sábado, 11 de setembro de 2010

O lado brilhante da Vida

"A Felicidade só é Real quando compartilhada"
(Chris McCandless / Alexander Supertramp)

A frase acima, que ouvi pela primeira vez no filme "Na Natureza Selvagem", virou um mantra pra mim. Considero-a de uma sabedoria ímpar, e de aplicação fundamental à vida.

É muito difícil começar este post sem parecer piegas ou escrever frases de efeito que soem como autoajuda barata, e talvez eu não consiga fugir dos clichês, mas algumas coisas, por mais óbvias que sejam, precisam ser ditas de vez em quando, já que o óbvio, de tão óbvio, muitas vezes acaba sendo negligenciado.

Desde que perdi minha mãe tenho tentado tornar a minha vida mais leve. O sentido de tudo mudou desde aquele fatídico dia 20 de setembro de 2005, e a grande lição que ficou é que - olha o clichê aí! - a vida é muito curta, e podemos não ter tempo de aproveitá-la se deixarmos toda a diversão e todo o prazer sempre para amanhã.

Isso significa, dentre outras coisas, tentar manter o alto astral, tentar manter o bom humor, e rir muito, sempre, inclusive e especialmente das minhas próprias mazelas.

A vida é dura, todo mundo já sabe. Os problemas não dão trégua, a Lei de Murphy é implacável, e justamente por isso na maioria das vezes, quando tudo vai mal, o melhor remédio - senão o único - é o bom e velho "levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima", não sem antes soltar uma sonora gargalhada.

Sim, o Bom Humor é essencial à vida. ESSENCIAL mesmo! Não consigo conceber uma vida "vivível" se levarmos tudo a ferro e fogo, se nos entregarmos a todos os sofrimentos, se deixarmos que o perigosíssimo mau humor nos domine.


Esses dias postei uma frase no twitter que resume bem o que quero dizer:

"O Bom Humor é contagioso, e o Mau Humor é muito perigoso. Todo Mundo tem seus dias difíceis, mas escolher a Amargura como estilo de vida é desperdício!"


De maneira um pouco mais "poética", diz Marla de Queiroz:

"A mesma articulação que tenho para reclamar, tenho para agradecer; E se posso me adornar com alegria, não é a tristeza que eu vou tecer."


O que me espanta e acabou me inspirando a escrever este post é ver como certas pessoas ESCOLHEM viver uma vida pesada, mau humorada, amargurada. É ver como tanta gente bacana se torna totalmente dispensável ao optar por vestir a burca do mau humor sem esboçar a menor resitência.

Essas pessoas - que estão por todos os lados - acabam por exercer um poder altamente nocivo a quem os cerca, vitimizam-se de qualquer situação que lhes tire da zona de conforto, e acabam por direcionar sua mira - consciente ou inconscientemente - a toda e qualquer pessoa que esboce o menor sinal de felicidade.

Vejam que não estou falando apenas do bom e do mau humor óbvios, e nem quero subestimar a inteligência de quem me lê explicando isso. Há vários tipos de bom humor, do pastelão ao sarcasmo, do escracho à ironia. Eu mesma adoro todos os gêneros, e muitas vezes tenho explosões de ira que no fundo são apenas uma forma de fazer piada comigo mesma, em geral acabo me divertindo até mais que os outros, principalmente pela sensação gostosa de descobrir que consegui transformar um pequeno caos numa afiada "auto-piada", do tipo "isso só acontece comigo!"

A diferença entre quem se utiliza do sarcasmo, ironia e afins para o amargurado crônico está justamente na capacidade de superação do problema, na capacidade de virar o disco e seguir adiante, na capacidade de deixar de lado as lamentações e seguir leve, divertindo-se com o caótico exercício que é viver.

Alegria incomoda muita gente. Se for uma alegria sem motivo aparente então - aquela típica das pessoas leves e bem humoradas que escolhem começar o dia bem, que escolhem rir a chorar - pode até mesmo despertar o ódio dos mau humorados doentes; para eles não basta a própria amargura: há que se contagiar o mundo para obter algum conformismo.

Deprimente. Enganam-se achando que os alegres tem uma vida melhor, mas muitas vezes é exatamente o contrário, o que muda é o ponto de vista, o que muda é a leveza da alma.

Repito-me: Todos temos problemas, a vida não é fácil pra (quase) ninguém, e até temos direito aos nossos dias de fúria esporadicamente, ninguém é de ferro e extravasar o mau humor às vezes é necessário, mas há que se ter cuidado para que isso não vire um estilo de vida, sob pena de nos tornarmos pessoas dispensáveis, desagradáveis, indesejáveis.

Não há coisa melhor do que compartilhar da companhia de alguém que saber rir e fazer rir, até das bobeiras mais bobas. Não há coisa melhor do que deixar-se contagiar pelo alto astral de alguém que irradia luz, leveza, espirituosidade. Não há coisa melhor do que compartilhar a felicidade, porque ela sim, como dizia Chris McCandless, só é real se for compartilhada.

Apesar de todas as mazelas, há sempre um lado brilhante em qualquer situação. Por mais difícil que pareça, há. Às vezes é preciso um certo esforço pra mudar o ângulo e conseguir enxergar a situação sob um ponto de vista diferente, mas procurando com empenho a gente sempre encontra. É tudo uma questão de escolha.

A vida é uma grande piada, daquelas bem escrachadas, às vezes até de mau gosto. Restam-nos duas opções: Rir e manter a pele boa ou Chorar e ficar cheio de rugas.

Quem não consegue enxergar a graça perde toda a diversão.

Prefiro ser uma "boba-alegre" do que uma "esperta-triste". Prefiro rir de mim mesma do que chorar e fazer com que os outros tenham pena de mim. Prefiro ser leve e sorridente do que pesada e carrancuda. Não estou nessa vida a passeio; se posso me divertir, então é isso que vou fazer!

E quando chegar o fim, o meu epitáfio será:

"Vim, vivi e me diverti"

Always look on the bright side of life!



Um comentário:

@LaDespistada disse...

Vc realmente consegue definir bem as coisas, Dona Farta!
Shine happy people... são muito mais interessantes mesmo, mas há quem faça do mau-humor a sua forma de fazer piada da vida e há até mesmo algum charme nisso.
Ou vc não deu nem uma gargalhada com as tiradas de Jack Nicholson em Melhor é Impossivel? ou se emocionou com umas das melhores declarações de amor da história do cinema qdo ele diz a Helen Hunt q quer se tornar uma pessoa melhor por ela?
Os mau- humorados tbm amam e esse mau humor ás vezes é só pra divertir as pessoas ao redor e lembrar q não existe obrigação de acordar td dia radiante e q vc pode ficar puto de manhã pq teve levantar cedo pra encarar o trabalho. Mas esse mau humor passa, a medida q vc desperta e q pode até mesmo voltar algumas vezes no dia ou qd vc se depara c/ algo desagradável como o infeliz q tomou banho de perfume e resolveu sentar ao seu lado no ônibus ou qdo a chefe com humor BandNews resolve mudar td a sua programação aos 45 do segundo tempo, te mandando pro outro lado da cidade no dia q vc tinha organizado um mega happy hour com os amigos.
São formas diferentes de fazer graça, mas no fim, tanto o bobo alegre q ri do pastelão qto o sujeito irônico, sarcástico, debochado de mau humor peculiar, fazem de suas vidas pequenas comédias.
Alguns encontram a graça em Jack Ass, mas há os que preferem a sutil ironia de um Nicholson citando um texto de B.Shaw ou O.Wilde. Td é uma questão de ponto de vista!
PS: Adoro seu blog!!!