quinta-feira, 11 de outubro de 2012

R$ 1,99

** Publiquei esse post há exatamente 1 ano, e o fato de eu sentir necessidade de republicá-lo hoje mostra que, no mínimo, ando aprendendo bem pouco nessa vida... quase nada! Eu #Fail **


(AVISO: este vai ser um post-desabafo. Piegas, clichê e cheio de #mimimis. Se não estiver a fim, poupe-se e clique no Xzinho no canto superior direito da tela)


R$ 1,99. É quanto a gente vale.

Não quanto a gente vale assim, de verdade-verdadeira, mas as pessoas em geral nos tratam como se fôssemos aqueles objetos descartáveis comprados em lojinhas de quinquilharias, objetos que prestam apenas durante um curto espaço de tempo e depois não servem nem pra reciclagem, são jogados diretamente no lixo.

Até aí, nenhuma novidade.

Ninguém é só vilão e ninguém é só vítima nessa vida, e se nos tratam como descartáveis, com certeza também já fizemos o mesmo, por mais que hesitemos em admitir.

Por outro lado, por mais que saibamos de várias grandes verdades da vida, isso não significa que estejamos preparados para lidar com elas. A gente sabe que um dia todo mundo morre, mas nunca estamos preparados para lidar com a morte, e este é apenas um exemplo óbvio.

E eu, particularmente, mesmo sabendo do lance do R$ 1,99, mesmo sabendo que sempre haverá alguém pra me descartar, mesmo sabendo que amizades são efêmeras, mesmo sabendo de tudo isso, nunca estive e acho que nunca estarei preparada pra lidar com certas coisas, especialmente alguns tipos específicos de INGRATIDÃO.

Tenho 35 anos e alguma experiência em relacionamentos humanos, o suficiente pra me proteger de algumas emboscadas e pra saber que poucas (pouquíssimas, na verdade) pessoas merecem o meu melhor. Como todo mundo, já levei muita bordoada, e não sou "mulher de malandro" pra ficar dando a cara a tapa toda hora, então tento ser precavida, tento me blindar, tendo me poupar e tento não cometer os mesmos erros. TENTO.

Mas acredito que ficar eternamente com os dois pés atrás tornaria a vida insuportável. Vez ou outra a gente precisa baixar a guarda e deixar as pessoas entrarem pra desfrutar daqueles prazeres que são impossíveis de se alcançar sozinho.

E eu gosto disso. Gosto de me relacionar, gosto de ter amigos, gosto de falar (não tem quem diga!), gosto de ouvir, gosto de ajudar, gosto de conviver. Sou completamente apaixonada pela minha própria companhia e amo momentos voluntários de solidão, mas não faço disso uma opção absoluta e imutável, até porque não sou autosuficiente.

Então eu abro espaço e deixo algumas poucas pessoas entrarem pra fazer parte da minha vida, mesmo que por apenas um breve momento. Tenho meus próprios critérios de seleção - e todo mundo tem um, procuro ouvir a voz da minha intuição, e em não raras vezes, apenas o que diz meu coração. E quase sempre dá certo, pelo menos por um tempo.

O problema é que eu não sei ser uma pessoa "mais ou menos" em nada na vida, e não adianta me dizerem pra ser diferente porque não dá. Como eu disse em um post recente, não sei viver "morno", não sei gostar só um pouco, não sei me doar com reservas. Eu devia, mas não sei. Não sei e não quero.

Sou kamikaze? Talvez. Mas se isso é um dos meus maiores defeitos, contraditoriamente é também uma das minhas maiores virtudes, e posso dizer que até me orgulho disso, especialmente num Mundo frio como o dos dias de hoje.

Apenas fico triste - bem triste - quando as pessoas se aproveitam descaradamente disso. Eu sei que de certa forma eu deixo, mas ainda assim nunca vou entender por que aquele amigo que foi tão próximo durante um tempo, aquele amigo que me ligou trocentas vezes pra desabafar, pra pedir conselho, pra pedir colo e chorar as mágos simplesmente passa, de uma hora pra outra, a fingir que eu não existo. Nunca vou entender por que aquela amiga que me pediu socorro quando atravessou um problema grave, que me contou coisas inconfessáveis e que pôde contar comigo durante a depressão mais profunda, quando estava completamente sozinha, simplesmente passa, de uma hora pra outra, a desfilar por aí com trocentos novos "amigos de infância" e sequer tem a capacidade de me perguntar se eu estou bem, mesmo quando a procuro pra saber como vão as coisas.

Nunca vou entender por que as pessoas são INGRATAS, principalmente porque demonstrar gratidão é nobre e não custa nada!

Eu sei, eu sei, superado um problema a tendência natural é que a pessoa esqueça e siga em frente, e que bom que é assim! Ninguém merece viver remoendo os momentos difíceis, o que já passou, o que foi superado. Mas esquecer também quem esteve presente quando o bicho tava pegando, esquecer quem fez por você aquilo que você não tinha condições de fazer sozinho, esquecer quem dedicou tempo, esforço e amizade pra te apoiar em qualquer circunstância é apenas ingratidão.

Magoar, decepcionar, frustar expectativas, tudo isso faz parte. Relações se rompem o tempo todo, às vezes com motivo, às vezes simplesmente porque a vida conduziu as pessoas por caminhos distintos. Mas nada disso justifica ignorar a importância dos gestos de generosidade trocados. Nada disso justifica a ingratidão.

Mágoa passa, e muitas vezes depois de um tempo a gente consegue até lembrar com carinho de alguém que um dia nos magoou. Mas ingratidão me deixa TRISTE. E como diz uma amiga, "ficar triste é bem pior do que ficar magoada", porque tristeza também passa, mas deixa cicatrizes que nem o tempo apaga.




#PRONTODESABAFEI

4 comentários:

Andréa Lima disse...

Concordo com tudo que escreveu, só penso diferente quanto à mágoa, ficar magoada pra mim é muito pior do que ficar triste, mágoa demora demais para passar e quando passa. Tenho um enorme defeito de ter esperança no ser humano e criar muita expectativa de que o outro vai agir comigo assim como sempre agi com ele, um erro FATAL, mas é mais forte que eu, a vida é feita disso de alegrias e decepções.

Srta. Macon disse...

Ganhou uma leitora que se identifica com cada linha escrita neste blog.

Tereza Jardim disse...

Algumas experiências da minha (curta) vida já me fizeram pensar profundamente sobre isso também. Destaco aqui a minha formatura da graduação, e o recente período em que estive internada por conta de uma meningite.

É interessante como essas situações forçam a gente a refletir, e a reformular os conceitos que nos são tão queridos, com nossa mania de não lidar muito bem com certos tipos de mudança.

Mas devo dizer que, nos dois casos, me vejo saindo da reflexão com o coração mais forte, mais compreensivo. Ao mesmo tempo que algumas pessoas nos decepcionam com sua ausência, outras nos presenteiam com gestos inesperados e espontâneos de carinho, nos dando a oportunidade de reconsiderar nossa visão de humanidade.

A lição que aprendi é: cada um dá o que tem. Sim, é ditado velho e óbvio, mas a gente costuma esquecer... O lance é perceber que aquilo que nos deram e consideramos "pouco", muitas vezes é tudo o que aquela pessoa tem para dar, em um gesto sincero.

É triste a constatação, mas aprender a viver pensando assim torna as coisas mais fáceis, olha...

vivi disse...

Me vi.diversas vezes nas suas linhas... Difícil aceitar que somos usados o Tempo todo...
Difícil querer ser morna quando não se sabe ser..