sexta-feira, 26 de junho de 2009

4 Sapos

A vida é uma sucessão de pequenos sapos engolidos. Faz parte.

Mas aí chega um dia em que, do nada, uns sapos-boi absurdamente grandes aparecem no nosso caminho, e tornam todo o processo de engolimento praticamente impossível. O famoso sapo entalado, sacaram?

Pois então. Vou contar 4 histórinhas pra vocês:

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Sapo 01:

Fui almoçar como sempre perto das 4 da tarde. É um horário bem difícil porque, exceto as maledetas praças de alimentação de shoppings, poucos restaurantes ficam abertos durante a tarde. Mas existem alguns, e supomos que se estão com as portas abertas, bem... deveriam estar atendendo, não é mesmo?

Não vou nem entrar nos detalhes da péssima vontade do garçom e do sushi man, porque senão este post ficará imenso, mas depois de comer bem mal e estar profundamente arrependida de ter ido ao tal Zushi, chegou a hora da conta. Pago (uma pequena fortuna), e peço a Nota Fiscal Paulista como de costume (todo mundo devia fazer o mesmo, ficadica):

_ Ah, a senhora vai desculpar, mas estamos sem sistema essa hora e eu não tenho como tirar a sua notinha.
_ Tudo bem, moço, você emite a nota manual então e anota meu CPF, dá na mesma...
_ Então, dona, nós não temos nota manual... (claramente me dispensando)
_ Como assim "não tem" nota manual? Vocês tem que ter, é obrigatório!
_ É, mas nós não temos, e com o sistema fora do ar... (tentando me dispensar mais uma vez)
_ Mas o sistema fora do ar não é um problema meu, moço... (e antes que eu concluísse ele me interrompe)
_ Olha, senhora, não posso fazer nada. Nós não temos talão de nota manual, e não tenho sistema... (e provavelmente ele teria emendado um "desapareça" na sequência, se pudesse)
_ Mas, moço, isso é absurdo e errado, muito errado. Todo estabelecimento comercial deve manter um talonário de Notas Fiscais. Você sabia que se houver uma fiscalização vocês serão multados?
_ Sim, dona, eu sei... se houver uma fiscalização, a gente "tá na roça" (claramente segura a vontade de rir e dá apenas uma piscadela, deixando bem claro que está se referindo àquele Reality Show tosco)

Depois dessa, desisti da briga, sabe? Não devia, mas desisti, porque ficou muito claro que o moço não estava me levando a sério, e eu não sei onde a história teria ido parar se eu realmente tivesse "comprado a briga".

Mas o sapo, né... ficou entaladão. Porque eu tenho muita raiva de lugar caro e metido a besta que não trabalha direito, não emite nota fiscal e nem dá bola para a argumentação dos clientes. Principalmente depois de um atendimento que não valeria 10% do valor cobrado na conta.

Operação sapo-boi entalado na goela #1: successful.

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Sapo 02:

Fui com a minha irmã comprar umas coisinhas na padaria, para um café da tarde. Por sugestão dela fomos a uma padaria "bacana", uma tal de San Paolo, na região do Alto da Lapa, que é um bairro... bacana.

Padaria "bacana" só para o dono, aliás, que deve estar bem rico com os preços absurdos que tem coragem de cobrar por 1 pãozinho de queijo, por exemplo. Mas até aí, beleza... quando você vai tomar um café da tarde (começo de noite, na verdade) na Ilha de Caras pode até se dar alguns luxos. E foi o que fizemos. Ou tentamos.

Estacionei meu carro - um Celta velhinho e cansado de guerra - na área reservada à frente da própria loja, ocupando uma das 6 ou 8 vagas (não lembro exatamente), ao lado de algumas super máquinas bem imponentes.

Já estávamos indo para o caixa com as compras quando um senhor que aparentemente era o dono ou gerente ou algo que o valha perguntou de quem era o Celta, me identifiquei, e então ele pediu a chave para manobrar.

Expliquei que já estávamos indo para o caixa e que não iámos demorar muito mais, e perguntei também o porquê de ele querer manobrar um carro que já estava certinho na vaga, e então ele disse rapidamente que "ia dar uma puxadinha para caber um outro carro atrás".

Aquilo não fazia muito sentido, mas eu nem liguei, dei a chave pro moço e me dirigi ao caixa, onde deixei uma pequena fortuna em reais por meia dúzia de croissants. O moço voltou, devolveu a chave do carro quando eu já estava de saída da padaria, e falou:

"_Coloquei seu carro aqui do lado, na outra calçada."

Não entendi e perguntei por que raios ele tirou meu carro da vaga para colocá-lo lááááá do outro lado, e ele falou meio depressa (tentando disfarçar), enquanto sumia:

"_Ah, eu só precisava liberar a vaga para outro carro" (e evaporou).

Olhei com cara de ué pra minha irmã, mas estava achando que, sei lá, tinha realmente alguma razão lógica pra ele tirar meu carro de uma vaga e colocá-lo na calçada do outro lado, à frente de outro estabelecimento, que por sinal estava fechado e sem iluminação.

Quando saímos da padaria foi que eu vi que e a vaga onde eu havia estacionado meu carro estava VA-ZIA. E, debaixo de garoa, tivemos que ir láááá para o outro lado, onde meu celtinha feinho e velhinho estava estacionado assim, no escuro, meio escondido.

No estacionamento da própria Padaria, aquele lugar onde eu parei inicialmente, estavam agora lindamente estacionados apenas alguns carrões, daqueles que valem umas 10 vezes o valor do meu carro, por baixo.

Mataram a charada? O cara não queria o meu carro velho enfeiando a entrada do estabelecimento metido a besta dele! Viu aquela carrocinha ali na frente, destoando do restante da "decoração", e tratou logo de dar um jeito na situação.

Sabe, a minha ficha só caiu mesmo quando eu entrei no meu carro e pensei: Puta que Pariu, que discriminação da Porra! (desculpem os palavrões). Gastei uma pequena fortuna naquela padaria de merda (San Paolo, na Rua Pio XI, pra deixar bem claro), mas como tenho apenas um Celta não sou digna de utilizar o estacionamento frontal deles. Sabe, isso é muito revoltante!

Eu devia ter descido do carro e voltado lá pra fazer um escândalo. Mas desisti - porque estava chovendo, porque eu estava com pressa, enfim, porque no fundo eu sabia que não adiantaria de nada...

Mas, sabe, o sapão ficou bem entalado, quase me sufocando. Tanto que o café de começo de noite na Ilha de Caras nem teve a mesma graça, e depois eu me arrependi muito de não ter feito um belo barraco lá na padaria de merda daquele imbecil.

E, ó, nem é tudo isso não, viu? Tem padariazinha de bairro suburbano por aí que faz um croissant infinitamente melhor. Corrão desse lugar, gente! Sério!

Operação sapo-boi entalado na goela #2: Successful

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Sapo 3:

Depois do episódio padaria, e pouco antes de chegar à Ilha de Caras, minha mana lembrou que precisava comprar café, então paramos rapidamente no supermercado Dia % que tem na Rua Tito. Quer dizer, rapidamente é modo de falar, né?

Primeiro eu queria dizer que nenhum estabelecimento chama "Dia %" impunemente.

Minha irmã ficou no carro e eu entrei pra pegar o café e o filtro. Por muito pouco não caí um tombo cinematográfico, porque estava chovendo, o piso do estacionamento molhado e o piso de mármore ou granito ou algo que o valha no interior da loja estava um sabão. E, gente, pra que colocar antiderrapante, se a gente pode conseguir boas vídeocassetadas, não é mesmo? Respeito ao cliente é isso, aprendam!

Sambei 2 minutos no piso escorregadio com meu salto 20 e por um milagre da física consegui recuperar o equilíbrio a tempo de salvar um resto de dignidade (e só um restinho, porque a cena do escorregão foi detalhadamente assistida por toda a galera que estava nas filas dos caixas.

Em 5 segundos peguei o que tinha que pegar e vou para os caixas. 3 Caixas.

No. 01 - "Caixa rápido até 10 unidades", com uma fila de umas 30 pessoas com poucos itens, e estava bem claro que aquele "rápido" da placa não fazia o menor sentido.

No. 02 - "Caixa Normal", com uma fila de umas 5 pessoas com a "compra de mês", sabe, aquelas compras de 2 carrinhos lotados até a boca? Então!

No. 03 - "Caixa PREFERENCIAL para idosos, gestantes, portadores de necessidades especiais e mães com bebês NO colo". Neste caixa não havia uma viva alma, e a "simpática" funcionária olhava para o nada com cara de poucos amigos.

A primeira coisa que me veio à cabeça foi: "Meu Deus, por que raios essa gente toda tá na fila gigante do caixa rápido se este caixa está livre?".

E, lógico, fui direto ao Caixa No. 03 (absolutamente vazio); e quando ia colocar o pacote de café na esteira a moça "suuuuuper simpática" só apontou a plaquinha acima da sua cabeça e falou: "Aqui é só pra idosos, gestantes, blablabla".

Então eu disse: "Não, meu bem, aqui está escrito que o caixa é PREFERENCIAL, e não EXCLUSIVO, e como não tem ninguém nestas condições..."

Bom, gente, aí a moça zuuuuuuper simpática me olhou como se eu tivesse falado aquelas palavras em aramaico, grego ou mandarin, e ficou bem claro que ela não fazia a menor idéia da diferença entre PREFERENCIAL e EXCLUSIVO.

Desisti de qualquer argumentação antes mesmo de tentar, sabe? Resignada, fui para a fila gigante e fiquei lá pensando que realmente nenhum estabelecimento se chama "Dia %" impunemente.

Que tipo de estabelecimento treina seus funcionários para deixarem uma fila gigante em um caixa quando existe um outro caixa totalmente inoperante? Isso num universo de... bem... 3 caixas apenas? A gente tem mesmo vontade de largar tudo lá e ir embora, pra não esperar uma fila gigante enquanto assiste uma terceira funcionária coçando as partes.

E fica ainda pior quando você vê uma mulher chegar com uma criança enorme de 3, 4 anos, sei lá, uma criança bem grandinha num carrinho de bebê, e essa fulana sim ser atendida pelo caixa PREFERENCIAL. Quando na plaquinha está claramente escrito: "mães com crianças NO colo".

O que acontece com o Mundo, gente, alguém me explica? Porque nada faz muito sentido, sabe?
Deu muita raiva, e mais uma vez eu desisti de brigar, porque eu ia discutir O QUÊ com alguém que não tem a menor idéia do que significa atendimento preferencial? Me poupei, sabe? Mas o sapo, né...

Operação sapo-boi entalado na goela #3: Successful.

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Sapo 4:

Nada é tão ruim que não possa ficar pior. Lembrem-se sempre disso.

Cheguei em casa umas 21h30. Podre de cansada, com frio, triste com a notícia da morte de Michael (mas nem vou desenvolver o assunto agora, porque ainda tô meio passada), louca pra tomar um banho quente, ver um pouco de TV e descansar na santa paz.

Mas paz é artigo de luxo nos dias de hoje. Lembrem-se sempre disso... também.

Meu apartamento dá para o terreno vizinho, onde funciona uma empresa. Mais precisamente para os fundos desta empresa, onde fica o estacionamento.

E sabe-se lá por quê eles resolveram que hoje, QUINTA-FEIRA, era dia de festejar os Santos Juninos. Fogueirona acesa bem no meio da área aberta, e música ruim comendo solta no galpão mais ao fundo, num volume tão alto que de qualquer cômodo do meu apartamento você poderia jurar que o DJ estava aqui dentro.

A música ia de "cair, beber, levantar" a "robocop gay", passado por "i will survive" e "calypso". E teve também putz putz... E o som muito, muito, muito alto mesmo!

Revoltante, sabe? Área residencial, 5a. feira, à noite... o mínimo que as pessoas merecem é um pouquinho de paz. Mas isso é artigo de luxo, como eu já falei.

Resolvi esperar até as 22h00, pra ver se "já estava acabando", mas quanto mais tarde ia ficando, mais alto o som parecia. E como minha quantidade de sapos engolidos ao longo do dia já estava alta o bastante, dessa vez resolvi agir.

Disquei 190 para ouvir:

"Polícia Militar. No momento nosso sistema está sobrecarregado, favor ligar mais tarde".

Gente, achei que era algum tipo de trote ou brincadeira, né, e tentei a 2a. vez, pra ouvir a mesma gravação.

Pára tudo! Como assim "Nosso sistema está sobrecarregado"? Desde quando isso acontece? O 190 não é um telefone de EMERGÊNCIA?

E se eu estivesse morrendo, ou sendo sequestrada, ou assaltada?

Juro pra vocês, eu tentei 5 vezes totalmente sem sucesso. Só na 6a. tentativa fui atendida por um PULIÇA zuuuuuuuuper simpático que ignorou totalmente a minha pergunta sobre a gravação.

Expliquei que queria fazer uma denúncia de perturbação da tranquilidade e bem nessa hora começou a tocar o Créu, bem a tempo de eu dizer: "O senhor está escutando isso? Isso é a festa da empresa vizinha! E agora são 22h40, e as pessoas precisam descansar".

O Seu Puliça me prometeu que uma viatura viria em seguida averiguar a festa, pegou meus dados e o número do meu apartamento, disse inclusive que viriam aqui para verificar o "vazamento" do som, etc e tal, e eu achei mesmo que resolveriam aquele inferno.

Mas eu pergunto: "Alguma viatura da PULIÇA" apareceu por aí?" Não, né? Então... NEM AQUI.

Meia-noite e cinco e tocava super-fantástico-amigo-que-bom-estar-contigo-no-nosso-balão no último volume, enquanto as pessoas da festa gritavam U-HUUUU! Só pra vocês terem uma idéia...

Sabe, gente, eu fiquei muito perto de surtar. Muito, muito perto.

A polícia provavelmente nem levou a minha denúncia a sério, sabe? Porque, né, eles sempre alegam que tem mais o que fazer, bandidos pra prender, e coisa e tal... como se o mundo fosse mesmo um lugar bem seguro e protegido.

Operação sapo-boi entalado na goela #4: Successful.

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E, sabe, eu precisava contar isso aqui. Pra aliviar um tantinho pelo menos, né? Eu precisava.

(mesmo correndo o risco de aparecer alguém dizendo que, puxa, como eu sou mal amada, e infeliz, e blablabla. Mesmo correndo esse risco.)

terça-feira, 16 de junho de 2009

Proposta a (alguns) leitores

Considerando o teor de comentários (anônimos, claro!) recebidos aqui no Blog recentemente, gostaria de propor a (alguns) leitores que ainda não entenderam o propósito dos meus posts um pequeno exercício de "interpretação de texto".

Sabe, aquilo que a gente estudava na escola, lá no Ensino Fundamental?

Pois então! Interpretação de texto faz toda a diferença, não só na leitura do meu Blog, mas principalmente na leitura da vida!

Fico impressionada, espantada e assustada com a incapacidade que algumas pessoas tem de ir além do óbvio, de ir além do que está escrito e desvendar a verdadeira intenção por trás de meia dúzia de palavras.

Eu sempre fiz essa analogia e muitas vezes fui incompreendida, mas a verdade é que o nosso país padece de um problema crônico de péssima (pra não dizer nula) interpretação de texto.

Problema este que acarreta a eleição dos políticos errados ano após ano, problema este que é o responsável pela falta de identidade do povo e pela cultura do "maria-vai-com-as-outras", problema este que é o grande responsável pelo enorme poder que se encontra hoje nas mãos das mídias de massas, que manipulam a opinião pública a seu bel prazer, porque ninguém quer ter o trabalho de interpretar coisas/fatos/notícias complexas para formar sua própria opinião, então é mais fácil comprar o que já vem pronto.

É meio constrangedor ter que explicar isso como se eu estivesse me dirigindo a uma classe pré-primária, mas quando digo que "meu pai dirige mal", se você inserir a afirmação no contexto do que foi postado e tiver um mínimo de interpretação óbvia vai entender que eu nem estava falando só sobre ele, muito menos estava falando mal dele (sem contar que existem ressalvas explícitas no próprio post, nem precisaria de interpretação pra entender isso!);

O mesmo vale para quando eu mando um "como tem gente feia no mundo!". Não é óbvio que eu quero dizer muito mais do que isso? Um tiquinho de interpretação já não deixaria claro que o post faz uma crítica ácida e bem humorada ao comportamento acomodado de uma parte da população?

Você pode até não gostar do texto, achar que eu escrevo pessimamente mal, tem todo o direito de me achar um fiasco e tudo o mais que quiser. Só não precisa subestimar a MINHA inteligência e achar que eu só sei escrever se for sempre literal.

Interpretação de texto, meus queridos, interpretação de texto! Porque se vocês não conseguem entender nem mesmo as bobagens que eu escrevo por aqui, tenho realmente medo do que devem pensar quando leem o jornal, quando leem um livro, quando leem um poema (se é que leem).

Trabalhem isso nem que seja pra voltar aqui a destruir qualquer um dos meus posts. Eu adoraria ser confrontada e criticada com argumentos adequados e coerentes, que demonstrassem um raciocínio minimamente acima do literal.

Fica a dica!

(E obrigada pela audiência, sempre!)

(Ah, sim, só pra constar: Qualquer um que já leu outros posts aqui no Blog sabe muito bem que na maior parte do tempo EU MESMA sou o alvo dos meus textos - seja em uma piada escrachada ou até mesmo em uma autocrítica impiedosa. Digo sempre que não quero nunca perder a capacidade de rir das minhas mazelas, e isso sim é algo que levo muito a sério.
Só pra constar.)

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Olhe sempre pelo lado brilhante da vida!



Recebi esta pérola com os cumprimentos de um querido amigo, via twitter. Não é perfeita?

Daqui pra frente será meu lema: Olhar sempre pelo lado brilhante da vida!

(Até porque a vida é mesmo uma risada,
e a morte uma grande piada!
)

** pena que eu não sei assobiar! **



(e para aqueles que como eu tem /muita/ dificuldade com inglês, segue de brinde a tradução)

Algumas coisas na vida são ruins

Elas podem deixá-lo realmente louco
Outras coisas só o fazem xingar
Quando você está mastigando a cartilagem da vida
Não resmungue, dê um assobio
E isto ajudará as coisas mudarem para melhor
E...

...sempre olhe pelo lado brilhante da vida
(assobio)
Sempre olhe pelo lado claro da vida
(assobio)

Se a vida parece divertidamente podre
Existe algo que você esqueceu
E isto é rir e sorrir e dançar e cantar
Quando você está se sentindo no lixo
Não seja bobo, amigo
Só enrugue seus lábios e assobie - esta é a solução

E...sempre olhe pelo lado brilhante da vida
(assobio)
Sempre olhe pelo lado brilhante da vida
(assobio)

Por a vida ser absurda
E a morte a palavra final
Você deve sempre encarar a cortina com uma saudação
Esqueça sobre seu pecado - dê à platéia um sorriso
Aproveite - é a sua última chance mesmo

Então sempre olhe pelo lado brilhante da morte
Antes de soltar seu último suspiro
A vida é uma pedaço de merda
Quando você olha para ela
A vida é uma risada e a morte é uma piada, isto é
Verdade
Você verá, isto tudo é um show
Continue sorrindo enquanto você vai
Só se lembre que a última risada está em você

E sempre olhe pelo lado brilhante da vida
(assobio)
Sempre olhe pelo lado certo da vida
(assobio)

Vamos lá, caras, animem-se

Sempre olhe pelo lado brilhante da vida...

Sempre olhe pelo lado brilhante da vida...

As piores coisas acontecem no mar, você sabe

Sempre olhe pelo lado brilhante da vida...

Eu digo - o que você tem a perder?
Você sabe, você veio do nada
- você está voltando para o nada
O que você perdeu? nada!

Sempre olhe pelo lado brilhante da vida...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O Técnico da TV a Cabo

Feriado de Corpus Christi, 10h00 da manhã, estou dormindo como um anjo quando sou acordada pela campainha que grita insistente. Penso em ignorar e continuar dormindo, mas aí me lembro da visita do Técnico da TV a Cabo agendada para hoje, e lembro também que eles deixaram bem claro ao telefone, quando abri o chamado, que se não houvesse ninguém na residência para recebê-lo a visita seria cobrada.

Levanto meio atordoada e grito um "já vou!" para o moço não ir embora, enquanto jogo uma água na cara e dou 2 escovadas nos dentes só pra amenizar a aparência e o bafo de quem acabou de acordar. Troco a blusa por algo menos indecente mas fico com a calça do pijama mesmo, não me parece tão ruim, e finalmente abro a porta me desculpando por tê-lo feito esperar. Ele entra, vai até o quarto do meu filho quando indico que é o aparelho de lá que está com problemas, e o diálogo começa:


_ Você tava dormindo, né? Ô, vida boa! Desculpaê por ter te acordado!
_ Err... humm... (roxa de vergonha e totamente sem graça) Sabe como é, né, Feriado, a gente tem que aproveitar pra colocar o sono em dia...;
_ Ué, mas cadê o filho?
(ele fica meio espantado quando vê a cama do meu filho vazia e arrumadinha, talvez imaginando que eu possa tê-lo trancado no armário para dormir até tarde ou qualquer coisa do tipo. Será?)
_ Ah... meu filho foi viajar com o pai, por isso perdi a noção da hora!
(big mistake, D.Farta, big mistake! controle essa sua língua da próxima vez! onde já se viu dizer para um estranho que está sozinha em casa? você enlouqueceu? não... não... só estava atordoada mesmo, tinha acabado de acordar de sopetão, saiu automaticamente)
_ Sei... e você vai ficar assim, sozinha em casa no feriado, não vai fazer nada, não vai sair, não vai curtir?
_ Oi?
_ É, ué... tá aí sozinha... ou tem alguém mais dormindo no outro quarto? (e dá uma risadinha maliciosa)
_ Oi?
(e devo ter feito uma cara muito muito feia, porque as feições do moço mudaram imediatamente e ele se jusitificou)
_ Calma... só tô brincando! É que você é bonita, e tudo, não imagino que vai querer ficar sozinha num feriado, mas só tava brincando!
_ Mas então, moço, qual é mesmo o problema do aparelho? Tem conserto?


Depois do meu corte o moço agilizou lá o serviço, resolveu o problema, testou o aparelho e estando tudo ok, sentou à mesa para preencher seus formulários, momento em que se sentiu confortável para começar outra conversa:


_ Mas então, você vê, enquanto o pessoal tá ai em casa descansando hoje, curtindo o feriadão, eu tô aqui na ralação...
_ Pois é... vocês não param nunca, né? Sempre estranho essa coisa de agendar visita técnica para feriados e domingos. (big mistake 2, jamais devia ter dado corda pra essa conversa)
_ Ah, mas são esses os dias que agente mais trabalha, porque é o dia que o pessoal tá em casa pra nos receber, e tal.
_ É... faz sentido...
_ Mas, vou te contar, você sabia que eu tinha outra profissão até 1 ano atrás?
_ É?
_ Eu era chef de cozinha no Hotel X...
(e, por alguma razão o moço achou que eu queria ouvir a história da vida dele...)
_ E depois que eu saí do restaurante, eu fui ser motorista de funerária... até autópsia eu ajudei a fazer... queria conhecer o outro lado da vida (sic!)
(eu fiquei muda, né, porque nem encontrei nada pra dizer não, mas o moço continuou...)
_ Teve dia de eu transportar mais de 50 defuntos, cê precisava ver que legal que era... Aprendi muita coisa nessa época...
(e eu continuava muda, apenas olhando fixamente para o formulário semipreenchido para tentar deixar bem clara a minha real preocupação - acabar logo com aquela conversa forçada)
_ Aí um dia eu tava num velório, mas o velório tava meio deprê, então dei uma escapadinha e fui visitar um amigo que morava perto do velório, e quando cheguei lá tinha um técnico instalando TV a Cabo na casa dele, aí eu comecei a trocar uma idéia com o cara perguntando como era esse trampo, e quando ele falou que era sussa, eu fiquei interessado, fui fazer um curso e agora trabalho aqui na região, sempre que você precisar de algum serviço técnico provavelmente eu que virei.
_ Errr... é? É mesmo?
_ É sim, eu já conheço quase todos os assinantes daqui da região, fiz muita amizade, tem lugar que eu vou que a pessoa faz comida, ou um lanche, ou me chama pra tomar uma cervejinha... o pessoal gosta de mim, sabe? É legal esse trampo, porque a gente fica assim, amigo mesmo das pessoas. Às vezes sou até convidado pra festa, pra balada... é mó barato!
_ Hummm... sei... é, é... legal...
_ Eu vou até deixar meu celular aqui anotado pra você, que quando tiver algum problema você pode ligar direto pra mim, às vezes é mais rápido do que ligar pra central... E, claro, pode me ligar também se quiser fazer qualquer outro tipo de convite, né? (e dá uma levantadinha nas sobrancelhas).
_ Bom, então tá tudo certo, né, moço? Já preencheu tudo aí, preciso assinar alguma coisa?
_ Ah, sim, tô terminando já... tá aqui, ó, dá seu autógrafo aí pra mim.


Assinei, levantei e já fui conduzindo o moço pra porta, ele me deu um aperto de mão e finalmente se despediu:


_ Falou então, Flavinha! (oi? Flavinha? da onde veio essa intimidade?) Vou nessa... passo aí qualquer hora pra tomar um café... E se você mudar de idéia e quiser curtir o feriado, pode me ligar, tá? Trabalho só até as 17h00, depois tô livre!
(e diante do meu olhar de espanto, ele emendou)
_ Calma! Tô só brincando! Ou não, né? Fui!



Quer dizer... tem coisa que realmente só acontece comigo.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

A Chuva e o Carro

Sou mundialmente conhecida como "a moça do carro sujo".

Ok. Na verdade tô pegando leve demais, porque sou mesmo conhecida como "a mulher que nunca lavou o carro na vida".

Sabe como é... consciência ecológica, e tal e coisa... em alguns anos a água valerá mais que o petróleo, precisamos salvar o planeta, não vamos desperdiçar nosso bem mais valioso lavando carros e calçadas, blablabla wiskas.

(não que isso seja uma verdade assim, absoluta, mas bendito seja o argumento ecológico e politicamente correto que me salva quase sempre da pecha de relaxada e coisas do tipo)

Aí ontem eu fui lá divorciar umas pessoas, né? E divorciar pessoas é algo que costumeiramente me deixa de bem com a vida porque sinto que estou fazendo um bem real ao próximo, ajudando-os a se livrarem das amarras do matrimônio para que possam alçar novos vôos... e depois casar de novo... e assim garantir meu emprego para todo o sempre amém.

No estacionamento onde parei o carro funcionava também um Lava Rápido, e olhando o carro com um certo ar de horror o manobrista cautelosamente ofereceu: "... Ô dona, a senhora não quer aproveitar pra lavar o sujinho aí não, heim?"

Em outras circunstâncias eu deixaria bem claro para o moço quem / o que é sujinho, mas como estava de bem com a vida fiz a madame legal e mandei um: "_ Ah, tá bom, moço... pode lavar aí!"

Ele ofereceu mais uns extras e eu pensei: "Passar o aniversário com o carro limpo pela primeira vez em anos pode ser uma coisa boa", então mandei fazer logo o serviço completo, lavar por dentro e por fora, por cima e por baixo, motor, pretinho e silicone não sei onde, perfuminho, cera, e todas as frescuras disponíveis.

2 horas depois, pessoas divorciadas e felizes, lá estava eu igualmente feliz no meu carro que nem parecia o meu podrinho, eu nem lembrava qual era a cor real do possante e fiquei realmente impressionada com o capricho dos moços lavadores de carros imundos. Tenho que confessar que é bem legal dirigir um carro limpinho. Eu nem lembrava mais dessa sensação.

E como eu vou fazer aniversário e mereço muito todo o conforto do mundo nesta semana, hoje o dia amanheceu cinza, a chuva ainda não parou, quando saí pra fazer minhas coisas na rua consegui enfiar o carro em umas 394583527 poças de lama, sem considerar os colegas que passam ao lado e fazem aquele chuá que espirra água lamacenta até o teto.

Carro de pobre não tem ar condicionado, então tive que transitar com 2 dedinhos de janela aberta de cada lado pra não embaçar tudo, e com isso vários respingos molharam parte do estofamento e carpete internos, de modos que o perfuminho foi rapidamente transformado naquele cheirão de mofo ou gato molhado guardado no armário.

Quer dizer... terá sido apenas um castigo das forças da natureza por conta da minha extravagância em mandar logo uma lavagem completa? Ou terá sido apenas mais uma sacanagenzinha do universo, como presente pelos 3.3? Eu devo realmente merecer tudo de bom! É. É isso!

Mulherzinha

Sair da caverna para uma mulherzinha não é um processo simples.

O que fazer com a pele ressecada pela falta de hidratação adequada, com as unhas roídas nos momentos de angústia, com os cabelos detonados pela falta de cuidado, sem contar a depilação há muito vencida?

Preguiiiiiiiiça. Ser mulherzinha dá muito trabalho, exige grande disponibilidade de tempo e mais que isso, custa caro!

Tô precisando de funilaria e pintura. Tô precisando de recauchutagem geral. Tô precisando ficar linda, me olhar no espelho e sentir orgulho próprio.

Como faz?

(e essa decisão de tentar salvar a casca deve-se ao fato de que, se eu morrer, quero ser uma defunta apresentável, né? que eu vou ser cremada, e coisa e tal, mas mesmo assim... beleza é fundamental até na hora da morte, minha gente!)

(antes de começarem a me xingar pela sem gracesa / brincadeira de mau gosto, tentem entender meu momento dramático após a constatação da hipertensão, 18/12, e coisa e tal... isso porque estou chegando apenas à idade de cristo. e uma pessoa que chega aos 33 precisando colocar remédinho embaixo da língua pode ser definida como? Fim de carreira?)

domingo, 7 de junho de 2009

A Carona

Só pra variar um pouco, meus planos para o domingo envolviam não tirar o pijama e não fazer absolutamente nada pelo maior tempo possível, o que nem é uma novidade, já que eu ando nesta vibe faz um bom tempo, mas... abafa.

Lá pelas tantas o telefone toca, e com toda a vontade que me é peculiar quando o assunto é "telefone", atendo:

_ Alô?
_ Oi, filha! Até que enfim você atendeu! Já é a minha 5a. tentativa! (ok, confesso: o telefone tocou 4 vezes antes de eu finalmente decidir que talvez fosse prudente atender.).
_ Oi, pai! Tudo bem?
_ Tudo, tudo sim... (meu pai, sempre tão eloquente no telefone)
_ Mas, e aí, o que o senhor conta de novo? Tá fazendo o que de bom no domingão?
_ Ah, então, eu tava aqui pensando em arrumar uma companhia pra ir almoçar...
_ Hummm...
_ Você não quer ir almoçar comigo não?
_ Hummm... oi? É que eu nem tava muito a fim de sair...
_ Ah, mas você vai ter que comer uma hora, não vai?
(neste momento a consciência pesa e o medo de ser uma filha horrível por negar o convite do próprio pai me acertam em cheio, e eu decido largar a preguiça)
_ É, o senhor está certo. Vamos sim, vamos almoçar. Onde o senhor quer ir?
_ Ah, eu tô pensando no restaurante X, pode ser?
_ Claro, pode sim, sem problemas... Que horas o senhor quer que eu passe aí pra te pegar?
_ Não precisa passar aqui não... pode deixar que EU passo aí pra te pegar, a gente vai no meu carro.
(este é o momento em que eu me arrependo amargamente de não ter ficado com a preguiça, e quase infarto)
_ Ah, pai, relaxa... deixa que eu passo aí pra pegar o senhor, é melhor.
_ Melhor por quê? Dá na mesma, a distância é a mesma... além do mais, eu gosto de dirigir de domingo, é um dia mais sossegado, não tem aquele monte de gente apressada dirigindo que nem doido no meio da rua.
_ Bom... o senhor é que sabe (quase chorando)... Eu preferia ir no meu carro, mas se o senhor insiste...
_ Então tá bom. Eu passo aí daqui uns 40 minutos.

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Antes de mais nada, permitam-me um parênteses:

Outro dia eu estava dirigindo aqui na região, apressada como sempre, e um Palio começou a se arrastar na minha frente como se fosse uma carroça. Dei uma buzinadinha camarada, depois pisquei o farol pra ver se a lesma abria passagem, e nada. Aquilo foi me irritando, porque, né? Como pode ter gente tão ruim de roda? Fiquei realmente muito nervosa, a ponto de abrir a janela e mandar um "dá licença, tio!" bem irritada, e soltar até um palavrãozinho meio contido porque tava mesmo foda de aguentar. 2 horas depois, quando finalmente consegui ultrapassar o carro em questão, o que eu constato? Que era meu pai. Mi papá. My father. O próprio.

Fecha parênteses.


Quer dizer... meu pai é o tipo de motorista que consegue me tirar do sério, sabe? É o tipo de motorista que me faz descer do salto e soltar um palavrão no trânsito, porque ele dirige mal. Mas não é um mal tipo "ah, ele não é assim um piloto", não! Ele dirige muito mal de verdade. Muito mal. Sério.

É daqueles motoristas que quase nunca usa a terceira marcha do carro, e a quarta marcha então, ele nunca ouviu falar!

Mas até aí, se fosse só dirigir devagar o problema dele, beleza, eu juro que ficava de boa... O problema é que a noção de linha reta dele também é altamente controversa, então além de ser um motorista que dirige absurdamente devagar, ele também é daquele que ocupa bem o meio da pista, inviabilizando qualquer chance de ultrapassagem...

Quer dizer...

Não dá, né, gente? E eu nem estou falando mal do meu pai, nem nada disso, antes que me interpretem mal! É eu pai, meu velho, eu o amo, e coisa e tal. Mas nem todo o amor do mundo é capaz de me fazer achar que ele dirige bem. Nem todo amor do mundo é capaz de me fazer QUERER andar de carona com ele. Além do mais, eu nem tenho um coração forte o suficiente.

E como eu sou sortuda, ele tinha que fazer questão de me levar pra almoçar no carro dele, ELE dirigindo. Porque eu mereço!

O restaurante onde fomos almoçar fica a, sei lá, 8 km de onde eu moro, no máximo. Levamos 35 minutos pra chegar lá, pra vocês terem uma idéia. No meio do caminho, alguns carros começaram a ultrapassar pela direita, porque desistiram de piscar o farol, buzinar e xingar. Que vergonha!

E meu pai nem toma conhecimento dos xingamentos, coitado, porque ele fica ali, debruçado no volante, mantendo aqueles 25km/H e chegando mais pra cá ou mais pra lá da pista conforme lhe dá na telha, sem a mínima preocupação com quem vem atrás (ou dos lados, ou na frente). Espelhos retrovisores? Ele nem sabe pra que servem. E tome fechada! E tome buzinada! E tome xingamento!

Que vergonha! E, pior do que a vergonha, Que MEDOOOO!

Eu nem falo nada porque, né? Não adianta. Sou filha dele há quase 33 anos, e sempre foi assim... A habilidade motorística do meu pai é quase lenda na família, e a maioria dos nossos amigos também sabe o tamanho do drama... a gente faz piada disso o tempo todo e até ele sabe que não é o piloto preferido da galera... E eu sofro, viu, gente... como sofro!

Ainda tentei convencê-lo a me deixar trazer o carro na volta, mas não teve conversa. E tome mais emoções fortes! Porque, afinal, deve fazer bem pra digestão. (ou não. vou ali vomitar porque meu estômago está embrulhado até agora. affff)

Só queria compartilhar este acontecimento com vocês, porque viver emoções tão fortes e guardá-las só pra mim seria egoísmo demais.

Pela atenção, obrigada!

(e, ó, só pra constar, meu pai é uma ótima pessoa, viu? mas que é ruim de roda, ah... isso é!)

sábado, 6 de junho de 2009

Sonho de uma noite de outono

(Hahaha... o título do post ficou meio patético, desculpaê galera!)

Então, mas eu queria mesmo era contar que eu sou uma pessoa que sonha muito, né? E nunca são sonhos normais, assim, só de encontrar pessoas, coisa e tal São sempre uns sonhos mirabolantes que invariavelmente envolvem situações absurdas que jamais aconteceriam comigo ou com qualquer pessoa. Estou me referindo a andar sobre as águas, voar, ser congelada e viajar no tempo, essas coisas.

Tá. Mas daí essa noite eu tive um sonho um pouco mais crível, realidade brasileira pride, e coisa e tal.

Sonhei que o ônibus onde eu estava (só não me perguntem o que eu estava fazendo num ônibus, mas, enfim) foi sequestrado por uma quadrilha de homens azuis (sabe, tipo aqueles blue man group?). Então, daí beleza, estávamos lá, sequestrados, e pra passar o tempo eu fiquei jogando PSP, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo.

Estou eu lá concentradíssima no meu joguinho, mordendo a língua, e tal, ao que um dos bandidos-azuis chegou, apontou a arma e mandou um "Perdeu, Dona, Perdeu!", tentando tomar meu PSP, ao que eu olhei pra ele incrédula e disse:

"Tá maluco, cara? Você tem noção de quanto custa um PSP? Vai trabalhar pra comprar um pra você!"

Daí o cara, lógico, me puxou pelos cabelos, deu um murrão no meio da minha fuça e tomou o PSP na marra.

Daí eu, enfurecida, voei pra cima dele e, atracada até o dedão do pé, detonei o cara, bati sem dó nem piedade, e considerando que eu sou a Dona Farta, tava fazendo um senhor estrago.

No meio da briga, quando eu levava uma considerável vantagem e estava muito perto de vencer, a criançada do meu prédio começou a gritar alucinadamente por conta de alguma brincadeira estúpida e eu acordei.

Fim.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Não é por nada não, mas...

Tem dias que conviver pacificamente com outros sereZOmanos é uma tarefa impossível. Impossível.

Porque, olha, tem gente que inviabiliza, viu?

Eu não sei quem foi que inventou esse negózdi sociedade, convivencia, e blablabla, mas a pessoa que inventou devia ter ensinado pra todo mundo como é importante, por exemplo, tomar banho, pentear o cabelo e escovar os dentes, dentre outras coisas fundamentais.

Como escrevi agora há pouco lá no twitter, basta uma ida ao Banco em "dia de pagamento" pra constatar como existe gente feia nesse mundo. E infelzimente nem é uma exclusividade dos dias de pagamento, mas tenho que concordar que no 5o. dia útil do mês elas surgem de todos os cantos como se fossem zumbis invadindo a terra num filme de terror ou algo assim. Medo. Muito medo.

Ok, eu sei que você deve estar aí do outro lado pensando "mas quem ela pensa que é para estar falando assim da (falta de) beleza alheia? por acaso é alguma miss?", e eu compreendo sua indignação porque chamar os outros de feios é meio politicamente incorreto, e coisa e tal... e eu também não sou nenhuma miss, e coisa e tal...

Mas acontece que, tenho que repetir: as pessoas inviabilizam. Como se não bastasse serem feias, elas ainda são fedidas, descabeladas, desdentadas, mal vestidas, mal educadas, tem mau hálito e falam "pobrema", tudo-ao-mesmo-tempo-agora! E, na boa, assim não dááááá!

Eu nem ia ao Banco hoje nem nada porque, né? Queria mesmo me poupar... Mas acontece que vivemos num lugar chamado Brasil, e neste delicioso país-tropical-abençoado-por-deus-e-bonito-por-natureza existem algumas coisas que só podem ser resolvidas pessoalmente-dentro-do-Banco. Porque, né, pra que internet, se a gente pode submeter o cliente à tortura?

Então lá fui eu, munida do meu mais genuíno espírito cristão, com doses extras de paciência na bolsa e, claro, um bom livro em punho, porque ler é a melhor alternativa pra se alienar de um lugar insuportável quando se está esperando. Teoricamente.

Acontece que sou eu, né, gente? E eu sou ca-ga-da. Me esforço igual uma condenada pra fazer cara de insuportavelmente antipática e afastar qualquer pessoa que pretenda iniciar uma "amizade de fila de banco", mas nunca funciona.

Atraio especificamente 2 tipos de público: velhinhos e crentes. Impressionante. Não há uma única vez em que eu vá ao banco e não saia de lá com meia dúzia de folhetos dizendo que eu preciso ir a alguma igreja salvar a minha alma e mudar a minha vida. Mas antes fossem só os folhetos... eles também querem me evangelizar, e, putz... crentes não desistem nunca!

O problema é que as pessoas querem conversar comigo assim, do nada. Até aí, seria ótimo, adoro conversar. Mas são essas pessoas que eu citei lá no começo do post, gente que tem mau hálito e que fala pobrema, gente não penteia o cabelo e que usa roupas 3 números menor, deixando uma boa quantidade de banha aparente, gente que fala cuspindo, gente que fala que o avião da air france caiu por culpa do governo, sabe, esse tipo de gente? Aí não dá, né?

Fico lá, tentando ler o meu livro e fazer cara de poucos amigos, juro que me esforço muito pra ser uma vaca antipática abominável, mas as pessoas não desistem. Elas nunca desistem. E quando percebem que estou olhando para o outro lado começam a me cutucar, pegar no meu braço, dar tapinha nas minhas costas, e a tortura não acaba nunca. Eu fico por um fio pra não sair dando rasteira em todo mundo, juro. Me dá muita vontade de encarnar aloka e sair enfiando a mão em meio mundo gritando "não encosta seu dedo imundo em mim nãããão!", mas... ai... nem tenho tanta coragem assim... eu sou uma fraude!

Preciso urgentemente desenvolver uma estratégia para me livrar dessas situações (e aceito sugestões). Já pensei em fingir alguma deficiência (tipo ser surda, muda, cega, sei lá), mas o feitiço pode virar contra a feiticeira porque esse tipo de gente não faz nem questão de disfarçar curiosidade, então talvez eu ainda tivesse que lidar com olhares vigilantes controlando cada um dos meus movimentos, e daí pra um gesto obsceno seria um pulo, e ser presa por mostrar o dedo do meio pra meia dúzia de velhinhos dentro de um Banco xexelento não está nos meus planos.

Também já pensei em falar para os crentes que eu pratico algum culto satânico, e que não vou nunca nem passar na porta da igreja deles pra ver se eles desistem de mim, mas conhecendo esse tipo de gente tenho medo de rolar um exorcismo dentro do Banco e, né... espero que vocês não leiam esse tipo de notícia a meu respeito nos jornais.

Só sei que tá froids. Preciso de uma técnica pra me livrar de gente feia. Quero só gente bonita e/ou inteligente e/ou cheirosa e/ou elegante e/ou interessante E sempre com bom hálito na minha vida. Ah, e tem que falar pro-ble-ma, assim, direitinho.

Porque de POBREMA eu quero distância. Não é por nada não...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Se o silêncio durar, desconfie.

Todo mundo sabe como eu AMO telefone, né? Já deixei aqui incontáveis demonstrações de amor e devoção a este aparelhinho do capeta, de modo que alguns amigos mais próximos que me amam de verdade já adotaram a tática de nunca cutucar a onça com vara curta (leia-se telefonar para mim), pelo que serei eternamente grata.

Daí que hoje foi um dia completamente atípico. Meu celular (que existe exclusivamente por razões profissionais) permaneceu mudo o DIA INTEIRO, o que é um milagre de grandes proporções, já que não existe um único dia nessa vida de meodeos em que eu possa desfrutar de tamanho prazer. Normalmente o bicho começa a se esgoelar logo cedo e só se cala ao anoitecer, quando cala.

Mas hoje não... hoje ele ficou tão quietinho que eu até perdi a hora de manhã. Ficou tão quietinho que o tempo demorou pra passar, e eu consegui aproveitar a calmaria pra fazer várias coisinhas por mim mesma, como ver TV comendo pipoca e tomando um chá bem quentinho, adiantar a leitura do meu livro, folhear a revista Veja da semana passada e até tirar um cochilinho de meia hora (e também arrastei o sofá e dancei empolgada o clipe Jay-Ho do filme Slumdog Millionaire, mas isso eu nem ia contar).

Porque ser patrão de si mesmo tem que ter alguma vantagem nessa vida, né? E se eu sou uma pessoa que não tem direito a férias, décimo terceiro, previdência social, fundo de garantia, ticket, vale transporte, etc e tal, por outro lado eu não preciso fingir que estou trabalhando pra patrão nenhum quando (muito raramente) eu não tenho nada urgente/importante pra fazer. Tudo bem que momentos assim são absolutamente raros, mas quando ocorrem lavam a alma.

Só agora há pouco dei uma rápida olhada no celular, que estava ali impávido sobre minha mesa, gelado e mais cinza do que nunca. Apertei um botão qualquer para tirar o descanso de tela e foi então que vi a mensagem "sem sinal". E isso nunca é um bom sinal. Dei uma chacoalhada e mudei de posição para ver se o sinal voltava, mas não voltou. Conheço minha gegingonça suficientemente bem para saber que estava na verdade travado, sabe-se lá desde que horas.

Fiz então toda a operação "desliga - tira a bateria - tira o chip - assopra - dá uma reboladinha - coloca tudo de volta no lugar - liga", e o sinal imediatamente se restabeleceu.

Segundos depois a campainha de "nova mensagem" começou a tocar... tocou uma, tocou duas, tocou três vezes... e continuou tocando incessantemente. Com medo, larguei o telefone em cima da mesa e fiquei olhando, enquanto aquele "bléim bléim" nunca mais parava.

Mal sinal. Péssimo sinal.

Quanto o bléim-bléim finalmente terminou, constatei que chegaram algumas dezenas de mensagens de chamadas perdidas. Quase todas de números conhecidos (clientes). E um dos clientes, pelo jeito, tentou muitas vezes. Muitas. Desde as 11h00. É um cliente muito muito muito chato, que tem essa mania feita de só querer falar ao telefone mesmo eu explicando pra ele um zilhão de vezes que o email é mais eficiente.

Ops!

Quer dizer então que o celular só ficou tão silencioso o dia todo porque estava travado? Quer dizer que tinha cliente tentando me ligar descontroladamente, enquanto eu comia pipoca e assistia sessão da tarde???

Ooooops!

Mas ó, gente, a culpa nem foi minha! Foi do celular, né...

Então cheguei as duas alternativas possíveis diante da constatação do problema:

A) Eu poderia ligar de volta para o cliente e atendê-lo imediatamente, mesmo fora do horário comercial, não importando a que horas isso iria terminar, porque, né... deixei de atendê-lo durante a tarde, e nem foi por um motivo profissionalmente aceitável (esse seria meu lado racional/profissional/exemplar/blablabla).

OU

B) Eu poderia cair no chão e me fingir de morta, como se essas ligações nunca tivessem existido. Quando ele finalmente conseguir falar comigo amanhã, farei "a surpresa" e direi que podemos ambos processar a Claro porque essas chamadas jamais chegaram a mim (enfatizando sempre o tom surpreso), e aproveito o gancho para mostrar pra ele mais uma vez como seria mais seguro usar o email para casos de emergência (e eu bem sei que nem era uma emergência tão emergencial assim).

Considerando que agora são 17h30 e estou aqui contando isso pra vocês, já sabem qual alternativa escolhi, né?

E não é que eu seja irresponsável nem nada não, viu, gente? É só que eu realmente não queria estragar uma tarde perfeita, de modos que vou continuar fingindo que essas ligações jamais existiram.

Vou até anotar na agenda a importância deste dia. Quem sabe vira feriado? "03 de Junho - Dia Mundial Sem Telefone". Pensaí se não seria demais!

Por outro lado, fica também uma grande lição:

Telefone celular é igual criança. Se ficar muito quieto por muito tempo, desconfie! Aí tem!


(Eu só queria mesmo contar o episódio pra vocês.
Pela atenção, obrigada!)