segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A Ditadura da Moral e dos Bons Costumes

Permitam-me relatar assim, mal-resumidamente, 3 fatos reais relativamente recentes:


1. Casal X Casal, e uma suposta traição:

Era uma vez 2 casais vizinhos que tornaram-se amigos. Possuiam uma vida social intensa, faziam vários programas juntos, compartilhavam seus cotidianos e sabiam quase tudo uns da vida dos outros.
A harmonia, contudo, foi quebrada quando surgiu entre eles uma suspeita de infidelidade. Um dos maridos teria assediado a esposa do outro, ou uma das esposas teria assediado o marido da outra (e a ordem dos fatos aqui, acreditem, realmente não faz diferença).
Confrontados com tal suspeita, ambos os "traídos" exaltaram-se, obviamente, mas reagiram de maneiras diferentes, porque, afinal de contas, cada ser humano é diferente do outro.
O problema é que a moça supostamente "traída" reagiu de forma mais "descontrolada", por assim dizer, e não mediu as consequências desastrosas de seus atos.
Objetivando vingar-se da ex-amiga "traidora", lançou mão dos recursos de que dispunha e publicou na internet toda sorte de conteúdo íntimo e ofensivo relacionado ao outro casal, agora inimigos declarados. Sem qualquer autorização, publicou imagens, emails, vídeos, informações confidenciais e tornou público um assunto que até então pertencia exclusivamente à esfera privada dos envolvidos.
Fez-se o caos, obviamente. Muita gente teve acesso ao material publicado (em blogs, sites de relacionamentos, etc), e o casal precisou mudar até de cidade para tentar reorganizar a vida devastada pela exposição indevida de sua intimidade.
Procuraram as vias legais (Delegacia) para tentar parar a ação da suposta "traída", e como não tiveram sucesso nesta tentativa, precisaram requerer a remoção do conteúdo da internet através de uma Ação Judicial.
Acontece que os envolvidos neste caso não são celebridades, são apenas cidadãos comuns que vivem problemas reais como todo mundo, e como são apenas "pessoas comuns", não tem acesso a uma tutela jurisdicional que "pessoas célebres" tem.
Como assim? Bem... independentemente do fato gerador do problema - a suposta traição - uma conduta inadequada foi tomada pela supostamente "traída", mais que inadequada, na verdade, uma conduta criminosa, já que calúnia e difamação são crimes e a privacidade e a intimidade são invioláveis, assim como a imagem é protegida, tudo segundo os mandamentos da nossa Constituição Federal.
Parecia óbvio que, ao chegar à apreciação de um Magistrado, a questão seria rapidamente resolvida, através da determinação imediata de suspensão do conteúdo indevido da web e posterior discussão dos prejuízos envolvidos.
Pelo menos é isso que vemos todos os dias na imprensa, quando casos similares - de uso indevido de imagem, por exemplo - envolvendo celebridades, chegam aos Tribunais.
Na nossa histórinha aqui, entretanto, houve uma decisão no mínimo curiosa (vergonhosa, na verdade), que lamentavelmente mudou todo o rumo dos fatos, e acabou funcionando como "lenha na fogueira", ao invés de funcionar como "extintor de incêndio" e apagar definitivamente o rastro que destruía a vida dos envolvidos.
Por motivos óbvios - éticos, especialmente, não posso entrar em detalhes sobre o caso, mas posso transcrever um pequeno trecho da primeira decisão judicial proferida no caso, até porque, à época, o próprio magistrado negou a tramitação em segredo de justiça, de modo que, a prevalecer seu entendimento, toda a questão seria pública até hoje - mas não, já não é mais.
Vamos ao despacho do Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito, titular de uma das Varas Cíveis da Capital de SP:
“... as fotografias com pouca roupa, para ficar em poucas palavras, teriam sido introduzidas na internet pela própria requerente. Se resolveu dar publicidade à sua intimidade, então não pode reclamar da veiculação atual, que partiu dela mesma. Plantou, agora colhe. O mesmo vale para os dizeres, porque a ré, em tese, estaria a divulgar pela internet informações que a própria autora teria veiculado ali, por e-mails, em atividade de mulher casada para marido alheio...”
Percebam que a decisão não só negava a tutela buscada pela parte como ainda impunha-lhe um pesado julgamento moral, valendo-se da máxima: "Quem planta, colhe."

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2. Juliana Paes X Jose Simão:

Abordei o assunto num post específico na época (julho deste ano), e para quem não se lembra (a questão foi bastante discutida) trata-se do processo movido pela atriz Juliana Paes contra o humorista José Simão, que citou-a em sua coluna diária de uma maneira "ofensiva", segundo os critérios da própria ofendida Juliana.
Na ocasião a Justiça concedeu liminar em favor da atriz, e proibiu o colunista de sequer citar seu nome na coluna, sob pena de uma pesada multa pecuniária.
A maioria das pessoas posicionou-se em defesa de José Simão, valendo-se do argumento de "liberdade de expressão" e de que se a própria ofendida já havia mostrado seu corpo publicamente (na TV, em revistas, etc.), não faria sentido pleitear proteção judicial à sua "honra". Sem querer ser repetitiva, mas se você não leu o post por favor clique aqui e leia, assim não preciso repetir todos os absurdos apurados à época agora, e torno este post menos gigante!

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3. Geyze X Colegas X Uniban

O assunto do momento. De maneira surpreendente, ganhou a internet, em seguida a imprensa sensacionalista e hoje foi manchete de todos os grandes telejornais. Com razão.
Uma moça vai para a aula de minissaia. Os colegas fazem piadinhas, assediam, e ela, para "revidar" a agressão verbal, provoca ainda mais, andando de maneira "rebolativa", dando voltinhas, subindo ainda mais a saia, e sei lá mais o que ( as versões são muitas e, mais uma vez, nenhum dos fatos secundários tem importância).
De repente, a situação toma proporções inimagináveis, e um batalhão de estudantes revoltados encurrala a moça, acusando-a de ser imoral. O vídeo, que todo mundo já viu, deixa claro o palavreado utilizado para agredir a moça, não preciso repetir aqui todos os palavrões, mas vamos dizer que, pra ficar no consenso (aquilo que todos gritavam em uníssono), a chamavam de Puta. A moça saiu escoltada da Faculdade, e sem a intervenção dos policiais, sabe-se lá o que mais poderia ter acontecido.
Da internet o caso foi para os programas de TV, Geyse logo apareceu com o vestido da discórdia para "provar" que não era tão curto assim, enquanto os estudantes da Uniban - aqueles que a "xingavam" de puta, tentavam defender a moralidade da Instituição de Ensino, justificando o comportamento animalesco que tiveram com o fato de a moça usar roupas insinuantes.
Depois de 2 semanas a tal Instituição de Ensino finalmente se posicionou sobre o caso, de maneira apoteótica, inclusive, publicando anúncios pagos nos principais jornais de SP no último domingo, onde informava a decisão de expulsar do quadro discente a causadora da confusão - ninguém menos que: a vítima, a moça do vestido curto, aquela que foi xingada, Geyze.
Imediatamente pipocaram manifestações indignadas contra a decisão, muita gente revoltada com a justificativa utilizada pela direção da Faculdade para expulsar Geyze, e depois de muita pressão, demonstrando uma total falta de identidade ou firmeza em seus "princípios morais e éticos", no início desta noite a Uniban divulgou a revogação da decisão, ou seja, Geyze não está mais expulsa, e pode voltar a frequentar as aulas.
Nem vou entrar no mérito da questão porque todo mundo já o fez. E acho realmente desnecessário repetir aqui toda a ladainha de que um fato não justifica o outro, e de que nem mesmo se Geyze estivesse desfilando nua pelos corredores da faculdade, nem assim haveria justificativa para o comportamento dos seus colegas, muito menos para a postura desastrada da Uniban.

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Queria apenas colocar pra vocês esses 3 casos reais para chegar ao ponto mais grave em todos eles, o ponto que os torna assuntos similares e que representa, no meu ponto de vista, uma ameaça real cada dia mais próxima: A Ditadura da Moral e dos Bons Costumes.

Uma Ditadura disfarçada que se aproveita da fraqueza de convicções da grande maioria das pessoas aliada a argumentos retrógrados e eventualmente religiosos, para impor um modo de se viver altamente contestável, para impor um padrão de comportamento tido como único aceitável, quando devíamos estar na verdade nadando na direção contrária, na direção da liberdade de se ser o que se é, do jeito que se quer, sem que isso seja motivo de segregação.

Imposições moralistas me assustam. Me assustam porque sei que as pessoas são altamente suscetíveis a elas, porque apesar de vivermos num estado Laico, ainda são princípios religiosos que guiam a maioria do comportamento social comum, e é neles que os imbecis se apegam quando querem se julgar superiores aos outros, ou, ainda pior, quando querem manipular a opinião alheia.

Podem reparar: em qualquer discussão, quando terminam os argumentos reais para se defender uma posição, uma das partes fatalmente acaba sucumbindo aos argumentos moralistas e/ou religiosos. Já falei sobre isso aqui muitas outras vezes, e só para ficar nos exemplos óbvios, vamos citar a legalização do aborto, a questão dos fetos anencéfalos, as pesquisas com células-tronco, a criminalização da homofobia, etc...

É a partir deste conceito de moralidade distorcido que jovens universitários de classe média se julgam no direito de agredir às putas - utilizando-as como xingamento - da mesma maneira que se julgam no direito de agredir à moça que se veste de maneira diferente dos demais, como se o diferente fosse sempre inaceitável.

É a partir deste conceito de moralidade totalmente distorcido que tanta gente supostamente sensata criticou Juliana Paes, na época da briga judicial entre ela e José Simão. Não me esqueço do tanto de absurdos que li no sentido de que "se a Juliana até já saiu nua em revista, não pode se sentir ofendida por ser mencionada de maneira jocosa". Como se uma coisa - mais uma vez - justificasse a outra.

É a partir deste conceito de moralidade totalmente distorcido que o Juiz do caso 1 acima se sentiu no direito de atacar a "mulher que teve conduta inadequada para com marido alheio", negando-lhe uma prestação jurisdicional apesar da garantia expressa da lei em sentido contrário, simplesmente por julgá-la menos merecedora da lei do que "pessoas de bem", aí entendidas como aquelas que não investem contra maridos alheios.

Quanta besteira! É deste mesmo ponto de partida que vem outras conclusões muito mais imbecis, como aquelas que julgam homosexuais menos respeitáveis do que heterosexuais, como aquelas que julgam cristãos mais respeitáveis do que ateus, enfim... aqueles que julgam condenável tudo aquilo que é diferente.

Percebem como tudo leva para uma Ditadura Moralista de critérios altamente contestáveis?

Percebem como no fundo a ideia que move todos esses fatos acima narrados é a adequação ou não das pessoas envolvidas aos "padrões morais aceitáveis"?

E que padrões são esses? Quem os fixou? Todo mundo tem que pensar de maneira igual agora, é isso?

E se eu disser que não vejo problema nenhum no vestido de Geyze, e que eu mesma já usei outros até mais extravagantes na minha época de universitária? E se eu disser que não condeno a moça do caso 1 por ter flertado com o marido da outra, especialmente porque não sei dos detalhes pessoais que os levaram a tal envolvimento, e por isso me sinto incapaz de tomar partido? E se eu disser que acho que Juliana Paes poderia até ter feito filmes pornôs, e ainda assim continuaria tendo o legítimo direito de processar qualquer um que diga seu nome de maneira ofensiva, porque uma coisa não tem nada a ver com a outra?

Vocês me considerariam uma pessoa imoral?

Pois então, saibam desde já, eu sou IMORAL. E não faço questão nenhuma de me integrar nesse pelotão aí que brada como maioria, não faço questão nenhuma de ser vista como uma "mulher de bem", porque nada disso importa de verdade.

Princípios morais são absolutamente subjetivos, frutos do meio em que crescemos e onde vivemos, fruto da nossa história e dos nossos antepassados, e por isso mesmo cada um tem o seu, não há e não deve haver um padrão.

O que é moral pra mim, pode ser imoral pra você, e vice versa. Pessoas são diferentes. Tem princípios diferentes. E pra evoluir de verdade precisaríamos parar de lutar contra as diferenças e dedicar nossos esforços apenas em aceitá-las e respeitá-las.

Estamos dando passos largos numa direção totalmente contrária, e o mais triste é perceber que há toda uma "nova geração" alienada por essa ditadura moralista de fundo de quintal, uma geração que não se envergonha de mostrar a cara na mídia e defender o indefensável: a intolerância.

A Ditadura da Moral e dos Bons Costumes cega. É lobo em pele de cordeiro. E está aí, pronta pra te abduzir.

Cuidado!

domingo, 8 de novembro de 2009

Ayrton Senna Racing Day



Desde que virei uma atleta quase *cof* *cof* profissional e comecei a participar de tudo quanto é corrida de rua que aparece no circuito paulistano, deixei de fazer posts sobre as provas aqui no Blog porque achei que, bem... talvez nem todo mundo achasse o assunto assim tããão interessante...

Mas eu não parei, continuo no mesmo esqueminha "devagar-e-sempre", ainda sem muito condicionamento e sem conseguir obter grandes resultados, mas persistindo e vivendo experiências sempre muito valiosas.

Hoje participei pela primeira vez de uma prova bem diferente de todas as outras que já fiz, e o meu encantamento pela Ayrton Senna Racing Day justifica este post atlético depois de um longo período de silêncio.

Antes de mais nada, preciso frisar que qualquer evento que leve a "marca" Ayrton Senna já merece meu respeito, em qualquer circunstância. Porque se tem uma coisa que a gente tem certeza é da seriedade do Instituto Ayrton Senna e da dedicada direção da Viviane Senna.

A Maratona de Revezamento Ayrton Senna Racing Day não foge à regra. De cunho social, o evento tem a renda obtida com as inscrições dos atletas integralmente destinada à melhoria da qualidade da educação pública no país, beneficiando 11 milhões de crianças em todo o território nacional.

E, como se o cunho social por si só já não fosse motivo forte o bastante para motivar a participação na prova, trata-se de uma das corridas mais bem organizadas de todas que já participei. Impecável. Exemplar. Fiquei realmente impressionada, e louca para participar novamente no próximo ano! É ainda uma ótima oportunidade para conhecer detalhadamente o belíssimo Autódromo de Interlagos.

Como o próprio nome diz, trata-se de uma Maratona, ou seja, uma prova com percurso total de 42,2km, que pode ser disputada individualmente ou em revezamento por equipes de 2, 4 ou 8 corredores.

Sempre sob a liderança da minha mana-atleta Silvia e meu querido cunhado Laudo, organizamos as equipes segundo nível técnico de cada um e objetivos para a prova. Foram montadas 4 equipes só com a "nossa turma", 1 quarteto feminino, 1 quarteto masculino (todos "feras"), e 2 equipes de 8 corredores mistas, com a galera que, como eu, curte mais a festa e objetiva apenas participar de uma maneira bonita, dentro do próprio limite.

Às 7h da manhá já estávamos quase todos no Padock do Autódromo, organizando os comes e bebes na nossa tenda, e às 8h foi dada a largada da prova, após o que só paramos às 14h.

Eu fui a segunda corredora da equipe "suave" (a.k.a. lerdos), e completei a minha volta (5,3km) em menos de 50 minutos (ainda não temos o tempo oficial). Um desempenho pífio, se comparado ao de outros atletas "sérios", mas uma ótima marca pessoal, especialmente considerando minhas dificuldades nas últimas corridas de 5km.

A prova é bem puxada, especialmente porque o autódromo alterna muitos trechos de descida e subida, e para os pouco experientes como eu isso quebra muito o ritmo e torna tudo mais difícil. Ainda assim, é uma experiência deliciosa correr "à pé" pelo lugar que é palco de provas de tanta velocidade, e apesar do cansaço no último quilômetro, fiquei até com vontade de dar mais uma voltinha...

Um outro grande barato dessa prova é a confraternização que rola, porque enquanto um está na pista, os outros 7 estão na torcida, gritando, mandando vibrações positivas, fazendo aquele auê, e, na boa, essa é das melhores partes! Estou até sem voz de tanto que torci e gritei não só pela minha equipe, mas pelas outras equipes do nosso grupo.

E se o meu time "suaves" foi dos mais lerdos, que terminou a prova quase no tempo limite, também foi do nosso grupo que saíram as meninas mais velozes na categoria quarteto. A equipe "Ladies", formada por 4 corredores feras (inclusive minha mana Silvia) concluiu a Maratona em pouco mais de 4 horas, e ficou em 1o. lugar na classificação "Quarteto Feminino". Quer dizer, além da farra da corrida como um todo, ainda tivemos um gostinho especial de celebrar nossas meninas "de ouro" no topo do pódium.

"Tigotos Ladies", as FERAS. No ponto mais alto do Pódium... #orgulho!


Pura emoção!

Como sempre digo quando relato minhas corridas, até outro dia eu também era daquelas que achava um absurdo uma pessoa acordar às 5 horas da manhã num domingo pra ir correr a troco de "nada". Até outro dia eu também não me conformava como as pessoas pagavam pra correr e não ganhar nada. Mas hoje faço parte do grupo que diz o já clichê "correr vicia", e mesmo com todo o meu gingado típico de quem tem a "passada do elefantinho", ainda assim já sou do grupo das viciadas, adoro, e a prova de hoje, especificamente, vai ficar guardada pra sempre na memória como um dia muito especial!

O baile (quase) todo. Os mais velozes e os mais lerdos (especialmente Eu). Isso é democracia!


Que venha 2010! Se tudo der certo, estarei lá mais uma vez!

Bora?

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Ainda não sei exatamente quando, mas...

...Eu voltarei!

Vocês não fazem ideia da falta que eu estou sentindo de blogar... Da falta que estou sentindo de interagir com os queridos visitantes que sempre passam (ou pelo menos passavam) por aqui!

Ver meu blog tão abandonado há mais de um mês me deixa muito triste, principalmente porque não é falta de conteúdo - são textos e mais textos produzidos aqui, na minha caixola, ideias e mais ideias prontinhas pra serem colocadas em prática, mas... falta um pequeno detalhe, aqueeeele pequeno detalhe que anda cada dia mais raro na vida de todo mundo: tempo.

É bem verdade que o Twitter também tem uma considerável parcela de culpa neste processo, depois que a gente vicia naquilo lá não consegue mais largar, mas de um modo geral há bem menos tempo disponível no planeta, esta é a reclamação geral, e se todo mundo tá reclamando, bem... deve realmente haver algum problema!

Como eu disse outro dia, tenho a impressão que existem uns duendes endiabrados que ficam no controle do relógio da vida, e de vez em quando eles brincam de surtar pessoas, avançando as horas num ritmo muito mais acelerado que o normal, e aí a gente realmente surta, porque não consegue fazer nada e quando vê, o dia já acabou, a semana já foi, o mês já era, e, puxa, o Natal tá aí!

Mas como eu sou persistente e não desisto tão fácil, tenho certeza que logo esses maledetos duendes vão cansar da brincadeira e deixar o relógio da vida girar no ritmo certo, e então tudo voltará ao seu lugar, inclusive a Dona Farta à Fartolândia.

Vocês me esperam? Não desistam de mim, tá? Logo logo tem novidade boa, e vou adorar contar tudinho aqui!

Beijos Fartos!!!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A difícil arte de tentar manter-se jovem (ou minimamente digna)

Não vou enganar vocês não: Ser mulher é uma merda!

Ok, pode não ser uma merda assim tããão grande, é bem verdade que existem muitas vantagens, e particularmente acho que nem a idéia de fazer xixi em pé me faria querer ser homem numa outra encarnação, já que essa habilidade é compensada pela inteligência limitada e eu ainda prefiro poder exercitar a arte de pensar... (sem ofensas, meninos!)

O que eu quero dizer mesmo com a frase de abertura deste post é que ser mulher dá um trabalho desgraçado!

Não vou nem me aprofundar nas questões biológicas como cólica, menstruação, gravidez, menopausa, etc e tal porque esses são os desconfortos óbvios do "sexo frágil", único capaz de suportá-los, diga-se de passagem...

Mas daí que a gente é mulher, né? E **o tempo passa, o tempo voa, a poupança Bamerindus continua numa boa**, mas o nosso corpitcho... quaaaanta diferença!

Ah, o tempo... o implacável tempo!

E o que seria de todas nós sem as maravilhas da indústria cosmética? O que seria de todas nós sem essas poções mágicas disfarçadas de creme, sabonete, fluído, gel, e mais trocentos nomes que inventam todos os dias para fazer nosso cérebro acreditar em milagres?

É, porque a gente já não tem mais idade pra acreditar em Papai Noel, em Coelhinho da Páscoa, em Fada dos Dentes ou qualquer ser encantado do gênero, mas se tem uma coisa na qual acreditamos até o último dos nossos dias é em milagre, principalmente quando o milagre em questão significa a possibilidade de rejuvenescer, manter-se jovem ou pelo menos retardar o envelhecimento...

No fundo, enquanto seres superiores e inteligentes que somos, sabemos que isso tudo é uma grande bobagem, que milagres não existem e que o tempo vai derrubar tudo mesmo, mas de alguma forma fingir que acreditamos no creme X, no shampoo Y ou no gel W nos ajuda pelo menos a manter as esperanças de que as coisas não fiquem tããão ruins...

Daí a gente sijoga nos cosméticos. Sai comprando tudo que recomendam como se não houvesse amanhã, acredita até nas propagandas mais imbecis, gasta metade do salário com essas despesas que de repente se tornam "essenciais", dedica pelo menos 30% do espaço do quarto para estocar esses produtos e transforma o simples ritual durante e pós banho de todos os dias numa verdadeira maratona que consome inclusive uma boa parte do nosso tempo de sono, mas nada disso importa, porque o que a gente quer mesmo é ficar jovem e bonita (não necessariamente nessa ordem).

Só durante o banho são pelo menos 10 frascos abertos. Tem o sabonete esfoliante para partes ásperas, o sabonete hidratante para partes ressecadas, o sabonete normal para partes normais, o shampoo de limpeza profunda sem sal, o shampoo propriamente dito, o condicionador, a máscara de hidratação profunda para pontas duplas, o sabonete para combater a oleosidade na zona T, o gel de limpeza para rostos sensíveis e, claro, o sabonete íntimo (sem contar os sais e óleos de banho em ocasiões especiais).

E há toda uma sequência lógica para utilização desses produtos, de modo que tomar banho vira um momento de tensão, praticamente um teste de memória, já que qualquer deslize pode colocar a perder todo o tratamento milagroso que, vocês sabem, custou uma fortuna e vai fazer milagre!

Superada a etapa banho, não estamos ainda nem na metade da maratona, porque vem a sessão pós-banho, com mais uns 793183426 potes de cosméticos abertos, que devem ser usados de maneiras específicas e numa ordem coerente para surtirem os efeitos esperados.

E tome hidratante à base de manteiga de karité para as partes ásperas, hidratante à base de leite para as partes normais, fluído anticelulite para as partes celulitentas, gel redutor de gordura para as partes gordurosas, gel firmador para as partes moles, creme fortalecedor para as partes fracas, balm pós banho para uma sensação de frescor, creme anti-rugas para a área dos olhos, outro creme anti-rugas para as linhas de expressão, controlador da oleosidade para a zona T, creme firmador para o pescoço, hidratante antiidade para o rosto, isso sem contar as compressas para suavizar olheiras, máscaras para remoção de impurezas, e mais um monte de coisas que, de tantas que são, nem consigo lembrar agora.

Aí a gente finalmente pode deitar e dormir um sono da beleza que dura, sei lá, umas 3 horinhas, porque a gente gastou parte da madrugada na maratona que descrevi acima, e tem que acordar bem mais cedo para o ritual da manhã... É, minha gente, ritual da manhã!

Porque vocês acham que os produtos que servem para a noite servem também para o dia?

Nã-nã-ni-nã-não! Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. E quando o galo canta lá estamos nós novamente, envoltas nos 39853754 frascos de sabonetes durante o banho, mais 89378538394 potes de cremes pós-banho para uso diurno, sem contar o filtro solar e a maquiagem, fundamentais para que estejamos deslumbrantes durante o dia inteiro...

Cansaço? Olheiras? Bobagem! Para isso existem outras tantas maravilhas cosméticas! Palidez? Olhos caídos? Para isso existem maquigens espetaculares que cobrem até a pereba mais assustadora, sem contar os truques que fazem até defunto parecer vivo, imaginem uns míseros olhos caídos! Nada que uma sombra e um delineador aplicados do jeito certo não disfarcem!

É o lema da indústria cosmética, minha gente: Não há mal sem solução, nada que um tiquinho de dinheiro não compre, nada que a mais nova maravilha cosmética não resolva!

E assim vamos levando nossa vida de mulheres maduras em busca da fórmula da juventude, totalmente escravizadas por essa indústria da vaidade, transformando nosso cotidiano num meticuloso esquema de guerra, digno dos mais respeitados exércitos do mundo.

*
Só não podemos esquecer de tomar um remédinho pra memória todo dia...
Porque, claro, todo esse ritual requer memória ágil e eficiente, e não quero nem pensar no que pode acontecer se a gente se atrapalhar e usar o sabonete íntimo no rosto, o esfoliante para partes ásperas na zona T, o adstringente nas partes íntimas, etc, etc, etc...

E ainda tem gente que pensa que é fácil!

(não, não é, mas no fundo a gente adora ser assim!)

domingo, 20 de setembro de 2009

Saudade

Há 4 anos ela partiu...
para além do arco-íris...
Levando um pedaço de mim...
E deixando muita, muita saudade!


TE AMO PRA SEMPRE, MÃE!

PRA SEMPRE!!!



segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O Mundo é Portátil...

...E agora que a portabilidade chegou ao alcance desta Dinossaura que vos fala, talvez o Blog não fique mais tanto tempo abandonado...

Porque assunto, vocês sabem, não falta... falta só tempo, paciência, disposição, criatividade, dinheiro, etc e tal... Mas com o "mundo nas mãos" a coisa fica diferente, e vou tentar postar mais vezes, nem que seja roubando o Wi-Fi do vizinho...

Não desistam de mim! É possível que novidades bem legais apareçam em breve... quem viver, verá!!!

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* Este é meu primeiro post feito integralmente pelo Smartphone, também conhecido como brinquedinho mais legal do Mundo... (presentinho "básico" do namorido)

** Parece que eu posso fazer muitas coisas por aqui, desde que eu aprenda a usar os recursos, né? Um pequeno detalhe... Nada que a leitura de um Manual de 6359472584137 páginas não resolva... :(

*** O único problema desses aparelhinhos ultramodernos é que eles estão cada vez menores, com teclas minúsculas, ao passo em que meus dedos estão cada vez maiores e mais desajeitados (a idade, né, vocês sabem )... Dito isso, peço desculpas por qualquer erro de digitação, até porque mal estou enxergando as letras, e conseguir colocar o post no ar de primeira já vai ser um grande feito!

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Bom Dia, Bom Feriado e Boa Sorte!!!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

A História do Rodeio

Prontos para mais uma trapalhada da Dona Farta? Então senta que lá vem história!

Eu não tenho a menor ideia de como funciona o calendário do mundo dos Rodeios, só o que eu sei é que sempre nesta época do ano rola uma overdose do "movimento caipira" por conta da etapa mais famosa, a tão falada "Festa do Peão de Barretos".

Não é a minha praia, qualquer um que me conheça um tiquinho sabe disso, mas é também verdade que não posso renegar meu passado e tenho que admitir que houve um tempo em que eu era "mais aberta", digamos assim, ao mundo sertanejo. E neste tempo, há uma quantidade considerável de anos atrás, havia todo um glamour em torno do Rodeio de Barretos, e todo mundo que era cool de verdade tinha que participar pelo menos uma vez da festa.

Ah, os vinte e poucos anos! Bons e Bizarros tempos!

Eu tinha comprado meu primeiro carro havia pouco tempo, e estava ainda vivendo aquela fase de empolgação, de querer rodar o mundo guiando meu possante, de curtir minha liberdade, essas bobagens... E então um belo sábado acordei e ouvi alguma coisa na TV sobre a Festa do Peão de Barretos. Era o último final de semana do evento, e todos os telejornais faziam reportagens especiais a respeito, e aquele zumzumzum todo imediatamente me acendeu a luzinha da ideia: "É pra lá que eu vou!".

Liguei pra uma amiga e a convidei para ir comigo pra Barretos, como se convida alguém para ir ali na esquina, tomar um café. A amiga não se fez de rogada e aceitou na hora. Passei para pegá-la e no finalzinho da tarde caímos na estrada.

Não tínhamos a menor ideia de onde ficava Barretos. Não tínhamos noção do que encontraríamos por lá. Apenas nos jogamos na estrada e, perguntando aqui, perguntando ali, conseguimos descobrir mais ou menos qual seria o melhor caminho. Em um dos muitos postos de beira de estrada em que paramos pra pedir informações nos explicaram que teríamos que sair da estrada principal (acho que era Anhaguera, mas não tenho mais certeza), e pegar uma estradinha vicinal que nos levaria até a cidade de Barretos.

Já era noite, estávamos na estrada há pelo menos 3 horas e, contrariando toda a prudência recomendada pelas pessoas mais sensatas nos enfiamos na tal estradinha vicinal, uma via com sinalização péssima, iluminação inexistente, cercada pelo nada e que parecia levar a lugar nenhum. Tipo aquelas estradas de filmes de terror, de onde nunca se consegue sair...

Mas aos vinte e poucos anos a gente mal toma conhecimento do medo, e a empolgação de estar quase chegando à famosa Festa do Peão de Barretos superava qualquer outro sentimento. Vimos estrelas cadentes no caminho (e eu quase perdi a direção do carro de tanta emoção), vimos túneis que não existiam (eram apenas ilusão de ótica pela sombra das árvores na escuridão), vimos pessoas à margem da estrada - pessoas que não eram reais, e mais uma infinidade de coisas inexplicáveis, mas estávamos numa espécie de transe e nada disso nos dissuadiu de chegar à cidade.

Depois de muito tempo, nem me lembro mais quantas horas, de fato nós chegamos a Barretos. Fomos seguindo o "fluxo" até encontrar uma fila imensa de carros parados numa estrada de terra (de TERRA, guardem esta informação), e então nos informaram que aquela era a fila para chegar ao Parque do Peão. Foi meio frustrante, porque na nossa imaginação a chegada seria um pouco mais glamurosa, mas não tínhamos outra alternativa, então ficamos na fila de carros, que andava uns 2 ou 3 metros a cada 10 minutos.

Num determinado momento começou a rolar uma festinha à parte da galera da fila dos carros, o pessoal descia do carro pra comprar ou compartilhar bebida, paquerar, causar, essas coisas que a gente faz aos vinte e poucos anos. Eu e minha amiga encontramos um vendedor de chapéus e tratamos de nos paramentar, e então começamos a "pagar de gatinhas" a bordo do meu possante, vidros abertos, música quase alta, caras e bocas, aquela coisa... Não demorou para os cowboys chegarem, e assim fomos administrando a lenta fila até a chegada ao Parque do Peão, entre uma paquerada e outra, uma gracinha aqui, um fora ali, estávamos "nos achando"... De repente fazia muito sentido tudo o que diziam sobre o Rodeio de Barretos...

Já era bem tarde (por volta da meia-noite, eu acho) quando finalmente conseguimos estacionar no Parque. Largamos o carro lá no meio do estacionamento gigante e lotado e fomos explorar a festa. Na verdade a gente nem sabia o que exatamente se faz em uma festa de peão, mas mantivemos a pose blasè e fomos andando no meio das barracas, observando os outros, tentando entender o que tava rolando.

Decidimos que pagar o ingresso pra ver o Rodeio não era uma alternativa, já que não entendíamos patavina de bois, touros ou cavalos, e ao que parecia era na área livre da feira que as coisas aconteciam. Ficamos por ali, circulando, bebericando um negócinho aqui, outro ali, e quando a noite começou a ficar monótona nos jogamos em uma balada que parecia ser "o lugar". Por fora era apenas uma tenda montada no meio do Parque do Peão, mas por dentro era a reprodução fiel das mais badaladas casas noturnas da Capital, com a diferença que os Mauricinhos e Patricinhas de SP estavam ali travestidos de cowboys e cowgirls.

Em pouco tempo arrumamos companhia, e quando nos demos conta já estava amanhecendo, e a balada terminando. Saímos da tenda ainda escura acompanhadas dos nossos paquerinhas, e foi à luz de uma linda manhã de domingo que fomos confrontadas com a nossa realidade. Estávamos encardidas. Marrons. Parecíamos uma escultura de terra, algo assim. Era possível enxergar apenas nossos olhos e os chapéus, mas o resto era só poeira. Minha amiga olhou minha mão e fez um sinal discreto, e quando eu prestei atenção vi que até minhas unhas estavam tomadas pela terra, parecia que eu tinha cavado uma sepultura com as mãos. Um horror. E os rapazes também não conseguiram evitar uma certa cara de espanto ao nos enxergar melhor, à luz do dia.

Bem diz o ditado que à noite todos os gatos são pardos. Na noite anterior e na madrugada dentro da balada escura tudo parecia plenamente normal, e ficamos nos perguntando como ficamos daquela cor, em que momento desde a nossa chegada a Barretos a terra grudou no nosso corpo sem que tivéssemos percebido.

Os paqueras, obviamente, arrumaram uma desculpa e se mandaram, e eu e minha amiga decidimos que precisávamos encontrar algum lugar pra tomar um banho e trocar de roupa, já que pretendíamos ficar na festa também no domingo, pelo menos até o começo da noite.

Camelamos até o estacionamento gigante e demoramos um bom tempo pra encontrar meu carro, porque a situação já estava bem diferente da noite anterior, e também porque eu estava procurando um carro azul (eu tinha um corsinha azul lindo), quando na verdade devia estar procurando um carro marrom. Desacreditei quando reconheci meu carro pela placa e vi que também ele tinha mudado de cor, consumido pela poeira. Quase infartei quando abri as portas e constatei que o marrom não estava só do lado de fora, mas também - e principalmente - do lado de dentro. Poeira por todo lado, painel, bancos, volante, tapetes, tudo marrom, tudo terra, tudo imundo.

Chorei.

Então nos ocorreu que aquela poeira toda provavelmente veio da estrada de terra onde ficamos paradas por horas na noite anterior, e só o que nos consolou foi pensar que, bem... talvez todo mundo estivesse com o carro marrom, e talvez o marrom virasse realmente tendência da estação, algo como "moda Barretos", algo assim...

O fato é que não conhecíamos nadica de nada da cidade, não sabíamos nem pra que lado ficava o centro, onde poderíamos encontrar um lugar pra tomar banho e trocar de roupa, não sabíamos nada e tivemos que descobrir tudo perguntando aqui e acolá. Encontramos um posto de gasolina de beira de estrada que tinha banheiro imundo com chuveiro - aka bica meia-boca, mas foi lá mesmo que nos viramos e tentamos recuperar um tiquinho de dignidade. O moço do posto também tentou dar um jeito do carro imundo - sem muito sucesso, mas nós já limpinhas, de dentes escovados, banho tomado e roupa trocada ficamos novas em folha, e partimos para a exploração da cidade, tomar café da manhã, essas coisas.

Perto da hora do almoço retornamos ao Parque do Peão, porque segundo nos informaram era nesse horário que o movimento recomeçava. Estávamos cansadas, tínhamos virado a noite sem dormir, mas a empolgação de vivenciar Barretos intensamente era maior, além do que queríamos exibir nossos recém adquiridos celulares Nokia da BCB (vulgo tijolão), ostentando nosso "brinquedinho" orgulhosamente preso na cintura, de modo que lá estávamos nós debaixo de um Sol de 50 graus andando pra lá e pra cá, sendo laçadas por um cowboy engraçadinho aqui, sendo galanteadas por outro cowboy acolá, e depois de muito vai e vem entre barracas decidimos parar em um quiosque pra beber alguma coisa.

Inteligentíssimas que éramos, achamos apropriado tomar um porre de Amarula. Muito apropriado. Várias doses depois, estávamos consideravelmente bêbadas naquele Sol infernal, bêbadas de A-ma-ru-la! Decidimos tirar um cochilo no carro pra estar "inteira" à noite, e voltamos aos trancos e barrancos até o estacionamento lááá longe, entramos no carro, deitamos os bancos, ligamos o ar frio (não ar condicionado, ar frio, sabe, aquele da ventilação?), ar frio este que na verdade estava fervendo, já que o carro estava debaixo do Sol escaldante, mas mesmo assim conseguimos pegar no sono, porque bêbado, vocês sabem... dorme em qualquer canto, de qualquer jeito...

Horas depois, não sei bem quantas, acordamos torradas, suadas, com o corpo todo doendo, praticamente desidratadas pelo Sol e pelo ar quente do carro. Nosso humor já não era mais o mesmo, tenho que confessar, e a sensação incrível de estar em Barretos também desaparecia subitamente. Mesmo assim retornamos ao Parque do Peão para mais umas voltinhas e azaração (e hidratação, desta vez apenas com água). Já estava anoitecendo, e o senso de responsabilidade nos fez decidir ir embora, já que ambas trabalharíamos na segunda-feira de manhã. Sensação de alívio, preciso confessar.

O problema é que chegamos ao carro e quem disse que ele pegava? Eu girava a chave no contato e não havia sequer um sinalzinho do motor, nada, silêncio absoluto. A princípio estranhamos, mas alguns minutos depois lembramos das horas dormidas com o ar ligado, e nos ocorreu que, bem... talvez isso tivesse descarregado da bateria! Inteligentíssimas!

A alternativa era tentar dar o famoso tranco, mas minha amiga se irritou comigo muito rapidamente, porque eu realmente não sabia (e não sei até hoje) esse negócio de dar tranco em carro... Faço tudo do jeito errado e a pessoa que está empurrando fica sempre fula da vida com o esforço em vão. Depois de vários minutos de paspalhice nossa - 2 moças completamente fora de controle tentando colocar um carro em movimento - apareceram alguns caras e se ofereceram pra nos ajudar, não sem antes fazerem toda sorte de piadinhas envolvendo mulheres e volante. Ódio!!!

Só sei que com muito sacrifício conseguimos sair daquele lugar, com uma única certeza: Jamais retornar. A verdade é que foi meio traumático. Estávamos tão cansadas que nem conseguimos voltar direto pra São Paulo, precisamos fazer uma parada estratégica na casa da minha irmã que na época morava em Rio Claro (mais ou menos o meio do caminho entre Barretos e São Paulo), dormimos por lá e pegamos a estrada de volta pra Sampa na segunda-feira de manhã, e fomos ambas direto para o trabalho, onde, obviamente, não produzimos absolutamente nada.

Ficamos estragadas por dias. Meu carro nunca mais voltou a ser a belezura que era antes, mesmo depois de várias lavagens completas e lavagens do estofamento. Mas nada disso tinha importância diante da cara de espanto / admiração que as pessoas faziam quando contávamos que tínhamos ido para a Festa do Peão de Barretos. Naquela época, pelo menos, isso era status. E aos vinte e poucos anos, bem... a gente faz (quase) qualquer coisa pra impressionar.

Seguuuuuuura Peão!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

O Dia DELA

Hoje minha mãezinha completaria 53 anos... Estaria ainda muito jovem, cheia de planos e sonhos, cheia de energia como ela sempre foi...

Mas a vida é injusta e ela partiu antes mesmo de chegar aos 50 anos, e agora o dia 18 de agosto é apenas um dia triste, daqueles em que a saudade aperta e a ausência dói ainda mais...

Muita saudade, Mãe!
Te amo pra sempre!!!




terça-feira, 11 de agosto de 2009

Era uma vez...

...Duas pessoas que se conheceram e flertaram, e então se apaixonaram, e namoraram, e procriaram, e foram morar juntos, e depois de muitos anos finalmente se casaram, e então se separaram, e, separados, se reapaixonaram, e então voltaram a namorar...



Let's stay together...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O que eu também não entendo...

Sabe quando você deseja muito uma coisa, tanto que acaba idealizando-a inconscientemente, e transformando-a em algo que ela não é de verdade?

E aí depois de muito sacrifício e empenho você finalmente consegue esta coisa?

E então percebe que aquilo não é exatamente do jeito que você pensou, porque, afinal de contas, você idealizou algo que não existe?

A vida é muito sacana e vive dando essas rasteiras na gente. Ou talvez a culpa seja mesmo da mente humana, tão doentia...

Por que a gente quase nunca consegue sincronizar razão e emoção?

Por que a gente complica o que é simples o tempo todo, quando inteligente mesmo seria fazer o exercício inverso?

Que prazer sádico se esconde em nosso cérebro, que é capaz de nos levar a atitudes às vezes tão inteligentes, e em outras vezes tão estúpidas?

Aliás, de onde surge tanta estupidez assim, do nada? Uma estupidez capaz de fazer uma pessoa contradizer todos os seus princípios e agir como um ser irracional?

Como sair deste engodo? Como reencontrar o equilíbrio e começar de novo?

A única certeza que eu consigo ter no meio de tantas questões sem respostas é que ninguém nos conhece completamente. Muito menos nós mesmos.

Eu não me conheço. Não me reconheço. E me surpreendo o tempo todo... E quando eu acho que encontrei a resposta que precisava aparece uma nova questão que eu nem sabia que estava dentro de mim, e aí o complicado fica mais complicado, e a solução cada vez mais distante.

Talvez seja isso. Talvez o grande desafio da vida não seja compreender nada nem ninguém, senão a nós mesmos.

E como a autocompreensão é algo impossível, o segredo é aprender a administrar o caos. Ou sucumbir. Ou apenas deixar rolar, e ver no que vai dar. Até um terremoto mudar as rotativas.

É isso.