sábado, 25 de janeiro de 2014

Inspiração

Eu tinha acabado de correr os sofridos 10km do "Troféu Cidade de São Paulo", e estava ali no meio da galera no pós-prova, zanzando pra lá e pra cá, tirando umas fotos e tentando encontrar forças pra andar mais outro tantão até onde o carro estava estacionado.

Parei debaixo de uma das muitas árvores frondosas que existem no entorno do Obelisco do Ibirapuera pra aproveitar a sombra e checar o celular, e estava lá distraída postando a foto da minha medalha no Facebook quando um homem me abordou:

"Sem querer incomodar, será que eu posso te dar um depoimento?", ele disse enquanto se aproximava e me olhava de um jeito meio repreensivo, e na mesma hora eu retruquei, meio ríspida: "Já sei, o senhor vai falar que foi roubado por ficar distraído com o celular na mão em algum lugar público, e que eu devia tomar mais cuidado ao invés de ficar parada no meio do Ibirapuera com toda a atenção voltada para o celular, né?"

"Não! Nossa... não, não! Nada disso... eu apenas queria te dar um testemunho de vida mesmo...", ele respondeu, agora num tom tão excessivamente simpático que eu não consegui disfarçar uma bufada e uma torcida no nariz, certa de que ele era na verdade algum evangélico fervoroso que ia tentar me converter.

((não que eu me orgulhe disso, mas quem me conhece sabe que eu sou um poço de antipatia e má vontade quando o assunto é "bater papo com estranhos", sou ZERO receptiva a este tipo de abordagem, gostaria de não ser assim, mas é o ~meu jeitinho~ ogro de ser, desculpa sociedade!)) 

Eu estava com um dos fones do iPod no ouvido escutando minha playlist "docinho de côco" (AC/DC, Black Sabbath, Iron Maiden, Led Zeppelin e outras cançõezinhas ~leves~ do gênero), e apenas olhei para o homem tentando demonstrar minha total falta de interesse no que quer que ele tivesse pra me dizer, pra ver se ele se tocava e ia embora, mas ele prosseguiu:

"Olha, moça... eu sei que pode parecer estranho, mas você vai entender. Há 3 anos eu tive uma doença muito grave na coluna, precisei fazer várias cirurgias e fui desenganado pelos médicos..." - e se virou pra me mostrar uma cicatriz enorme que começava na nuca e descia pelas costas - ".. mas 3 anos depois de todo aquele terror eu estou aqui, porque por alguma razão que eu também desconheço, a vida achou que eu merecia uma segunda chance."

E continuou:

"Não vou entrar em detalhes porque não é o caso, mas fato é que tem muita gente que gostaria de ter uma segunda chance de viver e não tem, e eu tive. Eu nasci de novo, e hoje estou aqui, curtindo um estilo de vida saudável, corri, tento me alimentar bem, tento viver da melhor maneira que eu posso, porque eu encaro essa segunda chance como um presente, sabe?"

((neste momento eu tirei o fone do ouvido e realmente comecei a prestar atenção no homem))

"A gente não entende todas as coisas que acontecem na vida, às vezes pessoas boas vão embora antes da hora, às vezes a gente tem que lidar com doenças, com dificuldades, com problemas graves, isso acontece com todo mundo... mas muitas vezes a gente só entende o real significado da vida quando a gente passa por algo como isso que eu passei. E é por isso que hoje eu conto essa história pras pessoas assim aleatoriamente, porque eu acho que as pessoas precisam saber que coisas boas também acontecem, e que sempre vale à pena enxergar a vida como um presente, porque é isso mesmo que ela é, um grande e generoso presente. O jeito que eu encontrei de agradecer ao Universo por esse meu renascimento é esse, é compartilhar minha história com as pessoas para que, quem sabe, sirva pelo menos de inspiração. Me sinto muito abençoado, e não posso guardar essa bênção só pra mim, quero compartilhar com o mundo."

((eu, neste momento, já estava com meio metro de boca aberta e me segurando pra não chorar))

"Era isso que eu queria dizer, moça. Desculpe te interromper aí (e apontou com a cabeça para o celular, ainda na minha mão), espero que não me leve a mal... Tenha um bom dia, e uma ótima vida!". Acenou, sorriu, e foi embora.

E quando ele sumiu da minha vista eu finalmente deixei uma lágrima cair, e voltei pra casa pensando que a vida é mesmo muito surpreendente.

Havia cerca de 10mil pessoas no Obelisco do Ibirapuera nesta manhã de Aniversário de São Paulo. E no meio de tanta gente eu, a pessoa mais cética e antipática do planeta, fui uma das "escolhidas" pra ouvir o tal depoimento daquele homem simples que de fato não queria nada além de contar sua história. Não era um religioso fanático querendo me converter, como eu pensei no começo. Não era um maluco, não era um tarado, não era um inconveniente, não era um ladrão, não era nada além de uma pessoa comum e e coração generoso o bastante para correr o risco de lidar com a hostilidade alheia pelo simples anseio de multiplicar a sua própria bênção. 

Não, eu não acho que isso signifique nada especificamente. Mas sem sombra de dúvidas foi muito Inspirador.

E, seguindo a lógica do meu ilustre amigo desconhecido, eis-me aqui multiplicando a história, até porque, no fim das contas, de tudo de tudo eu acho que a vida é isso mesmo: um presente. Um presente que a gente nem sempre usa direito, mas ainda assim um presente, que às vezes só precisa de um pouco de inspiração pra ser melhor aproveitado.

É isso. =)

domingo, 5 de janeiro de 2014

"Mas"

Esquisitices. Quem nunca?

Tenho pra mim que todo mundo lida com dificuldades de maneira muito esquisita, o problema é que a esquisitice do outro parece sempre muito mais esquisita que a nossa própria, tanto que torna quase impossível não proferirmos um julgamento ou uma crítica quando o outro está apenas tentando lidar com suas dificuldades, à sua maneira.

Como somos pretensiosos achando que o nosso jeito é sempre mais correto, né? 

Algumas pessoas até tentam aliviar e dizer que ~entendem~ a esquisitice, o momento, mas a frase do "te entendo" vem sempre, SEMPRE, seguida de um "MAS" reprovador.

E aí, né? Anula completamente a pseudo-compreensão. Anula inclusive as boas intenções, anula tudo, e apenas coloca mais lenha na fogueira da esquisitice, daí depois as pessoas não entendem os extremos.

Ahhhh vida difícil, viu?!

(Nada não, só aqueles momentos de pensamento alto além da conta)


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Dois Mil e Quatorze

2013 foi um lindo.
Fanfarrão, porém lindo! ❤️

Porque até os anos mais lindos são suscetíveis às travessuras, talvez até como forma de darem uma "movimentada" na rotina, e 2013 não se fez de rogado neste quesito: começou desafiador, quase assustador, mas aos poucos foi se mostrando um ano de pequenas-grandes conquistas, foi ficando realmente legal, e em determinado momento eu não hesitava em dizer que estava mesmo sendo o melhor ano da minha vida.

Mas daí chegou o último trimestre, e quando eu já começava a fazer planos para 2014, movida pela empolgação de um ano tão bom, aí então 2013 colocou as manguinhas de fora e começou a fazer suas fanfarrices, e, olha... Quaaaaaase me derrubou, viu?

Eu diria que foi um último trimestre que quase teve a força de apagar os 3 trimestres anteriores, mas já aos 45' do 2o. tempo eu raspei o tacho pra encontrar os fiapos de forças que ainda estavam por ali e decidi que NÃO, aquele último trimestre horroroso não ia ter o poder de apagar tudo de incrível que foi conquistado antes.

E é por isso que, quer 2013 queira ou não, vou sempre mantê-lo no rol dos anos bons, bons e surpreendentes, aliás, porque eu que nem gosto(ava) de números impares, fui me enamorar perdidamente logo de um 2013, vejam só! 

Acabou, já foi, ufa! Missão cumprida. Aos trancos e barrancos, mas cumprida!

Bora começar tudo de novo, porque como diz aquele poema do Drummond, o cara que teve a idéia de cortar o tempo em fatias chamadas "ano" foi um gênio, industrializou a esperança e a fez funcionar no limite da exaustão, com a possibilidade de renovação a cada virada de ano, e que bom que é assim, né? 

Que bom que podemos recarregar as baterias das esperanças e começar tudo de novo com um pouco mais de fé. Que a recarga seja forte o suficiente para manter nossas esperanças vivas até a próxima recarga.

Seja bem-vindo, senhor Dois Mil e Quatorze! Seja bonzinho e menos bipolar do que foi seu colega anterior, por favor! Existem medicações ótimas pra bipolaridade hoje em dia, qualquer coisa é só me chamar que te dou as dicas! :p

Quero ser feliz no Ano Novo, mas quero ser feliz quando o Ano Novo já não estiver mais tão novo assim também. 

Quero um feliz ANO TODO! Pra mim e pra vocês! :)


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Redes sociais são incríveis, e à parte algumas chateações inevitáveis, elas proporcionam ganhos inimagináveis - de pessoas, conhecimento, experiência, etc.

Mas as redes sociais também nos tiram o já escasso tempo, e então a gente começa a abandonar algumas coisas sem nem se dar conta, como por exemplo aquele velho cantinho que um dia foi um Blog ativo. 😩

Saudade de conseguir postar aqui com frequência, mas a verdade é que quando quero escrever algo, acabo escrevendo lá no Facebook pelo costume, por estar mais à mão, pelo vício, sei lá, e assim vou ficando mais e mais distante daqui. 😭😭😭

Vou tentar mudar isso. Nem sei se alguém ainda passa por aqui, mas não importa... Nem que seja pra replicar as baboseiras que digo nas redes sociais aqui, eu vou tirar a poeira daqui. 

Assim que der tempo.
Esse é o problema, né?
Mas eu vou. Juro que vou.
Ou não me chamo Chiquinha Gonzaga. 😝



segunda-feira, 24 de junho de 2013

37 com carinha de 36,5 e humor de... 60?

Cena 1: Dona Farta contando causos da infância:
_ Então, amiga, quando eu era criança pequena lá em Barbacena, eu gostava muito de ...
_ Ué, Fartinha, você é de Barbacena? Nunca me falou isso!

~cri-cri-cri~

Cena 2: Dona Farta reclamando do frio de SP:
_ Nossa, amiga, hoje tá demais! Antigamente eu não sentia tanto frio...
_ Ahhh, Fartinha, eu sempre fui muito friorenta.
_ Pois eu sempre fui Cinira, sempre senti muito calor.
_ Cinira? Quem é Cinira?

~cri-cri-cri~

E é neste momento que você entende o PESO da idade chegando.

Porque, né? 

Quando você tem que explicar pra uma amiga mais jovem que "quando eu era criança pequena lá em Barbacena" era uma frase clássica da Escolinha do Professor Raimundo, e quando você tem que explicar pra essa mesma amiga que "Cinira" era uma personagem calorenta da novela Tieta, é aí que você entende que o mundo é da ~New Generation~, e que você já pode ir pra fila do Bingo passar as tardes com quem vai te entender quando você tentar ser engraçada!

É oficial: Tô velha. =(

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Gente-robô


Uma Máquina pode ser incrível, mas é apenas uma Máquina: construída e programada para executar tarefas específicas repetidamente.

Já o Ser Humano é uma espécie de Máquina-Dinâmica-de-Excelência: possui cérebro e autonomia para executar a tarefa que quiser, do jeito que quiser, quando e como quiser, inclusive múltiplas tarefas todas ao mesmo tempo sem comprometer a qualidade de nenhuma delas. 

Ao contrário das Máquinas, o Ser Humano é um universo infinito de possibilidades; se de uma Máquina a gente sabe exatamente o que esperar, de um Ser Humano a gente nunca sabe, e é aí que reside o grande barato da convivência humana. 

~Teoricamente.~

(...)

Nunca, jamais, nem que eu viva mil anos, vou entender gente que escolhe viver como uma máquina pré-programada, gente que só consegue fazer uma mesma coisa e falar de um mesmo assunto o tempo todo, gente que não muda, não varia, não diversifica, não experimenta, e não aproveita todas as infinitas possibilidades que a vida nos disponibiliza diariamente.



Que PREGUIÇA colossal que eu tenho de gente monotemática!!!

Vamos falar de livros?
Vamos falar de filmes?
Vamos falar de política?
Vamos falar de novela?
Vamos falar de saúde?
Vamos falar de solidariedade?
Vamos falar de educação?
Vamos falar de amor?
Vamos falar de sexo?
Vamos falar de moda?
Vamos falar de música?
Vamos falar de malhação?
Vamos falar de comida?
Vamos falar de artes?
Vamos falar de cultura?
Vamos falar do clima?
Vamos falar de futebol?
Vamos falar de dieta?
Vamos falar de chocolate?
Vamos falar de tecnologia?
Vamos falar de maquiagem?
Vamos falar de física quântica?
Vamos falar de humor?
Vamos falar de coisa boa (iogurteira top therm? tekpix?)?
Vamos filosofar sobre as mulheres-frutas?
Vamos discutir o sexo dos anjos?
Vamos jogar conversa fora?
Vamos falar bobagens?
Vamos falar de coisas úteis?
Vamos falar de coisas fúteis?
Vamos falar de coisas inúteis?
Vamos falar de qualquer coisa?
Vamos falar de todas as coisas?
Vamos variar???

Ninguém precisa escolher um único assunto pra guiar a vida, por mais especialista que seja. Ninguém precisa se limitar!

Prestenção, gente! 

"keep calm and VIRA O DISCO!"

(só um toque... pra ninguém, e pra todo mundo também!)

terça-feira, 23 de abril de 2013

How can you mend a broken heart?



"... And hou can you mend a broken heart?
How can you stop the rain from falling down?
How can you stop the sun from shining? ..."


(pra ouvir durante o banho dançando lentinho com você mesmo, enquanto a água cai e lava o corpo, a alma, e aquelas lágrimas teimosas que de vez em quando teimam em cair.)

(não que eu mesma faça isso, magiiiiiina! estou apenas dando uma dica! :p)

S2 Al Green!



P.S.: Tem essa versão antiquíssima dos Bee Gees também, que não supera a original, mas tem o seu valor, até porque Bee Gees é sempre muito amor, né?!






terça-feira, 16 de abril de 2013

Clichês não são Clichês à toa...

... Tanto que uma das maiores verdades da vida, uma das poucas verdades, aliás, é que todo mundo acaba colhendo o que plantou. A colheita pode até demorar e vir de uma forma não tão óbvia, mas que ela vem, ahhhhh vem!

sexta-feira, 22 de março de 2013

Depende. (reprodução)

É isso.

Mas eu jamais conseguiria transcrever com a mesma elegância e precisão do querido Mateus Medina , então vou apenas reproduzir:




DEPENDE 

Às vezes falo, às vezes me calo
Depende muito da chuva lá fora
Do halo que circunda minh'alma,
Depende da calma... ou falta dela 

Às vezes corro, às vezes paro
Depende da pressa, do que interessa
Da preguiça que às vezes assoma
E me paralisa quando me toma 

Às vezes rio, às vezes choro
Depende de coisas que desconheço
Tem um preço; a lágrima, o riso
Rio e choro, tudo junto, se preciso 

Às vezes fico, às vezes parto
Depende da música no botequim
Se fico estou sempre partindo,
Se parto, fica um pouco de mim 

(Mateus Medina)




Link para a postagem original AQUI.
(mas não se limitem a ela, aproveitem e passeiem sem pressa pelos Rabiscos... foi um dos meus melhores achados na blogosfera de todos os tempos!)

Obrigada pela generosidade, Mateus! 
E obrigada por dizer aquilo que reles mortais como eu nem sempre conseguem verbalizar! =D