quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Coringa

Faz tempo que não falo sobre cinema aqui no Blog, até porque ultimamente tenho visto pouquíssimos filmes, à exceção dos infantis nos quais bato sempre cartão por motivos óbvios.

Faço sempre uma listinha mental dos filmes que estão em cartaz e que eu quero ver, mas depois acabo tendo que esperar o lançamento em DVD pela falta de oportunidade de ir ao cinema ver um filme adulto ou pelo menos não-exatamente-infantil. Minha mais recente listinha incluía poucos títulos já que em época de férias escolares permanecem em cartaz quase que exclusivamente filmes de classificação livre, mas eu sabia que queria ver Batman - O Cavaleiro das Trevas, e esse definitivamente não é um filme de se deixar pra ver em DVD depois, é um filme que precisa ser visto no cinema.

Daí que na véspera do dia da minha cirurgia eu já estava hospedada em outra cidade (onde operei), e pra segurar a ansiedade e passar o tempo, depois de resolver as burocracias no hospital pela manhã, resolvi passar a tarde no cinema, e vi o melhor filme desse gênero de todos os tempos, na minha modesta e parcial opinião.

Preciso deixar bastante claro que não sou adepta deste segmento de filmes, dificilmente me sinto atraída por uma história adaptada dos quadrinhos e não entendo nada de super-heróis. Não é a minha praia, definitivamente, e em geral os poucos filmes que vejo acho chatos e bobos, inclusive alguns outros Batmans que já tinha assistido. Por isso não vou comentar diretamente o filme, não vou fazer a minha tradicional resenha com análises pretensioas porque não me sinto à vontade para falar sobre um assunto que não entendo e nem mesmo gosto.

Mas para mim o grande atrativo de Batman - O Cavaleiro das Trevas era o Coringa de Heath Ledger, e tenho que confessar que era muito mais por Ledger que eu queria ver o filme do que por qualquer outro motivo. O fato de o ator ter morrido pouco depois do término das filmagens colocou uma dose extra de atrativo no filme, e tenho certeza que, apesar de trágico, o acontecimeto alavancou as bilheterias no mundo todo, incluindo-se aí o meu ingresso.

Se eu fui ver o filme só porque o pobre moço morreu? Claro que não! Antes de mais nada, eu já era fã do lindíssimo rapagão de olhos sedutores e voz grave, não exclusivamente por sua estonteante beleza, mas principalmente pelo seu inegável talento escancarado na corajosa atuação no magnífico filme O Segredo de Brokeback Mountain, papel pelo qual o rapaz recebeu inclusive uma merecida indicação ao Oscar.

Lamentei muito quando soube da morte de Heath Ledger, porque é sempre uma perda muito grande e geralmente irreparável quando um talento de destaque vai embora tão cedo. É uma judiação saber que alguém tão jovem (29 anos) e com tanto potencial não teve a oportunidade de viver o auge e envelhecer fazendo aquilo que nasceu para fazer, é uma judicação não ver uma estrela brilhar pelo tempo que deveria brilhar, e Ledger sem dúvidas partiu muito antes de oferecer o seu melhor para o mundo do cinema.

Existem muitas teorias sobre sua morte. O corpo do ator foi encontrado pela massagista numa manhã de janeiro deste ano, e todas as pessoas próximas dele declararam que overdose por drogas ilícitas era uma hipótese improvável porque o rapaz era limpo. O laudo oficial declarou que a morte ocorreu por overdose, sim, mas de remédios prescritos (para insônia e calmantes), o que nos leva a pensar que motivos um jovem lindo, talentoso, de tanto sucesso e "pai fresco" (ele deixou uma linda filhinha de 2 anos) teria para se entupir deste tipo de droga. Quais seriam os monstros que assombraram tanto a paz e o sossego do rapaz a ponto de levá-lo à dependência de soníferos?

Há quem diga que o vilão de Ledger foi o próprio Coringa, que o personagem teria extrapolado os limites do set de gravação e possuído sua mente quase como uma maldição, e que outros atores que já interpretaram o vilão teriam relatado experiência semelhante. Difícil de acreditar que seja isso, mas nesse ramo talvez tudo seja possível, e vendo a intensidade na atuação do ator no filme dá mesmo para viajar na idéia de que ele tenha ido um pouco além nessa viagem toda e em algum ponto misturado ficção com realidade. Acho que eu também teria insônia e crises de pânico se tivesse que conviver com o Coringa por 10 meses seguidos. Pobre rapaz!

Se serve de consolo, ele deixou uma filmografia de respeito composta por mais de 15 filmes (dos quais eu já vi mais de 10), com atuações regulares geralmente boas ou ótimas, destacando-se suas duas belíssimas contribuições para a sétima arte que sem dúvida serão eternizadas, a primeira delas a linda interpretação de Ennis Del Mar, o cowboy gay de O Segredo de Brokeback Mountain, e a segunda e talvez mais consagradora: a intepretação do psicopata Coringa em Batman - O Cavaleiro das Trevas.

É chover no molhado dizer que o Coringa rouba a cena em Batman. O filme é dele, como se fosse um pensado e calculado grande espetáculo de despedida, é impressionante.

Sei que os fãs mais fissurados no homem-morcego talvez não concordem 100% com isso e tenham várias outras razões pra glorificar o filme pelos demais vilões e pelo quase-não-herói Batman, mas como eu já disse não sou grande fã do gênero, e vendo o filme de coração aberto consegui adorá-lo profundamente, com todo mérito ao Coringa, um vilão completamente descontrolado, psicopata no mais elevado grau, mas que de uma maneira louca consegue de cara a empatia do público de modo que em alguns momentos a gente até tende a ficar do lado dele, se não pela vilania, pela sua perspicácia e pelas suas tiradas sombrias-bem-humoradas-completamente-loucas, num grau de loucura quase inimaginável.

Impressionante. Eu fiquei arrepiada com o Coringa. Tive medo dele. Tive dó dele. Tive ódio dele. Ri dele. Ri com ele. E até sonhei com ele!


Comentando o filme com um amigo, ele me disse: "Ah, mas interpretar o vilão é sempre mais fácil". É. Talvez seja. Mas este Coringa não é qualquer vilão, e duvido que qualquer outro ator o teria feito com a intensidade que Ledger fez. Um personagem maquiado (aliás, a maquiagem é demais, assustadora mesmo), que vai jogando suas doses de insanidade através dos olhares, movimentações da cabeça, das mãos, da língua, e a voz... ah, a voz é um capítulo à parte, porque dá todo um contorno especial à figura do Coringa. Perfeito!

Não foi só o super vilão que me fez gostar do filme, na verdade surpreendentemente eu gostei de tudo e entendi a história! (piadinha interna), e constatei que o elenco de peso, com uma boa direção, rendeu um filmaço capaz de agradar até os menos simpatizantes do estilo como eu. Num só filme temos além de Heath Ledber, Christian Bale - o herói que quase não é herói, o herói politicamente incorreto e sinistro quase como um vilão, Gary Oldman, Morgan Freeman e o adorável Michael Caine, dentre outros.

Um belo conjunto, um resultado fantástico, um filme muito bom que encerrou precocemente a carreira de um astro de talento inquestionável que vai deixar sempre muita saudade, mas que está eternizado a partir de agora como o grande psicopata, talvez um dos mais importantes vilões da história do cinema, e que por isso mesmo merece ser prestigiado através da audiência (merecida) que o filme vem recebendo.


Vale à pena conferir!

(e veja a versão legendada, porque é fundamental ouvir a voz de Ledger e sentir os arrepios e calafrios que sua voz e sua risada sinistra provocam)

4 comentários:

Fernanda disse...

ainda não assisti... boa dica pro cinema! tem um tempo que não faço isso. vou ver se consigo ver antes de sair do circuito

bjks

Fernanda

Alone disse...

É engraçado como andamos perdidos e derepente nos deparamos com algo que nos chama atenção ! Parabéns pelo Blog, me deu vontade ir ver o Batman tbem ♥

Lucy ... disse...

oieeeeeeeeeeeee saudades de passar por aqui , bem não assisti o filme ainda e fiquei louca de vontade de ver por causa do seu relato, eu gosto muito de ator ele é linduuuuuuu meu marido que não leia isso kkkk , bem eu só vi o A Knight's Tale ainda e foi ótimo bjsss ótimo findi

Anônimo disse...

Vou seguir sua dica amiga..... quero ver o filme fiquei curiosa!!!!