segunda-feira, 21 de julho de 2008

Músicas que me Inspiram - Parte VIII

Preparem-se para o cheiro de mofo e negação absoluta do próprio passado, porque esta vem lá do fundão do baú.

Estava eu sexta-feira à noite preparando uma comidinha na cozinha, quando de repente, do nada, me veio uma música na cabeça. Comecei a cantarolar e fui percebendo que eu sabia a letra todinha, no melhor estilo inglês-embromation, e sem me dar conta fui elevando o tom da voz, empolgada na minha interpretação romântica, até que meu marido me interrompeu aparecendo na porta e perguntando: "Que que tá acontecendo aqui? Você tá passando mal???"

Parei, olhei pra ele e perguntei: "More, de quem é essa música, heim? Lembrei a letra e lembrei também que eu adorava essa música em algum momento da minha vida, mas não tô lembrando de quem é!", e ele com a maior cara de nojo apenas balançou a cabeça e respondeu: "Não tenho a menor idéia. Nunca ouvi essa música brega antes em toda a minha vida!".

Fiquei frustrada, e continuei cantarolando "If your not here" insistentemente esperançosa de que a imagem do intérprete viesse à minha cabeça, mas não adiantou. Socorri-me então do infalível youtube, e foi aí que minha ficha caiu, o cheiro de naftalina subiu e a vergonha do meu próprio passado enrubesceu minhas bochechas:


MENUDO! Como eu não lembrei que era uma música dos Menudos??? Genteeeeeeeeee, pára tudo! Na mesma hora em que vi o comecinho deste vídeo fui acometida por uma avalanche de sensações que foram da vergonha de já ter gostado disso até a saudade doída de uma época tão boa e inocente!

Eu devia ter uns 10 ou 11 anos quando estourou a febre dos Menudos, isso lá pelos idos de 1986, 1987, por aí... E como toda garotinha da época, também era enlouquecida pelos garotos dos colants coloridos, não perdia o programa do Gugu porque sempre aparecia alguma coisa sobre eles, e sonhava com o dia em que me casaria na igreja com o Robby, que eu achava o mais lindo de todos e, pra quem não sabe, é o intérprete desta música... Era demais... Dançar a coreografia de "Não se Reprima" era tudo que uma menina devia saber, e ter pôsteres com a imagem do grupo era obrigatório pra qualquer fã.

Hoje vemos esses vídeos e achamos tudo um horror... os meninos, os cabelos, as roupas e a música. Mas é a representação dos ideais românticos de uma geração inteira de adolescentes e pré-adolescentes (salvas raríssimas exceções, claro), quer a gente queira admitir ou não.

Durante minha adolescência ainda tive tempo de sucumbir a uma outra febre que chegou alguns anos depois: New Kids on The Block, um grupo um pouco menos "cafona", digamos assim, mas também muito ultrapassado para os padrões atuais:


Step by Step, uhhhhhhh baby! Quem não cantou esse refrão aos 12, 13 ou 14 anos? Quem não se apaixonou pelas carinhas de bunda de bebê dos garotos que prometiam ser os sucessores dos Menudos em termos de fenômeno de sucesso? Novamente confesso: eu participei e vivi essa onda intensamente. Lembro que sempre tinha alguma menina que levava sua pasta de recortes, fotos e revistas com matérias sobre os rapazes para a escola, e então na hora do recreio sentava aquela roda de garotas em volta da dona da pasta para admirar o material, era um festival de suspiros e gritinhos histéricos de um bando de adolescentes quase descontroladas... Bons tempos!

Depois vieram muitas outras bandinhas desse tipo, mas já não era mais a minha praia (tudo tem limite nessa vida, não é mesmo?), e ainda hoje existem os ícones do público adolescente que vira e mexe arrastam multidões por onde passam... Eles estão mais modernos, mais tecnológicos, mas continuam com o mesmo objetivo de deixar garotinhas enamoradas e gravar as letras de suas musiquinhas-chiclete na cabeça de quem as ouve.

E tá mais é certo, se vocês querem saber... Toda geração adolescente tem o direito de ter ídolos específicos e de cultuá-los à exaustão. Ainda que eu ache quase tudo que existe hoje nesse mercado extremamente ruim, ainda assim não posso criticar o público que consome este material porque, vejam bem, meu passado também me condena!

E depois, por pior que seja a música tem um poder que sempre a faz valer à pena, até quando é ruim: Nos levar para viajar através dos tempos e nos proporcionar a oportunidade de reviver sensações enterradas num passado que parece tão distante, mas que está ali, a uma música de ser alcançado.

Nostalgia assim, com trilha sonora, é muito mais legal!

terça-feira, 15 de julho de 2008

Trabalho Dobrado

Minha mãe costumava usar essa expressão: "Filho criado, trabalho dobrado". Eu ainda não estou nessa fase, mas posso fazer uma adptação livre e transformar em "Filho de Férias, trabalho dobrado!"

Gente, socorro!!! S-O-C-O-R-R-O !!!

Qual é a mãe que não fica à beira da loucura tendo que administrar as crias, com toda a energia que elas têm, 24 horas por dia dentro de casa??? E olha que eu, particularmente, sou uma privilegiada, porque meu filho é muito bonzinho e até que não me dá taaaanto trabalho, mas... mesmo assim!

É um tal de "manhêêêêê" a cada 2 minutos, é um tal de "tô com fomeeee!", "tô com sedeeeee!", "cadê meu brinquedoooo?", e mais um monte de blablablás que não se esgotam nunca... fora o corre corre daqui pra lá, o barulho de brinquedos despencando da prateleira no quarto, a TV, o videogame e o rádio ligados ao mesmo tempo no último volume, a bagunça que fica na casa, o barulho que nunca para, affffffffffffffffffffffff... SOCORRO, viu!!!

No meu mundo ideal, mães e filhos teriam férias juntos, e dinheiro suficiente para ir à Disney ou a qualquer outro lugar onde pudessem se divertir sem nenhuma outra preocupação. Tá, a essa altura nem precisava ser a Disney, nem precisava ser lugar nenhum, na verdade... eu apenas queria estar também de férias para ter a mesma obrigação que meu filho: Fazer nada pelo maior tempo possível.

Mas na vida real o buraco é bem mais embaixo, então o filho está de férias e à mãe sobra o Trabalho Dobrado. Porque o trabalho profissional continua a todo vapor, o trabalho "do lar" também nunca acaba, e o trabalho de mãe, ahhh... esse exige o "sempre alerta" 24 horas por dia, pra sempre!

E eu acho que as férias de inverno são ainda piores que as férias de verão. Porque em Janeiro todo mundo acaba dando um jeitinho de tirar pelo menos 1 semana pra passear, e mesmo que os pais não possam, tem sempre um tio ou amigo disposto a carregar nossas crias para a praia, para o clube, para o parque, para qualquer lugar. Mas no inverno, puxa... quase não temos opção...

Eu costumo mandar o Lucas por pelo menos 1 semana para um Acampamento de Férias, faço isso há 3 anos, tanto nas temporadas de verão como nas de inverno, e além de ser uma curtição enorme pra ele, é uma folga e tanto pra mim. Só que dessa vez não foi possível, temos outros planos grandiosos para este segundo semestre de 2008 e tivemos que fazer algumas escolhas... o que signifca que não haverá folga, definitivamente não haverá...

Mas tudo bem... ser mãe, como diz o ditado, é "padecer no paraíso", e ainda assim é a melhor coisa que existe na vida de uma mulher... A mais a mais, no fundo eu sou uma privilegiada por poder passar os dias com meu filho, já que trabalho em casa e acabo encontrando um caminho (ainda que turbulento) para administrar o caos trabalho-filho-casa e ainda ficar com um saldo positivo. (Com uma lindeza dessas em casa, o saldo é SEMPRE positivo!)



Dou o meu jeito, intercalo uma coisa com outra, se preciso ir ao Fórum carrego o Lucas comigo e compenso a chatice do passeio depois com algo que o agrade de verdade, como uma partida de videogame ou um jogo de bolinhas de gude. E assim, aos trancos e barrancos, vamos nos entendendo, vamos curtindo, vamos vivendo.

Todo esse "desabafo" aí de cima é para justificar o meu sumiço nos últimos tempos... Realmente não tenho conseguido escrever com a frequência que gostaria, e a coisa já estava ficando vergonhosa, um único post em 2 semanas, fala sério!

Mas tá difícil mesmo, gente, é sério! E como se não bastassem as férias escolares, muitas outras coisas aconteceram nesta primeira quinzena de julho...

Minha irmãzinha Ligia voltou definitivamente dos Estados Unidos. Ela e o namorado chegaram na manhã do dia 04 de Julho, e o final de semana 05/06 de julho ficou por conta das comemorações de boas vindas... Como sempre, o forfé foi aqui em casa, então teve o dia da farra das muambas, com aquele monte de malas gigantes abertas e nós - as irmãs - fazendo a festa com as compras que ela fez e os agradinhos que trouxe pra nós, depois teve o dia da comilança (porque quem mora no exterior morre de saudade da comidinha de casa), o dia do tradicional jogo de Uno até altas horas da madrugada, uma festa atrás da outra!

E durante a semana, além da correria normal do trabalho, ainda tive minha maratona de exames pra fazer, consultas médicas aqui e ali, preparação para o "grande dia" que tá chegando, loucura total!!!

Mas sabe o que é mais legal? É que mesmo no meio desse caos, mesmo quando parece que o mundo vai explodir sob os nossos pés, ainda assim basta um pouco de disposição e boa vontade pra que a gente consiga fazer programinhas pra lá de especiais...

Porque, voltando ao começo deste post, estamos no mês de férias das nossas crias. Porque, afinal de contas, ser mãe é mesmo padecer no paraíso, e se é pra padecer, então que seja da maneira mais divertida possível!

Tivemos nossa sessão
"Cinema / Pipoca / Mico".

Eu explico. Visualizem a cena:

Tarde de quarta-feira de férias, cinema do shopping lotado, ingresso em promoção tradicional de meio de semana. Filme da Disney/Pixar em cartaz (o lindíssimo WALL-E), fila gigante na bilheteria, 6 mães e 10 filhos. Nós. A turma do "arrastão".

É um tal de compra ingresso, confere ingresso, faz chamada pra ver se ninguém se perdeu do grupo, entra no cinema, arruma lugar pra sentar, pega almofadinha para os menores, ufa! Um arrastão, eu não disse? Algumas pessoas nem quiseram ficar perto de nós, e mudaram de lugar assim que nos instalamos... Credo!!! É filme infantil, gente! Numa tarde de quarta-feira! Não tem como não querer um cinema lotado de crianças e mães afoitas por uma respirada fora de casa! Faz parte!

Apesar da foto ruim, faço questão de identificar cada ser pagante de mico presente nesta foto. Da esquerda para a direita, começando pelos pequenos: João Pedro, Diego, Clarinha, Bibi, Giulia, Guilherme, Alex, Lucas e Maria Luisa. E na fila de cima: Carla, Amandinha, Kely, Elaine, Tina, eu e Léa.


Depois vem o "Round 2". Crianças instaladas em suas poltronas, saem as mães para comprar pipoca porque, né? Cinema sem pipoca não é cinema! E novamente é um tal de fila pra pipoca, compra pipoca, escolhe o tamanho da pipoca (tem o gigante, o super gigante e o mega gigante), paga a pipoca, carrega a pipoca, derruba a metade da pipoca pelo caminho, volta para a sala e entrega a pipoca para o filho, que reclama que a pipoca está salgada, ou que a pipoca está sem sal, ou que a pipoca é menor do que ele queria... Afffffffff... Com muito sacrifício as crias se acalmam com seus sacos gigantes de pipoca, e as mães podem finalmente sentar e relaxar. O filme começa e logo hipnotiza as crianças, que a partir daí só produzem o barulho do mastigar das pipocas e as gargalhadas deliciosas a cada cena engraçada.

Programão de índio total... TOTAL! Sair com criança já é uma aventura por si só, e sair com uma turma de crianças então, gente... é pedir para viver fortes emoções... hahaha! Mas é uma Delícia, não tem preço! Há quem torça o nariz e ache micótico demais, e no fundo é mesmo, mas quer saber??? Eu amo muito tudo isso! Prefiro ser uma mãe legal que paga mico de vez em quando do que ser uma mãe chata que nunca se diverte! Danem-se os outros, porque eu quero é ser feliz, e graças a Deus minhas amigas também, tanto que, como se não bastasse todo o relato acima, depois do filme ainda teve a "sessão de fotos com o WALL-E" (considerando que Wall-e em questão era o display de papelão que decorava a entrada do cinema). MICO! MICO! MICO!

Ainda bem (ou não) que a única câmera disponível era a minha vagabundinha velha de guerra (que foi definitivamente aposentada depois que minha irmã me trouxe um "brinquedinho" novo dos States), e por conta disso as fotos ficaram péééééssimas... mas dá pra ter uma idéia da cena, vejam só!

Lea, Kely, Eu, Elaine, Tina e Carla. As crianças nem deram muita bola para o Wall-e de papelão, mas as mães ficaram doidas... Olha o Mico-co-co-co-co-co-co-o-o-o-o-o


E tivemos também nosso

Churrascão de Meio de Semana!


Pois é... pra não perder o costume, ainda conseguimos aproveitar um feriadinho xoxo de meio de semana, dia 09 de Julho, pra comemorar e celebrar a vida mais uma vez, porque tudo vale a pena se a alma não é pequena! Messssssssssmo!!!

Lá fomos nós em pleno meio de semana (feriado em Sampa), invadir o cafofo da insuportável "Kely - A Fraude", para um churrasco caprichado regado a muita comida, bebida e o principal ingrediente: Muita alegria!

Foi a tarde da Terapia do Riso... uma delícia, um churras inventado e organizado de última hora, que deu super certo e ficou marcado como mais um dia inesquecível em companhia de pessoas incríveis que queremos sempre ter por perto!

Terapia de Casais, ops! Terapia do Riso: Yuri e Carla, Alexandre e Kely, Tina e Renato, eu e Odylo.


O que vale é manter viva a adolescente que existe dentro de você! hahaha!


O importante é que Julho tem sido um mês intenso como tantos outros, com o diferencial das férias e a carga extra de "caos" cotidiano que isso traz, mas ainda assim temos sobrevivido e, mais que isso, aproveitado cada oportunidade pra curtir e ser feliz!

O Blog sofreu um pouquinho com essa loucura toda, e ficou meio abandonado por uns dias, mas garanto pra vocês que depois do dia 23 de Julho terei tempo de sobra pra vir escrever, e como escrever será uma das poucas atividades que poderei fazer, vou tirar o atraso até vocês enjoarem! Eu garanto!

Vou finalizar mandando alguns beijos especiais:

Para minha queridíssima Tia Janeide, a preferida de 10 entre 10 sobrinhos da família Cruz, que vem sempre conferir as novidades do Blog e que me cobrou atualizações esses dias. Tia, querida, é muito bom ter leitores "selecionados" como você, fiquei lisonjeada com a sua cobrança, e vou me esforçar pra continuar te entretendo sempre, tá? Te Amo!

Para minha querida amiga Tina, também uma leitora assídua que vive me cobrando histórias engraçadas novas... Me aguarde, Tina! Me aguarde!!! Você ainda vai se surpreender... hehe!

Para meu amigo-irmão-padrinho-tudo Elieser, que não lê com tanta frequência mas que tem sempre algo fundamental pra dizer sobre cada post, ainda que este algo seja uma palhaçada total. Ele está dodói, mas está se cuidando e tenho certeza que em breve estará 100% pra continuar irradiando sua luz para o mundo. Vai dar tudo certo, Monstro! Vai sim!

Finalmente, para todos os meus demais leitores que têm me visitado mesmo com a falta de atualizações (o contador não mente!), aqueles que sempre comentam e os que nunca comentam também. Alguns até já se tornaram "íntimos", mesmo eu os conhecendo apenas pelos seus nicknames. Obrigada pelo carinho e atenção de sempre, e continuem me visitando! Adoro!!!

Até o próximo post, recheado de novidades!

O Menino do Pijama Listrado

"Era uma vez um menino de 9 anos chamado Bruno, que vivia com seus pais e sua irmã mais velha numa casa grande e bonita no centro de Berlim. Bruno adorava aquela casa, adorava seus amigos, sua rotina, tudo!
Certo dia seu pai chegou do trabalho e disse que precisariam se mudar dali. Quando Bruno questionou o motivo, o pai apenas disse que eram ordens de um tal de "Fúria", e Bruno, consciente das regras de não afrontar o pai, resignou-se.
Mudaram-se então para um lugar estranho e distante chamado "Haja Vista", uma casa feia e pequena, sem nenhuma vizinhança por perto, apenas aquele movimento de "entra e sai" dos colegas de trabalho de seu pai que pareciam tomar conta da casa.
Bruno ficou sem amigos, sem ter o que fazer, sem os grandes corrimões da casa antiga para brincar de escorregar e sem razão nenhuma pra se alegrar. E, pra piorar a siutação, da janela de seu quarto avistava uma cerca enorme ao longe, e depois dela uma infinidade de homens que vestiam pijamas listrados, o que lhe causava um misto de espanto e arrepios.
Um dia Bruno resolveu dar um passeio para além dos arredores da casa, foi seguindo a tal cerca até onde conseguiu, e então conheceu Shmuell, um menino careca que usava o tal pijama listrado, e que havia nascido no mesmo dia que ele. Viraram amigos, trocaram confidências e viveram juntos a experiência mais extrema de suas jovens vidas. Fim."
(Dona Farta)

Estou para comentar este livro aqui no Blog faz um bom tempo, já que o li no começo do ano, mas por alguma razão o assunto foi ficando pra depois, e depois, e depois.
Então hoje, fazendo uma pesquisa sobre um assunto qualquer, acabei encontrando uma nota de que o filme de mesmo título encontra-se em fase de pós-produção, e deve chegar às telonas brasileiras no começo de 2009. Legal!

O livro, fininho e de leitura fácil (daqueles que terminamos em uma tarde apenas), faz jus à regra de que "nos menores frascos estão os melhores perfumes". Não que "O Menino do Pijama Listrado" seja o grande acontecimento literário do século, nada disso, mas o fato é que é um livro tão singelo e despretensioso quanto mágico e valioso.

Uma fábula sobre amizade e barbaridade, uma narrativa inocente que vai do cômico ao trágico com a mesma desenvoltura, a visão de um garotinho ingênuo e meio alienado sobre a maior tragédia da humanidade, aquele acontecimento que sempre me causa náuseas, arrepios e vergonha de ser "gente" - o Holocausto.

A leitura é uma delícia, a história é envolvente, e não resisto a deixar um aviso: O final é... bem, como vou dizer... não encontro a palavra certa para descrever o final do livro, então vou deixar mesmo por sua conta, ok? Tenho certeza que depois de ler "O Menino do Pijama Listrado" você encontrará algum adjetivo para descrever sua própria impressão sobre essa fábula profundamente emocionante.

Portanto, deixe a preguiça de lado e começe a ler agora mesmo! O livro é baratinho e a leitura é rápida e gostosa. Pode até ser um bom começo para quem anda com preguiça de ler... e depois com certeza vai ficar o estímulo para outras histórias... Eu até sugiro uma opção para ler na sequência:

A Menina que Roubava Livros (não consigo mencionar esse livro sem dizer que é "the best"... ever!)

E, gostando ou não gostando, volte aqui depois, e divida comigo suas impressões... comente à vontade, é sempre um prazer!
Boa Leitura!

terça-feira, 1 de julho de 2008

Confusões no Café

O Brasil é um país enorme, grande extensão territorial e grande variedade de culturas. Quando viajamos para outras regiões, não há como não ficarmos espantados com diferenças gritantes de comportamento, modismos, tradições e dialetos. É como se existissem muitos países em um, e essa é uma das nossas maiores riquezas, fruto de tanta miscigenação.

São Paulo, por sua vez, é a síntese de tudo isso. Aqui existem pessoas vindas de todos os cantos do país, é nós paulistanos acabamos aprendendo a conviver com essas diferenças com uma certa naturalidade. São sotaques, músicas, festas e outras coisas que nos fazem identificar facilmente um nordestino aqui, um mineirinho ali ou um gaúcho acolá.

Vixi, Mainha! É tudim de bão! Báh, Tchê!

Na maioria das vezes conseguimos nos comunicar facilmente mesmo com toda a variedade de dialetos e sotaques, acaba ficando tudo meio "apaulistanado", expressões regionais se misturam e criam outras tantas novas expressões, é a beleza do intercâmbio cultural que a migração provoca. Eu mesma sou filha de um nordestino, casada com um "pseudo" carioca e tenho familiares espalhados por quase todos os cantos do país, então já nem reparo muito nos exageros de sotaques ou expressões regionais típicas.

Mas descobri esses dias que um detalhezinho pode fazer toda a diferença, e alhos podem ser facilmente confundidos com bugalhos se não tomarmos o devido cuidado na interpretação das palavras proferidas pelos nossos queridos migrantes de outros estados.

Daí que estávamos eu e minhas amigas passando uma tarde agradabilíssima no melhor estilo "madames" outro dia. Depois de um almoço delicioso, resolvemos encerrar a tarde no Fran´s Café, esticando o papo e degustando uma bebidinha básica porque ninguém é de ferro.

Mulherada reunida, aquela confusão. Todo mundo falando ao mesmo tempo, tagarelice tipicamente feminina, e então veio a atendente da cafeteria tomar nossos pedidos.

Cardápio requintado, muitas bebidas diferentes com nomes igualmente peculiares. Mas conseguimos fazer nossas opções, e a moça começou a anotar.

Minha amiga Tina, básica como é, pediu a bebida mais elaborada do cardápio: Mocha. Não me perguntem o que é porque eu não sei, mas é algo muito bom e a foto do cardápio enche os olhos.

Continuamos a tagarelar até que alguns minutos depois vem a garçonete com sua bandeja lotada de copos decorados com bebidas coloridas e extravagantes. E no meio daquilo tudo uma "xicrinha" de café com algo muito simples que parecia apenas um capuccino ou um café com leite.

Ela põe a tal xicrinha que parecia xinfrim diante do restante das bebidas incrementadas na frente da Tina. A Tina arregala os olhos e fica muda. A garçonete vira as costas e vai embora, e então nos damos conta de que há alguma coisa errada com a bebida da Tina.

Depois de uma longa pausa, ela diz, indignada: "_Genteeeeeeee, não foi isso que eu pedi! A bebida que eu pedi é grandona, num copo cheio de chantily, não é isso aqui!"

Chamamos a garçonete, que volta esbaforida. E a Tina que não é mulher de tomar uma bebidinha xinfrim qualquer logo a interpela:
_Moça, não foi isso que eu pedi! Minha bebida veio errada!

A moça meio incrédula argumenta:
_Foi sim, senhora! Eu anotei, está aqui!

E a Tina:
_Eu pedi um mocha, isso aqui não é mocha! O que eu pedi é muito maior e nem é quente, é gelado!

E a garçonete:
_Mas, senhora, este é o mocha. É esse aí mesmo, um capuccino com sei-lá-o quê, está aqui no cardápio, ó!

Olhamos todas para o cardápio, incrédulas. Realmente existia um mocha na parte de bebidas quentes e cafés, mas de fato a Tina jamais pediria uma bebidinha daquela.
_Moça, o que eu pedi é uma bebida gelada que vem cheia de chantily, tem aqui no cardápio, péra que vou achar... Aqui! Achei!

No cardápio de bebidas geladas e frapês de café constava a bebida "Mocha", ao lado de uma foto linda, e a descrição dos ingredientes que a compunham. De fato existem duas bebidas com o mesmo nome no cardápio, mas uma é quente e outra é fria, com composições bem diferentes. Achamos que pudesse ser alguma incorreção na grafia do cardápio, e que a moça fosse argumentar algo nesse sentido, mas qual não foi nossa surpresa quando a garçonete, com cara de "agora entendi", disse:
_Ahhhhhhhhhhhh, sim, moça! O que a senhora pediu foi o Móóóóóóóóóócha, e não o mocha. Agora entendi! Me dê aqui que eu vou trocar!

Pegou a xícara e voltou pra dentro, enquanto ficamos todas com cara de "ué", até que resolvemos consultar o cardápio para confirmar a grafia de ambas as bebidas. Grafia idêntica.

Caímos na gargalhada... Por alguma razão a moça, obviamente nordestina, deu sua própria identificação para a bebida, e falou aquilo com tanta naturalidade que não tivemos outra reação que não fosse rir.

Mocha e Móóóóócha. Exatamente a mesma palavra, mas com o sotaque nordestino da atendente tornou-se não só uma pronúncia diferente, como uma bebida completamente diferente. Ficamos pensando em quantas outras confusões a aparentemente inexperiente moça não deve aprontar com sua interpretação particular do cardápio...

Portanto, fica a dica: Se você for ao Fran´s Café e quiser tomar um mocha, não se esqueça de dizer móóóóócha... na dúvida, é melhor garantir!


Esclarecida a confusão, a Tina ficou feliz da vida, empunhando e exibindo alegremente o seu Móóóóóóóóóóócha!