quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Abraçando Clichês

É apenas meu segundo dia sem a cria (que foi passar longas férias no Nordeste com o pai e os avós), e já estou perdidinha, sem saber direito o que fazer, por onde começar, etc e tal. Impressionante como a quebra da rotina nos tira dos eixos! A gente vive reclamando da rotina, mas a verdade é que é bem difícil SAIR da rotina.

Anyway, é também aquela semaninha meio morta do ano, e mesmo pra mim, que estou tecnicamente de "plantão", o ritmo diminui consideravelmente. Já não há mais nas ruas aquela correria desenfreada pré Natal, muita gente já viajou, a cidade fica deliciosamente vazia, e a sensação de não precisar correr o tempo todo ou de não estar constantemente atrasada para algum compromisso é deliciosa, mas estranha.

E no meio dessa minha barata-tontice de não saber direito o que fazer, ou por onde começar a fazer o que quer que seja, tirei o dia hoje pra tentar arrumar algumas coisas na casa, nas contas, na vida, etc.

Só sei que lá pelas tantas precisei sair pra comprar pregos. O Pereirão de Wisteria Lane vem aqui amanhã cedo pra finalmente pendurar meus Cupidos de Rafaello na cabeceira da minha cama, e eu precisava providenciar os pregos (ou ganchos, ou parafusos, sei lá o nome do negócio!).

Largadíssima do jeito que estava em casa (leia-se de short, camiseta velha, havaianas, cabelo preso num coque preguiçoso e cara lavada), saí à pé mesmo pra ir até a loja de materiais de construção comprar os tais ganchos. Como a loja fica ao lado do Shopping, resolvi dar uma esticadinha pra comprar um negócinho, e acabei rodando um bom tempo por lá (~~mulheres!~~), com direito a pausa para um café e mais um auto-presentinho (o delicioso CD da Florence + The Machine!).

Considerando o adiantado da hora, resolvi dar uma espiada no Cinema, e acabei mijogando na última sessão para ver o filme "Noite de Ano Novo".


Não esperava nada do filme, estava NA CARA que era algo previsível e descartável, mas fui mesmo assim, pelo elenco (quanta gente linda!), pelo prazer da telona, pelo baldão de pipoca, pela coca-cola e pra fazer um agradinho a mim mesma.

O filme, como esperado, não era lá essas coisas. Uma sucessão de clichês de histórias-desencontradas-que-se-reencontram-num-final-feliz. Na noite de Ano Novo. Oh, really?

Boring, né? NÃO!!! E era aí que eu queria chegar.

Apesar de toda a previsibilidade, eu sorri, chorei e me emocionei no filme. E isso me fez um bem tão grande, que voltei pra casa à pé, quando já passava da meia-noite, admirando a beleza de um começo de madrugada de verão e pensando que a vida real, no fundo, não passa de um clichêzão, e somos nós que damos o tom deste clichê, dia após dia... às vezes pesando a mão no drama, às vezes inserindo doses exageradas de suspense, às vezes com tragédias inesperadas, e às vezes, por que não, assumindo o melhor lado das deliciosas comédias românticas.

A vida é duríssima e extremamente complexa. E talvez por isso mesmo devíamos todos nos permitir, pelo menos de vez em quando, deixar os pré-julgamentos de lado e apenas admirar histórias fofas e bonitinhas, mesmo que sejam totalmente clichês. Quem sabe até abrir espaço para que elas roteirizem nossa própria vida de vez em quando.

Porque, na boa? Super me senti uma mocinha de filme voltando pra casa com um sorriso bobo no rosto e cabelos ao vento. Eu sei que não vou encontrar um grande amor presa num elevador na noite de Reveillon, ou receber a declaração de amor mais linda do mundo de um astro-galã do rock no show da meia-noite. Mas e daí?

A vida é tão surpreendente o tempo todo, que uma hora essa criatividade pra surpreender pode acabar e até ela - A Dona Vida - pode precisar se valer de algum clichê pra fazer a roda continuar a girar. Nunca se sabe...

Vai que, né? Melhor estar liberta de preconceitos e abertas a todas as possibilidades!

(super aceito um clichêzinho romântico, viu, Dona Vida? Se quiser, é só mandar!)

<3

Um comentário:

Mateus Medina disse...

Faz um tempinho esse essa palavrinha (clichê) anda as voltas na minha cabeça.

Parece que cada dia um pouco mais, vou percebendo que por mais que a gente tente, talvez na esperança de "ser diferente", ser único ou qualquer coisa que o valha (o que paradoxalmente, acaba por ser um clichê em si mesmo), caímos sempre em alguns clichês pelo caminho.

Uns são bem reais, outros mais fantasiosos, mas a verdade é que eles existem mais do que a gente pensa, ou quer aceitar...

Ultimamente, tenho vivido uma série deles... e na verdade não tô me importando muito, embora eu tivesse preferido um daqueles de filminho de sessão da tarde, a vida escolheu me empurrar um de cinema "alternativo" =/

bjos