segunda-feira, 23 de julho de 2007

Scoop - O Grande Furo



Simplesmente ADORO o humor refinado e meio mal humorado de Woody Allen... E depois de ver o pesado mas excelente drama "Match Point", pude me deliciar com mais uma comédia bem característica do cineasta. Scoop - O Grande Furo é exatamente isso: Woody Allen puro, genuíno.

Sondra / Jade Spence (Scarlett Johansson) é uma estudante de jornalismo americana meio sem talento que encontra-se morando temporariamente em Londres. É quase uma personagem caricata, usa óculos estranhos, é atrapalhada, meio "lesada", mas está se esforçando para encontrar um rumo na carreira que pretende seguir. Ocasionalmente, participa de um número de mágica em um show, e ao ser submetida pelo "ilusionista" Sydnei (Woody Allen) ao número da "caixa", encontra inesperadamente com o fantasma de um famoso jornalista morto recentemente, que lhe passa as instruções para um grande furo de reportagem - Peter Lyman (Hugh Jackman) seria o verdadeiro assassino do Tarô, um serial killer em atividade muito procurado pela polícia de Londres.

Sondra / Jade logo vê nesta informação fantasmagórica a grande chance de deslanchar como jornalista, mas para isso precisará da ajuda do confuso e atrapalhado mágico Sydnei, já que sua fonte (o fantasma do jornalista) só aparece na caixa mágica. A princípio Sydnei hesita diante da idéia absurda, mas logo é seduzido pelo inocente espírito aventureiro da aspirante a jornalista, e ambos iniciam uma "estratégia" para aproximar-se do ricaço e investigar a fundo as suspeitas que recaem sobre ele. Passam por pai e filha, e logo estão inseridos no meio da alta sociedade à qual Peter pertence, mas a situação não demora para lhes sair completamente do controle, principalmente quando a jovem se apaixona pelo seu suspeito algoz.

É bem verdade que por este breve "resumo" do filme, pode parecer maluco demais pra ser bom... Caixa mágica, fanstasma, blablabla... Mas estamos falando de Woody Allen, e esses artifícios não são novidade em seus filmes. São muito bem inseridos no contexto, de modo que por mais absurdo que seja, a gente não chega a dar importância a isso, encarando o "absurdo" com total naturalidade.

Como eu disse no começo, o último filme de Allen que eu vi foi o fantástico "Match Point", um filmaço que fugia bastante da linha mais característica do cineasta, já que abusou do drama e do suspense, em detrimento da habitual comédia. Agora, com Scoop, usando o mesmo cenário da metrópole Londrina e a mesma protagonista da Match Point (a linda Scarlett), Allen volta às suas origens em grande estilo, nos presenteando com uma comédia bem agradável.

Talvez não seja das obras mais grandiosas de Allen, até por ser relativamente "simples" se comparado a outros filmes consagrados, mas ainda assim é ótimo. Ele, o próprio Allen, volta como coadjuvante num papel que é praticamente ele mesmo - um cara neurótico, atrapalhado, que gagueja quando fica nervoso, e que tem verdadeiro pavor de relacionamento estável, filhos, etc. Já Scarlett Johansson surpreende como uma boa atriz cômica, e eu achava que comédia nem combinasse com seu rosto "elegante" demais. A dupla funciona muito bem, e eu dei muita, muita risada!

Outro ponto bastante positivo é a mudança de cenário... Assim como já havia acontecido em Match Point, Woody Allen agora usa como cenário Londres, ou seja, já não está mais "tão em casa" como quando ambientava suas tramas em Manhatan, e dá pra perceber que essa inovação de "lugar" lhe fez muito bem.

Uma ótima opção como comédia... Divertidíssima, deliciosa, e se não é das grandes obras primas do cineasta, com certeza ainda assim é muito melhor do que muito humor de quinta categoria que tem por aí! Não perca!

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