terça-feira, 1 de julho de 2008

Confusões no Café

O Brasil é um país enorme, grande extensão territorial e grande variedade de culturas. Quando viajamos para outras regiões, não há como não ficarmos espantados com diferenças gritantes de comportamento, modismos, tradições e dialetos. É como se existissem muitos países em um, e essa é uma das nossas maiores riquezas, fruto de tanta miscigenação.

São Paulo, por sua vez, é a síntese de tudo isso. Aqui existem pessoas vindas de todos os cantos do país, é nós paulistanos acabamos aprendendo a conviver com essas diferenças com uma certa naturalidade. São sotaques, músicas, festas e outras coisas que nos fazem identificar facilmente um nordestino aqui, um mineirinho ali ou um gaúcho acolá.

Vixi, Mainha! É tudim de bão! Báh, Tchê!

Na maioria das vezes conseguimos nos comunicar facilmente mesmo com toda a variedade de dialetos e sotaques, acaba ficando tudo meio "apaulistanado", expressões regionais se misturam e criam outras tantas novas expressões, é a beleza do intercâmbio cultural que a migração provoca. Eu mesma sou filha de um nordestino, casada com um "pseudo" carioca e tenho familiares espalhados por quase todos os cantos do país, então já nem reparo muito nos exageros de sotaques ou expressões regionais típicas.

Mas descobri esses dias que um detalhezinho pode fazer toda a diferença, e alhos podem ser facilmente confundidos com bugalhos se não tomarmos o devido cuidado na interpretação das palavras proferidas pelos nossos queridos migrantes de outros estados.

Daí que estávamos eu e minhas amigas passando uma tarde agradabilíssima no melhor estilo "madames" outro dia. Depois de um almoço delicioso, resolvemos encerrar a tarde no Fran´s Café, esticando o papo e degustando uma bebidinha básica porque ninguém é de ferro.

Mulherada reunida, aquela confusão. Todo mundo falando ao mesmo tempo, tagarelice tipicamente feminina, e então veio a atendente da cafeteria tomar nossos pedidos.

Cardápio requintado, muitas bebidas diferentes com nomes igualmente peculiares. Mas conseguimos fazer nossas opções, e a moça começou a anotar.

Minha amiga Tina, básica como é, pediu a bebida mais elaborada do cardápio: Mocha. Não me perguntem o que é porque eu não sei, mas é algo muito bom e a foto do cardápio enche os olhos.

Continuamos a tagarelar até que alguns minutos depois vem a garçonete com sua bandeja lotada de copos decorados com bebidas coloridas e extravagantes. E no meio daquilo tudo uma "xicrinha" de café com algo muito simples que parecia apenas um capuccino ou um café com leite.

Ela põe a tal xicrinha que parecia xinfrim diante do restante das bebidas incrementadas na frente da Tina. A Tina arregala os olhos e fica muda. A garçonete vira as costas e vai embora, e então nos damos conta de que há alguma coisa errada com a bebida da Tina.

Depois de uma longa pausa, ela diz, indignada: "_Genteeeeeeee, não foi isso que eu pedi! A bebida que eu pedi é grandona, num copo cheio de chantily, não é isso aqui!"

Chamamos a garçonete, que volta esbaforida. E a Tina que não é mulher de tomar uma bebidinha xinfrim qualquer logo a interpela:
_Moça, não foi isso que eu pedi! Minha bebida veio errada!

A moça meio incrédula argumenta:
_Foi sim, senhora! Eu anotei, está aqui!

E a Tina:
_Eu pedi um mocha, isso aqui não é mocha! O que eu pedi é muito maior e nem é quente, é gelado!

E a garçonete:
_Mas, senhora, este é o mocha. É esse aí mesmo, um capuccino com sei-lá-o quê, está aqui no cardápio, ó!

Olhamos todas para o cardápio, incrédulas. Realmente existia um mocha na parte de bebidas quentes e cafés, mas de fato a Tina jamais pediria uma bebidinha daquela.
_Moça, o que eu pedi é uma bebida gelada que vem cheia de chantily, tem aqui no cardápio, péra que vou achar... Aqui! Achei!

No cardápio de bebidas geladas e frapês de café constava a bebida "Mocha", ao lado de uma foto linda, e a descrição dos ingredientes que a compunham. De fato existem duas bebidas com o mesmo nome no cardápio, mas uma é quente e outra é fria, com composições bem diferentes. Achamos que pudesse ser alguma incorreção na grafia do cardápio, e que a moça fosse argumentar algo nesse sentido, mas qual não foi nossa surpresa quando a garçonete, com cara de "agora entendi", disse:
_Ahhhhhhhhhhhh, sim, moça! O que a senhora pediu foi o Móóóóóóóóóócha, e não o mocha. Agora entendi! Me dê aqui que eu vou trocar!

Pegou a xícara e voltou pra dentro, enquanto ficamos todas com cara de "ué", até que resolvemos consultar o cardápio para confirmar a grafia de ambas as bebidas. Grafia idêntica.

Caímos na gargalhada... Por alguma razão a moça, obviamente nordestina, deu sua própria identificação para a bebida, e falou aquilo com tanta naturalidade que não tivemos outra reação que não fosse rir.

Mocha e Móóóóócha. Exatamente a mesma palavra, mas com o sotaque nordestino da atendente tornou-se não só uma pronúncia diferente, como uma bebida completamente diferente. Ficamos pensando em quantas outras confusões a aparentemente inexperiente moça não deve aprontar com sua interpretação particular do cardápio...

Portanto, fica a dica: Se você for ao Fran´s Café e quiser tomar um mocha, não se esqueça de dizer móóóóócha... na dúvida, é melhor garantir!


Esclarecida a confusão, a Tina ficou feliz da vida, empunhando e exibindo alegremente o seu Móóóóóóóóóóócha!

6 comentários:

Anônimo disse...

Flááávia!!!!
Você realmente têm o dom da escrita......o fato lá na hora foi realmente muuuuuuito engraçado, mas você tem a capacidade de deixá-lo ainda mais cômico!!!!!
Bjos flor!!!!

Fernanda disse...

cara a miscigenação é a nossa cultura...
eu sou descendente de índio, negros, portugueses, suíços, alemães, franceses...sem contar nos maranhenses, nas baianas, nos interioranos...
as vezes sai um sotaque diferente porque é a junção de todas estas culturas!
as vezes um tom muda tudo mesmo! mas é sempre bom porque rende boas histórias!
bjks!

Anônimo disse...

OOOOOOOOLHA, que eu nao vou nem falar nada.

Por e-mail eu falo que é melhor.






só um: FFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFF (sopro, pra nao berrar de raiva)

Aline Lou disse...

FLAVITHÁ!!! SÓ VC MESMO COM ESSAS SUAS HISTÓRIAS HILARIANTES!!!KKKKKK!!!!MORRI DE RIR COMO MÓÓÓÓÓÓCHA!!! ESSA FOI BOA! MAIS É REALMENTE ASSIM A PRONÚNCIA DIZ TUDO!A-DO-REI!
BJOCAS

Rosinha disse...

Me deu até vontade de experimentar!!!

Bjs

Rosinha
http://rosarapha.blogspot.com/

Lucy ... disse...

oiee eita laia rsss sou filha de pernambucanos rss mainha, painho é fogo, rss mas a pergunta que não quer calar, o móóóóóócha é bom???? rssss bjsss