domingo, 17 de janeiro de 2010

Deixe eu tocar sua Alma

Talvez eu me repita um pouco aqui, já que falei bastante sobre "intensidade" no último post. Mas o fato é que reflito todos os dias sobre todas essas minhas quase-certezas, e uma ou outra ideia vai surgindo, de modo que eis-me aqui novamente pra falar sobre o sentir, tão clichê, tão óbvio, e ao mesmo tempo tão misterioso.

De uma maneira bem simplista, podemos dizer que existem relações que se desenvolvem com base na matéria, e relações que se desenvolvem com base na alma. Em raros casos há uma conjunção de alma e matéria, e poucos privilegiados vivem o relacionamento ideal de quem ama a matéria e consegue tocar a alma do outro. O Nirvana. Muito mais ideal do que real.

Voltemos à realidade, e pensemos no mundo como ele está hoje. As pessoas tem medo de se relacionar, e por conta disso as histórias tem ficado cada vez mais vazias. Acaba prevalecendo quase sempre a atração da matéria - corpo, pois a alma fica blindada pelo medo que todo mundo tem de "quebrar a cara". Um pseudo instinto de auto-preservação que no fim das contas é apenas mais um grande fail.

E daí chegamos a uma configuração de mundo totalmente fake, onde as pessoas enganam às outras e, o que é pior, enganam a si mesmas, sob o frágil argumento de que é melhor negar um sentimento do que se machucar depois.

Qual o sentido disso, alguém consegue me explicar???

Porque eu sinceramente não vejo sentido em viver uma vida se não for pra correr riscos. Aliás, o que torna tudo mais emocionante e interessante é o medo do inseguro, é o mistério daquilo que não controlamos, é o fator surpresa que nos espera no próximo minuto, e não um planejamento burocrático que faça da vida apenas uma rotina previsível e sem graça. Não há como se proteger daquilo que não controlamos. E abrir mão de sentir para não correr esse risco é algo assustador, é como escolher uma vida robótica quando se pode viver uma vida real.

Respeito opiniões contrárias, sem dúvida, mas não consigo deixar de pensar: Até que ponto vale à pena essa auto-proteção? Até que ponto vale à pena renunciar às emoções para manter um controle que supostamente nos mantém distantes de todo o sofrimento?

Cada vez mais eu vejo pessoas que não dizem "eu te amo" simplesmente por medo de abrir a guarda. Cada vez mais eu vejo pessoas que ocultam sentimentos de maneira proposital, pra vender uma imagem durona que não se sustenta por 10 minutos. Cada vez mais eu vejo pessoas renunciando às deliciosas emoções provocadas pelos sentimentos, em prol de um controle fictício que elas acham que tem, mas que no fundo ninguém tem.

Porque, não se iludam, quebrar a cara todos nós vamos, mais cedo ou mais tarde. Em relacionamentos afetivos, então, isso é mais certo ainda! E se for pra quebrar a cara, a mim parece mais lógico que seja por uma experiência intensa do que por uma experiência não vivenciada.

Prefiro sofrer por ter dito um milhão de vezes "eu te amo", do que sofrer por nunca tê-lo dito. Porque no fim, acabamos todos no mesmo lugar. O que muda é o caminho. E nada substitui a deliciosa sensação que é sentir borboletas no estômago, frio na barriga, arrepios, vontade de repetir mil vezes frases românticas e cometer todos os clichês das histórias de amor. É isso que faz a vida valer à pena. É isso que nos empurra pra frente.

Não, não quero ser fake. Não quero ser falsamente forte, controlada, centrada. Quero ser alma, 100% alma, fragilmente alma, intensamente alma. Quero tocar sua alma, e quero que a minha alma seja tocada. A matéria não importa, haverá sempre quem goste e quem não goste, mas o que fica mesmo é a lembrança da intensidade, aquela que vem da alma, e que só existe se a gente se permitir sentir, sem barreiras.

Perguntei pra vários amigos qual foi a melhor experiência sexual que já tiveram. 99% relataram experiências que eventualmente envolviam parceiros fisicamente perfeitos, mas que sempre envolviam muita entrega, muita intensidade, muita emoção. Ninguém nunca esquece um "eu te amo" dito durante o sexo. Ninguém nunca esquece os sons do corpo quando há entrega verdadeira, por mais carnal que seja a relação.

Já um corpo perfeito, um músculo sarado, um detalhe físico modelo, esses a gente esquece rapidinho. Porque o que não é sentido, dura apenas um olhar, apenas o tempo que se vê, e vai embora da memória num piscar de olhos. Mas o que é vivido à flor da pele, com intensidade e entrega, fica lá, registrado nos poros, tatuado na alma, e é o que faz a vida ter sentido de verdade.

Eu sou dessas. Dou alma e quero alma. E quebro a cara. E levanto, sacudo a poeira, e começo de novo. Porque pra mim só tem sentido se for assim.

Que dure 1 segundo, mas que seja intenso, que seja verdadeiro, sem economia, sem ressalvas, sem barreiras. Que dure 1 segundo, mas que seja tudo que puder ser.

É o que vale!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A arte de Sorrir cada vez que o Mundo diz NÃO

Já é madrugada e mais uma vez estou aqui.

Devia estar dormindo, coisa que tenho feito muito pouco ultimamente, mas até o sono anda exercitando a arte de me abandonar, então não me culpem pelas olheiras profundas e pelo eventual mal humor.

Uma hora isso tudo se acalma, e então terei apenas olhos inchados de quem anda dormindo demais. É sempre assim. Ou 8 ou 80. Nunca um meio termo.

Meio termo. Taí um negócio lindo na teoria, mas absolutamente difícil na prática. Eu pelo menos nunca consigo. Porque sou dessas pessoas que é de fato 8 ou 80. Não consigo ser metade. Sou sempre inteira, para o bem e para o mal. Para o 8 e para o 80.

E não, isso não é motivo de orgulho, muito pelo contrário, até porque ser assim é uma atitude pouco inteligente. Estúpida, na verdade. A gente vive com a guarda aberta, e soldado que vai pra guerra e não sabe se defender só tem um destino: Toma tiro. Às vezes morre. Às vezes fica com sequelas. Raramente sobrevive ileso.

Pessoas como eu, que se deixam dominar por emoções invariavelmente burras e que nos levam a caminhos acidentados, sofrem. Não só pelos tombos que levam - esses a gente acaba tirando de letra - mas também, e principalmente, pela rejeição das pessoas que temem serem amadas com devoção.

É aí que entra a letra da música que eu estava ouvindo e que, não por acaso, me inspirou a vir aqui escrever essas bobagens.

Brincar de Viver, cuja versão mais linda é esta, na voz da Diva Bethânia:


"A arte de sorrir cada vez que o mundo diz não". E então a gente percebe que é este o caminho. Não adianta lutar contra a natureza daquilo que se é. E se não há como mudar o imutável, adaptemo-nos a ele!

Sou 8 ou 80, e em ambos os casos, sempre inteira. Sem meio termo, sem ponderação, sem moderação.

Porque se é pra sofrer, que seja o sofrimento mais doído do mundo;

Se é pra amar, que seja o amor mais sublime do planeta;

Se é pra se entregar, que seja de corpo e alma;

Se é pra querer, que seja com toda a força do Universo.

Prefiro viver 100 anos em 10 do que 10 anos em 100. Quantidade nunca siginificou qualidade, e quando falamos de Sentimentos, isso é ainda mais importante.

Emoção é um momento. É uma construção involuntária dos sentidos do corpo que culminam numa reação nem sempre perceptível ao outro, mas que pode mudar vidas. E emoção não se reconstrói. Perdido o momento, já era. Perdeu-se aquilo que não se recupera, e que muitas vezes era o que de mais valoroso poderia existir.

Por isso essa minha urgência, essa minha agonia. Prefiro amar perdidamente alguém por 1 dia do que amar mais ou menos por 1 ano. Já vivi ambos os casos e, acreditem, por mais que tenha sempre me machucado - muito - ainda assim prefiro as cicatrizes das pancadas mais fortes do que os arranhões de emoções xinfrins.

Cicatrizes escrevem histórias. Arranhões somem com o tempo, e tornam-se apenas isso: Insignificâncias esquecidas.

Não é fácil viver assim. Não é fácil SER assim. Porque rola toda uma paranoia nas pessoas, e elas costumam ter ressalvas com gente que demonstra demais suas emoções, com gente que AMA demais ou odeia demais. E aí vem os "nãos".

E os nãos também machucam, muito. Reprimem. Às vezes matam aquela emoção que a gente sabe que nunca mais vai nascer. Mas ainda assim, como diz a música:

"...E eu desejo amar
A todos que eu cruzar
Pelo meu caminho
Como eu sou feliz
Eu quero ver feliz
Quem andar comigo...
Vem..."

Portanto, sigo exercitando "A arte de sorrir cada vez que o mundo diz NÃO".

Às vezes choro, é verdade, mas o choro também é intenso, daqueles que lava a alma. Nada que uma caixa de lenços não resolva. Se rolar um bom colo, melhor ainda. E então a gente se recupera, e a história não tem fim, e continua sempre que alguém responde sim...

E então posso voltar a brincar...

Brincar de Viver!

domingo, 3 de janeiro de 2010

A História da moça que queria "fazer um 2010 diferente"

Essa é uma história no mínimo curiosa, que precisa ser compartilhada com o mundo.
Para proteger a identidade real dos envolvidos todos os nomes serão trocados, e chamaremos a protagonista de "Miss M", e sua amiga de "Miss P".


Pois bem.

Miss M acaba de sair de um ano conturbado. Problemas, problemas e mais problemas, e pouquíssimo prazer. Nenhum prazer, na verdade. Reclusão. Trevas. Trevas e mais trevas.

Sua amiga Miss P, que não teve um ano muito diferente, consegue ser um pouco mais ousada diante da vida, e ao contrário de Miss M não demorou pra reencontrar o prazer de viver, mesmo depois de todos os percalços de 2009.

Amigas servem (também) pra essas coisas, então Miss P, já experiente na arte de reencontrar diversão e prazer, finalmente conseguiu tirar a amiga da toca, já que Miss M pretende de fato fazer de 2010 um ano diferente.

Saíram. Foram para a "balada". Nada óbvio ou previsível, porém. Não "qualquer" balada. Decidiram reeditar um programão que era infalível alguns anos atrás, até porque nenhuma balada se mantém na ativa por mais de 25 anos se não tiver méritos reais. E era com isso que elas contavam.

Na pior das hipóteses teriam boa música. Ótima música. Rock'n Roll all Night. E público seleto.

De fato.

Apesar da aura meio decadente do bom e velho bairro do Bexiga, que não ostenta mais o movimento frenético de anos atrás, a famosa casa da Rua 13 de Maio continua a mesma.

Déjà Vu, e Miss M, que não frequentava o lugar há anos, de repente sentiu-se segura e confiante. Em casa. Aquele sempre foi um dos seus ambientes preferidos. Aquele sempre foi o tipo de público com o qual gostava de badalar. Nada de pitboys, exibicionistas ou megalomaníacos crônicos (à exceção de um gato pingado aqui, outro ali). Gente interessante. Gente incomum e interessante.

Quantidade de homens e mulheres num estranho desequilíbrio: muito mais homens do que mulheres. Miss M começava a entender a insistência de Miss P em ir especificamente àquele lugar. Isso não acontece hoje em dia em lugar nenhum do mundo, pelo que se sabe. E teoricamente, faz toda a diferença. TEORICAMENTE.

Parabólicas ligadas, potenciais alvos foram detectados, e a sintonia parecia recíproca. Olhares, olhares, olhares... Olhares, olhares e mais olhares... Olhares... OlharezzzzzzzZZZZZZZzzzzzzzzzz

Porque taí uma coisa que mudou bastante desde os velhos tempos. As pessoas olham. Trocam olhares. E param por aí. No começo, parecia interessante, divertido até, mas 2 horas depois Miss M já estava desanimando. Se jogou na pista e cantou todo o repertório de Pink Floyd, Led Zeppelin, The Who e outros dinossauros em coro com a excelente banda de tiozinhos sessentões, porque, afinal, pelo menos boa música. É. Era esse o consolo.

Miss P, mais confiante e sagaz, ia mudando seu alvo de acordo com seu feeling. É inevitável admitir que as exigências vão diminuindo com o passar da noite, mas ainda assim melhor manter alguma possibilidade viva. E a verdade é que Miss P está certa.

Tanto que quando tudo parecia perdido e o Rocky Balboa deixava claro que não ia sair da passividade, Miss P encontrou um novo alvo. E foi esse alvo (proporcionalmente improvável, digamos assim), que possibilitou que ela encerrasse a noite num brilhante placar de vitória. 1 x 0. Com louvor, segundo ela mesma disse.

Enquanto isso Miss M, já conformada com todos aqueles olhares que não viraram nada mais além de olhares, continuava curtindo o show. De repente notou a presença de algumas criaturas cuja bizarrice se destacava. E notou também que estas mesmas criaturas eram aquelas que estavam sempre por perto, rodeando-a, desde o começo da noite. Franziu a testa. Coçou os olhos e olhou de novo. Será que era ela mesma o centro das atenções das 3 criaturas mais incomuns do lugar?

Continuou dançando. Enquanto Miss P se atracava com um moço baixinho no canto do salão. Miss P sentada, e o mocinho em pé. Ambos do mesmo tamanho. Daí a improbabilidade proporcional antes citada. Bobagem. Miss P tá aí pra provar pra gente que tabú é bobagem, e que derrubar paradigmas é mesmo fundamental em dias como os de hoje.

De repente Miss M, encostada no bar tomando sua coca-cola light, é abordada por uma criatura que a princípio lhe causou espanto, já que parecia uma criança. Ela pensou, confusa: "Será que permitem a entrada de crianças neste lugar?". Olhando melhor, no entanto, e ainda com certo espanto, percebeu que não era criança. Era apenas um rapaz pequenininho. Bem pequenininho. Baixinho. Magrinho. De cabelo comprido e descendência oriental. Usava óculos e aparelho nos dentes. E parecida um boneco do Playmobil. Fofo. Parecia uma miniatura de gente. Fofo. Bizarramente fofo.

"E aí, gata, rola um beijo no japinha?", foi a abordagem do Playmobil. Miss M segurou o riso e tentou controlar a cara de espanto, porque sua amiga Miss G (essa não estava in loco, mas é uma das entusiastas da volta de Miss M ao "mercado") já tinha dito que a regra fundamental é ser gentil. Sempre. Até com os freaks.

Ela apenas sorriu meio constrangida e disse: "Ah... é... rs... não, meu bem, não rola!". O Playmobil ainda insistiu: "Aposto que você nunca beijou um japinha! Não quer experimentar? Garanto que não vai se arrepender!". E Miss M, num esforço descomunal pra manter a gentileza mais uma vez disse, com doçura: "Tenho certeza que deve ser muito bom. Mas, não, meu bem. Não estou a fim".

Largou a coca-cola light pela metade sobre o balcão do bar e inventou uma oportuna ida ao banheiro, onde jogou umas gotinhas de água fresca na nuca e tentou recobrar o foco. "Foco, Miss M, foco! A noite ainda não está totalmente perdida. Volte para a pista e faça a sua parte!"

Voltou. Notou que o Playmobil abordava um novo alvo (japinha persistente!), e também notou que os outros 2 esquisitões permaneciam no seu encalço. Abstraiu. Cantou acaloradamente uma de suas músicas preferidas - "Mama, I comming home", brilhantemente interpretada pela banda de sessentões, e quando repetia o refrão com os braços ao alto, foi abordada pela criatura freak number two: "João e o Pé de Feijão". Um moço tão grande quanto esquisito. Grande mesmo, tipo uns 3 metros de 40 de altura. Gigante. Meio desengonçado. Quando se pôs ao lado de Miss M, que também é grande e com seu salto de 15cm ultrapassava 1,80 de altura, ficou evidente que não era um rapaz comum. Muito, muito grande. O pescoço de Miss M doía de tanto que se retorcia para alcançar-lhe o rosto.

Pareceu gentil: "Oi, você vem sempre aqui? Essa banda é boa, né?" - a voz soou aos ouvidos de Miss M ainda mais freak. Gentil, quase doce, mas meio assustadora. "Err... oi... não, não venho sempre aqui... e sim, a banda é boa sim!", Miss M esboçou um sorriso amarelo.

O rapaz ainda perguntou o nome de Miss M, que mentiu chamar-se Maria, e tentou apresentar-se, mas depois que Miss M associou o olhar do rapaz ao olhar do king kong do filme, deu um jeito de se afastar, novamente usando a desculpa de ir ao banheiro. Era um moço muito, MUITO esquisito. Muito.

Mais gotas de água na nuca, uma longa olhada para seu reflexo no espelho, e Miss M decide voltar à pista em sua última tentativa de fechar a noite dignamente. Já estava começando a ficar assustada com aqueles acontecimentos.

Voltou ao som de "Can't Buy me Love", e dançava freneticamente quando o freak number three cutucou-lhe, entregou-lhe um papelzinho dobrado e disse: "Por favor, espere eu sair e leia".

Ficou paralisada observando o moço "X-Tudo" carregar seu pesado e enorme corpo em direção à saída do bar, de maneira totalmente desajeitada. Um moço simpático, até, e Miss M não o classificou como freak por conta de seus prováveis 200 quilos, nããão! Foi só mesmo pelo jeito muito estranho como ele dançava, sacudindo todas as partes sacudíveis do seu corpo até quando a música era lenta. Parecia meio fora de controle. Isso era realmente esquisito.

Miss M procurou um canto mais iluminado e leu o bilhete. Um cartão de visitas do rapaz, na verdade, com praticamente todos os dados da sua vida, e no verso algumas palavras escritas com uma letra bem bonita, mas formais demais para serem levadas a sério:

"Não sei porque travei, ao te ver tão linda nesse novo ano. Talvez uma timidez que hei de mostrar ser um engano... Como as resoluções que traçamos. Espero, sinceramente, que os planos no futuro digamos: Alcançamos. Assinado: X-Tudo".

Miss M riu. Leu de novo e riu de novo. E pensou que, puxa... talvez fosse melhor guardar em local seguro o cartão do X-Tudo. Porque, né? Nunca se sabe o dia de amanhã...

Zero X Zero, era o placar da noite de Miss M. "Por que mesmo o X-Tudo tinha ido embora, heim!? Podia ter esperado, né? Sei lá... de repente..."

Seus pensamentos foram interrompidos por Miss P, que finalmente desatracara-se do mocinho, porque era chegada a hora de partir. Elas deram ainda uma boa olhada ao redor, e lamentaram-se por todas as possibilidades que não vingaram. Foram ao banheiro e se observaram, diante do espelho. Miss M inconformada com seu fracasso, tentando encontrar algum defeito em seu bonito rosto balzaquiano que pudesse justificar a atração de todos os freaks num mesmo local, numa mesma noite.

Depois de 5 segundos de lamentações, caíram na gargalhada. E assim voltaram pras suas casas, rindo das próprias desgraças. Porque Miss M pode até fracassar em suas tentativas de voltar à vida ativa nas baladas noite afora. Mas uma coisa ela jamais vai permitir: O aparecimento de rugas.

Então ela ri. Ri sempre. Ri de tudo.

E assim a vida fica leve, e a treva vira luz.

(...)

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Demorou mas... (quase) ACABOU! Adiós, 2009!!!

2009 me deu a sensação de que o tempo PÁRA. De que alguma coisa aconteceu no universo e diminuiu a rotação da Terra, e o tempo mudou o compasso.

Não acaba mais nunca esse raio desse 2009, é? Chegaaaa!!! Já deu!!!

Hoje, por exemplo. Dia 31 de Dezembro, todo mundo naquela correria pra festa de Reveillon, eu já fiz um quadrilhão de coisas e ainda são 5 horas da tarde. Quer dizer... 2009 realmente não quer ir embora.

Mas vai, ahhh, vai! Dentro de algumas horas vai. Só não vai se o mundo acabar, e neste caso a segunda opção seria mesmo o que de melhor poderia acontecer.

As razões de tanta revolta com 2009? Bem... não vem ao caso... até porque eu sou adepta da prática de deletar coisas ruins, e se consegui deleter muitas delas, não vou usar essa vibe retrospectiva para relembrar aquilo que deu tanto trabalho pra esquecer, né?

O fato é que eu continuo a mesma (tá, não exatamente, mas nem vou descrever o que caiu em 2009 porque, né? desnecessário..), a vida continua a mesma, os problemas continuam os mesmos (variando nas formas e cores, mas sempre os mesmos), e o dinheiro continua faltando.

Mas apesar de tudo, apesar de todas as lágrimas, e crises, e surtos, e perdas, e mágoas, eu ainda continuo me divertindo muito mais do que qualquer outra coisa. E a vida continua valendo à pena, ah, se continua!

Não fiz uma lista de coisas que pretendo fazer em 2010, porque essas listas só servem pra me provar que sou incapaz de cumprir metas. E também porque não tenho grandes aspirações.

Quero apenas continuar tendo meu espaço, ser ouvida por quem eu quero que me ouça, ser querida por quem eu quero bem, estar o máximo de tempo possível com as pessoas que me fazem feliz e acima de tudo manter a minha capacidade de rir das minhas próprias desgraças. Porque é isso que me mantém viva, e forte o bastante pra seguir buscando todo o resto.

Tentem vocês também... pode ser uma experiência transcedental, eu garanto!

Permitam-se experimentar a felicidade das pequenas coisas, das piadas cotidianas, dos momentos não planejados.

Libertem-se de preconceitos e livrem-se dos estereótipos que possam te afastar de pessoas incríveis.


Procure enxergar além do óbvio, você pode descobrir um universo inimaginável do seu lado se olhar com atenção.

Ria, SEMPRE, E MUITO. Sorrir faz bem pra saúde física, e mais ainda pra saúde mental.

Seja louco. Porque normalidade não tem graça, e a loucura permite possibilidades que as barreiras da normalidade jamais permitiriam.

Seja livre.

E VIVA INTENSAMENTE.

Um dia de cada vez.


FELIZ ANO NOVO !!!

domingo, 20 de dezembro de 2009

Porque existem presentes e PRESENTES

Me recuso a começar mais um post com o clichê "...puxa, o tempo passou tão depressa e já estamos na penúltima semana do ano!".

Por isso vou apenas dizer que, sim, praticamente já é Natal, e as coisas típicas dessa época já estão acontecendo há dias... ruas lotadas, pessoas comprando coisas compulsivamente, reportagens e mais reportagens sobre presentes e cardápios para a Ceia, festinhas de final de ano nas firrrrmas, encontros nostálgicos com velhos amigos, etc, etc, etc...

Eu demorei um pouco pra entrar no clima, confesso. Quanto mais os anos vão passando, menos a gente curte, essa é a verdade, e só não esquecemos completamente da data porque o comércio tá aí nos lembrando do bom velhinho o tempo todo.

(...)

Ontem participei da "Corrida de Natal Corpore", uma prova festiva deliciosa, onde pude experimentar a sensação de "correr" (enganar, na verdade) acompanhada o tempo todo, já que os "Tigoto's" resolveram seguir o meu ritmo e experimentar a sensação de chegar em (quase) último lugar uma vez na vida. Foi uma farra. Das boas. Farra saudável, dessa vez. Porque eu também sou dessas. Pelo menos de vez em quando!

No final da noite rolou uma reuniãozinha da geração saúde no apê da mana atleta, com direito a "Amigo Secreto Ladrão", comidinhas e bebidinhas não alcoólicas. E pra quem acha que não, saibam que sou perfeitamente capaz de me divertir horrores bebendo goles de mais goles de coca-cola light. Juro. (até porque depois eu chego em casa e faço minha própria farra etílica comigo mesma, mas é melhor pular esse assunto porque já tem uma galera querendo me mandar pra Rehab. E por enquanto eu faço coro com a Amy: No, No, No!)

Sobre o "Amigo Secreto Ladrão", só o que posso dizer é que é um negócio que faz a gente ter a exata noção do quão velhos estamos. Porque assim, eu sou do tempo em que Amigo Secreto era aquela brincadeira de sortear alguém e dar um presente. Mas ao que tudo indica os tempos mudaram, e a moçada lá da vibe saúde explicou, explicou, explicou, desenhou até, mas mesmo assim eu não entendi patavina das regras. Brinquei, de qualquer maneira. E super me diverti. Porque, vocês sabem, eu sempre me divirto. Até quando a piada sou eu mesma.

(...)

Antes de vir embora, minha irmã-atleta Silvia e meu queridíssimo cunhado Laudo me deram um presente de Natal; presente não, PRESENTE, na verdade. Assim, em caixa alta.

Porque, como diz o título do post, existem presentes e PRESENTES. E quando a gente recebe um PRESENTE, entende o verdadeiro significado do gesto, entende até mesmo o significado do Natal.

O PRESENTE? Uma "marmita cultural", digamos assim. Sei lá, foi esse o nome que encontrei pra tentar explicar, mas acho que é muito, muito mais do que isso. Vejam vocês mesmos:



Quando uma pessoa gasta seu precioso tempo pra FAZER um presente com as próprias mãos, quando uma pessoa escolhe 100 músicas de amor e grava num CD personalizado pra você, quando uma pessoa escolhe 1 filme muito especial e também o grava em DVD pra você, quando uma pessoa encontra trechos de poemas e outras frases de muito significado e as escreve pra você, e aí a pessoa compra uma marmitinha, coloca tudo dentro, junto com docinhos que lembram a infância pra adoçar a vida, fotos de momentos marcantes do ano que tá terminando, e até mesmo um "Santinho Antonio", bem... então você entende que essa pessoa - essas pessoas, no caso - realmente SE IMPORTAM com você, e que dentro daquela marmita, muito mais do que coisinhas, tem muito, muito amor!

Um presente comprado tem o seu valor. Mas é apenas um presente comprado, pronto, feito, e existem muitos iguais a ele. Um presente feito com tanta delicadeza e capricho, com um conteúdo tão especial e personalizado, independentemente do seu valor material, é O PRESENTE.

Me sinto absolutamente privilegiada por ter sido digna de um gesto assim. Foi, sem dúvida, um dos melhores presentes que já ganhei na vida. E me trouxe, ainda que tardiamente, toda a emoção do tal "espírito de Natal".

Obrigada, irmã! Obrigada, cunhado!
AMO VOCÊS. Muito. MUITO.


" Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas! "

Mário Quintana
Utopias / Esperlho Mágico

domingo, 6 de dezembro de 2009

É tudo uma questão de interpretação

3o. ano da Faculdade, dia de prova de Direito Civil. Eu já não era mais a mesma aluna exemplar de outros tempos, trabalhava 10, 12 horas por dia, e estudar não se encaixava na minha rotina.

Estava levando na Faculdade meio "nas coxas", contando com uma generosa dose de sorte e com a ajuda dos amigos solidários que me emprestavam resumos para eu pelo menos "dar uma lidinha" antes da prova.

Sorte que o Tico e o Teco sempre foram eficientes, então a inteligência manteve-se preservada, mas não há inteligência que resista a tanta negligência.

Eu odiava a professora. Tinha problemas pessoais com ela, uma longa história, mas basicamente éramos "concorrentes" e ela usava e abusava do seu poder de professora pra me atingir. Não que essa informação tenha alguma relevância na história que estou tentando contar, mas me deu um prazerzinho mórbido escrever aqui que sim, eu odiava aquela vaca magrela e nariguda.

Voltemos à prova. Professores cretinos adoravam fazer um terrorzinho extra, então não levavam as questões impressas, e para nos fazer sentir como crianças da 5a. série, ditavam a prova, fazendo-nos perder tempo precioso para o desenvolvimento das questões. Preciso nem dizer que a bruxa magrela e nariguda era desta laia, né?

Acontece que enquanto ditava as questões, ela andava pra lá e pra cá, e eventualmente algum trecho do que dizia parecia confuso. Os mais corajosos a interpelavam dizendo não terem entendido, mas os mais orgulhosos (eu) se recusavam a admitir que tinham perdido algo no ditado.

Copiei as questões e parti para o que interessava. Tinha assistido pouquíssimas aulas de Civil naquele bimestre, era época de eventos na Globo e eu vivia mais no Rio do que em SP, então estava bem perdida na matéria, sabia nem qual parte do Código Civil estávamos estudando, e justamente para aquela prova não tinha rolado nenhum super resumo salvador da pátria pra me dar uma mãozinha.

Tive que encarar... Eu, o Tico e o Teco. E a minha capacidade singular de ter uma resposta pra tudo, sempre, até para aquilo que não existe.

Acontece que eu copiei uma questão errada. Entendi uma palavra e era outra, e na lógica da minha cabeça desorientada parecia fazer todo o sentido uma questão que pedia para explicar e exemplificar casos de vícios noturnos e erupção, quando a questão, na realidade, referia-se a vícios ocultos e evicção.

Fiz a prova. De 4 questões, eu sabia com certeza apenas 1. As outras eu teria que desenvolver, e pra isso tinha uma técnica que quase sempre funcionava: Pegava uma expressão da questão sobre a qual eu sabia alguma coisa e discorria sobre ela, ainda que não estivesse exatamente respondendo a pergunta. Geralmente funcionava porque era uma forma de demonstrar alguma familiaridade com a matéria, e eu sempre imaginava meus professores (a maioria velhinhos de mais de 70 anos) lendo a milésima prova e tendo a capacidade de raciocínio já levemente afetada pelo cansaço.

Acreditem, cheguei a tirar nota 10 em provas assim. Eu não tinha nem chegado perto de responder a questão, mas tinha escrito sobre o assunto e o professor acabava considerando.

Era a minha estratégia para aquela noite, na prova de Direito Civil. E, vocês sabem, encher linguiça é comigo mesma, eis uma arte que sempre dominei, então até pra responder o que eu não sabia, geralmente precisava de folha complementar... abusada, né?

Assim também aconteceu com a questão sobre os "vícios noturnos e erupção". Redigi meia página explicando os efeitos dos vícios noturnos e como eles poderiam provocar a erupção de uma relação jurídica, dei exemplos, mais de um, e entreguei a prova feliz da vida, ela todinha respondida, certa de mais um notão. Eu era uma gênia!

E então chegou a próxima aula, e a magrela nariguda, como sempre fazia, trouxe as provas pré-corrigidas para concluir a correção em conjunto com a sala, e eu estava lá, "a cara da tranquilidade", enquanto outros colegas se borravam de medo por terem ido mal na prova, eu estava certa de que, mais uma vez, tinha sido ajudada pela sorte e pela minha prolixidade.

Aí chegou-se à questão dos vícios ocultos e evicção. E a professora olhou pra mim com um sorriso sarcástico no rosto, seus olhos brilhavam, e eu enfrentava seu olhar desaforado de peito estufado, porque, né? Tinha certeza que ela estava impressionada comigo.

(o que só prova que em certas situações na vida a gente devira realmente poder ficar invisível. Fica a dica, pra quem puder.)

Ela começou a explicar a questão, a fazer uma rápida revisão sobre os vícios ocultos e evicção, e a cada vez que pronunciava "ocultos" e "evicção", ela olhava pra mim desafiadoramente. Eu demorei a me tocar. Lá pela 5 olhada, mais ou menos, me liguei que tinha feito alguma merda. E não, não consegui ficar invisível.

"Dona Farta Aguilharrrrrrr", ela disse, puxando o "R" como se fosse carioca... "...Eu nem ia mencionar sua prova na presença dos colegas, mas decidi que ela merece ser usada como exemplo e lição, então não se ofenda, mas precisarei contar que você inventou uma nova teoria sobre o direito das coisas..."

E DEU-SE A TRAGÉDIA.

Obviamente ela relatou meu mico com riqueza de detalhes. Obviamente os outros 99 colegas de uma sala com 100 alunos ficaram espantados e riram até perder o fôlego. Obviamente eu fiquei roxa. E obviamente ninguém esqueceu disso até hoje. Sim. Eu sou uma piada pronta. Sempre fui.

Fiquei para exame (recuperação) em Direito Civil naquele ano. Por meio ponto. E tive que estudar muuuuuito porque eu só me permitiria ir à faculdade às vésperas do Natal para fazer uma prova se fosse pra tirar 10. Questão de honra.

Não tirei 10. A bruxa magrela e nariguda jamais me daria um 10. Mas tirei um 8,5 que foi mais que suficiente pra me liberar daquela disciplina. E nunca mais tive o desprazer de cruzar com a profesora maldita.

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O que eu queria mesmo dizer, contando este causo, é que aprendi uma lição bem importante naquele episódio. Que tudo na vida é uma questão de interpretação. E o exercício da interpretação começa na compreensão do que se quer interpretar.

Eu criei uma questão errada, que sequer existia. E, prepotente, mas sem certeza nenhuma, respondi, fundamentei e exemplifiquei algo que não existe.

Percebem a gravidade disso? Percebem como é grave não compreender um fato, ou descontextualizá-lo?

Percebem como somos levados a erro toda vez que não prestamos atenção nas coisas ou nas pessoas como elas são?

Uma piada fora do contexto, uma brincadeira levada a sério, simpatia confundida com flerte, flerte confundido com simpatia, conselho levado como crítica, crítica levada como inveja...

E assim faz-se a guerra, amizades se rompem, relacionamentos esfriam, corações se magoam, etc, etc, etc...

É tudo uma questão de interpretação. Mais que isso, uma questão de "ler" as pessoas como elas são. Porque ninguém é igual a ninguém. E partir deste princípio equivocado fatalmente vai te levar a desvirtuar tudo o que se seguir. E isso pode ter reflexos importantes na sua vida... Isso pode, inclusive, definir o seu futuro.

Algumas pessoas não são óbvias. Nem todo mundo quer dizer SIM, quando diz SIM. Nem todo mundo quer dizer NÃO, quando diz NÃO. Contextualize, sempre!

Vou concluir este post que já ficou meio piegas (eu sei, eu já fui melhor!) repetindo algumas coisas que twittei outro dia:

"Gente óbvia e literal é muito, muito chato.
Existe poesia nas entrelinhas, e somente os espíritos livres conseguem enxergá-la.

Gente que não entende piada.
Gente que não entende ironia.
Gente que não entende entrelinhas.
Gente que não entende duplo sentido.
Gente que vê duplo sentido onde não tem.
Gente que só entende se a gente desenhar...

Gente que pensa quadrado, que tem a imaginação limitada pelas fronteiras criadas pela hipocrisia, gente que bate no peito e se orgulha de ser "normal", mas que na verdade é apenas medíocre...

Pois eu sou muito mais os loucos de alma livre que permitem-se enxergar além do óbvio, e não se limitam às fronteiras inventadas pelo pensamento hipócrita."


Era isso que eu queria dizer... reflitam, analisem, permitam-se compreender e interpretar além do óbvio... Há todo um universo de possibilidades... Descubram-no!

sábado, 28 de novembro de 2009

Grandes Mulheres

Depois de uma longa e ansiosa espera, finalmente posso dar a notícia:

Está no ar o Grandes Mulheres


Não vou falar muita coisa pra não estragar a surpresa. Vou apenas dizer que AGORA SIM nós, Grandes Mulheres, temos um lugar na web que nos trata com o respeito que merecemos. E tenho certeza de que você vai perceber isso ao primeiro clique. Corre lá!

Estou muito, muito feliz por fazer parte de um projeto tão importante! É só uma coluninha semanal falando de generalidades, mas ainda assim tem um pedacinho meu por lá, e isso me enche de orgulho!

Quer ir direto para o primeiro texto da Coluna da Dona Farta? Então clique aqui, e descubra como é Difícil a arte de SER uma grande mulher.

Claro, continuarei no Blog falando minhas abobrinhas de sempre (procurando melhorar a frequência dos posts, como já prometi outras vezes), mas espero poder contar com a audiência de vocês lá na coluna também! Será, como sempre foi, uma honra e um imenso prazer!

*** Explicando como fui parar lá:
Com um certo "medinho" (medão, na verdade), aceitei o convite das Jornalistas Pâmela Nunes e Paula Bastos - idealizadoras do projeto - para ser colunista do portal "Grandes Mulheres". O conceito do site é genial e obviamente eu não perderia uma oportunidade como essa por nada no mundo, até porque vocês que me conhecem sabem como eu desejo a inclusão total das mulheres fartas no universo feminino "padrão", sem preconceitos!
Espero sinceramente dar conta do recado! Conto com vocês!

sábado, 14 de novembro de 2009

Uma certa 6a.Feira 13

Ontem foi sexta-feira 13, né? E vocês sabem, eu não acredito nessas coisas, nem nada, mas... que elas existem, existem.

Não que isso seja exatamente uma novidade, já relatei outras vezes a minha capacidade sobrenatural de atrair gente esquisita (maluca, doida, descontrolada, etc e tal). E a quantidade de pessoas esquisitas que cruzaram meu caminho ontem foi bem acima do normal. Um esquisitão em cada esquina. Até o moço do telemarketing que telefonou pra minha casa de manhã parecia estranho - nem gerúndio ele usava, vejam vocês!

Mas beleza, considerando que eu mesma não sou uma pessoa normal, aprendi a lidar com gente estranha faz tempo, e costumo tirar de letra... No fundo são todos meus pares...

Aí parei pra tomar um café lá pelas 4 da tarde, depois de um longo dia de jejum (culpa da correria, como sempre), e estava lá, curtindo a sensação agradável da cafeína penetrando meu sistema digestivo vazio há horas, quando me aparece uma senhora.

Uma senhorinha assim, acima de qualquer suspeita, devia ter, sei lá uns 50 anos. Bem apanhada, e tudo mais, chega do meu lado e toca meu ombro, como se quisesse perguntar alguma coisa.

Eu estava distraída "viajando nos meus pensamentos" (como diz meu filho), e quase pulei da cadeira quando a senhora me cutucou, mas em seguida respondi com o meu "irresistível" sorriso de "pois não?".

Imediatamente a tiazinha puxou a cadeira e sentou ao meu lado (?), abriu a bolsa, tirou um bolo de papel que dava pra notar - eram contas telefônicas, e começou a me falar que estava indignada, porque a Telefônica estava cobrando valores exorbitantes dela, que ela nunca tinha pago mais do que R$ 40,00 de conta, e que agora estava recebendo contas cada vez mais altas, e blablablablabla.

Oooooi? Tipássim, qué qui eu tenho a ver com isso, minha senhora???

Minha cara de ué não foi suficiente, e a tiazinha continuou falando pelos cotovelos, desenrolando aquele amontoado de contas e esfregando no meu nariz, como se eu tivesse algum poder de resolver seja lá o que fosse.

Falei uns dois ou três "hum hum" e "nooossa, que absurdo!", mas depois de 5 minutos eu já estava realmente incomodada com a inconveniência daquela senhora.

Fingi que precisava atender uma ligação no celular, mas a tia não se fez de rogada, e ficou pacientemente esperando eu terminar a ligação sem arredar pé da minha mesa.

Agora, gente, fala pra mim: Por que eu???????? Por quê????????

Eram meus únicos 15 minutos de folga em um dia totalmente punk, por que eu tinha que ouvir os problemas telefônicos de uma maluca que nunca vi na vida???

Eu sei, eu sei, eu poderia ter sido grosseira e expulsado a louca da mesa, mas, né? Uma senhorinha, eu nem consigo ser mal educada com pessoas mais velhas, e além do mais, coitada, né? Doidinha, desorientada, pior que eu! Tenho compaixão, gente... Tenho sim!

Só sei que a tiazinha continuou me alugando durante todos os minutos seguintes, e quando meu tempo de pausa terminou, pedi licença e disse que precisava ir, ao que ela segura meu braço e diz:

"_Olha, minha filha, você é tão simpática, tão atenciosa, tão gentil! E tão linda, bem vestida, bem maquiada... sabe que se você fosse um pouco mais magrinha, eu ia jurar que você era artista?"

...

Então tá, né...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A Ditadura da Moral e dos Bons Costumes

Permitam-me relatar assim, mal-resumidamente, 3 fatos reais relativamente recentes:


1. Casal X Casal, e uma suposta traição:

Era uma vez 2 casais vizinhos que tornaram-se amigos. Possuiam uma vida social intensa, faziam vários programas juntos, compartilhavam seus cotidianos e sabiam quase tudo uns da vida dos outros.
A harmonia, contudo, foi quebrada quando surgiu entre eles uma suspeita de infidelidade. Um dos maridos teria assediado a esposa do outro, ou uma das esposas teria assediado o marido da outra (e a ordem dos fatos aqui, acreditem, realmente não faz diferença).
Confrontados com tal suspeita, ambos os "traídos" exaltaram-se, obviamente, mas reagiram de maneiras diferentes, porque, afinal de contas, cada ser humano é diferente do outro.
O problema é que a moça supostamente "traída" reagiu de forma mais "descontrolada", por assim dizer, e não mediu as consequências desastrosas de seus atos.
Objetivando vingar-se da ex-amiga "traidora", lançou mão dos recursos de que dispunha e publicou na internet toda sorte de conteúdo íntimo e ofensivo relacionado ao outro casal, agora inimigos declarados. Sem qualquer autorização, publicou imagens, emails, vídeos, informações confidenciais e tornou público um assunto que até então pertencia exclusivamente à esfera privada dos envolvidos.
Fez-se o caos, obviamente. Muita gente teve acesso ao material publicado (em blogs, sites de relacionamentos, etc), e o casal precisou mudar até de cidade para tentar reorganizar a vida devastada pela exposição indevida de sua intimidade.
Procuraram as vias legais (Delegacia) para tentar parar a ação da suposta "traída", e como não tiveram sucesso nesta tentativa, precisaram requerer a remoção do conteúdo da internet através de uma Ação Judicial.
Acontece que os envolvidos neste caso não são celebridades, são apenas cidadãos comuns que vivem problemas reais como todo mundo, e como são apenas "pessoas comuns", não tem acesso a uma tutela jurisdicional que "pessoas célebres" tem.
Como assim? Bem... independentemente do fato gerador do problema - a suposta traição - uma conduta inadequada foi tomada pela supostamente "traída", mais que inadequada, na verdade, uma conduta criminosa, já que calúnia e difamação são crimes e a privacidade e a intimidade são invioláveis, assim como a imagem é protegida, tudo segundo os mandamentos da nossa Constituição Federal.
Parecia óbvio que, ao chegar à apreciação de um Magistrado, a questão seria rapidamente resolvida, através da determinação imediata de suspensão do conteúdo indevido da web e posterior discussão dos prejuízos envolvidos.
Pelo menos é isso que vemos todos os dias na imprensa, quando casos similares - de uso indevido de imagem, por exemplo - envolvendo celebridades, chegam aos Tribunais.
Na nossa histórinha aqui, entretanto, houve uma decisão no mínimo curiosa (vergonhosa, na verdade), que lamentavelmente mudou todo o rumo dos fatos, e acabou funcionando como "lenha na fogueira", ao invés de funcionar como "extintor de incêndio" e apagar definitivamente o rastro que destruía a vida dos envolvidos.
Por motivos óbvios - éticos, especialmente, não posso entrar em detalhes sobre o caso, mas posso transcrever um pequeno trecho da primeira decisão judicial proferida no caso, até porque, à época, o próprio magistrado negou a tramitação em segredo de justiça, de modo que, a prevalecer seu entendimento, toda a questão seria pública até hoje - mas não, já não é mais.
Vamos ao despacho do Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito, titular de uma das Varas Cíveis da Capital de SP:
“... as fotografias com pouca roupa, para ficar em poucas palavras, teriam sido introduzidas na internet pela própria requerente. Se resolveu dar publicidade à sua intimidade, então não pode reclamar da veiculação atual, que partiu dela mesma. Plantou, agora colhe. O mesmo vale para os dizeres, porque a ré, em tese, estaria a divulgar pela internet informações que a própria autora teria veiculado ali, por e-mails, em atividade de mulher casada para marido alheio...”
Percebam que a decisão não só negava a tutela buscada pela parte como ainda impunha-lhe um pesado julgamento moral, valendo-se da máxima: "Quem planta, colhe."

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2. Juliana Paes X Jose Simão:

Abordei o assunto num post específico na época (julho deste ano), e para quem não se lembra (a questão foi bastante discutida) trata-se do processo movido pela atriz Juliana Paes contra o humorista José Simão, que citou-a em sua coluna diária de uma maneira "ofensiva", segundo os critérios da própria ofendida Juliana.
Na ocasião a Justiça concedeu liminar em favor da atriz, e proibiu o colunista de sequer citar seu nome na coluna, sob pena de uma pesada multa pecuniária.
A maioria das pessoas posicionou-se em defesa de José Simão, valendo-se do argumento de "liberdade de expressão" e de que se a própria ofendida já havia mostrado seu corpo publicamente (na TV, em revistas, etc.), não faria sentido pleitear proteção judicial à sua "honra". Sem querer ser repetitiva, mas se você não leu o post por favor clique aqui e leia, assim não preciso repetir todos os absurdos apurados à época agora, e torno este post menos gigante!

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3. Geyze X Colegas X Uniban

O assunto do momento. De maneira surpreendente, ganhou a internet, em seguida a imprensa sensacionalista e hoje foi manchete de todos os grandes telejornais. Com razão.
Uma moça vai para a aula de minissaia. Os colegas fazem piadinhas, assediam, e ela, para "revidar" a agressão verbal, provoca ainda mais, andando de maneira "rebolativa", dando voltinhas, subindo ainda mais a saia, e sei lá mais o que ( as versões são muitas e, mais uma vez, nenhum dos fatos secundários tem importância).
De repente, a situação toma proporções inimagináveis, e um batalhão de estudantes revoltados encurrala a moça, acusando-a de ser imoral. O vídeo, que todo mundo já viu, deixa claro o palavreado utilizado para agredir a moça, não preciso repetir aqui todos os palavrões, mas vamos dizer que, pra ficar no consenso (aquilo que todos gritavam em uníssono), a chamavam de Puta. A moça saiu escoltada da Faculdade, e sem a intervenção dos policiais, sabe-se lá o que mais poderia ter acontecido.
Da internet o caso foi para os programas de TV, Geyse logo apareceu com o vestido da discórdia para "provar" que não era tão curto assim, enquanto os estudantes da Uniban - aqueles que a "xingavam" de puta, tentavam defender a moralidade da Instituição de Ensino, justificando o comportamento animalesco que tiveram com o fato de a moça usar roupas insinuantes.
Depois de 2 semanas a tal Instituição de Ensino finalmente se posicionou sobre o caso, de maneira apoteótica, inclusive, publicando anúncios pagos nos principais jornais de SP no último domingo, onde informava a decisão de expulsar do quadro discente a causadora da confusão - ninguém menos que: a vítima, a moça do vestido curto, aquela que foi xingada, Geyze.
Imediatamente pipocaram manifestações indignadas contra a decisão, muita gente revoltada com a justificativa utilizada pela direção da Faculdade para expulsar Geyze, e depois de muita pressão, demonstrando uma total falta de identidade ou firmeza em seus "princípios morais e éticos", no início desta noite a Uniban divulgou a revogação da decisão, ou seja, Geyze não está mais expulsa, e pode voltar a frequentar as aulas.
Nem vou entrar no mérito da questão porque todo mundo já o fez. E acho realmente desnecessário repetir aqui toda a ladainha de que um fato não justifica o outro, e de que nem mesmo se Geyze estivesse desfilando nua pelos corredores da faculdade, nem assim haveria justificativa para o comportamento dos seus colegas, muito menos para a postura desastrada da Uniban.

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Queria apenas colocar pra vocês esses 3 casos reais para chegar ao ponto mais grave em todos eles, o ponto que os torna assuntos similares e que representa, no meu ponto de vista, uma ameaça real cada dia mais próxima: A Ditadura da Moral e dos Bons Costumes.

Uma Ditadura disfarçada que se aproveita da fraqueza de convicções da grande maioria das pessoas aliada a argumentos retrógrados e eventualmente religiosos, para impor um modo de se viver altamente contestável, para impor um padrão de comportamento tido como único aceitável, quando devíamos estar na verdade nadando na direção contrária, na direção da liberdade de se ser o que se é, do jeito que se quer, sem que isso seja motivo de segregação.

Imposições moralistas me assustam. Me assustam porque sei que as pessoas são altamente suscetíveis a elas, porque apesar de vivermos num estado Laico, ainda são princípios religiosos que guiam a maioria do comportamento social comum, e é neles que os imbecis se apegam quando querem se julgar superiores aos outros, ou, ainda pior, quando querem manipular a opinião alheia.

Podem reparar: em qualquer discussão, quando terminam os argumentos reais para se defender uma posição, uma das partes fatalmente acaba sucumbindo aos argumentos moralistas e/ou religiosos. Já falei sobre isso aqui muitas outras vezes, e só para ficar nos exemplos óbvios, vamos citar a legalização do aborto, a questão dos fetos anencéfalos, as pesquisas com células-tronco, a criminalização da homofobia, etc...

É a partir deste conceito de moralidade distorcido que jovens universitários de classe média se julgam no direito de agredir às putas - utilizando-as como xingamento - da mesma maneira que se julgam no direito de agredir à moça que se veste de maneira diferente dos demais, como se o diferente fosse sempre inaceitável.

É a partir deste conceito de moralidade totalmente distorcido que tanta gente supostamente sensata criticou Juliana Paes, na época da briga judicial entre ela e José Simão. Não me esqueço do tanto de absurdos que li no sentido de que "se a Juliana até já saiu nua em revista, não pode se sentir ofendida por ser mencionada de maneira jocosa". Como se uma coisa - mais uma vez - justificasse a outra.

É a partir deste conceito de moralidade totalmente distorcido que o Juiz do caso 1 acima se sentiu no direito de atacar a "mulher que teve conduta inadequada para com marido alheio", negando-lhe uma prestação jurisdicional apesar da garantia expressa da lei em sentido contrário, simplesmente por julgá-la menos merecedora da lei do que "pessoas de bem", aí entendidas como aquelas que não investem contra maridos alheios.

Quanta besteira! É deste mesmo ponto de partida que vem outras conclusões muito mais imbecis, como aquelas que julgam homosexuais menos respeitáveis do que heterosexuais, como aquelas que julgam cristãos mais respeitáveis do que ateus, enfim... aqueles que julgam condenável tudo aquilo que é diferente.

Percebem como tudo leva para uma Ditadura Moralista de critérios altamente contestáveis?

Percebem como no fundo a ideia que move todos esses fatos acima narrados é a adequação ou não das pessoas envolvidas aos "padrões morais aceitáveis"?

E que padrões são esses? Quem os fixou? Todo mundo tem que pensar de maneira igual agora, é isso?

E se eu disser que não vejo problema nenhum no vestido de Geyze, e que eu mesma já usei outros até mais extravagantes na minha época de universitária? E se eu disser que não condeno a moça do caso 1 por ter flertado com o marido da outra, especialmente porque não sei dos detalhes pessoais que os levaram a tal envolvimento, e por isso me sinto incapaz de tomar partido? E se eu disser que acho que Juliana Paes poderia até ter feito filmes pornôs, e ainda assim continuaria tendo o legítimo direito de processar qualquer um que diga seu nome de maneira ofensiva, porque uma coisa não tem nada a ver com a outra?

Vocês me considerariam uma pessoa imoral?

Pois então, saibam desde já, eu sou IMORAL. E não faço questão nenhuma de me integrar nesse pelotão aí que brada como maioria, não faço questão nenhuma de ser vista como uma "mulher de bem", porque nada disso importa de verdade.

Princípios morais são absolutamente subjetivos, frutos do meio em que crescemos e onde vivemos, fruto da nossa história e dos nossos antepassados, e por isso mesmo cada um tem o seu, não há e não deve haver um padrão.

O que é moral pra mim, pode ser imoral pra você, e vice versa. Pessoas são diferentes. Tem princípios diferentes. E pra evoluir de verdade precisaríamos parar de lutar contra as diferenças e dedicar nossos esforços apenas em aceitá-las e respeitá-las.

Estamos dando passos largos numa direção totalmente contrária, e o mais triste é perceber que há toda uma "nova geração" alienada por essa ditadura moralista de fundo de quintal, uma geração que não se envergonha de mostrar a cara na mídia e defender o indefensável: a intolerância.

A Ditadura da Moral e dos Bons Costumes cega. É lobo em pele de cordeiro. E está aí, pronta pra te abduzir.

Cuidado!

domingo, 8 de novembro de 2009

Ayrton Senna Racing Day



Desde que virei uma atleta quase *cof* *cof* profissional e comecei a participar de tudo quanto é corrida de rua que aparece no circuito paulistano, deixei de fazer posts sobre as provas aqui no Blog porque achei que, bem... talvez nem todo mundo achasse o assunto assim tããão interessante...

Mas eu não parei, continuo no mesmo esqueminha "devagar-e-sempre", ainda sem muito condicionamento e sem conseguir obter grandes resultados, mas persistindo e vivendo experiências sempre muito valiosas.

Hoje participei pela primeira vez de uma prova bem diferente de todas as outras que já fiz, e o meu encantamento pela Ayrton Senna Racing Day justifica este post atlético depois de um longo período de silêncio.

Antes de mais nada, preciso frisar que qualquer evento que leve a "marca" Ayrton Senna já merece meu respeito, em qualquer circunstância. Porque se tem uma coisa que a gente tem certeza é da seriedade do Instituto Ayrton Senna e da dedicada direção da Viviane Senna.

A Maratona de Revezamento Ayrton Senna Racing Day não foge à regra. De cunho social, o evento tem a renda obtida com as inscrições dos atletas integralmente destinada à melhoria da qualidade da educação pública no país, beneficiando 11 milhões de crianças em todo o território nacional.

E, como se o cunho social por si só já não fosse motivo forte o bastante para motivar a participação na prova, trata-se de uma das corridas mais bem organizadas de todas que já participei. Impecável. Exemplar. Fiquei realmente impressionada, e louca para participar novamente no próximo ano! É ainda uma ótima oportunidade para conhecer detalhadamente o belíssimo Autódromo de Interlagos.

Como o próprio nome diz, trata-se de uma Maratona, ou seja, uma prova com percurso total de 42,2km, que pode ser disputada individualmente ou em revezamento por equipes de 2, 4 ou 8 corredores.

Sempre sob a liderança da minha mana-atleta Silvia e meu querido cunhado Laudo, organizamos as equipes segundo nível técnico de cada um e objetivos para a prova. Foram montadas 4 equipes só com a "nossa turma", 1 quarteto feminino, 1 quarteto masculino (todos "feras"), e 2 equipes de 8 corredores mistas, com a galera que, como eu, curte mais a festa e objetiva apenas participar de uma maneira bonita, dentro do próprio limite.

Às 7h da manhá já estávamos quase todos no Padock do Autódromo, organizando os comes e bebes na nossa tenda, e às 8h foi dada a largada da prova, após o que só paramos às 14h.

Eu fui a segunda corredora da equipe "suave" (a.k.a. lerdos), e completei a minha volta (5,3km) em menos de 50 minutos (ainda não temos o tempo oficial). Um desempenho pífio, se comparado ao de outros atletas "sérios", mas uma ótima marca pessoal, especialmente considerando minhas dificuldades nas últimas corridas de 5km.

A prova é bem puxada, especialmente porque o autódromo alterna muitos trechos de descida e subida, e para os pouco experientes como eu isso quebra muito o ritmo e torna tudo mais difícil. Ainda assim, é uma experiência deliciosa correr "à pé" pelo lugar que é palco de provas de tanta velocidade, e apesar do cansaço no último quilômetro, fiquei até com vontade de dar mais uma voltinha...

Um outro grande barato dessa prova é a confraternização que rola, porque enquanto um está na pista, os outros 7 estão na torcida, gritando, mandando vibrações positivas, fazendo aquele auê, e, na boa, essa é das melhores partes! Estou até sem voz de tanto que torci e gritei não só pela minha equipe, mas pelas outras equipes do nosso grupo.

E se o meu time "suaves" foi dos mais lerdos, que terminou a prova quase no tempo limite, também foi do nosso grupo que saíram as meninas mais velozes na categoria quarteto. A equipe "Ladies", formada por 4 corredores feras (inclusive minha mana Silvia) concluiu a Maratona em pouco mais de 4 horas, e ficou em 1o. lugar na classificação "Quarteto Feminino". Quer dizer, além da farra da corrida como um todo, ainda tivemos um gostinho especial de celebrar nossas meninas "de ouro" no topo do pódium.

"Tigotos Ladies", as FERAS. No ponto mais alto do Pódium... #orgulho!


Pura emoção!

Como sempre digo quando relato minhas corridas, até outro dia eu também era daquelas que achava um absurdo uma pessoa acordar às 5 horas da manhã num domingo pra ir correr a troco de "nada". Até outro dia eu também não me conformava como as pessoas pagavam pra correr e não ganhar nada. Mas hoje faço parte do grupo que diz o já clichê "correr vicia", e mesmo com todo o meu gingado típico de quem tem a "passada do elefantinho", ainda assim já sou do grupo das viciadas, adoro, e a prova de hoje, especificamente, vai ficar guardada pra sempre na memória como um dia muito especial!

O baile (quase) todo. Os mais velozes e os mais lerdos (especialmente Eu). Isso é democracia!


Que venha 2010! Se tudo der certo, estarei lá mais uma vez!

Bora?