terça-feira, 7 de julho de 2009

Falando sério (mas só um pouquinho)


Vi esta campanha no Blog do meu primo e resolvi espalhar a ideia por aqui também, embora talvez fizesse uma ressalva por achar que para cargos executivos a reeleição pode sim ser positiva (mas explico isso melhor em outra oportunidade).

Falar sobre política é algo sempre muito arriscado, e eu mesma tenho comprado algumas briguinhas por conta disso.

Porque tá rolando essa mobilização toda aí, né, por conta do Sarney, e coisa e tal. Todo mundo gritando "Fora, Sarney", todo mundo querendo queimar o velho em praça pública, como se tivessem descoberto assim, do dia pra noite, que, "Oh, meu Deus, ele não presta!"

Falo sem medo de errar que pelo menos 1/3 dessas pessoas inflamadas contra o Presidente do Senado provavelmente sequer conhecem a história do político José Sarney, provavelmente sequer conhecem detalhadamente os fatos que culminaram na atual crise da Casa, e estão bradando "Fora, Sarney" muito mais no embalo do que por convicção.

Tudo bem, ainda assim sobram 2/3 que, teoricamente, estariam defendendo uma posição legítima, e obviamente todos (inclusive o primeiro terço) estão no exercício mais do que legítimo de questionar, contestar, protestar.

Não sou contra o movimento e muito menos estou defendendo José Sarney, quero deixar bem claro. Esta questão inclusive provocou uma certa rusga entre mim e algumas pessoas no twitter - incluindo-se aí um velho amigo, o que me deixa bem chateada pela constatação de que, caramba! Talvez eu realmente não esteja conseguindo me fazer entender.

O que eu disse lá no Twitter, que provocou todo o mimimi, foi que eu estava (como de fato estou) de saco bem cheio desse carnaval "Fora Sarney". E que as pessoas deviam lembrar de dizer FORA para qualquer político na hora de elegê-los, naquele processo democrático pelo qual passamos periodicamente chamado ELEIÇÕES.

É muito fácil eleger as Raposas Velhas para depois ter contra quem gritar. É muito fácil votar em qualquer um, porque analisar um plano de governo ou uma proposta de campanha dá trabalho. Quem entra no site do candidato pra saber quais são suas plataformas na época da campanha? Quantos eleitores conhecem verdadeiramente os candidatos que escolhem para votar? Poucos... muito poucos.

E por causa dessa falta de memória absurda do povo brasileiro, por causa dessa preguiça vergonhosa que nós, eleitores, temos de estudar melhor nossos candidatos, é que pessoas como José Sarney, Fernando Collor de Mello e Renan Calheiros (só pra ficar nos exemplos óbvios) estão perpetuados no poder há tantos anos. Não podemos esquecer que todos eles estão onde estão legitimados pelo voto popular, pelo processo democrático das eleições, todos eles só são detentores do poder que possuem porque nós, brasileiros, entregamos esse poder por vontade própria nas mãos de cada um deles.

Entendem agora a minha linha de raciocínio? Qual o sentido em reeleger compulsivamente políticos conhecidamente imorais, ano após ano, para depois ficar fazendo essa algazarra de "Fora Fulano", "Fora Beltrano"? Como queremos ter alguma expectativa de decência no cenário político nacional, se nós sequer conseguimos mudar as coisas?

O poder está e sempre esteve (pelo menos nos últimos 20 anos) nas nossas mãos. E tudo que conseguimos fazer enquanto nação foi manter no poder os coronéis da estirpe de José Sarney.

A culpa é nossa. Exclusivamente nossa.

E por isso eu me irrito. E por isso eu acho patacoada ficar fazendo movimento virtual de #forasarney. E por isso a ladainha toda me enche o saco.

Claro, como eu já disse, temos o direito de protestar, temos o dever de cobrar e fiscalizar, e não há nada errado em promover uma mobilização pela moralidade. O que eu não aceito é que as coisas comecem e terminem na gritaria, no mimimi, no blablabla, e que o máximo que consigamos fazer seja barulho.

Quero muito vir aqui após as próximas eleições admitir que eu estava errada, ah, como eu quero, mas aposto e ganho que mais uma vez teremos a reeleição de pelo menos metade desta corja, e nada mudará. Não há a menor chance de mudança política sem que mudemos OS POLÍTICOS. Só não enxerga quem não quer.

Por isso esta "campanha" é tão bacana. E seria realmente bem legal se todo mundo tivesse por princípio não reeleger ninguém. É o que tenho feito há algumas eleições. Me recuso a votar em pessoas que já estão / estiveram exercendo algum cargo público. Mesmo que seja um político teoricamente bom, mesmo assim eu me recuso. Porque nunca saberemos se as coisas podem ficar melhores se não tentarmos mudar. Estou fazendo a minha parte.

Há risco de colocarmos no poder outras pessoas ruins? Sim, não temos garantias, e o risco de quebrar a cara é sempre grande... mas se for pra errar, que seja na tentativa de mudar... Porque errar conhecendo o erro, bom... aí vocês já sabem, né? É burrice!

P.S. só pra não dizer que não falei "das flores podres do nepotismo"
(e aproveitar e - tentar - desentalar um sapo gigante):

Nepotismo me enoja. Principalmente porque as pessoas criticam os outros políticos que empregam suas famílias, mas quando elas mesmas tem uma chance, bem... não hesitam em mamar nas tetas dos cofres públicos. Infelizmente tenho um exemplo disso muito próximo, uma parte da família, sabe, cheia de princípios e convicções e ostentações e blablablas, que passou a vida apontando com o dedo em riste o nariz sujo dos outros, mas que quando teve sua chance, bem... "deitou e rolou, e sujou o próprio nariz". E a sujeira? Sempre varrida para debaixo do tapete. Porque é assim que as pessoas são. No fundo o que todo mundo quer, sempre, é levar alguma vantagem.

Tô fora! E não posso falar mais nada, infelizmente...

2 comentários:

Maciel Queiroz disse...

Concordo em gênero, número e grau com td q vc disse, prima! Onde eu assino?

Bjinhos e td de bom sempre!

Pat. disse...

Adorei a campanha! Eu já pratico há muitas eleições... E também me nego a dizer o nome d sujeito que está na prsidência da república. Acho que a indiferença é o melhor remédio, ever!
Bj!