terça-feira, 22 de setembro de 2009

A difícil arte de tentar manter-se jovem (ou minimamente digna)

Não vou enganar vocês não: Ser mulher é uma merda!

Ok, pode não ser uma merda assim tããão grande, é bem verdade que existem muitas vantagens, e particularmente acho que nem a idéia de fazer xixi em pé me faria querer ser homem numa outra encarnação, já que essa habilidade é compensada pela inteligência limitada e eu ainda prefiro poder exercitar a arte de pensar... (sem ofensas, meninos!)

O que eu quero dizer mesmo com a frase de abertura deste post é que ser mulher dá um trabalho desgraçado!

Não vou nem me aprofundar nas questões biológicas como cólica, menstruação, gravidez, menopausa, etc e tal porque esses são os desconfortos óbvios do "sexo frágil", único capaz de suportá-los, diga-se de passagem...

Mas daí que a gente é mulher, né? E **o tempo passa, o tempo voa, a poupança Bamerindus continua numa boa**, mas o nosso corpitcho... quaaaanta diferença!

Ah, o tempo... o implacável tempo!

E o que seria de todas nós sem as maravilhas da indústria cosmética? O que seria de todas nós sem essas poções mágicas disfarçadas de creme, sabonete, fluído, gel, e mais trocentos nomes que inventam todos os dias para fazer nosso cérebro acreditar em milagres?

É, porque a gente já não tem mais idade pra acreditar em Papai Noel, em Coelhinho da Páscoa, em Fada dos Dentes ou qualquer ser encantado do gênero, mas se tem uma coisa na qual acreditamos até o último dos nossos dias é em milagre, principalmente quando o milagre em questão significa a possibilidade de rejuvenescer, manter-se jovem ou pelo menos retardar o envelhecimento...

No fundo, enquanto seres superiores e inteligentes que somos, sabemos que isso tudo é uma grande bobagem, que milagres não existem e que o tempo vai derrubar tudo mesmo, mas de alguma forma fingir que acreditamos no creme X, no shampoo Y ou no gel W nos ajuda pelo menos a manter as esperanças de que as coisas não fiquem tããão ruins...

Daí a gente sijoga nos cosméticos. Sai comprando tudo que recomendam como se não houvesse amanhã, acredita até nas propagandas mais imbecis, gasta metade do salário com essas despesas que de repente se tornam "essenciais", dedica pelo menos 30% do espaço do quarto para estocar esses produtos e transforma o simples ritual durante e pós banho de todos os dias numa verdadeira maratona que consome inclusive uma boa parte do nosso tempo de sono, mas nada disso importa, porque o que a gente quer mesmo é ficar jovem e bonita (não necessariamente nessa ordem).

Só durante o banho são pelo menos 10 frascos abertos. Tem o sabonete esfoliante para partes ásperas, o sabonete hidratante para partes ressecadas, o sabonete normal para partes normais, o shampoo de limpeza profunda sem sal, o shampoo propriamente dito, o condicionador, a máscara de hidratação profunda para pontas duplas, o sabonete para combater a oleosidade na zona T, o gel de limpeza para rostos sensíveis e, claro, o sabonete íntimo (sem contar os sais e óleos de banho em ocasiões especiais).

E há toda uma sequência lógica para utilização desses produtos, de modo que tomar banho vira um momento de tensão, praticamente um teste de memória, já que qualquer deslize pode colocar a perder todo o tratamento milagroso que, vocês sabem, custou uma fortuna e vai fazer milagre!

Superada a etapa banho, não estamos ainda nem na metade da maratona, porque vem a sessão pós-banho, com mais uns 793183426 potes de cosméticos abertos, que devem ser usados de maneiras específicas e numa ordem coerente para surtirem os efeitos esperados.

E tome hidratante à base de manteiga de karité para as partes ásperas, hidratante à base de leite para as partes normais, fluído anticelulite para as partes celulitentas, gel redutor de gordura para as partes gordurosas, gel firmador para as partes moles, creme fortalecedor para as partes fracas, balm pós banho para uma sensação de frescor, creme anti-rugas para a área dos olhos, outro creme anti-rugas para as linhas de expressão, controlador da oleosidade para a zona T, creme firmador para o pescoço, hidratante antiidade para o rosto, isso sem contar as compressas para suavizar olheiras, máscaras para remoção de impurezas, e mais um monte de coisas que, de tantas que são, nem consigo lembrar agora.

Aí a gente finalmente pode deitar e dormir um sono da beleza que dura, sei lá, umas 3 horinhas, porque a gente gastou parte da madrugada na maratona que descrevi acima, e tem que acordar bem mais cedo para o ritual da manhã... É, minha gente, ritual da manhã!

Porque vocês acham que os produtos que servem para a noite servem também para o dia?

Nã-nã-ni-nã-não! Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. E quando o galo canta lá estamos nós novamente, envoltas nos 39853754 frascos de sabonetes durante o banho, mais 89378538394 potes de cremes pós-banho para uso diurno, sem contar o filtro solar e a maquiagem, fundamentais para que estejamos deslumbrantes durante o dia inteiro...

Cansaço? Olheiras? Bobagem! Para isso existem outras tantas maravilhas cosméticas! Palidez? Olhos caídos? Para isso existem maquigens espetaculares que cobrem até a pereba mais assustadora, sem contar os truques que fazem até defunto parecer vivo, imaginem uns míseros olhos caídos! Nada que uma sombra e um delineador aplicados do jeito certo não disfarcem!

É o lema da indústria cosmética, minha gente: Não há mal sem solução, nada que um tiquinho de dinheiro não compre, nada que a mais nova maravilha cosmética não resolva!

E assim vamos levando nossa vida de mulheres maduras em busca da fórmula da juventude, totalmente escravizadas por essa indústria da vaidade, transformando nosso cotidiano num meticuloso esquema de guerra, digno dos mais respeitados exércitos do mundo.

*
Só não podemos esquecer de tomar um remédinho pra memória todo dia...
Porque, claro, todo esse ritual requer memória ágil e eficiente, e não quero nem pensar no que pode acontecer se a gente se atrapalhar e usar o sabonete íntimo no rosto, o esfoliante para partes ásperas na zona T, o adstringente nas partes íntimas, etc, etc, etc...

E ainda tem gente que pensa que é fácil!

(não, não é, mas no fundo a gente adora ser assim!)

domingo, 20 de setembro de 2009

Saudade

Há 4 anos ela partiu...
para além do arco-íris...
Levando um pedaço de mim...
E deixando muita, muita saudade!


TE AMO PRA SEMPRE, MÃE!

PRA SEMPRE!!!



segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O Mundo é Portátil...

...E agora que a portabilidade chegou ao alcance desta Dinossaura que vos fala, talvez o Blog não fique mais tanto tempo abandonado...

Porque assunto, vocês sabem, não falta... falta só tempo, paciência, disposição, criatividade, dinheiro, etc e tal... Mas com o "mundo nas mãos" a coisa fica diferente, e vou tentar postar mais vezes, nem que seja roubando o Wi-Fi do vizinho...

Não desistam de mim! É possível que novidades bem legais apareçam em breve... quem viver, verá!!!

=*=*=*=*=*=*=*=*=*=*=

* Este é meu primeiro post feito integralmente pelo Smartphone, também conhecido como brinquedinho mais legal do Mundo... (presentinho "básico" do namorido)

** Parece que eu posso fazer muitas coisas por aqui, desde que eu aprenda a usar os recursos, né? Um pequeno detalhe... Nada que a leitura de um Manual de 6359472584137 páginas não resolva... :(

*** O único problema desses aparelhinhos ultramodernos é que eles estão cada vez menores, com teclas minúsculas, ao passo em que meus dedos estão cada vez maiores e mais desajeitados (a idade, né, vocês sabem )... Dito isso, peço desculpas por qualquer erro de digitação, até porque mal estou enxergando as letras, e conseguir colocar o post no ar de primeira já vai ser um grande feito!

=*=*=*=*=*=*=*=*=*=

Bom Dia, Bom Feriado e Boa Sorte!!!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

A História do Rodeio

Prontos para mais uma trapalhada da Dona Farta? Então senta que lá vem história!

Eu não tenho a menor ideia de como funciona o calendário do mundo dos Rodeios, só o que eu sei é que sempre nesta época do ano rola uma overdose do "movimento caipira" por conta da etapa mais famosa, a tão falada "Festa do Peão de Barretos".

Não é a minha praia, qualquer um que me conheça um tiquinho sabe disso, mas é também verdade que não posso renegar meu passado e tenho que admitir que houve um tempo em que eu era "mais aberta", digamos assim, ao mundo sertanejo. E neste tempo, há uma quantidade considerável de anos atrás, havia todo um glamour em torno do Rodeio de Barretos, e todo mundo que era cool de verdade tinha que participar pelo menos uma vez da festa.

Ah, os vinte e poucos anos! Bons e Bizarros tempos!

Eu tinha comprado meu primeiro carro havia pouco tempo, e estava ainda vivendo aquela fase de empolgação, de querer rodar o mundo guiando meu possante, de curtir minha liberdade, essas bobagens... E então um belo sábado acordei e ouvi alguma coisa na TV sobre a Festa do Peão de Barretos. Era o último final de semana do evento, e todos os telejornais faziam reportagens especiais a respeito, e aquele zumzumzum todo imediatamente me acendeu a luzinha da ideia: "É pra lá que eu vou!".

Liguei pra uma amiga e a convidei para ir comigo pra Barretos, como se convida alguém para ir ali na esquina, tomar um café. A amiga não se fez de rogada e aceitou na hora. Passei para pegá-la e no finalzinho da tarde caímos na estrada.

Não tínhamos a menor ideia de onde ficava Barretos. Não tínhamos noção do que encontraríamos por lá. Apenas nos jogamos na estrada e, perguntando aqui, perguntando ali, conseguimos descobrir mais ou menos qual seria o melhor caminho. Em um dos muitos postos de beira de estrada em que paramos pra pedir informações nos explicaram que teríamos que sair da estrada principal (acho que era Anhaguera, mas não tenho mais certeza), e pegar uma estradinha vicinal que nos levaria até a cidade de Barretos.

Já era noite, estávamos na estrada há pelo menos 3 horas e, contrariando toda a prudência recomendada pelas pessoas mais sensatas nos enfiamos na tal estradinha vicinal, uma via com sinalização péssima, iluminação inexistente, cercada pelo nada e que parecia levar a lugar nenhum. Tipo aquelas estradas de filmes de terror, de onde nunca se consegue sair...

Mas aos vinte e poucos anos a gente mal toma conhecimento do medo, e a empolgação de estar quase chegando à famosa Festa do Peão de Barretos superava qualquer outro sentimento. Vimos estrelas cadentes no caminho (e eu quase perdi a direção do carro de tanta emoção), vimos túneis que não existiam (eram apenas ilusão de ótica pela sombra das árvores na escuridão), vimos pessoas à margem da estrada - pessoas que não eram reais, e mais uma infinidade de coisas inexplicáveis, mas estávamos numa espécie de transe e nada disso nos dissuadiu de chegar à cidade.

Depois de muito tempo, nem me lembro mais quantas horas, de fato nós chegamos a Barretos. Fomos seguindo o "fluxo" até encontrar uma fila imensa de carros parados numa estrada de terra (de TERRA, guardem esta informação), e então nos informaram que aquela era a fila para chegar ao Parque do Peão. Foi meio frustrante, porque na nossa imaginação a chegada seria um pouco mais glamurosa, mas não tínhamos outra alternativa, então ficamos na fila de carros, que andava uns 2 ou 3 metros a cada 10 minutos.

Num determinado momento começou a rolar uma festinha à parte da galera da fila dos carros, o pessoal descia do carro pra comprar ou compartilhar bebida, paquerar, causar, essas coisas que a gente faz aos vinte e poucos anos. Eu e minha amiga encontramos um vendedor de chapéus e tratamos de nos paramentar, e então começamos a "pagar de gatinhas" a bordo do meu possante, vidros abertos, música quase alta, caras e bocas, aquela coisa... Não demorou para os cowboys chegarem, e assim fomos administrando a lenta fila até a chegada ao Parque do Peão, entre uma paquerada e outra, uma gracinha aqui, um fora ali, estávamos "nos achando"... De repente fazia muito sentido tudo o que diziam sobre o Rodeio de Barretos...

Já era bem tarde (por volta da meia-noite, eu acho) quando finalmente conseguimos estacionar no Parque. Largamos o carro lá no meio do estacionamento gigante e lotado e fomos explorar a festa. Na verdade a gente nem sabia o que exatamente se faz em uma festa de peão, mas mantivemos a pose blasè e fomos andando no meio das barracas, observando os outros, tentando entender o que tava rolando.

Decidimos que pagar o ingresso pra ver o Rodeio não era uma alternativa, já que não entendíamos patavina de bois, touros ou cavalos, e ao que parecia era na área livre da feira que as coisas aconteciam. Ficamos por ali, circulando, bebericando um negócinho aqui, outro ali, e quando a noite começou a ficar monótona nos jogamos em uma balada que parecia ser "o lugar". Por fora era apenas uma tenda montada no meio do Parque do Peão, mas por dentro era a reprodução fiel das mais badaladas casas noturnas da Capital, com a diferença que os Mauricinhos e Patricinhas de SP estavam ali travestidos de cowboys e cowgirls.

Em pouco tempo arrumamos companhia, e quando nos demos conta já estava amanhecendo, e a balada terminando. Saímos da tenda ainda escura acompanhadas dos nossos paquerinhas, e foi à luz de uma linda manhã de domingo que fomos confrontadas com a nossa realidade. Estávamos encardidas. Marrons. Parecíamos uma escultura de terra, algo assim. Era possível enxergar apenas nossos olhos e os chapéus, mas o resto era só poeira. Minha amiga olhou minha mão e fez um sinal discreto, e quando eu prestei atenção vi que até minhas unhas estavam tomadas pela terra, parecia que eu tinha cavado uma sepultura com as mãos. Um horror. E os rapazes também não conseguiram evitar uma certa cara de espanto ao nos enxergar melhor, à luz do dia.

Bem diz o ditado que à noite todos os gatos são pardos. Na noite anterior e na madrugada dentro da balada escura tudo parecia plenamente normal, e ficamos nos perguntando como ficamos daquela cor, em que momento desde a nossa chegada a Barretos a terra grudou no nosso corpo sem que tivéssemos percebido.

Os paqueras, obviamente, arrumaram uma desculpa e se mandaram, e eu e minha amiga decidimos que precisávamos encontrar algum lugar pra tomar um banho e trocar de roupa, já que pretendíamos ficar na festa também no domingo, pelo menos até o começo da noite.

Camelamos até o estacionamento gigante e demoramos um bom tempo pra encontrar meu carro, porque a situação já estava bem diferente da noite anterior, e também porque eu estava procurando um carro azul (eu tinha um corsinha azul lindo), quando na verdade devia estar procurando um carro marrom. Desacreditei quando reconheci meu carro pela placa e vi que também ele tinha mudado de cor, consumido pela poeira. Quase infartei quando abri as portas e constatei que o marrom não estava só do lado de fora, mas também - e principalmente - do lado de dentro. Poeira por todo lado, painel, bancos, volante, tapetes, tudo marrom, tudo terra, tudo imundo.

Chorei.

Então nos ocorreu que aquela poeira toda provavelmente veio da estrada de terra onde ficamos paradas por horas na noite anterior, e só o que nos consolou foi pensar que, bem... talvez todo mundo estivesse com o carro marrom, e talvez o marrom virasse realmente tendência da estação, algo como "moda Barretos", algo assim...

O fato é que não conhecíamos nadica de nada da cidade, não sabíamos nem pra que lado ficava o centro, onde poderíamos encontrar um lugar pra tomar banho e trocar de roupa, não sabíamos nada e tivemos que descobrir tudo perguntando aqui e acolá. Encontramos um posto de gasolina de beira de estrada que tinha banheiro imundo com chuveiro - aka bica meia-boca, mas foi lá mesmo que nos viramos e tentamos recuperar um tiquinho de dignidade. O moço do posto também tentou dar um jeito do carro imundo - sem muito sucesso, mas nós já limpinhas, de dentes escovados, banho tomado e roupa trocada ficamos novas em folha, e partimos para a exploração da cidade, tomar café da manhã, essas coisas.

Perto da hora do almoço retornamos ao Parque do Peão, porque segundo nos informaram era nesse horário que o movimento recomeçava. Estávamos cansadas, tínhamos virado a noite sem dormir, mas a empolgação de vivenciar Barretos intensamente era maior, além do que queríamos exibir nossos recém adquiridos celulares Nokia da BCB (vulgo tijolão), ostentando nosso "brinquedinho" orgulhosamente preso na cintura, de modo que lá estávamos nós debaixo de um Sol de 50 graus andando pra lá e pra cá, sendo laçadas por um cowboy engraçadinho aqui, sendo galanteadas por outro cowboy acolá, e depois de muito vai e vem entre barracas decidimos parar em um quiosque pra beber alguma coisa.

Inteligentíssimas que éramos, achamos apropriado tomar um porre de Amarula. Muito apropriado. Várias doses depois, estávamos consideravelmente bêbadas naquele Sol infernal, bêbadas de A-ma-ru-la! Decidimos tirar um cochilo no carro pra estar "inteira" à noite, e voltamos aos trancos e barrancos até o estacionamento lááá longe, entramos no carro, deitamos os bancos, ligamos o ar frio (não ar condicionado, ar frio, sabe, aquele da ventilação?), ar frio este que na verdade estava fervendo, já que o carro estava debaixo do Sol escaldante, mas mesmo assim conseguimos pegar no sono, porque bêbado, vocês sabem... dorme em qualquer canto, de qualquer jeito...

Horas depois, não sei bem quantas, acordamos torradas, suadas, com o corpo todo doendo, praticamente desidratadas pelo Sol e pelo ar quente do carro. Nosso humor já não era mais o mesmo, tenho que confessar, e a sensação incrível de estar em Barretos também desaparecia subitamente. Mesmo assim retornamos ao Parque do Peão para mais umas voltinhas e azaração (e hidratação, desta vez apenas com água). Já estava anoitecendo, e o senso de responsabilidade nos fez decidir ir embora, já que ambas trabalharíamos na segunda-feira de manhã. Sensação de alívio, preciso confessar.

O problema é que chegamos ao carro e quem disse que ele pegava? Eu girava a chave no contato e não havia sequer um sinalzinho do motor, nada, silêncio absoluto. A princípio estranhamos, mas alguns minutos depois lembramos das horas dormidas com o ar ligado, e nos ocorreu que, bem... talvez isso tivesse descarregado da bateria! Inteligentíssimas!

A alternativa era tentar dar o famoso tranco, mas minha amiga se irritou comigo muito rapidamente, porque eu realmente não sabia (e não sei até hoje) esse negócio de dar tranco em carro... Faço tudo do jeito errado e a pessoa que está empurrando fica sempre fula da vida com o esforço em vão. Depois de vários minutos de paspalhice nossa - 2 moças completamente fora de controle tentando colocar um carro em movimento - apareceram alguns caras e se ofereceram pra nos ajudar, não sem antes fazerem toda sorte de piadinhas envolvendo mulheres e volante. Ódio!!!

Só sei que com muito sacrifício conseguimos sair daquele lugar, com uma única certeza: Jamais retornar. A verdade é que foi meio traumático. Estávamos tão cansadas que nem conseguimos voltar direto pra São Paulo, precisamos fazer uma parada estratégica na casa da minha irmã que na época morava em Rio Claro (mais ou menos o meio do caminho entre Barretos e São Paulo), dormimos por lá e pegamos a estrada de volta pra Sampa na segunda-feira de manhã, e fomos ambas direto para o trabalho, onde, obviamente, não produzimos absolutamente nada.

Ficamos estragadas por dias. Meu carro nunca mais voltou a ser a belezura que era antes, mesmo depois de várias lavagens completas e lavagens do estofamento. Mas nada disso tinha importância diante da cara de espanto / admiração que as pessoas faziam quando contávamos que tínhamos ido para a Festa do Peão de Barretos. Naquela época, pelo menos, isso era status. E aos vinte e poucos anos, bem... a gente faz (quase) qualquer coisa pra impressionar.

Seguuuuuuura Peão!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

O Dia DELA

Hoje minha mãezinha completaria 53 anos... Estaria ainda muito jovem, cheia de planos e sonhos, cheia de energia como ela sempre foi...

Mas a vida é injusta e ela partiu antes mesmo de chegar aos 50 anos, e agora o dia 18 de agosto é apenas um dia triste, daqueles em que a saudade aperta e a ausência dói ainda mais...

Muita saudade, Mãe!
Te amo pra sempre!!!




terça-feira, 11 de agosto de 2009

Era uma vez...

...Duas pessoas que se conheceram e flertaram, e então se apaixonaram, e namoraram, e procriaram, e foram morar juntos, e depois de muitos anos finalmente se casaram, e então se separaram, e, separados, se reapaixonaram, e então voltaram a namorar...



Let's stay together...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O que eu também não entendo...

Sabe quando você deseja muito uma coisa, tanto que acaba idealizando-a inconscientemente, e transformando-a em algo que ela não é de verdade?

E aí depois de muito sacrifício e empenho você finalmente consegue esta coisa?

E então percebe que aquilo não é exatamente do jeito que você pensou, porque, afinal de contas, você idealizou algo que não existe?

A vida é muito sacana e vive dando essas rasteiras na gente. Ou talvez a culpa seja mesmo da mente humana, tão doentia...

Por que a gente quase nunca consegue sincronizar razão e emoção?

Por que a gente complica o que é simples o tempo todo, quando inteligente mesmo seria fazer o exercício inverso?

Que prazer sádico se esconde em nosso cérebro, que é capaz de nos levar a atitudes às vezes tão inteligentes, e em outras vezes tão estúpidas?

Aliás, de onde surge tanta estupidez assim, do nada? Uma estupidez capaz de fazer uma pessoa contradizer todos os seus princípios e agir como um ser irracional?

Como sair deste engodo? Como reencontrar o equilíbrio e começar de novo?

A única certeza que eu consigo ter no meio de tantas questões sem respostas é que ninguém nos conhece completamente. Muito menos nós mesmos.

Eu não me conheço. Não me reconheço. E me surpreendo o tempo todo... E quando eu acho que encontrei a resposta que precisava aparece uma nova questão que eu nem sabia que estava dentro de mim, e aí o complicado fica mais complicado, e a solução cada vez mais distante.

Talvez seja isso. Talvez o grande desafio da vida não seja compreender nada nem ninguém, senão a nós mesmos.

E como a autocompreensão é algo impossível, o segredo é aprender a administrar o caos. Ou sucumbir. Ou apenas deixar rolar, e ver no que vai dar. Até um terremoto mudar as rotativas.

É isso.

domingo, 19 de julho de 2009

O Escafandro e a Borboleta


Jean-Dominique Bauby (vivido brilhantemente por Mathieu Amalric) foi um bom vivant, apaixonado pela vida e pelas mulheres, acostumado a desfrutar das regalias proporcionadas por sua fama no meio fashion editorial, já que era editor da famosa revista Elle francesa.

Aos 43 anos foi vitimado por um derrame cerebral que o deixou em coma durante cerca de 20 dias, após o que acordou plenamente lúcido, mas descobriu-se completamente paralisado, acometido pela rara síndrome de locked in, conseguindo movimentar apenas o olho esquerdo.

Com o auxílio de uma empenhada equipe médica, especialmente as fisioterapeutas do hospital, Bauby reencontra uma maneira de comunicar-se com o mundo, utilizando uma improvável técnica de piscar os olhos para formar palavras. E foi assim que conseguiu escrever suas memórias, publicadas através do livro homônimo que inspirou este excelente filme.

Apesar do tema trágico que poderia transformar o filme num dramalhão recheado de clichês, somos brindados com uma ode à vida e à morte, uma poesia em movimento na tela do cinema (ou da TV), tanto por mérito da visão pessoal de Bauby narrada em seu livro como pela magistral direção de Julian Schnabel (brilhante diretor não só neste filme mas também no já antigo Antes do Anoitecer, um dos meus filmes preferidos de todos os tempos)

Fecham o "pacote" com chave de ouro uma fotografia estonteante que conseguiu me teletransportar para o belíssimo litoral francês, ao som de uma trilha sonora inesquecível.

Não deixe de assistir "O Escafandro e a Borboleta".

Realmente Imperdível!

"Sua imaginação é a única coisa completamente livre. Pode te levar pra onde você quiser"


Você é Moralista?

Acompanhem comigo a seguinte historinha:

Personagem 1)
Juliana Paes, uma mulher linda, famosa, influente no meio artístico, atriz consagrada de muitas novelas, já posou nua para revistas masculinas e já fez tantos outros ensaios sensuais, tendo, inclusive, integrado uma famosa lista internacional de mulheres mais sexys do mundo.

Personagem 2)
Juliana Silva (fictício), uma mulher linda, anônima, que exerce um trabalho burocrático numa repartição pública, nunca mostrou seu corpo em público e é inclusive famosa entre os colegas por seu comportamento discreto e pelas roupas que veste, sempre muito comportadas e nada sensuais.

Pois bem. Um belo dia um famoso colunista de humor resolveu usar a personagem 1 em sua coluna, e cedendo à obviedade de seus estonteantes atributos físicos, fez uma piada de duplo sentido dizendo que ela "não era casta", em alusão à condição da personagem indiana vivida pela moça na novela do momento.

Muitos riram da piada. Outros, como eu, acharam-na bastante sem graça, apesar do esforço do carismático humorista. Até aí, ok... acontece com os melhores, e nem todo mundo consegue fazer piada boa todo dia.

Acontece que a personagem 1, protagonista da piada em questão, por alguma razão que não nos cabe compreender sentiu-se ofendida com o que foi dito/escrito, e procurou a Justiça para obter a reparação à ofensa sofrida, assim como para evitar que outras piadas fossem feitas a seu respeito pelo tal piadista.

A Justiça, por sua vez, entendeu que procedia a reclamação da personagem 1, entendeu ser legítima a ofensa por ela alegada e penalizou o humorista com uma multa pecuniária, além de proibi-lo de citar a moça em outras piadas.

Em razão de ambos os envolvidos no incidente serem figuras públicas que estão constantemente na mídia, criou-se todo um burburinho em torno do caso, sendo que a grande maioria das pessoas posicionou-se contra a personagem 1 e contra a decisão da justiça, defendendo que a liberdade de expressão deve prevalecer sempre e que a proibição imposta ao humorista era uma vergonhosa demonstração de censura.

É uma questão polêmica, por assim dizer, e cada um tem o direito de formar sua opinião e tomar o partido que quiser.

O problema não é a posição que a maioria das pessoas tomou. O problema, meus queridos, é a fundamentação desta posição, são os critérios que as pessoas utilizaram para chegar a esta conclusão. Este é o ponto.

Um famoso blogueiro, celebridade virtual e também real, formador de opinião e idolatrado pelos fãs de seu programa de *cof cof* humor ingeligente, rapidamente abordou o assunto no seu Blog, defendendo ferrenhamente o humorista e dizendo-se indignado com a atitude da atriz e a decisão da justiça. Abre seu post com uma fotografia sensual da atriz, e é nela que baseia todo o seu raciocínio:

Ora, se a moça já mostrou a bunda para o país inteiro, não pode sentir-se ofendida com uma mera menção em uma piada, pelo contrário: devia se sentir honrada por ser citada pelo humorista, como se a citação inclusive a elevasse a um patamar de respeito que ela perdeu no dia em que posou pelada.

Vocês entendem onde estou querendo chegar? Que P* de argumento é esse? Como pode uma pessoa supostamente descolada e modernex, uma pessoa supostamente politizada e que briga tanto pela democracia e pela igualdade dizer uma coisa dessas? Em qual escola esse moço aprendeu o sentido de democracia? Qual foi o conceito de igualdade que ensinaram pra ele?

Obviamente estou usando o Marcelo Tas apenas como exemplo. Porque lamentavelmente é nessa mesma linha de pensamento que a maioria dos indignados se baseou (ou, pior, foi esta linha de raciocínio que a maioria das pessoas copiou). As pessoas acham que o fato de a personagem 1 já ter mostrado seu corpo no vídeo ou em fotos tira-lhe o direito de se sentir ofendida. Como se aquele ensaio fotográfico da Playboy fosse o passaporte para o eterno desrespeito.

E não, não é. Cada um tem uma opinião particular sobre mulheres que vendem a imagem nua do seu corpo, e eu tenho a minha. Cada um tem uma opinião sobre mulheres que vendem o seu próprio corpo, e eu também tenho a minha. Mas considerando que vivemos num pais democrático, essas opiniões são apenas opiniões. Que podem, sim, ser expressadas como bem entendermos, pela liberdade de expressão tão propalada, mas que em momento nenhum tiram a legitimidade de quem quer que seja se sentir ofendido e buscar a reparação por uma ofensa.

Foi isso que Juliana Paes fez. Se para mim parece bobo processar alguém que disse apenas que ela "não tem casta", pode não ter sido tão insignificante pra ela. E quem sou eu pra medir o tamanho da ofensa que ela sentiu? Como posso eu saber de que maneira isso A atingiu?

A ofensa é personalíssima, meus queridos. Só sabe a dimensão quem a sofre. Quem está de fora fica apenas no achismo, e isso muda todo o contexto do que aconteceu.

E aí vocês vão me perguntar: Onde entra a personagem 2, a Juliana anônima?

Pois bem... suponhamos então que a ofendida fosse a personagem 2. Suponhamos que lá na repartição onde ela trabalha, um colega saísse dizendo para todos os outros que ela não era casta. Suponhamos que ela decidisse processar o colega de trabalho por sentir-se profundamente ofendida com a piada. E suponhamos que a justiça decidisse de forma parecida como no caso famoso.

O que vocês achariam? Ficariam também contra a moça neste caso?

Aposto que diante de uma situação assim, isoladamente, a maioria das pessoas que agora condena a atitude da Juliana famosa defenderia o direito da Juliana anônima, porque entenderiam que esta sim, teria uma honra a zelar. O fato de a personagem 2 nunca ter mostrado o corpo em público e ser uma pessoa discreta a tornaria legítima possuidora do direito de reparaçao por uma ofensa, ao contrário da personagem 1.

Quanto moralismo, não acham? Moralismo, machismo, preconceito, tudo ao mesmo tempo. E era aqui que eu queria chegar.

A verdade, meus queridos, é que julgar é fácil. E seguir a onda também. Difícil é refletir e tentar manter-se coerente com aquilo em que se acredita.

Não tenho nada contra José Simão, muito pelo contrário, gosto bastante dele, principalmente porque ele é muito carismático e bem humorado, mesmo quando (não raramente) faz piadas ruins.

Também não tenho absolutamente nada contra Juliana Paes, muito menos contra o fato de ela já ter mostrado seu corpo por aí. Acho-a lindíssima, inclusive, e também muito carismática.

No episódio propriamente dito, tendo a achar que ela exagerou, a piada foi besta e aparentemente inofensiva, não justificaria uma medida tão extrema como o processo. Mas isso é apenas o meu achismo. Certamente ela tem razões próprias para ter agido como agiu. E se foi ofendida, pois bem, que a Justiça repare. É assim que deve ser. Para quem já posou pelada ou não. (Igualdade, lembram?)

Pra finalizar, também não tenho nada contra o Marcelo Tas, e trouxe o assunto pra cá porque realmente fiquei inconformada com o grau de machismo e preconceito que ele expressou no post sobre o caso. Dizer que o fato de Juliana Paes ter posado pra fotos sensuais a torna imune a qualquer ofensa de cunho sexual é das coisas mais grotescas que ouvi nos últimos tempos.

Seria o mesmo que dizer que qualquer cidadão pode livremente bater a carteira de um político, e que sua atitude estaria justificada uma vez que o político também rouba dinheiro público. Seria o mesmo que dizer que um erro justifica o outro, ou avalisa o outro, e não é por aí.

Quem com ferro fere, com ferro será ferido? Claro que não! Os tempos da Lei de Talião já se foram. Agora quem manda é a democracia. Sem moralismos, sem machismo, sem preconceitos.

É isso.

O Banheiro do Papa


Imagine uma cidadezinha pequena localizada no interior de um país de 3o. Mundo, onde não há riquezas, não há trabalho, não há progresso, onde nada acontece e a rotina das pessoas é absolutamente previsível, dia após dia.

E então o Papa, Sua Santidade em pessoa decide visitar justamente esta cidadezinha perdida no mapa, fato este que, obviamente, será um marco na história do lugar e virará notícia no mundo todo.

Considere também que o Papa arrasta multidões por onde passa, de modo que é mais do que esperado que a tal cidadezinha, tão absolutamente pacata, tenha sua rotina violentamente alterada em razão do evento religioso.

Eis o cenário de "O Banheiro do Papa".

Baseado em fatos reais - em 1988 o Papa João Paulo II visitou a cidade de Melo no Uruguai (localizada próximo à fronteira com o Brasil) - este adorável filme (produzido pelo brasileiro Fernando Meirelles) retrata o processo de renovação das esperanças que toda a população de Melo viveu com a expectativa da visita do Papa, e a consequente oportunidade de mudança de vida que vislumbraram por conta das centenas de milhares de pessoas que eram esperadas na cidade para acompanhar o evento religioso.

O foco do filme está na personagem de Beto (César Trancoso) e sua família (esposa e filha adolescente). Ao perceber que praticamente todas as pessoas da cidade já tinham encontrado um negócio para explorar - alguns fabricariam artigos religiosos e a maioria venderia comida, Beto tem a brilhante ideia de fazer um banheiro, já que "depois de comer tudo que haveria pra se comer, obviamente as pessoas precisariam usar o banheiro".

Acompanhamos então sua dura e atrapalhada batalha para a construção do Banheiro do Papa, e mergulhamos num universo de tanta esperança, criatividade e otimismo mesmo diante de uma vida miserável que em determinado momento dá até vergonha de sermos (eu sou, às vezes), tão derrotistas ao menor obstáculo.

É um filme tão singelo e ao mesmo tempo tão grandioso... faz chorar mas também diverte tanto... é leve e ao mesmo tempo tão profundo...

Imperdível!