vida saudável e uma excelente opção pra perder peso. Mas não é tão simples assim...

Eu, especificamente, como já relatei acima, comecei a trabalhar aos 14 anos. Trabalhava das 8h00 da manhã às 18h00 da tarde, saía do trabalho e ia direto para o Colégio, onde cursava o 2º Grau, e estudava até 23h00. Chegava em casa meia-noite, todos os dias. Mal tinha tempo de tomar um banho, comer alguma coisa e dormir, porque o dia seguinte começaria bem cedo.

Foi a mesma coisa durante a Faculdade, sempre trabalhei o dia inteiro e estudei à noite, e na época da Faculdade tinha inclusive aulas aos sábados... A que horas eu faria Academia? Humanamente, era impossível! Não é desculpa de falta de tempo, é a realidade dura da maioria da classe trabalhadora do nosso país. Poucos são os privilegiados que não precisam trabalhar em tempo integral, e que dispõem de uma parte do dia apenas pra cuidarem de si mesmos.

Como eu queria poder fazer aulas numa Academia! Sempre quis, mas nunca tive horário disponível pra isso... Depois que concluí a Faculdade, fiz Natação à noite durante 2 anos, juntamente com aulas de musculação e alongamento. Foi a única época da minha vida em que eu tinha tempo pra isso.

Depois, tive meu filho, e desde então além de trabalhar em tempo integral, sou mãe e dona-de-casa. Não há tempo pra Academia! Não há! Não é desculpa esfarrapada, realmente não há. Mesmo que eu queira dar uma "escapadinha" à noite, é difícil, porque não tenho quem fique com meu filho, meus horários giram em função dos horários dele, e Academia é um luxo distante pra mim. Portanto, malhar é uma solução ótima, perfeita pra quem pode... PRA QUEM PODE... E não é o meu caso, infelizmente...

Mas eu me esforço, como me esforço! Pode parecer que não, mas eu garanto que sim! Tenho meu filho, e procuro cuidar muito bem também da qualidade de vida dele. Ele é gordinho, sempre foi, desde que nasceu. Ao contrário do que alguns pensam, é uma criança super saudável, foi amamentado exclusivamente com o leite materno durante o primeiro ano de vida, não é acostumado a consumir besteiras, não gosta de doce, não gosta de bala, não gosta de chiclete. Mas, assim como eu e o pai, ele gosta de comer, é bom de garfo, e tem uma alimentação que deixa muitas outras mães com inveja - come salada, frutas, legumes, etc. E é gordinho. É a natureza dele. Há uma herança genética, por parte de mãe e de pai.

Só que as pessoas, quando vêem uma criança gordinha, já acham logo que é culpa dos pais que vivem empurrando besteiras para o filho. Certa vez, uma amiga minha, alguém muito próxima mesmo, conversando comigo sobre essa história de crianças obesas e comentando o fato de o Lucas ser "gordinho", me disse: "Ah, Flávia, mas eu tenho sempre a impressão de que a geladeira e a despensa da casa de vocês é cheia de porcarias, bolachas, chocolates, salgadinhos, refrigerante."...

Vejam só, quem me disse isso foi uma amiga próxima! Imaginem o que não pensam os não tão próximos assim! Lembro que nesse dia eu fiquei profundamente chateada, de perceber que as pessoas têm mesmo uma visão completamente distorcida de quem é gordo. Eu sei que muitos gordos são mesmo pessoas que comem muita porcaria, sei que muitas crianças hoje em dia são obesas porque são a geração Hamburger com Coca-Cola, e tal, mas não dá pra generalizar!

Ninguém é gordo porque quer! Alguns, até pode ser, mas ninguém gosta de ser discriminado, ninguém gosta de ser taxado de glutão, ninguém gosta de ser taxado de comedor descontrolado! Ninguém gosta de ir às compras e não encontrar roupas no seu tamanho, ninguém gosta de pegar um avião e ficar entalado na poltrona minúscula, ninguém gosta de estar sendo sempre observado enquanto come!

Às vezes eu me pergunto porque é que as pessoas são tão cruéis com os gordos... Eu mesma, passo por cada uma! Já contei aqui a história do casamento, quando uma convidada, em plena festa, praticamente me chamou de obesa! Tenho algumas tias que "adoram" comentar quando me encontram, coisas do tipo: "Nossa, como você engordou, heim!" (mesmo que eu não tenha engordado desde a última vez que as vi, elas dizem isso como que um jeitinho de me "lembrar" que eu sou gorda), e até algumas vendedoras de lojas de roupa fazem até um ar de satisfação quando soltam a famosa frase: "Ah, não temos essa roupa no seu tamanho!". É cruel demais, minha gente! Controlem suas línguas! Um gordo já sabe que é gordo, ninguém precisa dizer! A gente tem espelho, a gente enxerga, a gente sabe que está acima da medida padrão... E é muito ruim ouvir esses comentários, por mais inocentes que eles "pareçam" ser. Por que esses comentários nunca são soltados na forma de "elogios", mas sempre na forma de crítica, pra recriminar mesmo! Façam-me o favor! Preocupem-se com seus próprios corpos, e deixem os gordos em paz!

Outro dia alguém ia dar carona a uma pessoa gorda, e uma outra pessoa que estava perto comentou: "Ah, mas nem devia dar carona pra essa pessoa não! Olha como ela está gorda! Devia ir à pé, porque precisa caminhar!". Fiquei tão irada! O comentário nem foi pra mim, mas eu tomei a coisa quase como que pessoal, sabe? O que raios a outra Fulana tem a ver com a gordura da pessoa que pegou a carona? Cada um com seus problemas, ok???

E depois, eu posso até não ser uma delas, mas sei que tem muita gente gorda que é extremamente feliz com seus quilinhos a mais... Sei que tem muita gente gorda que não é doente, que não tem nenhum problema de saúde, e que é feliz sendo gorda e permitindo-se vários prazeres à mesa... Eu invejo essas pessoas, porque não consigo ser assim, 100% feliz com o meu peso, mas um dia eu chego lá!
Não tem coisa mais irritante do que uma pessoa magra que fica falando perto da gente sobre "preciso emagrecer", "preciso fazer regime"... Affffffff... como as pessoas são "sem noção"! Você ali, com toda a sua fartura, e chega um magrelo dizendo que tem que perder não sei quantos quilos... Pode até ser inocente, mas parece uma provocação, sabe!

Esse maldito mundo nosso que gira em torno do que você é por fora! Esse maldito mundo nosso que não fabrica roupas nos tamanhos adequados, e diminuem os manequins cada vez mais, mesmo sabendo que uma enorme parecela da nossa população está acima das medidas padrões! Esse maldito mundo nosso que propaga a cultura do "Super Size", que estimula o consumo desenfreado de porcarias, lanches de fast foods gigantes, pipocas no cinema em tamanhos cada vez maiores, e depois de toda essa porcariada vem querer vender a imagem do corpo esguio!

Isso tudo porque existe por trás do estímulo ao "engorda" a Indústria do Emagrecimento... Fico chocada com a quantidade de revistas mensais especializadas em assunstos sobre a beleza corporal... Sempre com manchetes de capa promovendo uma nova dieta, um novo medicamento, uma nova forma mirabolante para emagrecer... Eles estimulam as pessoas a engordarem para terem depois pra quem vender essas bobagens, sempre há um programa novo, uma Dieta Dream-Week, um Diet Shake, um Bio Slim, e mais um montão de produtos caríssimos que as pessoas compram desesperadamente, almejando o corpo ideal da modelo da capa da revista, corpo esse que, como diria o "Capitão Nascimento", e com raríssimas exceções, eles "Nunca Terão!"

DEPRIMENTE! O mundo seria muito melhor se nos importássemos menos com o tamanho das pessoas, e mais com o conteúdo que cada um tem... Tô cansada de gente vazia, que só sabe falar em dieta, academia, body-pump, aeróbica, spinning, lipoaspiração! Se você é um deles, ok... seja feliz, mas mantenha esses assuntos longe de mim, ok???

Sou a Dona Farta... Mas muito mais do que Fartura de gordurinhas, eu tenho fartura de conteúdo, e isso pra mim ainda é o que vale!

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

A História da Piscina de Bolinhas


Genteeeeeeeeeeeee... Preciso confessar... Eu guardo algumas frustrações da minha infância, e uma delas é a História da Piscina de Bolinhas...

Quando eu era criança, não tínhamos grana pra essas extravagâncias... Naquela época, haviam poucos Shoppings, e eu me lembro que sempre passava com a minha mãe lá no Shopping da Lapa, quando estávamos indo ou voltando da casa da minha avó, que morava na Freguesia do Ó.

O Shopping da Lapa não era nenhuma maravilha, até hoje é muito simples e pequeno, mas era o mais perto que chegávamos de um "grande centro de consumo". Não existiam aqueles mega parques (PlayLands) que existem hoje em dia nos Shoppings, mas eu bem lembro que tinha um cantinho lá com alguns brinquedos pra crianças, daqueles que você compra a ficha e brinca por uns minutinhos... Tinha aqueles bichinhos que ficam se mexendo pra frente e pra trás (coisa mais sem graça!), e tinha uma piscina de bolinhas!!!

Ah, a Piscina de Bolinhas... eu achava o máximo... sonhava entrar naquele negócio, via as crianças lá, dando altos mergulhos nas bolinhas e ficava imaginando qual devia ser a sensação... Claro que nunca tínhamos grana pra isso, custava caro e minha mãe estava sempre com todas as filhas, então seria impossível pagar a brincadeira pra todas as quatro... Que eu me lembre, nunca brinquei numa piscina de bolinhas quando criança, mas tudo bem, nem precisei de terapia pra superar isso... rsrs...

Só que agora, como sou mãe, me permito algumas coisas, e até algumas "pagações de mico"... Todo ano na festa de aniversário do Lucas eu arrumo uma desculpa pra entrar na piscina de bolinhas, mesmo contra a vontade dos donos dos Buffets, que ficam me olhando assim, meio torto, mas sem muita coragem de me mandar sair, já que eu sou "a mãe do aniversariante"... rsrs... Então eu aproveito!!! E me acabo... Acho uma delícia!!!

Falei pra uma amiga outro dia, que um dos meus sonhos de consumo é ter uma piscina de bolinhas em casa, uma bem grandona, podia até ser no meio da sala, tipo pra eu entrar lá e ficar jogada, mergulhada, vendo TV ou simplesmente brincando... hahaha... Seria show!!!

domingo, 25 de novembro de 2007

Um Final de Semana DELICIOSO!


O final de semana tá quase acabando, que pena... como sempre digo, quando toca a musiquinha do "Fantástico" é o sinal de que a moleza chegou ao fim, e é hora de começar a cuidar da organização de mais uma semana de trabalho prestes a começar...

Mas, vamos à avaliação do findi: Uma Delícia!!!

Ontem (sabadão), tiramos o dia para preguiçar, aquela coisa que ADORO fazer sempre que a "agenda" permite... Ficamos o dia inteiro de pijama, só nós três, totalmente desencanados com arrumação e organização da casa... Jogados no sofá, ou na cama, zapeando na TV, brincando, falando bobagens e dando risada um do outro... Adoro isso!!! Adoro um relax a três, adoro quando ficamos juntos sem ter mais nada pra fazer a não ser curtir um a companhia do outro... Me permiti até tirar um cochilinho no meio da tarde, coisa que raramente consigo fazer... Quando despertei, lá pelas oito da noite, fui surpreendida com uma ligação inesperada da minha amiguinha blogueira Vanessa, que também estava lá, "de boa", e nos chamou pra um churrasquinho improvisado de última hora... Como não somos de recusar um convite desses, aceitamos a "oferta" e fomos pra casa da Titia Vanessa, apesar de já ser meio tarde (mais de dez da noite!)...
Fomos super bem recebidos, e foi uma delícia passar um tempinho lá com eles, batendo papo, ouvindo música, tomando uma cervejinha e dando risada... Valeu mesmo, Van!!! Foi muito legal, precisamos repetir a dose muitas outras vezes, heim!

Daí hoje, domingo, a programação já estava feita, pois era a festa de final de ano e festival interno de natação lá da Kainágua, e meu atleta lindo ia se apresentar... Acordamos cedo pra um domingo, tomamos nosso café da manhã e lá fomos nós, exercer o papel de "pais babões"... E como babamos!!!

Foi uma festinha simples, mas muito gostosa, e lógico que o principal foi ver o desempenho do Lucas na piscina, mesmo depois de um longo recesso por conta do acidente (ele ficou quase 2 meses afastado das aulas, e voltou há pouco mais de 1 mês)... Nós, claro, tietamos muito, e não perderíamos a oportunidade de vir aqui exibir a nossa cria... Aproveitem!!!


Saca só o "estilo" do garoto no nado costas!



Grande Professor Júnior, o "rei da paciência"!


Ela nunca perde uma, a tia-babona Silvia!




Mamãe Orgulhosa

Teve direito até a uma conversinha com o Papai Noel


A árvore dos pedidos (que Papai Noel atenda, porque essas crianças estão impossíveis... tem cada pedido!)



O Boneco de Neve super resistente, que não derreteu mesmo com todo aquele calorão!!! hahaha






E, pra finalizar a exibição desta mãe babona com chave de ouro, segue o videozinho da apresentação feito pelo pai, um registro memorável do talento do meu pequeno nadador!!!

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Que Dia!!!

Aliás, que dia não, que semana!!! Afffffffffff...

Pra começar, nem consegui folgar e emendar o tal "feriadão do dia 20"... Eu bem que tentei, mas por aqui nem era feriado, então desde segunda-feira tivemos "vida normal"... o Lucas teve aula e as últimas provas no Colégio, e eu tive trabalho, muito trabalho!!!

Vida de autônomo é assim, principalmente na minha área... Tenho semanas tranquilas, em que consigo até fazer coisas pessoais sem comprometer o trabalho... Daí de repente, como que num passe de mágica, o mundo vira de pernas pro ar e todos os problemas acontecem ao mesmo tempo, todo mundo resolve me solicitar, e eu, que sou só uma, mal consigo respirar! Assim têm sido os últimos dias, e eu estou EXAUSTA!!!

Como diz minha amiga "super-bruxa-Érica", pior do que ter um chefe é ter vários chefes, o que é o meu caso... cada cliente é um chefe, e como eu trabalho pra empresas, não são "chefinhos que pegam leve" não... nãããããoo... são chefes que exigem, tudo pra ontem, tudo com a "máxima urgência"... é cruel, viu!!!

Massssssss... nem posso reclamar... faz parte e eu sabia que seria assim quando escolhi esse caminho... Bem ou mal vou me virando, totalmente escrava do celular e do notebook, fazendo mil coisas enquanto estou no trânsito ou enquanto espero a chamada para um audiência, e no fim, pelo menos até agora, tudo tem dado certo...

Eu estou com mil coisas na cabeça que queria postar aqui no Blog... algumas coisas até já estão rascunhadas, mas nem vou me atrever a publicar nada muito complexo hoje porque, estragada do jeito que estou, é capaz de eu assassinar o português, fazer tudo errado, e depois fico com raiva de mim mesma por escrever errado...

Por ora, vou só comentar uma coisa curiosa que descobri a meu próprio respeito hoje... Descobri que eu tenho medo, muito medo... um medo que eu nunca tive, e estou um pouco assustada comigo mesma...

Hoje eu fui para o Rio logo cedo, tinha umas coisas de um cliente pra resolver lá, acordei antes das 6h00 da manhã (o que pra mim é madrugada!), e antes das 9h00 já estava no avião...

Antigamente, nos meus tempos de solteira, nos meus tempos de Globo, eu vivia na ponte-aérea, viajava tanto que tenho a impressão de que às vezes passava mais tempo nos aeroportos do que na minha própria casa... Como sou "de origem pobre" (e pobre até hoje), sempre curti viajar, mesmo que a trabalho, sempre gostei de viajar de avião, e quando solteira nem era um problema passar tanto tempo pra lá e pra cá...

Já nos últimos tempos, viajei bem pouco, até porque desde que virei "autônoma" tirei pouquíssimas férias, e a última vez em que viajei mesmo, pra descansar e aproveitar, foi em 2005, quando fomos para o Nordeste.

Pois bem. Desde 2005 que eu não entrava num avião. E, de 2005 pra cá aconteceram as duas grandes tragédias da aviação brasileira (a da Gol no ano passado e a da TAM nesse ano). Também de 2005 pra cá surgiram os tantos escândalos sobre a insegurança do ambiente aéreo brasileiro, as tais crises dos Controladores de Vôos, a irregularidade da pista de Congonhas, etc... De alguma forma, eu digeri essas notícias ao longo do tempo, absorvi tudo isso como qualquer pessoa, e então chegou o dia de hoje...

Genteeeeeeeeeee... Eu estou com medo de avião!!! Muito, muito medo!!! E eu não sabia disso!!! É horrível!!!

Eu nem estava pensando em nada disso, fui viajar normalmente, estava lá tranquila, lendo meu livro, e tal, mas quando o avião começou a se movimentar, caramba! Comecei a suar frio, começou a me dar um troço, e ainda por azar eu estava numa poltrona bem em cima da turbina, então aquele barulho começou a me perturbar de um jeito assustador... Chegou uma hora em que eu tinha certeza que havia algo errado com o barulho daquela turbina, como se algo não estivesse funcionando corretamente... Tudo impressão minha, claro, mas eu fiquei super tensa, e na hora da decolagem então, putzzzzzzz... Até fechei os olhos e apertei os lábios, sabe... em pânico...

Calma, calma, não paguei nenhum mico, e acho que, tirando o senhor mal-humorado que estava do meu lado, ninguém percebeu a minha tensão... Consegui manter a classe, apesar do medo, mas confesso que só relaxei um pouco quando a "subida" terminou, e mesmo assim fiquei tensa durante todo o vôo...

Passei o dia inteiro pensando: "O que é isso, Flávia? Tá doida???"... Mas, de verdade, foi mais forte do que eu... um medo do cão, do avião cair, explodir, chacoalhar, sei lá... Sei que é tudo bobagem, pois mesmo com tudo que aconteceu voar continua sendo um dos meios de transporte mais seguros, e tal, só que tudo isso que aconteceu recentemente aqui no país fica dentro da gente de um jeito muito mais forte do que podemos imaginar... E logo eu, que nunca tive esse tipo de problema... Amarelei!!!

Na hora da volta, final da tarde, o momento de pânico foi o inverso... até que me mantive tranquila na saída lá do Rio, apesar daquele mar enorme que às vezes parece que vai nos engolir, mas quando foi chegando em São Paulo, novamente eu suei frio... O curioso na volta foi que eu percebi que tinha um grupo de homens "de negócios" que estavam nas poltronas ao meu redor que também esboçaram um certo "medinho", e alguns deles até comentaram: "Ai, tá chegando em Congonhas, seja o que Deus quiser...". Esse comentário me deixou um pouco mais tranquila, pensando que talvez não seja só eu que fiquei assim, e que talvez tudo que aconteceu tenha abalado muito mais pessoas do que imaginamos...

Enfim... Cheguei inteira, sã e salva, e já estou no aconchego do meu lar...

De qualquer forma, o dia de hoje me serviu pra uma constatação: Eu tenho medo... bastante medo... Não sei se isso é bom ou ruim, mas falar sobre esse medo que parece absurdo acabou me aliviando um pouco, e não vou me envergonhar dele, afinal, todos nós temos nossos medos, não é mesmo???



Boa Noite, e Boa Sorte!!!

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Vídeos - Festa do Lucas

*** Não consegui disponibilizar os vídeos diretamente aqui no Blog, deu algum tipo de erro que desconheço, então resolvi deixar apenas o link pra quem quiser assistir diretamente lá no Google Vídeos***

Vídeo 1 - A Máquina de Dança:

"Quem tem amigos como esses não precisa de inimigos", affffffff... A mãe nem pode se divertir um pouquinho com o filho que tem logo uma "câmera indiscreta" pra registrar o mico... kakaka... Não sei o que é mais engraçado - a nossa performance na "máquina de dança" ou os comentários dos amigos doidos ao fundo... ô, povinho sem classe!!! hahaha


Festa só é completa se tiver muita farra... olha aí um trechinho - a farra do bolo... rsrs...

domingo, 18 de novembro de 2007

Parabéns, Lucas! (Parte II)


Sábado, dia 17 de Novembro, o Lucas completou "oficialmente" 7 anos de idade... Obviamente não deixaríamos essa data passar em branco, né!!! Logo nós, que adoramos uma festa!!!

Então, apesar do orçamento apertadíssimo pós-casamento, demos um jeitinho e fizemos a tradicional festa no Buffet Tic Tac, em Osasco... Esse ano foi uma festinha bem mais "íntima", por conta do feriadão prolongado muitos amigos "habituès" acabaram não comparecendo, mas mesmo assim tivemos aquela galerinha show de sempre, e nos divertimos muuuuuuuuito...


Tivemos também esse ano, pela primeira vez, a "ilustre" presença dos irmãos do Lucas - Yan e Ully - que aproveitaram a ocasião e vieram passar o feriadão aqui conosco (eles moram no Rio de Janeiro)... Aliás, desde quinta-feira meu "apertamento" mais parece um albergue, tem mochila, tênis, roupa e edredon pra todo lado... Mas foi super divertido... eu dei muita risada com esses dois adolescentes "lesadinhos", e o Lucas, então... amou de paixão, ele é louco pelos irmãos, e não deixou os dois em paz um único minuto durante todo o final de semana prolongado...


Depois da festa no Buffet, como sobrou muuuuuuuuuuita cerveja, chamamos a galera pra dar uma esticadinha aqui em casa, e lotamos o apartamento... Imaginem uma "zona", meu filho abrindo os presentes, brinquedo pra todo lado, papel de presente embolado num canto, gente no chão, gente no sofá, gente nas cadeiras, gente saindo pelo ladrão... todo mundo bebendo, falando bobagem, brincando com os presentes do Lucas e dando muita, muita, muuuuuita risada!!! Foi incrível... eu me diverti muito, e quero repetir a dose logo logo!!! Como eu adoro receber gente alto-astral aqui em casa!!! ADORO!!! E a bagunça??? Ah, nada que uns minutinhos não coloquem em ordem depois, e todo o trabalho vale a pena... sempre vale a pena se divertir!!!


Resumidamente, o final de semana foi muito bom... do jeito que a gente gosta... simples, com gente "de casa" por perto, muita cerveja, comida, bobagem e risadas!!! Que venham muitos outros iguais!!!



Mãe pode tudo... então eu me permiti voltar a ser criança... teve até farra na piscina de bolinhas... que delícia!!!


Meia-noite do dia 16 para o dia 17... Lucas a postos para mudar a data no seu calendário... que felicidade é pra criança fazer aniversário, né!!! Curtimos muito, desde o primeiro minuto!

sábado, 17 de novembro de 2007

FELIZ ANIVERSÁRIO, FILHO!!!


Há exatos 7 anos, o Mundo se tornou um lugar melhor, e minha vida ganhou um verdadeiro sentido...

Há exatos 7 anos, fui presenteada com o maior tesouro do mundo, e desde então sou uma pessoa plenamente feliz...

FELIZ ANIVERSÁRIO, LUCAS!

TE AMO MAIS QUE TUDO!!!
VOCÊ ME FAZ MUITO FELIZ!!!
com amor,
Mamãe.
P.S.: Postado às 0h30 do dia 17/11/07 (o horário do blogger não confere com o nosso horário de verão!)

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Parabéns, Lucas!!! (Parte I)



Ainda faltam oficialmente 3 dias para o meu filhote completar seu 7º ano de vida... Mas as comemorações já começaram, porque somos assim... Adoramos uma festa!!!

Hoje foi o dia da festinha no Colégio... Como amanhã é feriado, e a sexta-feira será "enforcada", tivemos que adiantar pra hoje... Deu um trabalhão organizar tudo, porque decidimos meio em cima da hora, mas valeu a pena depois que vi a farra da criançada, e a alegria do Lucas...

Foi uma festinha rápida, um recreio um pouquinho aumentado, então tudo tinha que ser feito naquele ritmo e ordem que só professora de ensino fundamental sabe, né Maristina???

Eu e a Prô Maristina - saca só a cara de acabada dessa que vos fala...

Olha só a "maratona": Distribui os salgadinhos, em quantidades e variedades iguais pra cada um, daí vai passando os copinhos e o refrigerante, nesse meio tempo passa água, e já vai cortando o bolo, montando os pratinhos com os docinhos, tira foto, distribui o bolo, alguém derruba o refri, outro vem dizer que não gosta de coxinha, outro vem pedir mais bolo, outro vem dizer que quer mais brigadeiro (meu Deus! O brigadeiro acabou! Só tem bicho-de-pé!), enquanto isso distribui as lembrancinhas, e tira foto, ajuda as crianças a entregarem os presentes e o aniverariante a abrir os presentes, alguém vem perguntar alguma coisa (aquelas perguntas de criança), a gente perde a conta de quem já comeu bolo e quem ainda não comeu, alguém reclama que está esperando, e corre daqui, e acode ali, ufaaaaaaaaaa... Que sufoco!

Só mãe pra topar uma parada dessa, na boa... E, claro, a Professora, né??? Eu ficava meio perdida, só "seguindo as orientações da Prô", e perguntando: E agora, eu faço o quê??? rsrs... Ainda bem que a Prô em questão é a Maristina, então no meio desse caos a gente ainda conseguia conversar e dar risada, e apesar do cansaço foi uma delícia!!!



Ah, sim... meu papis, o grande vovô sãopaulino mor Washinton, e a super-tia-sempre-presente Silvia também participaram dessa aventura... Viramos todos garçons da criançada, e tenho certeza que todo mundo saiu satisfeito!

Como sempre, valeu, valeu muito... Ser mãe é isso... é se lascar e ainda querer mais, sempre mais... que venham muitos, muitos, muuuuuuuuitos aniversários do meu filho, que é a razão da minha vida, é o ar que eu respiro, é meu tudo, meu mundo, por ele eu mato e morro, e pra ele, eu dou o mundo se eu puder!!!
Os Meninos
As Meninas


Tia Silvia


Vovô



A Orquestra das Bexigas... ô, criançada lindaaaaaaaaaaa




Ôbaaaaaaaaa... Presente!!!!



Parabéns, filho... Te amo muito, muito, muito...
e as comemorações pelo seu aniversário estão só começando!!!
O feriadão nos aguarda!!!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

A História do Caroço de Ameixa


Tivemos uma infância extremamente simples, mas foi uma infância feliz... Bons tempos em que precisávamos apenas de um quintal pra brincar e descobrir o mundo...

Morávamos numa casa simples de 3 cômodos, e como o terreno era grande, tínhamos um quintal imenso, com mato, terra, pedra, e até um poço! Havia um pequeno pedaço do quintal cimentado, protegido por uma cerquinha de madeira, onde minha mãe estendia roupa lavada, onde havia o nosso balanço de metal, e onde passávamos a maior parte do dia, brincando e aprontando...

Minha irmã Silvia sempre foi muito mais "esperta" do que eu... Apesar de ser um ano e meio mais nova, ela sempre foi muito "espoleta", era magrelinha então tinha facilidade de subir aqui, se pendurar acolá, correr, etc... Já eu sempre fui meio "tchonga", sempre fui meio "lerda"... rsrs... Era gorduchinha, não tinha muita agilidade, era medrosa e uma "manteiga derretida"...

Mesmo com essas diferenças gritantes, eu e a Silvia éramos muito parecidas quando crianças, e minha mãe, é claro, costumava nos vestir iguais... me lembro que sempre quando saíamos alguém vinha e perguntava: "São gêmeas"?

Também éramos (e somos até hoje) muito diferentes na personalidade, mas isso nunca foi obstáculo para que fôssemos extremamente próximas, pelo contrário... pode até ser que isso tenha nos ajudado a ser tão amigas, como se uma completasse a outra.

Normalmente, casas onde existem muitos irmãos são também palco de brigas frequentes, brigas de irmãos são coisas super comuns, mas nunca foram comuns na nossa casa. Por alguma razão meio difícil de explicar, e também por mérito dos nossos pais, que souberam nos educar de maneira brilhante (dadas as condições), nunca tivemos uma briga feia, raríssimas vezes discutimos, e o clima de paz sempre reinou entre as "Irmãs Aguilhar", apesar de tantas diferenças...

Cuidávamos umas das outras, e é assim até hoje.

Na época da história do caroço de ameixa, eu devia ter uns 5 ou 6 anos, e a Silvia uns 4 ou 5, não lembro com precisão. A Cátia (minha terceira irmã) era bebê ainda, devia ter pouco mais de 1 aninho, então as tardes no quintal eram uma exclusividade minha e da Silvia, estávamos sempre grudadas, inventando alguma brincadeira inimaginável, enquanto minha mãe estava envolta nos afazeres domésticos e nos cuidados com a bebê.

Certo dia, estávamos lá no quintal tentando inventar algo novo... Não tínhamos quase nenhum brinquedo, então tínhamos que brincar com os materiais disponíveis no quintal - terra, mato, pedras, etc... Um garoto vizinho juntou-se a nós e trouxe um punhado de caroços de ameixa, já secos, e ficamos ali tentando inventar algo com aquela "novidade"... Gostávamos da sensação do caroço de ameixa nas mãos, aquela coisa meio escorregadia, aquele caroço tão perfeitamente ovalado, e nem me lembro qual foi a brincadeira, só sei que os caroços de ameixa fizeram da nossa tarde uma festa.

Logo o menino vizinho foi embora, e novamente ficamos só eu e a Silvia... Caroço de ameixa pra cá, caroço de ameixa pra lá, e a Silvia então teve a brilhante idéia de ver se o caroço cabia no nariz dela. Coisa de criança, ela simplesmente pegou o caroço de ameixa e enfiou no nariz, assim, sem titubear! Eu, a medrosa "tchonga", claro que não me aventurei nessa "experiência", mas fiquei olhando, e vi o caroço deslizar suavemente para dentro do nariz da minha irmã, ao mesmo tempo em que se formou uma enorme protuberância ao lado de sua narina...

A princípio, a Silvia riu, e eu também ri. Foi mesmo engraçado, o caroço "mergulhou" nariz adentro, sem esboçar a mínima resistência. Mas aí veio o momento: "Vamos tirar!"...

E quem é que disse que conseguiríamos tirar o caroço de ameixa do nariz??? Claro que era quase impossível, justamente pelo formato ovalado do "objeto", associado ao fato de ser totalmente escorregadio. Primeiro, a Silvia tentou puxar, sem sucesso... Daí foi a minha vez, e quanto mais eu tentava encostar o dedo e formar uma garrinha pra puxar o caroço, mais ainda ele mergulhava narina adentro... Olhamos uma pra cara da outra com aquela pergunta velada: "E agora?"...

Eu, claro, já estava quase chorando, morrendo de medo de aquilo fazer mal pra minha irmã, e morrendo de medo também da reação da minha mãe quando soubesse da "arte" que tínhamos aprontado... Daí eu tive uma última idéia brilhante, que seria a nossa salvação:

"_ Silvia, se você "assoar" o nariz, pode conseguir botar o caroço pra fora! Vamos tentar?", e ela na maior tranquilidade (era eu que estava nervosa!), fez que sim com a cabeça.

Um, dois, três, e... "assoa!"...

Minha irmã se preparou para dar "aquela assoada", e então, achando que estava fazendo a coisa certa, pronta para ver o caroço voar, deu uma enorme INspirada, daquelas de encher completamente o pulmão de ar... Ela fez o processo inverso, e com isso ao invés de expelir o caroço fez com que ele entrasse ainda mais na sua narina, de modo que a pontinha nem estava mais visível...

Daí eu me desesperei... Falei: "Silvia, e agora??? Esse caroço não vai sair nunca mais do seu nariz! Agora não dá mais pra puxar!!!"... Ela ainda estava calma, embora o ar faceiro tenha imediatamente desaparecido de seu rosto... Ficamos ali, alguns instantes, olhando uma pra outra, sem saber o que fazer... Pensei que talvez não fosse tão grave assim, e resolvi ir consultar a minha mãe, que estava no tanque esfregando roupa:

"_ Mãããããeeee (a voz já meio embargada pelo choro iminente)... mãe..."

"_ Ai ai ai, o que é menina? Não tá vendo que eu tô lavando roupa?"

"_ Mãe, eu queria saber uma coisa. Se uma pessoa enfiar um caroço de ameixa no nariz, ela morre?"

Minha mãe deu uma olhadela de lado pra mim, aquele olhar meio enviezado de quem tem muitas coisas pra fazer e não tem muito tempo pra perder com curiosidade infantil, e respondeu, brava:

"_ Claro que morre, Flávia! Mas quem é que vai enfiar um caroço de ameixa no nariz?"

"_ Buáááááááááá (eu, já em prantos)... Mãe, então a Silvia vai morrer!!!"

Só aí a minha mãe largou a roupa, endireitou o corpo, olhou pra mim e disse:

"_ O que é que você tá falando, menina? Quem vai morrer???"

"_ A Silvia, mãe... buáááááá... a Silvia vai morrer, porque ela enfiou um caroço de ameixa no nariz, e agora não sai!!! Buáááááá"

Minha mãe então, batendo o pé, largou o serviço dela e foi em direção ao quintal, onde a Silvia estava sentada num canto, com a maior cara de "paisagem"... Então minha mãe olhou, viu a protuberância exterior formada pelo caroço enfiado no nariz, levantou a cabeça dela, olhou pelo buraco da narina, e exclamou:

"_ Minha Nossa Senhora de Aparecida! O que vocês fizeram, meninas? Perderam o juízo???"

Eu só fazia chorar, e a Silvia continuava lá, como se nem fosse com ela... Não sei se minha mãe ficou mais nervosa com a situação do caroço ou com o meu drama, mas ela ficou brava pra valer... tentou fazer a Silvia "assoar" o nariz mais uma vez, brigou porque ela não sabia fazer do jeito certo, e então simplesmente disse:

"_ Teremos que esperar seu pai chegar do serviço pra ver o que vamos fazer."

E eu, no maior berreiro:

"_ Mas mãe, e se ela morrer??? A senhora não disse que quem enfia um caroço de ameixa no nariz morre, mãe? Então, ela vai morrer! Eu não quero que ela morra!"

Aí foi que minha mãe nos acalmou, disse que não era assim também, que a Silvia não ia morrer de uma hora pra outra, e que teríamos mesmo que esperar meu pai chegar pra resolver a situação...

Foram as horas mais longas da minha infância, eu acho... Eu me sentia meio culpada por ter deixado minha irmã fazer aquilo, e de certa forma até ter estimulado, já que fiquei curiosamente assistindo... Tinha medo (ah, que inocência!), que ela morresse mesmo, vejam só!!!

Mais tarde meu pai chegou, pegou minha mãe e a Silvia e foram ao Hospital. O caroço de ameixa foi imediatamente retirado por um enfermeiro com uma pinça, e em pouco tempo eles estavam de volta, a Silvia saltitando como se aquilo tivesse sido uma grande aventura, e eu ainda em estado de choque, ainda meio chorosa, ainda com medo da história do "morrer"...

Obviamente, ninguém morreu, e nada mais grave aconteceu. A Silvia continuou aprontando todas, eu continuei ajudando, estimulando, encobrindo... e assim termina A História do Caroço de Ameixa no Nariz, apenas uma das muitas histórias que permearam a nossa infância, e das quais me lembro em detalhes, como se tivesse acontecido ontem...

Que delícia é lembrar! Mas, não custa avisar: "Jamais enfiem um caroço de ameixa no nariz!"



UMA IMAGEM


Olá! Essa sou eu "ontem"... em algum dia do final do ano de 1976 - ano em que eu nasci.

Prólogo

Recentemente, li um livro fabuloso - "A Menina Que Roubava Livros". Este livro me marcou muito por diversas razões, e além de ser uma leitura deliciosa e intensa, também contém algumas "frases de efeito" que nos fazem na hora parar e pensar.
"O Ser Humano é feito de duas partes. Uma boa e uma ruim. É só misturar com água."
Profundo isso, não? E tão, tão verdadeiro... quem de nós não tem um lado imaculadamente bom??? Até os bandidos mais cruéis - dizem - o têm. Da mesma maneira, quem de nós não tem um lado assustadoramente ruim??? Aqui, eu sei, a conclusão é menos óbvia, porque somos tentados a dizer logo: "ah, mas eu sou ma pessoa do bem, não faço mal a ninguém, blablabla"... Ok, ok... isso é verdade na maioria das vezes, mas... até a página 2... Como diria um velho provérbio, "A ocasião faz o ladrão", portanto, até sermos confrontados a situações extremas, posso dizer que somos incapazes de ter noção do quão ruim pode ser o nosso "lado ruim"... E tomara que não precisemos nunca chegar a um auto-conhecimento tão profundo... mas que a parte ruim existe, ah... existe!
Mas na verdade invoquei essa frase do livro de Markus Zusak porque queria fazer uma analogia... Da mesma forma que o ser humano é feito de uma parte boa e uma parte ruim, acredito também que a nossa vida é feita de momentos bons e momentos ruins, momentos cômicos e momentos trágicos, momentos de sucesso e momentos de fracasso, e por aí vai...
E, misturando tudo isso "com água", como diz o autor da frase original, chegamos à nossa realidade, chegamos ao que somos hoje... Nada mais do que isso, somos o resultado dessa mistura de momentos "antagônicos" que vivemos, do que aprendemos com eles, e o que absorvemos de cada experiência vivida pra levar adiante.
Cheguei no ponto crucial:
"o que aprendemos e o que absorvemos de cada experiência vivida pra levar adiante".
Se sobre "as surpresas" que a vida nos reserva não temos controle quase nenhum (às vezes absolutamente nenhum mesmo), temos, entretanto, controle e livre arbítrio para escolher o que queremos carregar conosco depois de cada experiência vivida. Há os que escolhem carregar a amargura, a melancolia, a revolta dos momentos ruins, e acabam reservando espaço mínimo para a alegria, a diversão, o aprendizado que se pode tirar de tantos outros momentos, inclusive dos ruins.
É simples assim; é uma escolha. Podemos escolher sofrer e chorar a experiência ruim, expiá-la, tirar uma grande lição e seguir em frente buscando tantos outros momentos bons... Ou podemos escolher afundar no sofrimento e não abrir espaço para novas descobertas.
Claro que isso não é um exercício fácil, muito menos simples, mas garanto que é plenamente possível. Eu, particularmente, aprendi a duras penas essa lição... Houve uma época em que eu era uma pessoa profundamente amargurada, estava sempre achando que os meus problemas eram os maiores do mundo e que eu era a figura materializada da "Injustiçada". Mas ainda bem que vivemos, crescemos, amadurecemos e aprendemos, e então descobrimos que vale muito mais a pena levar da vida os momentos bons, porque os ruins já são ruins o bastante quando acontecem, e não há razão pra carregá-los conosco para sempre...
Por isso, eu sou assim... tento ver tudo sempre pelo lado positivo, tento ver tudo sempre pelo lado engraçado, tento ver tudo sempre pelo lado do aprendizado, e quanto aos momentos ruins, bem... procuro ridicularizá-los, e depois de um tempo consigo até rir das minhas próprias mazelas... Claro que há tristeza que não passa e sofrimento que não sara, mas se abrirmos espaço para o combustível "aditivado" que é a alegria, fica muito mais fácil lidar com aquilo que não podemos mudar...
Eu escolhi esse caminho. Posso dizer que é bem mais fácil... A vida, claro, é dura, duríssima... Problemas??? Tenho aos montes... Mas, quer saber???
Que se dane!!!
Eu quero é viver um dia após o outro, sem ficar presa às amarguras do passado, e me permitindo novas experiências! Isso é ser feliz! Pelo menos, estou tentando...
Vou contar aqui no Blog, esporadicamente, algumas "histórias" vividas por mim desde a infância, apenas pelo prazer de contar, pelo prazer de escrever, pelo prazer de rir de mim mesma, e pelo prazer de lembrar que, mesmo depois de um "terremoto", no fim tudo acabou bem, pelo menos até hoje... rsrs...