terça-feira, 3 de julho de 2007

Cidade do Silêncio

Jenifer Lopez e Antonio Banderas... sem dúvida uma dupla "quente", que poderia tornar interessante qualquer filme... Então, lá fui eu e cedi à tentação, e peguei esse DVD pra ver no último final de semana... "Cidade do Silêncio", o título já parece bem pouco criativo, mas a sinopse até que era instigante...
Baseado em fatos reais, esse filme retrata a dura vida de mulheres mexicanas contratadas para trabalharem em grandes fábricas de monitores de TV, num regime de trabalho quase desumano, dadas as longuíssimas jornadas diárias e a baixíssima remuneração. As tais fábricas seriam grandes indústrias americanas, estabelecidas na fronteira com o México justamente pela possibilidade de contratar mão-de-obra barata, o que obviamente aumenta consideravelmente a margem de lucro dos produtores.
Acontece que ocorre nessa região, justamente pelo grande número de mulheres, um grande esquema de crimes sexuais, e muitas mulheres foram (e ainda são) estupradas e mortas, sem que nenhuma ação efetiva para punir os criminosos seja colocada em prática. Isso ocorreria por sair muito mais barato para as indústrias e para os governos envolvidos em interesses econômicos "abafar" os casos e "maquiar" as estatísticas do que oferecer proteção às mulheres.
Uma ótima história, e por ser verídica, sem dúvida mereceria ser contada... O senão aqui fica apenas por conta de "como" essa história foi contada... Novamente temos o cinema americano se sentindo no direito de fazer seus pré-julgamentos sobre os problemas latinos, e eu não consigo engolir isso! Tenho um sério problema com filmes americanos que retratam os povos latinos, por mais que eu saiba que muito do que é mostrado corresponde à verdade, ainda assim não gosto da maneira como os EUA se sentem os heróis de todos os povos... Isso porque em filmes desse gênero sempre há um "mocinho" americano que é ó único capaz de "salvar" os bons latinos... Patético!
No caso de "Cidade do Silêncio", a Jornalista "americana" Lauren (de um renomado jornal de Chicaco) é destacada para cobrir essa matéria na fronteira com o México. Ela hesita muito a princípio, por renegar suas próprias origens, mas no melhor estilo J. Lo. acaba indo para o local dos assassinatos, e pega a causa como uma "empreitada" que vai tornando-se cada vez mais pessoal. Lá ela se reencontra com um velho amigo de profissão, o jornalista Afonso (Antonio Banderas), e juntos formam a dupla salvadora da pátria que vai tentar desvendar o mistério por trás dos assassinatos, ambos colocando suas próprias vidas em risco.
O filme é muito fraco... poderia ser melhor, mas há um certo desleixo na forma como foi feito, pelo menos foi essa a impressão que tive... Parece que os realizadores se deram por satisfeitos com o chamariz do elenco (a dobradinha J.Lo. e Banderas), e não se preocuparam com o resto, de modo que nem toda a boa vontade do mundo foi capaz de tornar o filme verdadeiramente interessante. Antonio Banderas até que se esforça, numa atuação irregular, e aqui nem tem a seu favor o bom e velho "charme latino", já que a personagem não lhe permite explorar esse seu lado. J.Lo., por outro lado, está igual a todos os seus outros trabalhos... linda, sem dúvida... esforçada, talvez, mas longe, muito longe de ser convincente, principalmente por tentar ser uma quase arrependida "boa filha" que à pátria tornou, o que definitivamente "não colou"...
Não dá pra falar muito mais... Como eu já disse, sem dúvida é uma história importante, que deveria inclusive ter sido contada com muito mais "capricho", mas se vale por alguma coisa, neste caso nem é pelo belo elenco... vale apenas como mais uma notícia "camuflada" das atrocidades cometidas pelos governos sempre muito mais preocupados com seus próprios umbigos, pelos poderosos sempre muito mais preocupados com seus próprios bolsos, e como isso tudo pode tornar insuportável a vida dos menos favorecidos, em qualquer lugar do mundo...
Ah! Há também duas participações "especiais" no mínimo curiosas: Martin Sheen faz o papel do chefe de Lauren no Jornal em Chicaco, e a nossa Sonia Braga (que tentaram enfeiar um pouco, sem sucesso) faz o papel de uma ativista que tenta proteger através de uma ONG as mulheres trabalhadoras da fronteira.
Bem fraco, mas dá pra assistir... Se não tiver nada mais interessante, lógico! rsrs

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