terça-feira, 1 de abril de 2008

Flores Partidas * *

Don Johnston (Bill Murray) é um solteirão convicto de mais de 50 anos de idade, que após viver o auge de uma carreira de sucesso no ramo de computadores, parece ter encontrado um novo estilo de vida, um misto de "Don Juan" com "Lobo Solitário".

Tanto que ser abandonado pela linda e jovem namorada Sherry (Julie Delpy), parece não lhe causar nenhum sofrimento. Ele está assistindo ao clássico "Don Juan" quando ela avisa que vai embora, e ele não faz nenhum esforço para que ela fique, apenas permanece diante do monitor de TV assistindo ao filme, inerte, inexpressivo, imcompreensível.

Ao receber uma carta anônima dizendo que ele tem um filho de 19 anos que saiu numa viagem em busca do pai, a monótona vida de Don ganha algum movimento. Ele acaba cedendo à pressão do seu vizinho e aparentemente único amigo Winston (Jeffrey Wright), um cara que é o seu oposto, pai de uma enorme família, falastrão e, o mais divertido da história - metido a detetive.

Don parte então numa viagem pelos EUA em busca de pistas sobre quem poderia ser a mãe do tal filho mencionado na carta. A princípio, existem 4 possibilidades, suas ex-namoradas de 20 anos atrás, e com a ajuda investigativa de Winston (que lhe recomenda levar para cada uma das mulheres um buquê de flores cor-de-rosa), Don faz um tour pelas cidades onde atualmente vivem suas ex-conquistas.

Cada encontro traz à tona um pedaço do passado. Cada encontro reserva a Don confrontos inesperados, memórias esquecidas e emoções desenterradas, de modo que num determinado momento o foco já nem está mais no filho procurado.

Flores Partidas é um filme que tinha tudo pra dar certo, e resultar numa excelente comédia dramática. O Roteiro é bem intencionado, os diálogos são afiados, inteligentes, enfim...Mas foi vítima do exagero daquilo que deveria ser seu maior charme, e acabou tornando-se um filme chato, insoso, cansativo.

Acontece que Bill Murray foi escolhido para o papel, segundo li, justamente por ter aquele jeitão peculiar que o re-consagrou recentemente em Encontros e Desencontros. Aquele jeitão de quem não está nem aí com nada, aquele jeitão de quem não sabe muito bem para que veio ao mundo, aquele jeitão de quem está constantemente deslocado em qualquer lugar, deslocado na própria vida. Essas características, sem dúvida, tornam o ator muito apropriado para esse tipo de papel mais contido, mas foi utilizada à exaustão em Flores Partidas, e cansou já na primeira meia hora.

Não dá pra ser cult o bastante ao ponto de ver graça num filme onde o protagonista estampa a mesma cara de nada o tempo todo, onde nenhuma emoção é demonstrada com o mínimo de intensidade, e, o pior, onde o final parece tão particular a quem escreveu o roteiro que o espectador fica "boiando" completamente.

É uma pena, porque poderia ser realmente um ótimo filme, mas ficou devendo, tornando-se algo apenas regular, e pouco digno do elenco de peso escalado. Dispensável.

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