Outro dia alguém (não lembro quem) postou uma frase no twitter que era mais ou menos assim:
Dei RT na frase, postei diversas outras vezes, e coisa e tal, porque, né? Taí uma grande verdade. Uma ÓBVIA verdade, aliás.
Qualquer pessoa com um único neurônio perneta sabe que criar expectativas é um erro, já que as probabilidades de se decepcionar são infinitamente maiores que as probabilidades de se surpreender. Até aí, nenhuma novidade. Eu também sei disso.
O que eu me pergunto sempre quando este assunto está em pauta é: QUEM consegue viver sem criar expectativas sobre tudo e sobre todos?
Sendo mais específica: Quando o assunto é relacionamento afetivo, QUEM consegue neutralizar totalmente as expectativas que naturalmente surgem com o envolvimento / conhecimento?
Porque racionalizar e proferir uma frase de efeito óbvia é fácil. Difícil - senão impossível - é conseguir dominar os próprios sentimentos a ponto de não criar qualquer expectativa quanto às reações do outro a tudo aquilo que fazemos, a tudo aquilo que dizemos. Aí é que são elas!
Eu, particularmente, acho que a vida por si só é uma eterna expectativa. Esperamos todos os dias acordar; Esperamos todos os dias ter forças pra trabalhar; Esperamos todos os dias que as coisas aconteçam como devem acontecer; Esperamos que o dinheiro caia na conta no final do mês; Esperamos conseguir estar perto das pessoas que amamos; Esperamos o trem, o ônibus, o metrô; Esperamos o sinal abrir pra poder seguir viagem; Esperamos poder tomar um banho quente no inverno, ou um banho frio no verão; Esperamos poder comer quando tivermos fome, beber quando tivermos sede, dormir quando tivermos sono; Esperamos acertar (porque acho pouco provável que alguém espere de fato errar), e assim por diante.
Expectativas. Todo acontecimento é precedido de uma expectativa, ainda que a expectativa fosse de que ele não tivesse de fato acontecido.
Nada disso, porém, quebra a "regra" da frase de efeito postada no início. De fato, é a expectativa que traz a decepção, e se fizermos uma rápida análise sobre o nosso dia de hoje, por exemplo, veremos que somos parte viva desta estatística. Acumulamos decepções cotidianas, sejam elas "bobagens rotineiras" como perder o ônibus que sempre pegamos, ou "grandes decepções" como aquelas que muitas vezes nos levam do céu ao inferno.
Quebrar a cara; Receber um balde de água fria; Frustrar-se; Cada um dá o nome que lhe convém, mas no fundo são apenas variáveis sobre o que mais nos machuca: Decepção.
Esperar é inerente ao ser humano. E quando falamos da relação afetiva estabelecida entre duas pessoas, essa espera é mais específica, mais direcionada.
A essência de um relacionamento desta natureza é troca. Troca de carinhos, troca de companhia, troca de beijos, troca de prazeres, troca de afeto. Logo, todo relacionamento afetivo é baseado em Expectativas constantes de satisfação, de vantagem, de benefício.
Não haveria sentido se fosse diferente, concordam? Ninguém entra voluntariamente numa relação com a expectativa de "quebrar a cara".
Eu não quero que este post fique muito longo, mas aqui cabe um parênteses. Se na vida cotidiana nem sempre temos como contruibuir diretamente para a obtenção da satisfação esperada - já que muitas vezes as coisas não dependem exclusivamente de nós, num relacionamento afetivo nós temos influência direta sobre os resultados, porque toda reação vai depender quase que exclusivamente da nossa ação, e vice versa.
E por isso é tão importante aprender o outro, entender e desvendar seus quereres, até aqueles (ou talvez principalmente aqueles) que nem sempre estão tão explícitos assim. Conhecer-nos superficialmente, já temos um monte de gente que nos conhece. Mas daquele que está ao nosso lado, como companheiro(a) de afeto no sentido mais abrangente da palavra, é natural que se espere algo além.
Apenas para ilustrar, você pode ganhar um presente que não tem nada a ver com você de um colega de trabalho, ele não necessariamente tem subsídios pra entender seus gostos e preferências, mas de pessoa amada você espera sempre ganhar o presente perfeito, porque é alguém que, ora ora, te conhece (ou deveria te conhecer) melhor do que ninguém.
Entenderam onde eu queria chegar, né?
Pois é. O que me entristece é que as pessoas de um modo geral usam cada vez mais a frase de efeito do início deste post para justificar suas atitudes decepcionantes. Têm preguiça de aprender as necessidades do outro porque estão muito mais preocupadas com as próprias necessidades, então sacam logo um "não crie expectativas" porque isso as libera do árduo exercício de ser flexível e preocupar-se pelo menos de vem em quando com as necessidades alheias. E então o relacionamento vira algo unilateral, e perde toda a sua razão de ser.
Não estou aqui dizendo que todo mundo tem que ser perfeito, ter bola de cristal pra saber o que o outro quer, nem qualquer coisa do tipo. Obviamente corremos o risco de errar muito mais do que acertar porque seres humanos são complicados, mas ainda assim, na minha modesta opinião, quando há amor, há a necessidade do esforço constante para que a decepção seja sempre a última possibilidade. Muitas vezes há a necessidade de mais do que esforço, há a necessidade de sacrifícios.
Mas o que é o amor, senão a arte de fazer sacrifícios em prol da felicidade do outro, uma vez que só a felicidade do outro é capaz de fazer quem ama verdadeiramente feliz? Eu sei, é um conceito um tanto quanto romanceado da coisa toda, mas no fim das contas é assim mesmo. Falo por mim, mas também por tudo que já vivi e por tudo que vejo ao meu redor. Exageros à parte, quando a gente ama quer ver o outro feliz, custe o que custar. Quando a gente ama, sente prazer em satisfazer as expectativas do outro.
Cada um tem um "jeito de amar", e saber identificar o amor até nas atitudes mais simples é fundamental. Mas se uma relação é baseada em duas pessoas, então estamos falando de dois jeitos, duas personalidades, dois temperamentos, dois pontos de vista, duas vontades, duas expectativas que nem sempre (quase nunca, na verdade) são iguais. Para um relacionamento ter o mínimo de harmonia, é preciso equalizar essa dualidade através de esforço mútuo e constante.
É... relacionamentos dão trabalho. Muito trabalho. E por isso só muito amor e respeito são capazes de fazê-los se manterem saudáveis, entendendo-se por saudável aquele relacionamento que é proporcionalmente bom e satisfatório - até nas mínimas coisas - para ambos. Para AMBOS.
Por isso amor é AMOR. Porque é, em tese, altruísta. Porque depende, em tese, da satisfação alheia antes da própria satisfação. Porque preocupa-se, ou deveria preocupar-se, com as expectativas do outro, e não simplesmente querer que elas não existam!
E para contradizer tudo que escrevi acima, eis a visão extrema do Genial Tom Zé. Talvez tudo que escrevi seja mesmo balela romântica, e ele esteja certo:
"A Expectativa é a mãe da Decepção".
Dei RT na frase, postei diversas outras vezes, e coisa e tal, porque, né? Taí uma grande verdade. Uma ÓBVIA verdade, aliás.
Qualquer pessoa com um único neurônio perneta sabe que criar expectativas é um erro, já que as probabilidades de se decepcionar são infinitamente maiores que as probabilidades de se surpreender. Até aí, nenhuma novidade. Eu também sei disso.
O que eu me pergunto sempre quando este assunto está em pauta é: QUEM consegue viver sem criar expectativas sobre tudo e sobre todos?
Sendo mais específica: Quando o assunto é relacionamento afetivo, QUEM consegue neutralizar totalmente as expectativas que naturalmente surgem com o envolvimento / conhecimento?
Porque racionalizar e proferir uma frase de efeito óbvia é fácil. Difícil - senão impossível - é conseguir dominar os próprios sentimentos a ponto de não criar qualquer expectativa quanto às reações do outro a tudo aquilo que fazemos, a tudo aquilo que dizemos. Aí é que são elas!
Eu, particularmente, acho que a vida por si só é uma eterna expectativa. Esperamos todos os dias acordar; Esperamos todos os dias ter forças pra trabalhar; Esperamos todos os dias que as coisas aconteçam como devem acontecer; Esperamos que o dinheiro caia na conta no final do mês; Esperamos conseguir estar perto das pessoas que amamos; Esperamos o trem, o ônibus, o metrô; Esperamos o sinal abrir pra poder seguir viagem; Esperamos poder tomar um banho quente no inverno, ou um banho frio no verão; Esperamos poder comer quando tivermos fome, beber quando tivermos sede, dormir quando tivermos sono; Esperamos acertar (porque acho pouco provável que alguém espere de fato errar), e assim por diante.
Expectativas. Todo acontecimento é precedido de uma expectativa, ainda que a expectativa fosse de que ele não tivesse de fato acontecido.
Nada disso, porém, quebra a "regra" da frase de efeito postada no início. De fato, é a expectativa que traz a decepção, e se fizermos uma rápida análise sobre o nosso dia de hoje, por exemplo, veremos que somos parte viva desta estatística. Acumulamos decepções cotidianas, sejam elas "bobagens rotineiras" como perder o ônibus que sempre pegamos, ou "grandes decepções" como aquelas que muitas vezes nos levam do céu ao inferno.
Quebrar a cara; Receber um balde de água fria; Frustrar-se; Cada um dá o nome que lhe convém, mas no fundo são apenas variáveis sobre o que mais nos machuca: Decepção.
Esperar é inerente ao ser humano. E quando falamos da relação afetiva estabelecida entre duas pessoas, essa espera é mais específica, mais direcionada.
A essência de um relacionamento desta natureza é troca. Troca de carinhos, troca de companhia, troca de beijos, troca de prazeres, troca de afeto. Logo, todo relacionamento afetivo é baseado em Expectativas constantes de satisfação, de vantagem, de benefício.
Não haveria sentido se fosse diferente, concordam? Ninguém entra voluntariamente numa relação com a expectativa de "quebrar a cara".
Eu não quero que este post fique muito longo, mas aqui cabe um parênteses. Se na vida cotidiana nem sempre temos como contruibuir diretamente para a obtenção da satisfação esperada - já que muitas vezes as coisas não dependem exclusivamente de nós, num relacionamento afetivo nós temos influência direta sobre os resultados, porque toda reação vai depender quase que exclusivamente da nossa ação, e vice versa.
E por isso é tão importante aprender o outro, entender e desvendar seus quereres, até aqueles (ou talvez principalmente aqueles) que nem sempre estão tão explícitos assim. Conhecer-nos superficialmente, já temos um monte de gente que nos conhece. Mas daquele que está ao nosso lado, como companheiro(a) de afeto no sentido mais abrangente da palavra, é natural que se espere algo além.
Apenas para ilustrar, você pode ganhar um presente que não tem nada a ver com você de um colega de trabalho, ele não necessariamente tem subsídios pra entender seus gostos e preferências, mas de pessoa amada você espera sempre ganhar o presente perfeito, porque é alguém que, ora ora, te conhece (ou deveria te conhecer) melhor do que ninguém.
Entenderam onde eu queria chegar, né?
Pois é. O que me entristece é que as pessoas de um modo geral usam cada vez mais a frase de efeito do início deste post para justificar suas atitudes decepcionantes. Têm preguiça de aprender as necessidades do outro porque estão muito mais preocupadas com as próprias necessidades, então sacam logo um "não crie expectativas" porque isso as libera do árduo exercício de ser flexível e preocupar-se pelo menos de vem em quando com as necessidades alheias. E então o relacionamento vira algo unilateral, e perde toda a sua razão de ser.
Não estou aqui dizendo que todo mundo tem que ser perfeito, ter bola de cristal pra saber o que o outro quer, nem qualquer coisa do tipo. Obviamente corremos o risco de errar muito mais do que acertar porque seres humanos são complicados, mas ainda assim, na minha modesta opinião, quando há amor, há a necessidade do esforço constante para que a decepção seja sempre a última possibilidade. Muitas vezes há a necessidade de mais do que esforço, há a necessidade de sacrifícios.
Mas o que é o amor, senão a arte de fazer sacrifícios em prol da felicidade do outro, uma vez que só a felicidade do outro é capaz de fazer quem ama verdadeiramente feliz? Eu sei, é um conceito um tanto quanto romanceado da coisa toda, mas no fim das contas é assim mesmo. Falo por mim, mas também por tudo que já vivi e por tudo que vejo ao meu redor. Exageros à parte, quando a gente ama quer ver o outro feliz, custe o que custar. Quando a gente ama, sente prazer em satisfazer as expectativas do outro.
Cada um tem um "jeito de amar", e saber identificar o amor até nas atitudes mais simples é fundamental. Mas se uma relação é baseada em duas pessoas, então estamos falando de dois jeitos, duas personalidades, dois temperamentos, dois pontos de vista, duas vontades, duas expectativas que nem sempre (quase nunca, na verdade) são iguais. Para um relacionamento ter o mínimo de harmonia, é preciso equalizar essa dualidade através de esforço mútuo e constante.
É... relacionamentos dão trabalho. Muito trabalho. E por isso só muito amor e respeito são capazes de fazê-los se manterem saudáveis, entendendo-se por saudável aquele relacionamento que é proporcionalmente bom e satisfatório - até nas mínimas coisas - para ambos. Para AMBOS.
Por isso amor é AMOR. Porque é, em tese, altruísta. Porque depende, em tese, da satisfação alheia antes da própria satisfação. Porque preocupa-se, ou deveria preocupar-se, com as expectativas do outro, e não simplesmente querer que elas não existam!
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E para contradizer tudo que escrevi acima, eis a visão extrema do Genial Tom Zé. Talvez tudo que escrevi seja mesmo balela romântica, e ele esteja certo:
"Sem alma, cruel, cretino, descarado, filho da mãe...
O Amor é um rock, e a personalidade dele é um pagode"
=/
O Amor é um rock, e a personalidade dele é um pagode"
=/
2 comentários:
Dificil definir o amor, mas essa sua frase eu achei interesante´...a arte de fazer sacrifícios em prol da felicidade do outro,se não é isso é bem por ai rsrrs BJ
Pois é, Dona Farta, o Amor é isso aí, e no dizer de Shakespeare, "Amor é quando você tem todos os motivos para desistir de alguém, e não desiste."
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