segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Pac-Man

A vida é como um jogo de Pac-Man.

Vamos comendo as bolinhas incessantemente pra acumular pontos e sobreviver, correndo de um lado pro outro e fazendo manobras não raras vezes improváveis pra conseguir fugir dos fantasminhas que se multiplicam numa velocidade muito maior que a nossa, até que chega o momento inevitável quando nos vemos encurralados com uma fila de fantasmas atrás de nós, sem que tenhamos nenhuma saída possível que nos possibilite sobreviver mais um pouco no jogo.

Neste momento estou encurralada por uma fila de perguntas para as quais preciso dar alguma resposta. O detalhe é que ainda não tenho nenhuma resposta. Ainda não tenho nenhuma certeza.


Game over?

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Isn't she lovely?

E eis que às 22h01 do dia 24/11/2011 eu me tornei oficialmente TIA.

Sou mãe apaixonada e acumulei dezenas de sobrinhos postiços ao longo dos anos, mas não via a hora de uma das minhas irmãs ter um bebê para que eu pudesse me tornar Tia de verdade, estufar o peito e dizer "meu(minha) sobrinho(a)", assim, de boca cheia.

E então a Cátia engravidou, e desde que recebi a notícia eu vivo administrando uma expectativa surreal, que se transformou em uma das emoções mais fortes que já senti na vida hoje quando vi, ainda através do vidro do Centro Cirúrgico, Isabelinha toda linda no colo do papai.

Uma sobrinha. Eu tenho uma SOBRINHA!!! E tô tão excitada com isso que não consigo parar de pensar em tudo que vamos viver juntas!

Sou Tia há pouco mais de 4 horas e já estou insuportável. Sou Tia há pouco mais de 4 horas e já me sinto absurdamente privilegiada, abençoada, renovada... Sou Tia há pouco mais de 4 horas e me sinto plenamente FELIZ!

A vida é realmente incrível, e nos ensina através do milagre do nascimento como tudo vale à pena, sempre!


Qualquer outra coisa que eu disser aqui vai soar redundante, porque quando a gente experimenta felicidade neste grau fica assim, meio abobada, então quero apenas registrar este momento pleno e inesquecível, e dizer à minha amada irmã Cátia o quanto eu sou grata por ela me dar este presente perfeito, e o quanto eu desejo com toda a força do meu coração que esta família linda que ela constituiu seja sempre muito abençoada e absurdamente feliz!

Não consigo parar de repetir que agora eu sou TIA de verdade. TIA da branquelinha mais linda da Galáxia, que magicamente transformou o Mundo num lugar infinitamente melhor nesta noite de quinta-feira!

UM MUNDO PERFEITO.
É o que eu desejo pra você, meu anjinho!
Você acabou de nascer e eu já TE AMO taaaaaaanto!



Isn't she lovely
Isn't she wonderful
Isn't she precious
Less than one minute old
But isn't she lovely made from love!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Às vezes, nem desenhando...

* <--- você saberia definir esta figura / imagem / símbolo / whatever ?


É provável que a grande maioria das pessoas responda que é um asterisco, aquele sinal de pontuação que geralmente serve pra dar destaque a alguma nota, marcar uma referência, etc. E teoricamente é mesmo. TEORICAMENTE.

Outro dia meu filho estava me explicando um desenho que fez na aula de artes, e quando eu perguntei o que significavam tantos asteriscos no meio do mar ele respondeu com aquela cara de "dããã, mãe, não tá óbvio?": "Ué, são as estrelas do mar!"

Claro, Dona Farta! Claro! Por que diabos Zelão ia jogar trocentos asteriscos no meio do mar?

O episódio me fez lembrar que eu mesma, quando criança, odiava desenhar a Bandeira do Brasil, e em um determinado período do Ensino Fundamental (na minha época 1o. Grau) parece que a gente tem que desenhar uma bandeira por semana, o que pra mim era um inferno! Então sempre que chegava na parte das estrelinhas, eu tacava asteriscos, sem dó nem piedade! Quase sempre em quantidade maior que a correta, isso sempre foi um problema pra mim, mas... vamos abafar, néam?

O asterisco que "oficialmente" é um sinal de pontuação, para o Zelão pode ser uma estrela do mar, assim como para mim eram as estrelas da bandeira brasileira.

E poderia ser também um beijinho, como costuma significar nos emoticons? Ou o sinal de multiplicação no teclado do celular? Ou uma florzinha? Ou, viajando um pouco mais, um ouriço tribalizado?

Poderia. Sem dúvida poderia. Poderia ser qualquer coisa, na verdade. Cada um contextualiza seu asterisco como quiser.

E se um simples sinal de pontuação bonitinho (sim, eu acho o asterisco fofo!) pode significar TANTA coisa, o que significarão então as palavras, que são reuniões de letras que, tais quais o asterisco, podem significar muitas outras coisas além do que representam no alfabeto?

Pois é... e tanto é que existe um negócio chamado dicionário que costuma nos fornecer pelo menos meia dúzia de significados para uma única palavra, não raro muito mais que meia dúzia, isso sem contar as metáforas, os ditos populares, os regionalismos e aqueles significados de ocasião que vão caindo no uso popular e que, embora não constem de nenhum livro, também deviam ser considerados.

(E cá estou eu novamente para falar sobre "o problema das pessoas" (eu sei que eu uso essa expressão demais por aqui, me perdoem por isso, mas é o meu jeitinho...))

O PROBLEMA DAS PESSOAS é que elas limitam-se ao próprio significado que dão às palavras e saem por aí interpretando tudo como bem entendem, muitas vezes retirando o que foi dito do contexto original, muitas vezes tirando conclusões precipitadas que não raro têm consequências desastrosas.

É claro que ninguém tem obrigação de saber que o asterisco do Zelão era uma estrela do mar, ou que o meu asterisco era uma estrela da Bandeira do Brasil, ou que o asterisco que o amigo colocou no final daquele email era o beijo que ele estava mandando, ou que aquele asterisco no meio de números em um orçamento significava "multiplique por".

Mas todo mundo devia pelo menos considerar outras hipóteses além da óbvia.

Se o meu Zelão colocou trocentos asteriscos no meio de um desenho do mar, por que diabos eu tinha que imaginar que ele faria trocentas anotações no meio de um desenho? Por que diabos eu não poderia supor que isso não faria sentido, e que obviamente os asteriscos estavam significando alguma outra coisa no contexto do desenho?

É um exercício que acabamos esquecendo de fazer no dia a dia. Nos apegamos às nossas interpretações das coisas e saímos por aí achando que todo mundo é tão limitado quanto nós. Que se pra nós um asterisco é um sinal de pontuação pra dar destaque a alguma frase, então todos os asteriscos que vermos por aí tem que significar a mesma coisa.

A vida seria muito chata se as coisas fossem sempre tão óbvias assim. Ainda bem que não são.

E por isso me preocupa tanto esse mundo onde as pessoas teimam em ficar dentro de seus quadradinhos quando está mais do que claro que expandir os horizontes é uma NECESSIDADE.

Tirar conclusões precipitadas com base exclusivamente na sua opinião pessoal sobre uma palavra, uma frase, um texto, um comportamento, uma reflexão, ou sobre qualquer coisa relacionada a outra pessoa é o primeiro passo para desentendimentos e confusões.

Gente que não entende reflexões, frases de efeito, ironia, piada, trocadilho. Gente que não entende nada que não seja óbvio, literal. Gente que não entende nem se a gente desenhar.

Assim fica difícil, especialmente pra quem odeia obviedade como eu.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ode à Irresponsabilidade

Eu tava aqui pensando... que existe toda uma deturpação do sentido da palavra responsabilidade, deturpação esta decorrente em grande parte da nossa falta de coragem de bancar certas coisas na vida.

Explico-me: quantas e quantas vezes deixamos de fazer as coisas, deixamos de arriscar, deixamos de ousar, deixamos de investir em algo que poderia valer à pena, e usamos como desculpa o nosso senso de responsabilidade?

"Agora não posso, preciso focar no trabalho";
"Neste momento não dá, devo priorizar os estudos";
"Não tenho tempo pra isso, a vida anda muito corrida";
"Vou ter que abrir mão daquilo, porque tenho responsabilidades".

O Patrão Silvio Santos costuma dizer que a gente só consegue adquirir bens se fizer dívidas. E ele não é "o cara" à toa. Sabe das coisas, e tem toda razão! Poucas pessoas conseguem comprar o primeiro carro, o primeiro imóvel, o primeiro bem assim, à vista. A grande maioria dos mortais precisa do crediário, do carnê, do parcelamento do cartão de crédito, do financiamento bancário, do limite do cheque especial. E se endivida, e paga juros, e passa um bom tempo fazendo sacrifícios pra saldar as dívidas.

O Doutor Dinheiro (aquele do Fantástico), por sua vez, discorda do Patrão e diz que não, não devemos nos endividar. Devemos planejar tudo cautelosamente, devemos poupar por um período pacientemente, devemos juntar todo o dinheiro para só então comprar alguma coisa à vista. E sua tese tem todo um fundamento econômico que faz muito sentido. Parece, sem sombra de dúvidas, a mais responsável e segura.

Ambas as lógicas acima ilustram muito mais do que assuntos relacionados a dinheiro. Ilustram a vida, de um modo geral. Ilustram como lidamos com os impasses, como lidamos com desafios, como fazemos escolhas, como administramos nosso tempo. E obviamente o ideal seria, num mundo perfeito, seguirmos a filosofia do Doutor Dinheiro para não corrermos riscos nem pagarmos juros nunca. Mas e a graça da vida, ficaria onde?

Porque, vejam bem: se por um lado podemos controlar nossos ímpetos consumistas e esperar alguns meses até juntar todo o dinheiro pra comprar à vista aquela TV de última geração, por outro lado não temos como controlar o nosso tempo e o tempo alheio, a nossa vida e a vida alheia, o nosso sentimento e o sentimento alheio.

Ao contrário dos bens de consumo, a vida é imediata, é urgente, acontece em sua plenitude em tempo real, minuto a minuto, e pode acabar no minuto seguinte, a gente nunca sabe.

Porque vida não é como dinheiro. A gente não pode colocá-la numa poupança, a gente não pode guardá-la para vivê-la depois, a gente não pode apertar o stop e voltar ao ponto onde paramos depois.

A vida corre, as coisas acontecem e se modificam o tempo todo, estejamos nós em movimento ou não. E isso só nos faz acumular prejuízos, porque, ao contrário do dinheiro, economizar vida só nos faz perder tempo, experiência, oportunidades.

Então eu, particularmente, acho que se no quesito dinheiro podemos (e talvez devemos) seguir a lógica do Doutor Dinheiro, por outro lado tenho certeza que no quesito VIDA vale muito mais a lógica do Patrão.

A gente tem que ser mais irresponsável e parar de usar as obrigações e a falta de tempo como desculpa pra tudo! A gente tem que ser mais irresponsável e ousar, fazer dívidas, pagar juros, mas VIVER agora. A gente tem que se permitir!

Porque a TV de última geração continuará lá na prateleira esperando que você tenha o dinheiro pra comprá-la, mesmo que demore meses, mas a vida pode não estar mais lá quando você decidir vivê-la.

Permitam-me aqui um exemplo pessoal:

Durante muito tempo nutri uma vontade imensa de praticar uma arte marcial. Sempre dizia: "quando der tempo, quando as coisas estiverem mais calmas, quando tudo estiver sob controle, quando eu tiver dinheiro, vou me matricular numa escola!". Não preciso dizer que esta espera durou quase uma vida, né? As urgências do cotidiano sempre se sobrepunham à minha vontade, uma hora eu não podia porque não tinha dinheiro, outra hora porque não tinha tempo, outra hora porque estava cheia de problemas, outra hora porque tinha que trabalhar muito, outra hora porque havia alguém precisando de mim, e assim fui acumulando justificativas para não fazer aquilo que queria durante ANOS.

Há pouco mais de 2 meses fiz uma reflexão muito honesta sobre a minha vida e percebi que as urgências sempre estariam presentes. Percebi que por mais que eu me esforçasse, sempre haveria um objetivo novo no topo da lista me impedindo de realizar aquela vontade, sempre haveria uma prioridade nova, sempre haveria um desafio novo, sempre haveria uma desculpa para justificar o adiamento, e então decidi radicalizar: no meio do caos, com problemas de trabalho pipocando de todos os lados, com problemas financeiros, com problemas familiares, com o coração partido e com uma rotina mais corrida do que nunca, absolutamente exausta, fui até a escola e me matriculei no Muay Thai. 3 aulas por semana com duração de 1h30 cada uma. E tudo que posso dizer pra vocês é que até hoje faltei apenas 2 vezes.

E as coisas continuam funcionando como antes, de certa forma até melhor (bendita endorfina!). Não deixei de dar o melhor de mim no trabalho, não deixei de lidar com os problemas, não deixei de buscar meus outros objetivos, não deixei de cuidar do meu filho, não deixei de pagar minhas contas, não morri de cansaço e ainda por cima estou cuidando de mim!

O preço? Sim, sempre há um preço, e neste caso dentre outras coisas foi a diminuição do meu antes já minúsculo tempo de descanso e lazer, mas e daí? Os benefícios de eu ter conseguido levar adiante uma vontade, os benefícios de eu estar fazendo algo por mim e não apenas as obrigações chatas da vida, os benefícios de me sentir uma vitoriosa após cada aula cumprida se sobrepõem tanto ao cansaço que a única coisa que consigo pensar é: "por que demorei tanto pra fazer isso?".

Eu poderia continuar seguindo a filosofia do Doutor Dinheiro, esperando eternamente uma folguinha no tempo e no orçamento pra só então cogitar começar a fazer algo por mim, mas provavelmente eu morreria esperando. Tempo e Dinheiro não vendem em lojas, não nascem em árvores, e até onde eu sei são artigos em falta pra todo mundo. Então o único jeito é seguir a filosofia do Patrão e se endividar, se comprometer, pagar juros, fazer ginástica e dar um jeito.

Somos nós que determinamos a importância das coisas na nossa vida. Somos nós que estabelecemos nossas prioridades. Mas uma escolha não precisa necessariamente anular a outra, aliás, se você souber olhar do ponto de vista correto, ela não só não vai anular como vai somar.

Afinal de contas, ninguém consegue ser perfeitinho e responsável, ninguém consegue atingir objetivos e conquistar vitórias se não tiver um conjunto em harmonia: Corpo, Mente e Coração.

Descontextualizando e Parafraseando Geraldo Vandré,

"... quem sabe faz a hora, não espera acontecer..."

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Amores Brutos


Peço desculpas pelo momento megalomaníaco, mas adorei a foto! Pediram pra eu fazer uma pose de aspirante a lutadora de Muay Thai (sim, há pouco mais de 2 meses o maravilhoso boxe tailandês faz parte da minha vida - meudeosdocéu, por que eu não descobri isso antes?), e tudo que consegui foi fazer um manjado coraçãozinho com minhas luvas de penélope charmosa!

E isso diz tanto sobre mim... tanto!

Porque durona assim, no sentido literal da palavra, eu definitivamente não sou, como já confessei aqui. Mas isso não significa que eu seja molenga, muito pelo contrário: o que me falta na dureza e aspereza esperada dos gladiadores, me sobra em obstinação.

E é por conta desta obstinação que eu continuo sendo 100% coração sem me envergonhar disso, apesar de um nocaute aqui e outro ali. É por conta desta obstinação que eu não desisto fácil, que eu luto até a última gota mesmo se estiver apanhando horrores, e que eu não sossego enquanto não consigo aquilo que acho que é meu.

Às vezes preciso desistir, pedir pra sair, entregar os pontos. Às vezes vou ao chão e não consigo me levantar, mas até chegar este momento, ahhhh... é a obstinação que me move, e devo dizer: existe muito lutador na vida preparado pra combater tudo quanto é arma, tudo quanto é golpe, mas nem sempre estão preparados para combater alguém verdadeiramente obstinado.

Eu vou ao chão, eu fui ao chão, eu estou no chão. Mas isso nem de longe significa que eu desisti do meu coração, mesmo que ele seja assim, meio bruto, meio torto, meio desengonçado.

Porque ainda assim é um coração grande, que pulsa e não quer ficar sem pulsar. Que ama e não quer ficar sem amar! Que é nocauteado aqui e ali, mas não quer ficar sem lutar!

~~há vagas~~

Vontade


Porque tem gente que simplesmente não consegue viver com o coração vazio!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

4.015 dias

E lá se vão 11 anos. Onze. O.N.Z.E.

Vocês me dêem licença, mas nessas horas todo clichê deve ser perdoado, porque não existe outro momento na vida em que seja tão apropriado dizer: O Tempo voa. Num jato supersônico!

Parece que foi ontem que eu, aos 24 anos e com 24 quilos extras, era consumida pela ansiedade e pela exaustão do barrigão prestes a explodir, morrendo de medo de não dar conta do presente de grego que os céus estavam me mandando.

E então Ele nasceu, e nasceu também esta mãe que agora, 11 anos depois, continua cheia de medos, mas supera todos eles em nome desse Amor infinito que só as mães têm o poder de sentir.

Meu Zelão está aí, lindo, saudável, inteligente, FELIZ. Já é oficialmente um pré-adolescente, com eventuais momentos aborrescente, mas ainda com aquela peculiar doçura infantil que o torna a criatura mais apaixonante do Planeta.

Um homenzinho cheio de personalidade, opiniões e dúvidas existenciais, mas que ainda quer ganhar brinquedo no aniversário.

Um homenzinho que já não aceita mais meus apertões e carinhos exagerados com a mesma receptividade de antigamente (outro dia ele reclamou: "Mãããe, por que você fica me apertando? Desgruda!"), mas que tem o melhor abraço e a mais gostosa gargalhada do Mundo.

Um homenzinho que já não aparece mais no meu quarto no meio da madrugada pedindo pra dormir comigo, mas que ainda me pede cafuné e carinho nas costas até conseguir pegar no sono.

Um homenzinho que já não me pede mais pra "fazer um leite", e que "faz um leite" pra mim (e o café da manhã completo) quando digo que estou com preguiça de sair da cama.

Um homenzinho que já fica sozinho em casa, esquenta comida, lava louça, varre o chão, se vira, mas me liga muitas vezes quando saio pra saber se já cheguei, se cheguei bem, que horas vou voltar, por que estou demorando.

O homenzinho da casa. Que manda e desmanda. Que cuida dele mesmo e de mim. Que olha se a porta está trancada antes de ir dormir. Que me dá bronca por eu ficar acordada até muito tarde sendo que acordamos super cedo no dia seguinte. Que pede a ficha completa de cada amigo meu que vem em casa. Que se preocupa comigo quando estou triste e não sossega enquanto não conto pra ele o que houve, e ainda me dá conselhos!

O Rei das frases de efeito que me deixam sempre de queixo caído. O Rei da argumentação (céus, como é difícil convencer esse homenzinho de qualquer coisa!). O Rei absoluto da minha vida!

Aquele que me enche de orgulho por ser sensível, justo, leal e humano, como no dia em que externou de maneira super natural sua opinião sobre homofobia, ou como no dia em que escreveu uma cartinha para o Papai Noel pedindo para ele "resolver os problemas do Mundo", ou como no dia em que me pediu o dinheiro da semanada adiantado pra poder dar uma esmola para uma senhorinha no Farol porque achou que ela estava com fome e triste.

Ele que me ensinou a ver o Mundo de um outro ponto de vista. Ele que me ensinou que gargalhar às vezes é o melhor que podemos fazer, até quando a vida não tá muito boa. Ele que me ensinou que milagres acontecem, e que podemos até fazer nevar no Natal!

Parando pra pensar agora, enquanto escrevo, chego à conclusão de que a vida fez o seguinte comigo: Pegou tudo, TUDO que podia existir de melhor e colocou nessa criatura que ganhei de presente assim, de uma vez.

Quando nasceu era o bebê dos sonhos de qualquer mãe: bonzinho, mamava bem, dormia a noite toda, quase não chorava, não deu um pingo de trabalho.

Sempre foi um poço de saúde, nunca ficou gravemente doente (aliás, nem lembro a última vez que precisou tomar remédios), nunca me fez passar noites em Hospitais, e os pequenos sustos foram sempre em decorrência de alguma arte, porque de tanta saúde e energia ele era uma máquina de fazer traquinagens, e de vez em quando rolava um tombo ou um arranhão mais profundo.

Nunca deu trabalho pra comer, devorava com gosto qualquer coisa que eu oferecesse, até mesmo aquele suco horroroso de beterraba com laranja.

Sempre foi muito inteligente, aprende tudo com muita facilidade, e na escola sempre tem as melhores notas. Nunca ficou de recuperação, nunca precisou fazer reforço, e recentemente chegou bem perto da nota máxima numa prova de bolsa pra mudar de Colégio.

E estes são apenas alguns exemplos óbvios. Não me sinto no direito de exigir mais nada da vida. A bem da verdade é que tudo que preciso tenho Dele e Nele.

Toda a força que eu preciso está Nele, toda a coragem que eu preciso vem Dele, toda a vontade de ir à luta e fazer o amanhã melhor vem Dele, tudo ganha sentido diferente quando eu penso Nele, qualquer problema se torna superável por Ele, nunca vou desistir de ser uma pessoa melhor porque é pra Ele.

Claro que não é assim tão fácil. Filho dá trabalho, nos leva ao limite, às vezes nos enlouquece, custa caro, e é uma responsabilidade diária para o resto da vida. Mas o milagre que um filho opera na vida de uma mãe é tão indescritível que sacrifício nenhum se sobrepõe. Minha mãe dizia que eu me tornei uma pessoa melhor depois que tive filho, e ela estava certa. E isso resume tudo.

Sempre digo que antes de querer que Ele seja um homem de sucesso eu quero que ele seja um grande homem, no sentido mais amplo da palavra grandeza. E sem falsa modéstea, apesar de muitas falhas da minha parte, o resultado tá aí: quem conhece o pequeno-grande Zelão sabe que não é apenas babação de mãe, sabe que ele é assim, uma figuuuura... Impossível não amar!

Filho, sei que a vida às vezes é esquisita, outras vezes complicada, e tantas outras frustrante (palavra que você, aliás, adora usar!). Sei que nem sempre sou uma boa mãe, sei que muitas vezes não consigo atender suas expectativas, sei que talvez você merecesse uma mãe melhor.

Mas saiba, filho, que eu estou apenas tentando te preparar para os dias seguintes, para as durezas e asperezas que nos surpreendem quando menos esperamos, e para que eu consiga fazer isso às vezes preciso ser menos legal do que você gostaria.

Você é muito igual a mim, filho. Fisicamente todo mundo vê, todo mundo fala, mas suas semelhanças comigo vão muito além. Assim como eu, você é 100% coração. Assim como eu, você acredita nas pessoas, nas coisas, no Mundo. Assim como eu, você é generoso e dá tudo o que pode sem pedir nada em troca. Assim como eu, você é sensível e se emociona, e chora, e mostra seus sentimentos. Assim como eu, você se encanta rapidamente pelas pessoas, e sofre quando elas partem. Assim como eu, você é estudioso e se cobra muito, e se frustra quando não atinge suas metas. Assim como eu, você é um sonhador, um idealista, e fica inconformado com as coisas erradas que vê. E essas são apenas algumas das infinitas semelhanças que temos. E por isso eu sei muito bem tudo o que você sente de bom e de ruim, e gostaria de ter conseguido agora, aos 35 anos, uma fórmula de como viver sendo assim pra transmitir a você, para que você não precisasse sofrer tanto quanto eu sofri.

Mas não tenho, filho. Não sei quase nada, pra dizer a verdade. E por isso tudo o que posso é tentar fazer de você uma pessoa boa, justa, honesta, para que você encontre o seu próprio jeito de lidar com tudo que não for legal na vida e ser feliz do jeito que você é.

Tudo o que eu posso te oferecer, meu amor, é o meu apoio incondicional, sempre. Todos os dias da sua vida, aconteça o que acontecer, e mesmo que o Mundo pareça virar as costas pra você, estarei aqui pra segurar sua mão e te abraçar quando você precisar (e quando não precisar também, afinal seu abraço é indispensável em qualquer circunstância!).

E é só isso que eu quero que você saiba: Que eu vivo por você desde o dia que você foi concebido, e continuarei vivendo pelo máximo de tempo que eu puder porque, se nada mais na vida me parecer valer à pena, o simples fato de você existir será sempre, sempre, SEMPRE o maior motivo pra eu continuar respirando!

TE AMO TANTO QUE NÃO EXISTE NÚMERO INFINITO NENHUM QUE SEJA CAPAZ DE REPRESENTAR O TAMANHO DESTE AMOR.

Feliz Aniversário, Lucas!

Com todo amor, Mamãe.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Registro

Às vezes a angústia é tanta, e tão inexplicável, e tão inextravasável, e tão infinita, que a gente precisa escrever em algum lugar que ela EXISTE apenas pra tentar não explodir por mais alguns segundos.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Bundas

Perdoem-me a analogia de gosto duvidoso, mas todo mundo sabe que "opinião é que nem bunda: cada um tem a sua e dá quando quer".

Faz parte da democracia, é direito soberano, liberdade de expressão, etc e tal.



Por outro lado, se "o peixe morre pela boca", muita gente (inclusive EU) tem mais é que agradecer por não ter escamas, porque, né? Vivemos perdendo oportunidades incríveis de calar a boca, coisa que aliás eu devia fazer sobre este asunto, mas NÃO CONSIGO, tamanha minha indignação.

USP. Universitários. Maconheiros. Ocupação. Baderna. Polícia. Repressão. Imprensa. Circo.

Antes de mais nada, por favor entendam que eu NÃO ESTOU TOMANDO PARTIDO nesta situação. Não estou tomando partido porque sei muito pouco sobre o assunto. Assim como a maioria das pessoas, apenas li/vi/ouvi as notícias através da imprensa (vários veículos e não apenas os de direita ou de esquerda, que fique claro), e não acredito que essas informações não raras vezes tendenciosas sejam suficientes para que eu, que não tenho nada a ver com a USP e não lido com esses assuntos no meu cotidiano, forme uma OPINIÃO concreta e bem fundamentada.

Tenho alguns palpites de acordo com a minha própria interpretação do que li aqui e ali, mas posso estar redondamente enganada, então sigo apenas acompanhando o caso e torcendo pra que tudo termine bem, afinal, estamos falando, por um lado, de Universitários que ingressaram na maior Faculdade pública do país através de um concorridíssimo vestibular (e independentemente de serem filhinhos de papai ou não, maconheiros ou não, conquistaram a vaga com mérito) e por outro lado de uma Universidade que não tem a fama que tem à toa. É talvez a melhor ou uma das melhores. Todo mundo quer estudar na USP.

Fato é que, na minha modesta e limitada opinião, houve excessos de todos os lados, desde o começo. E quando eu digo todos os lados, estou me referindo a todos mesmo, inclusive ao Poder Público / Polícia, Imprensa (às vezes tão podre), e aos próprios Universitários que colocaram a perder as razões que eventualmente tivessem ao agirem de maneira infantil e intrasigente, segundo consta.

Não vejo culpados nem inocentes; vejo apenas um monte de erros baseados na abdicação do argumento em prol da violência, o que é uma contradição quase incompreensível se lembrarmos que estamos falando de uma situação ocorrida dentro de uma Universidade, que deveria ser ambiente para a prática da boa inteligência, e não da DESINTELIGÊNCIA vista.

Porque é isso que a violência (em todos os sentidos) faz: ela sufoca qualquer possibilidade de alternativas inteligentes e criativas, ela se sobrepõe à argumentação e abre espaço para radicalismos que não levam ninguém a lugar nenhum, e no fim das contas sai todo mundo perdendo. Até quem estava com a razão (e a razão podia estar dividida entre vários lados) acaba perdendo a razão. Sobra apenas o retrato de um fato lamentável onde nada se aprendeu e muito se perdeu. Perda de tempo, de recursos, de dinheiro, de dignidade... Perda de OPORTUNIDADE de exercer a civilidade!

O que me causou mais espanto / nojo / vergonha / desesperança nesse episódio todo, contudo, não está ligado às atitudes dos Universitários, nem da Reitoria, nem da Polícia, nem da Imprensa. O que me causou e está me causando NÁUSEAS são algumas manifestações que as pessoas têm expressado a respeito do caso, especialmente nas Redes Sociais.

"Esta pessoa acha que a Polícia tem mais é que descer a porrada / o sarrafo / a borracha / o cacete nestes Maconheiros!"

A frase acima e uma infinidade de variáveis que dizem a mesma coisa está circulando, em forma de banner ou charge ou imagem no Facebook há alguns dias. E me causa arrepios cada vez que leio.

Pior que isso é saber que existem muitas pessoas dentro do meu limitado círculo de "amigos" do Facebook que postam isso, e curtem, e bradam que, "sim, tem que descer a porrada!".

Genteeeeee, pelo amor de Deus! Quem são vocês, que não reconheço?

Em que momento voltamos à Idade da Pedra e ganhamos autorização pra agir como selvagens primitivos? Em que momento retrocedemos tanto a ponto de existir quem se orgulhe de incitar a violência?

O que houve com o "Paz e Amor", minha gente? O que houve com a evolução da espécie humana conquistada a duras penas ao longo de centenas de anos?

Porque eu realmente não consigo crer que seres humanos evoluídos e civilizados sejam capazes de, em sã consciência e em pleno ano 2011, defenderem a violência como única alternativa para solução de um problema, seja ele qual for. As pessoas desaprenderam (ou talvez nunca tenham compreendido) o significado de democracia e de civilidade.

Sim, eu sei que em determinados casos, como disse o Alexandre Borges numa discussão no facebook outro dia, a função da Polícia é justamente utilizar a força pra manter a ordem pública. Eu sei disso. Todo mundo sabe disso. Mas daí a TORCER pra que isso aconteça, e comemorar quando acontece, bem... há uma enorme diferença!

Eu sempre admirei aquelas raras operações policiais que a gente vê no noticiário quando uma situação limite é resolvida na base da INTELIGÊNCIA, e ninguém ou quase ninguém sai ferido. Isso pra mim faz sentido, esgotar todos os esforços para que a violência seja uma alternativa muito remota. Isso pra mim é evolução, democracia, civilidade. INTELIGÊNCIA.

E nas tantas outras vezes em que a violência é necessária, mesmo sabendo que foi necessária, ainda assim eu lamento. Lamento porque violência é algo PRIMITIVO, e, sem-querer-me-repetir-já-me-repetindo, faz apenas com que todo mundo contabilize muito mais prejuízos do que lucros.

Não entendo esse ódio que as pessoas estão expondo de maneira tão nojenta! De verdade, não entendo. Não sou melhor nem pior do que ninguém, mas não consigo me ver inserida numa sociedade que pratica esse tipo de "liberdade de expressão", pra incitar a violência, o ódio, o preconceito.

Quem são vocês? O que fizeram com a INTELIGÊNCIA que Deus lhes deu?

Às vezes tenho a impressão que o Cara la de cima olha pra esses comportamentos bizarros e pensa: "Por que raios eu não dei a inteligência para os Macacos?"

Porque, né? Humanos... que VERGONHA de pertencer a esta espécie!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Aleatórios

Radicalismos e Extremismos nascem mortos.
(principalmente quando se fundamentam em fatos analisados sob um único ponto de vista)

Opinião é que nem bunda: cada um tem a sua.
(mas seria bom se as pessoas parassem de querer imitar a bunda alheia e tentassem compreender / aceitar a própria anatomia)

Viver é muito mais do que existir.
(e seria tão bom se as pessoas parassem de se escorar nos outros e encontrassem o próprio caminho, desenvolvessem suas próprias opiniões e buscassem suas próprias verdades)

Julgar é tão mais fácil do que analisar.
(vivemos uma fase tão radical... cadê os dois pesos e as duas medidas? De repente o Mundo virou um lugar povoado de Juízes e seus dedos em riste, invariavelmente sustentados em argumentos tão frágeis quanto desembasados)

Seguir padrões e regras inventados por sabe-se lá quem é tão medíocre!
(nunca vou entender por que as pessoas se contentam em viver eternamente dentro do quadradinho cheio de limitações sem jamais ter a curiosidade de experimentar o que existe além do muro)

Ninguém é igual a ninguém.
(por que raios então as pessoas ficam se colocando como referência soberana para a vida alheia?)

Homens são tão estúpidos - lato sensu.
(perdem tantas oportunidades de surpreender... será de fato uma limitação genética?)

Mulheres fazem doce demais.
(e se esquecem que até o doce mais nobre pode "entalhar" se passar do ponto)

... ... ...

O ser humano de um modo geral é bastante limitado, parte por sua natureza, parte porque subutiliza o cérebro e se deixa limitar.

(mas EU, pessoalmente, ainda que de maneira igualmente limitada, tento ser diferente... nem melhor, nem pior: apenas diferente, de modos que tento sempre que possível derrubar as barreiras para enxergar além-muro, até quando elas têm a função de me proteger. É uma espécie de cuirosidade nata, instinto de contestação, rebeldia, inconformismo, whatever...)

(Foda-se se eu não me encaixar! Não sou LEGO pra ter obrigatóriamente que me encaixar em algum lugar, porra!)


(Quer me julgar? Julga aê! Mas aproveita e depois passa aqui em casa pra pegar o bolo de contas que tá pra vencer e paga pra mim, porque, né? Se quer cuidar da minha vida, tem que cuidar direito!)

Entendam como quiserem.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Crente

Existem momentos na vida em que a gente PRECISA lutar contra o ceticismo e tentar acreditar em alguma coisa, porque a gente percebe que não vai dar conta sozinho e PRECISA contar com alguma ajuda mágica, divina, milagrosa, whatever.

Daí que eu fui no salão outro dia e a moça me falou sobre a Acupunturista ótima que estava trabalhando lá, e não precisei ouvir 2 minutos de propaganda pra dizer "yes, yes, yes", e pouco tempo depois já estava deitada na maca feliz e retumbante crente que minha vida mudaria porque - oh, meu deus! - acupuntura! Os orientais que inventaram esse negócio são tão equilibrados e zens e tal que com certeza seria a terapia perfeita pra mim!

Quem me conhece sabe o quão cética eu sou em relação a quase tudo na vida, de modos que esta minha reação à ideia de fazer acupuntura é a mais óbvia demonstração do desespero de alguém que tá topando qualquer parada e procurando desesperadamente acreditar em qualquer coisa pra tentar tornar essa fase de caos menos caótica, etc.

Dentre várias coisinhas, a acupuntura pretende tratar também minha ansiedade.

Pois bem. Deitada no aconchego da minha super cama ainda agora, no começo desta madrugada de terça-feira, acabei de arrancar na unha, de tanta ansiedade, as 9 microesferas que estavam aplicadas na minha orelha esquerda e deviam permanecer nela até a próxima quinta-feira.

Daí a pegunta que não quer calar é: Será que tá funcionando?

Haverá salvação para mim?

Céus, cadê o espírito zen dos orientais?

Quero ser possuída pelo espírito de um sábio e equilibrado Samurai righ now! Não era essa a ideia?

#BIGFAIL


Incongruências

A gente constrói um castelo com tanto amor, cuidado e carinho, pretendendo morar ali para sempre, até que num belo dia, do nada, vem um terremoto e acaba com tudo.

Então a gente acorda do trauma entre os escombros daquilo que um dia foi a nossa razão de viver, fica chocado, arrasado, horrorizado, amedrontado, e se entrega ao sofrimento porque a gente tem certeza de que não há nada a fazer, apenas esperar o fim.

E a gente efetivamente fica esperando o fim, alternando momentos de revolta, tristeza, resignação, autocompaixão. É uma etapa horrível, e dura uma eternidade insuportável.

Mas é uma eternidade finita, porque feliz ou infelizmente em dado momento, ainda que a gente não queira ou não espere, acaba aparecendo a tal luz no fim do túnel, e a gente tem obrigatóriamente que levantar, sacudir a poeira e recomeçar.

E então a gente tenta recomeçar a construção, aproveitando uma infinidade de materiais novos que a gente descobre, aplicando a experiência adquirida, tentando melhorar as fundações para evitar um novo desabamento, tentando melhorar o conjunto da obra para, quem sabe, aproveitar pelo menos um pouco quando a nova construção estiver pronta, antes que outro desabamento acabe com tudo de novo.

Devia ser o momento em que tudo começa a melhorar. Se por um lado não existe sub-solo do fundo do poço, por outro lado existe apenas o céu como limite na caminhada inversa, então não haveria, em tese, motivos pra se preocupar...

Entretanto, aquele momento de retomada do controle, quando todos os caminhos se abrem sorridentes e totalmente iluminados, que devia encher a gente de otimismo e boas expectativas pode, sorrateiramente, se transformar na pior de todas as etapas, pior até mesmo que o próprio fundo do poço.

A vida não faz sentido, e a gente também não ajuda! Acho que nem Freud explica...

Depois do ápice do sofrimento, reconstruir o castelo devia ser menos doloroso, mas não é. E o pior é saber que não é porque a gente não deixa ser. Porque a gente não quer que seja. Porque a gente não quer sair dos escombros. Porque a gente no fundo fica alimentando esperanças de que em algum momento seremos salvos heróicamente, então a gente prefere ficar lá no fundo do poço esperando o momento épico acontecer, ao invés de seguir adiante na reconstrução.

A gente não gosta de sofrer, mas a gente não quer parar de sofrer. Porque a gente tem apego àquilo que a gente construiu, mesmo depois que tanto esforço se resumiu a um amontoado de escombros.

No fundo a gente quer acreditar que, por algum passe de mágica ou algo do tipo, em algum momento a gente vai acordar confortavelmente dentro do nosso castelo intacto, certos de que tudo não passou de um pesadelo.

No fundo a gente não quer abrir mão, porque pra gente nenhuma possibilidade de uma nova construção, por mais sólida e rebuscada que seja, é capaz de fazer a gente esquecer cada tijolinho empenhado naquilo que jamais devia ter ruído.

Há quem diga que isso é amor, e se for... POHANNN... Que merda que é o Amor, heim!

Serve apenas pra fazer a gente ser incongruente. E não sair nunca mais do lugar.

Doa-se um coração! Quero mais ter esse negócio que só me faz mal não!

Posso perfeitamente viver só com o cérebro, e inclusive ensiná-lo a suprir a função do coração de maneira mais inteligente e menos estúpida.

Seria muito mais legal viver!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Falou e Disse! [5]

"Eu me casaria de novo se encontrasse um homem que tivesse uns US$ 15 milhões, dividisse metade comigo e me desse a garantia de que estaria morto em um ano."

(Bette Davis)

sábado, 5 de novembro de 2011

Não!

O psicanalista provavelmente teria alguma explicação freudiana para o fato de eu ser uma pessoa que tem necessidade de dizer sempre SIM, mas acho que nem é preciso ir tão fundo.

De maneira extremamente simplista (e óbvia), ouso concluir que todos os meus SIMs decorrem de uma necessidade evidente de ser legal, de ser aceita, de ser querida. Necessidade típica de quem já sofreu (e ainda sofre, ou acha que sofre) muita rejeição, e que por isso precisa se esforçar mais que os outros pra se encaixar.

Assim construí minha vida, minha história, o que sou. E fui me encaixando, sendo aceita, sendo querida. Escolhi o caminho mais fácil, que é também um caminho covarde. E não, não me orgulho disso.

Acontece que de uns tempos pra cá tenho me esforçado (antes tarde do que nunca!) pra mudar esse padrão patético, não apenas por ter constatado de maneira traumática minha própria covardia, mas também porque acabei descobrindo que nem sempre "se encaixar" é a melhor opção. Raramente é, aliás. Existe muita superficialidade na aceitação decorrente do SIM, e como tudo que é superficial, chega uma hora que fica insustentável.

E então comecei a dizer alguns NÃOs.

Houve no início deste processo (e ainda há) muita dificuldade em cada NÃO, o SIM continua sendo extremamente tentador e resistir é quase impossível, mas estou tentando manter o foco, estou me esforçando, estou resistindo.

Não é uma experiência das mais agradáveis, devo pontuar. Além do medo de ser excluída e rejeitada, há um fator que pesa muito mais e com o qual ainda não aprendi a lidar: A CULPA.

Cada NÃO está diretamente ligado a uma CULPA absurdamente pesada, especialmente por eu saber que poderia muito bem ter dito SIM e facilitado tudo. E culpa é um negócio capaz de transformar a vida num limbo de dúvidas e incertezas, e é inevitável questionar se o NÃO foi mesmo uma escolha inteligente e corajosa, ou se foi apenas uma grande estupidez.

Quanto mais eu penso a respeito, mais dúvidas eu tenho.

Existe, entretanto, uma única e absoluta certeza neste blábláblá todo: Cansei de ser uma pessoa conveniente. Cansei de dançar conforme a música. Cansei de amputar pedaços de mim pra me encaixar em espaços que não me comportam. Cansei de ser aceita em lugares onde no fundo no fundo eu nem queria estar.

Preciso encontrar minhas verdades, mesmo sabendo que morrerei sem tê-las encontrado. Preciso pelo menos fazer esta busca, pra exorcizar tudo aquilo de mim que não tem nada a ver comigo.

O preço é bem alto, e já estou pagando, a duríssimas penas.

E, apesar de uma ou outra recaída (porque eu não sou de ferro), sigo explorando este novo, desconhecido e arriscado caminho da maneira mais honesta que consigo, de mãos dadas com o meu atual melhor amigo:



o NÃO.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Reflexão N. 95643289

Tenho espírito kamikaze.
Só isso justifica o fato de eu me meter nas situações mais difíceis e desafiadoras e pouco prováveis evah.

(por outro lado, eu raramente desisto, então... entre mortos e feridos, tudo indica que sobreviverei... Vamos acompanhar!)

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Falou e Disse! [4]

"Quando é que o amor acaba? Se você disse que se encontraria com alguém às 7 horas e chega às 9, e ele ainda não chamou a polícia, o amor acabou mesmo."

(Marlene Dietrich)